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ELES SÃO UNS INTROMETIDOS. 

18.05.2024 

Os agentes do Estado Brasileiro, eleitos, concursados ou nomeados por apadrinhamento, acreditam saber mais do que as outras pessoas, o que é melhor para elas. Eis mais um exemplo: 

O Ministro Paulo Pimenta, agora Ministro Extraordinário,  informou ao distinto público em entrevista à TV (Record): 

“Senhor e senhora que está lá no abrigo me ouvindo agora: Sua casa está debaixo d’água e a senhora sabe que não vai voltar para lã. Tem gente que quer voltar e reformar a casa. A gente tem que considerar também essa hipótese. Ele vai encontrar o imóvel. Não precisa ser na cidade em que ele está.  Nós vamos comprar esse imóvel pra ele. Segunda situação. Nós vamos comprar todos os imóveis – PRESTA ATENÇÃO, SAMUEL – que estão a leilão no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal e que estão desocupados…O Governo Federal vai comprar todos os imóveis que estão em leilão. E vamos colocar eles nesse programa.”  

Vejam que não passa por eles a possibilidade – nem de longe – de devolverem às vítimas o que elas pagaram de impostos ao governo federal ou deverão pagar nos próximos anos, para que elas, por si mesmas, resolvam onde e como morar.

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O BOI DE PIRANHA! 

Jackson.  26 de abril de 2024

Conta o velho costume que o melhor modo para atravessar uma boiada num rio onde há piranhas, é oferecer-lhes, num dos pontos distante do local da travessia, um boi vivo para que elas, ocupadas em devorá-lo, não prestem atenção ao resto da boiada. O compositor Almir Sater comparou o ato ao sacrifício de Cristo, por Ele ter entregue a vida pelos pecados da humanidade. 

Longe de mim, comparar-me com Cristo, pois isso seria uma blasfêmia, uma heresia, mas posso dizer que me sinto como um “boi de piranha”, entregue à voracidade do fisco, que me devora para que os agentes públicos, bois de raça, atravessem a vida sem risco e com conforto. 

Ao mesmo tempo em que me classifico, alerto vocês, minhas caras leitoras, meus pacientes leitores, que, se vocês forem bois de sacrifício como sou, fiquem atentos, pois exatamente agora, no Congresso Nacional, as piranhas afiam os dentes e colocam mais força nas mandíbulas, alimentadas pela regulamentação da reforma tributária. 

Serei devorado. Sei disso. Sei por experiência, pois, ao longo da vida tenho visto que todas as vezes que os agentes do Estado, eleitos ou não eleitos, são chamados a opinar sobre tributos, eles, imediatamente, encontram meios, modos e justificativas, para arrancar mais dinheiro do meu bolso e pedaços maiores do meu corpo. 

Haverá como evitar esse ciclo insano de sacrifícios? Imaginei que sim, quando escolhi pessoas para, por mim, decidirem o que fazer com os impostos, mas não é que, tão logo chegam à margem do Rio, os meus representantes, apressam-se a compor o rebanho de bois de raças, aquele que atravessa os rios sem risco de perder a vida. 

O que fazer? Confesso que não sei mais. 

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“GOSTEI DO SÉCULO”. 

Márcio Moreira Alves, jornalista, deputado federal, foi alguém que pela coragem ou ingenuidade, desafiou o poder militar no tempo em que fazer isso era  considerado loucura. Ele faleceu em 2009 e deixou um legado de crônicas, as melhores publicadas com o título que tomei dele para o presente artigo, “Gostei do Século”. Certamente, Márcio foi mais feliz por ter partido antes de viver o que andamos vivendo no momento, nesse Brasil que só Deus é capaz de compreender e o Diabo de fazer uso. 

Entre as crônicas há “Imprensa e Política”, que os movimentos presentes me estimularam a compartilhar alguns trechos com vocês. A crônica tem o dia 2 de abril de 1996 como data, algo que aconteceu há 28 anos, portanto. Sem mais, vamos ao texto do Márcio: 

“Um projeto de lei de imprensa se arrasta pelas comissões da Câmara há três anos. Prevê pesadas multas para quem divulgar notícias falsas, injúrias ou calúnias. Dormia, posto em sossego, quando surgiram as notícias de barganhas sobre a votação da reforma da Previdência (…). Uns apressadinhos logo propuseram conferir-lhe “urgência urgentíssima”, na tentativa de intimidar os meios de comunicação. 

Não conseguiram nada, mas berraram…

As tentativas de cercear a imprensa são antigas quanto a própria liberdade de imprensa, surgida com a Independência. Algumas vezes foram bem-sucedidas, nos períodos ditatoriais. 

A censura sempre encontrou resistências em jornais e jornalistas corajosos. No período militar, o Estado de São Paulo foi exemplar, publicando receitas de bolos e versos de Camões no lugar das notícias suprimidas. Não esteve sozinho na luta, mas faço o registro em homenagem ao seu diretor, Júlio Mesquita Neto, hoje em estado terminal. Ele pode dizer, como François Mitterrand: “Fiz o que pude”

A nossa imprensa não é perfeita, longe disso. Muitas vezes é preconceituoso, comete erros, acolhe calúnias. No entanto, é hoje a melhor imprensa que jamais tivemos e, juntamente com a da Argentina, a melhor da América do Sul e uma das melhores do mundo(…). 

Na minha opinião, o repórter é pago para informar o que os que estão nos postos de decisão pensam, o que pretendem fazer e, se tiver capacidade de análise e gosto pelo risco, para prever o que acontecerá. Quem é pago para ser a favor ou contra são os políticos e os que ocupam cargo de confiança no Executivo. 

O nosso modelo de imprensa é norte-americano. Logo, as revistas nacionais e os grandes jornais tentam seguir a regra colocada por Adolph Ochs no credo do New York Times: “Publicar as notícias com imparcialidade, sem medo ou favoritismo, sem se deixar influenciar pelos partidos, seitas ou interesses em jogo.” O cabeçalho de seu jornal diz “Todas as notícias que merecem ser impressas.” É verdade que muitas vezes também seguimos o conselho que Frank Simons, dono do News York Tribune, dava aos seus repórteres: “Só há uma maneira de um jornalista olhar um político: de cima para baixo”. 

No reverso da medalha, o presidente Lyndon Johnson disse, certa vez: “O fato de alguém ser repórter de jornal já indica que tem uma falha grave no seu caráter.”

Neste assunto, quem provavelmente tem razão é o Pat Oliphant, o mais célebre caricaturista dos EUA. Uma vez ele confessou que conhecia pouquíssimos políticos. Justificou: “Tenho medo de gostar deles”. 

Prudente atitude. Já imaginaram o Paulo Caruso andando pelos corredores do Congresso? Seria churrasqueado na primeira esquina, ainda que, por falta de combustível, José Sarney tivesse de sacrificar os seus bigodes para acender o fogo. 

A verdade é que a imprensa livre e políticos, gostem ou não uns dos outros, estão casados para sempre. Trabalham com a mesma matéria-prima e um não existe sem o outro. Como dizia Nelson Rockefeller, governador do estado de Nova York: “A política é a vida e o sangue da democracia. Chamar a política de suja é chamar de suja a democracia.”

Os grandes pensadores da Construção dos Estados Unidos, Thomas Jefferson e James Madison, em um comunicado da delegação da Virgínia ao Congresso, escreveram: “Devemos à imprensa, apesar de seus inúmeros abusos, todos os triunfos conseguidos pela razão e pela Humanidade contra o erro e a opressão.”

Dois séculos mais tarde, o presidente Kennedy declarou: “Mesmo que não gostemos; mesmo que desejamos que não fosse publicado; mesmo que desaprovemos, não há dúvidas de que não poderíamos governar em uma sociedade livre sem uma imprensa, muito, muito ativa.”

Como vêem, a herança da imprensa livre é grande demais para ser ameaçada por negociadores de favores políticos”. 

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NO DIA EM QUE DEUS SE ARREPENDEU…

Domingo de Páscoa de 2024. 

“Viu o Senhor  que a maldade do ser humano se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; então, arrependeu-se o Senhor de ter feio o ser humano na terra, e isso lhe pesou no coração. Disse o Senhor: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e os animais…( Gênesis 6:5). Por Noé existir, Deus resolveu, com Moisés começar de novo. 

Um segundo de meditação, de pouca atenção que seja com os fatos criados pela humanidade é suficiente para entender a razão do arrependimento de Deus. 

Alexei Navalni, opositor de Putin, assassinado pelo tirano, declarou diante do tribunal o condenou: “Deus lhes deu a vida e é assim que vocês escolhem vivê-la?”

Não há tiranos sem a ajuda dos covardes que cumprem as suas ordens. 

Na sexta, no sábado e no domingo, falou-se sobre a cruz em que Cristo foi crucificado, ferido e morto, depois de ser esvaziado de todo o sangue e ser exposto aos escárnios da multidão que o condenou. 

Deus, claramente, desistiu de fazer desaparecer a humanidade da face da terra. Ele deixou a tarefa com o próprio ser humano, que tem feito uma obra irretocável a começar pela criação do Estado, lugar onde os tiranos estão abrigados, protegidos pelos covardes. 

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DIA DA CONSTITUIÇÃO. NÃO HÁ O QUE COMEMORAR. 

25.03.2024

Na “folhinha” (sou do tempo dela) o dia 25 de março está marcado como o Dia da Constituição, pois foi nesse dia, em 1824, que Dom Pedro I enfiou a primeira Constituição goela abaixo do povo brasileiro. Ele tinha autoridade para tanto, não só por ser o Imperador do momento, mas por ter, dois anos antes, livrado o Brasil do julgo português. Depois dela vieram as Constituições de 1891,1934,1937,1946, 1967 e 1988. Houve também um emendão em 1969, que, igualmente, recebeu o título de Constituição. 

Hoje há o que comemorar? Não! Se a Constituição elaborada pelo povo em 1988 permanecesse em vigor, até se poderia agradecer por ela, mas comemorá-la, nunca! Construída com 250 artigos, ela já foi emendada 128 vezes e há, no Congresso Nacional uma fila enorme de novas emendas a aguardar o voto dos parlamentares. Portanto, não temos uma Constituição e sim uma colcha de retalhos já sem pé e sem cabeça com outro um vício grave: o presidencialismo. Santo Deus! Até quando o legislador brasileiro insistirá nesse negócio? Quantos presidentes e crises institucionais ainda serão necessárias para que se chegue ao parlamentarismo? 

Eu me nego a bater palmas para a Constituição Brasileira e nem acredito que ainda temos uma por aqui. Se há, sobre ela se tripudia todos os dias, até mesmo por inspiração do Supremo Tribunal Federal, que deveria ser a garantia de existência e aplicação dela. 

Os farrapos andam a justificar pregadores da necessidade de termos uma nova constituição e há projetos por aí. Um deles, do jurista Modesto Carvalhosa, que institui uma curiosidade semântica. Carvalhosa defende a substituição dos termos: “todos iguais perante a lei”, para “uma lei igual para todos”. Aprofundando-se na proposta, pode-se chegar à conclusão que ela faz todo o sentido. 

Roda também à disposição do debate público a proposta do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança, que desmonta a farsa de um país regido por uma república federativa: “Não somos uma república, mas uma oligarquia, nem somos uma federação, pois a Constituição atual centraliza o poder em Brasília”, diz ele. 

Eu tive a felicidade de participar de inúmeras sessões da Assembleia Nacional Constituinte, pois naquele tempo, sendo assessor parlamentar do Ministério da Fazenda, a mim coube a tarefa de representá-lo, com outros, nos trabalhos. Vi todo o povo brasileiro representado nos corredores do Congresso e nas galerias dos plenários, não só por deputados federais e senadores, mas por índios, operários, empresários, lobistas, mulheres, negros, brancos, gente pobre e gente rica. Trabalhadores e desocupados. O povo fez a Constituição do primeiro ao último artigo e talvez por isso, ela não tenha servido aos que sobraram depois de apagados os holofotes. E por não ter servido, seja emendada a cada momento e desrespeitada a todo momento. 

O que fazer? Que tal começar pela troca do presidencialismo pelo parlamentarismo e na onda instituir o voto distrital e uma nova legislação para os partidos políticos? A proposta do deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança pode ser o caminho. Nela, ele defende: 

  • criar um sistema parlamentarista;
  • descentralizar o poder para os estados;
  • reduzir competências da União para somente o que a União pode fazer;
  • solidificar a soberania popular;
  • criar mais freios e contrapesos entre as instituições;
  • limitar poderes sobre o cidadão.

Se você quiser conhecê-la, aqui está o link: https://lpbraganca.com.br/luiz-philippe-lanca-a-constituicao-libertadora/

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A OMISSÃO. 

19 de março 2024. 

“Todo poder emana do povo e em nome dele será exercido, diretamente ou através de seus representantes, nos termos desta Constituição”. Isso está posto no parágrafo único do artigo primeiro da Constituição Federal. Mas, há quem diga que no Brasil o exercício do poder não se dá desse modo nem por essa gente. Discordo. 

O voto é o instrumento principal para o exercício do poder, seja diretamente, seja pela escolha de representantes. Na última eleição para Presidente da República, 118 milhões de eleitores votaram. Eu posso, então, afirmar que exerceram o poder – agiram para exercer o poder. No entanto, 31 milhões não votaram. Não deram as caras na zona eleitoral. Esses exercerão o poder por omissão deliberada. Naquele eleição, dois candidatos foram ao segundo turno, Lula e Bolsonaro. Lula venceu pois obteve 2 milhões de votos a mais. O resultado seria o mesmo se os 31 milhões de omissos tivessem votado? É possível. 

Estamos a caminho de mais uma eleição, agora para escolher vereadores e prefeitos. Novamente, o povo exercerá o poder, alguns por ação outros por omissão. Os resultados obtidos serão, portanto, fruto da decisão de todos. Tanto dos que agirão como dos que irão se omitir. 

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PESQUISAR O ÓBVIO PARA CRIAR FAKE NEWS. 

01.03.2024. 

O Sistema Globo calculou 185 mil pessoas, o Governo do Estado de São Paulo chegou aos 850 mil presentes. O Estadão, a Folha de São Paulo e outros adivinhadores apresentaram cálculos diversos sobre o evento ocorrido no domingo passado em São Paulo, na Avenida Paulista. 

Mas lamento dizer que a quantidade exata de pessoas não tem importância, pois quando a gente fala sobre disputas políticas, vale a imagem, a percepção e jamais a realidade. Eis aí uma lição da estratégia de comunicação. Isso dito, fica claro que a imagem apresentada do evento mostrou um número quase infinito de pessoas na Avenida Paulista, gente que compôs num campo vestido de verde e amarelo. 

Jair Bolsonaro, o astro, o mito, o cara, o doido, o marido de Michele, pai do destrambelhado Carlos, fez um discurso ameno e pediu pacificação. Vejam vocês! É possível que até ele, mestre de confusões, tenha se cansado das brigas. Será? Na linha da pacificação, Jair Bolsonaro pediu que o Congresso Nacional anistie os brasileiros punidos pela Suprema (com todo o poder que tem a palavra) Corte, por terem participado da mobilização de 8 de janeiro do ano passado. 

Após o evento na Paulista, o Instituto de Pesquisa Genial Quaest entregou à imprensa uma pesquisa com a avaliação de 2 mil pessoas sobre o acontecimento. Duas mil pessoas residentes em 120 cidades. O que diz a pesquisa? Vamos lá. Prepare o seu espírito para algo curioso. 

  1. Você acha que a manifestação foi grande, média ou pequena? 46% dos eleitores do Lula acharam-na grande e 13% pequena. E os eleitores do Bolsonaro, hein? 89% disseram que ela foi grande. Nossa! 
  2. A manifestação esteve dentro dos limites da lei? 51% dos eleitores do Lula disseram não. 87% dos eleitores do Bolsonaro disseram sim. 

Tem mais. Calma! 

  1. Bolsonaro está sofrendo uma perseguição? 75% dos eleitores do Lula disseram que sim, mas 72% dos eleitores do Bolsonaro disseram que não. Que novidade, hein? 
  2. Seria justo ou injusto prender Bolsonaro? Adivinhem o que deu. 79% dos eleitores do Lula acham justo, mas 82% dos eleitores do Bolsonaro acham injusto. 

Só mais uma para não encher a paciência de vocês. Vamos lá: 

  1. A Justiça acertou ou errou ao tornar Bolsonaro inelegível? A turma do Lula: acertou! Os eleitores do Bolsonaro: errou!

Apurou-se o óbvio, para se oferecer à imprensa assuntos para ocupar a pauta. O noticiário concluiu: “Metade dos brasileiros defende a prisão de Bolsonaro” (Revista Veja). “Para 47%, Bolsonaro participou de plano de golpe e 40% acham que não”. 

Cabe lembrar que Lula venceu a eleição com 50,9% dos votos. Jair Bolsonaro obteve 49,10%. Precisa dizer mais? Por isso, é preciso cuidado quando se lê pesquisas e notícias, para que não se seja enganado. 

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O “CARA” É UM SÁDICO IMBECIL. 

19.02.2024. 

No encontro dos países do G-20 em 2017, Barack Obama, naquele tempo, presidente dos Estados Unidos, referiu-se a Lula, presidente do Brasil, numa roda de chefes de Estado, do seguinte modo: “Esse é o cara! Eu adoro esse cara! Ele é o político mais popular da Terra”. Lembrei-me da passagem, quando me deparei, hoje, com a declaração desse “cara” sobre Gaza, Genocídio, Hitler e Judeus. 

Pedi socorro ao escritor Amós Oz. Ele disse, na palestra que fez na manhã do dia seguinte aos ataques terroristas em Paris, no ano de 2015: “Tenho mantido uma discussão amarga com um compatriota muito famoso e meu correligionário judeu, Jesus Cristo, que diz: “Perdoa-lhes Pai, pois eles não sabem o que fazem”. Às vezes concordo com a primeira parte da sentença, a parte do perdão, mas eu rejeito energicamente a segunda parte, que implica que devamos ser todos, ou a maioria de nós, perdoamos porque somos moralmente imbecis. Não somos. Sabemos o que significa a dor. Sabemos que é errado infringir a dor. Toda e cada vez que infligimos dor aos outros, sabemos o que estamos fazendo”. 

Lamentavelmente, o “cara”, razão do apreço do Presidente Obama é hoje, comprovadamente um imbecil sádico. Em que ponto da história do Lula se deu a transformação? 

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A DEMOCRACIA E O GOLPE. 

Carnaval de 2024. 

O último capítulo do livro “Sexta-feira, 13 – os últimos dias do governo João Goulart”, o autor Abelardo Jurema, Ministro da Justiça de Goulart, dedicou ao que ele chamou de Diálogos. Reproduzo o trecho que define a democracia. 

Palavras do Ministro Jurema:

A Democracia que, na sua essência, vive da convivência dos contrários, jamais poderá subsistir no monólogo que a definhará até a morte. Sua consistência se apura no debate, na controvérsia, no entrechoque das teses e ideias. Qualquer outra modalidade que se lhe aplique, não apenas porá em curso o processo de distorção do seu conteúdo moral e político, como se alterará toda a sua significação através da história da humanidade. Toda a sua história é de lutas, de sangue, de sacrifícios, de suor e lágrimas. 

Por isso mesmo é que grandes vultos, na história de todos os povos, que surgiram para salvá-la, no delírio do Poder se perderam, e, ainda em seu nome, por algum tempo a exerceram, deformada e deturpada, até à queda fatal. Há monumentos, nas praças públicas, de reconhecimento pelo que representaram nas lutas libertárias, mas nunca pelo que praticaram do alto, pensando, sem dúvida, em servi-la”. 

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“Sexta-Feira, 13…”

14 de fevereiro de 2024. 

“Passado o episódio do Estado de Sítio, parecia que o Presidente João Goulart iria nortear o seu Governo mais para o predomínio do fato administrativo, sobrepondo-se ao fato político que já consumira mais de metade do seu mandato…JK havia sacudido o país de norte a sul com obras monumentais, Jânio Quadros foi apenas o ético, consumindo todos os seus sete meses  de Governo com inquéritos e bilhetinhos. Em mais de um ano de governo parlamentarista, o Presidente não marcara nenhum tento administrativo. Estava na estaca zero…”. Essas são passagens do livro que ocupou o meu tempo no carnaval: “Sexta-Feira, 13 – Os últimos dias do Governo João Goulart”, do deputado Abelardo Jurema, que foi Ministro da Justiça naquele tempo. Eu consegui a obra no sebo Estante Virtual. 

No livro, “Seu Jurema” dedicou um capítulo ao momento em que o Presidente João Goulart decidiu colocar o Brasil em Estado de Sítio, em resposta às greves e à entrevista ofensiva aos militares concedida pelo governador da Guanabara, Carlos Lacerda. Jango tentou, mas depois das reações do Congresso Nacional e dos governadores, desistiu. Há poucos dias, voltou-se a falar em Estado de Sítio, sendo agora uma tentativa atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro, nas confusões armadas em torno dele. A imprensa divulgou que a Polícia Federal encontrou uma minuta de um documento destinado a decretar Estado de Sítio, na sala que o ex-presidente ocupa na sede do PL. 

Quem examina a história da política no Brasil verifica que ela é uma repetição cansativa de maquinações de quem está no poder para manter-se nele e de quem está fora dele para lá chegar sem considerar a vontade do povo. Jango foi eleito duas vezes Vice-Presidente da República. No tempo dele, os vice-presidentes não participavam das chapas dos presidentes como acontece atualmente, O povo escolhia os presidentes e quem ele desejaria que governasse o Brasil na falta do selecionado. Hoje, um é eleito grudado no outro. Bem, Jango foi eleito, primeiro, para ser vice-presidente de Juscelino, momento em que viveu a paz oferecida pelo titular. “Houve tropeços, houve ranhuras, houve mal-entendidos, tudo, porém, facilmente corrigido e neutralizado pelas lideranças partidárias”, relata “Seu Jurema”. A segunda experiência de Jango como Vice-Presidente levou-o à Presidência pela renúncia de Jânio Quadros, numa trajetória tumultuada em que militares e Congresso Nacional fizeram de tudo para que não se cumprisse. Uma vez presidente, primeiro num parlamentarismo arranjado e depois num presidencialismo muito próprio dos brasileiros, Jango foi defenestrado pelos mesmos agentes: Congresso e Caserna. “Seu Jurema” conta que, “num dos momentos de depressão, o presidente chegou a me dizer: “Não sei, Seu Jurema, como Juscelino ainda quer voltar para isto aqui”. 

A Constituição? Ah! minha gente, essa nunca teve valor, nem naquele tempo, nem na Monarquia e menos ainda hoje em dia. Assim segue a nossa relação com a política. A relação dos imperadores e dos presidentes com a política sempre foi cruel, pois dele o povo quase nunca está presente. Quem queira conferir que vá à história de cada um deles.