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ANISTIA

Uma parte dos políticos brasileiros está mobilizada a favor de uma lei que perdoe as pessoas presas, condenadas ou não, por participarem e ou estimularem as manifestações ocorridas em Brasília no 8 de janeiro de 2023. Outra parte está lutando contra a anistia. O povo a tudo assiste, uns torcendo a favor do perdão, outros contra e a maioria indiferente, 

É a segunda vez que passo pelo tema. A primeira foi em 1979, quando o Presidente João Figueiredo, o ditador mais brando, ainda assim um ditador, transformou em lei o projeto do Congresso Nacional, que anistiou quem cometeu crimes contra e a favor da ditadura presente no país desde 1964. Promulgada a lei, acreditou-se que, naquele momento, as pessoas perdoadas  estivessem dispostas a esquecer o que ocorreu. Dilma Rousseff mostrou que não. Ela, que cometeu crimes contra a ditadura e  foi anistiada, entendeu que não deveriam ter sido perdoamos  os que lutaram contra ela e criou uma tal de Comissão da Verdade. O povo brasileiro não deu importância ao fato é a coisa morreu. Não de todo, pois os que cometeram crimes contra a ditadura entenderam que deveriam ser recompensados em dinheiro. Isso foi feito. 

Depois de voltar, sair e voltar novamente ao poder, a turma da Dilma Rousseff, diante das circunstâncias que lhe  lembraram  o ano de 1964, resolveu vingar-se negando perdão aos manifestantes da Praça dos Três Poderes. Por isso, essa turma brada contra a anistia e utiliza a imaginação, que alimenta a ideia da quebradeira usada como instrumento de um golpe de seus adversários para a retomar o poder que perdeu na disputa eleitoral. Quando, na verdade, a ira do povo teve a indignação como motivo. 

Submetido aos dois momentos que tratam da anistia, a minha memória me traz uma passagem na vida de Jesus Cristo. Ele estava numa praia qualquer a escrever na areia, quando alguns homens jogaram diante dele uma mulher apanhada em adultério. “ Senhor, devemos apedreja-la como manda a lei ou descumprir a lei?”. Diz a passagem bíblica que Cristo devolveu o poder de decidir aos homens, inserindo o conceito de autoridade moral na questão: quem não tiver pecado atire-lhe a primeira pedra”. Houve silêncio, constrangimento e abandono do,local. Jesus reforçou o conceito de autoridade moral e afirmou: “nem eu, tão pouco te condeno”. 

O ato de punir alguém é e será sempre um ato de força física ou legal, mas só será justo se exercido com autoridade moral. 

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ERREI E PEÇO-LHES PERDÃO

Eita! Errei feio. Perdoem-me, por favor. Existem erros imperdoáveis? Não! Todo erro autoriza o perdão, mas a depender de quem os sofre. Errei com os meus leitores ao comentar o encontro entre Zelensky, Trump, J.D. Vance e Marco Rubio na Casa Branca. Errei por construir a minha opinião com base num corte do vídeo que espelhou o encontro na íntegra. 

Quando, com mais calma e atenção, mesmo sem muito trabalho, eu assisti o vídeo com a íntegra do encontro, vi o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump esgrimindo com paciência e boa intenção com Presidente Zelensky, da Ucrânia, tentando convencê-lo da importância de um acordo de paz com a Rússia. Zelensky assumiu uma posição intransigente a favor da continuação da guerra, com exigência de maior ajuda bélica dos Estados Unidos. O Presidente da Ucrânia resistiu tanto ao apelo pela paz, que irritou o Vice-Presidente dos Estados Unidos, J.D.Vance e todos os presentes. 

Meu erro foi tanto, que deu razão ao título que escolhi: “Campo Minado na Casa Branca”. Pisei na mina! 

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CAMPO MINADO NA CASA BRANCA

O duro embate verbal entre Zelensky, Presidente da Ucrânia e a dupla Trump criou notícias no mundo todo. As torcidas dos dois lados estavam presentes e ainda não saíram do “estádio”, pois a imprensa esteve presente e transmitiu o encontro ao vivo. Só Putin e a imprensa venceram o jogo. O Vice-Presidente J.D.Vance queimou o roteiro do discurso que fez no dia 14 em Munique a favor da democracia. O encontro mostrou um Vance bajulador do Trump. Kamala Harris, com todos os gestos de lealdade ao Biden, não chegou a tanto.  

Donald Trump saiu do encontro do mesmo tamanho e passou a imagem de um jogador de “truco” em dupla com Vance. Zelensky também perdeu pois não conseguiu levar para casa o que foi buscar. Ele estava mais interessado em ter razão sobre o que diz a respeito do Putin do que em resolver o grave problema do seu povo. Contudo fez algo interessante. Ele alertou Vance: “Você tem um belo oceano a separá-lo do Putin, mas isso não será suficiente por muito tempo”. A declaração me fez lembrar o acordo assinado pelo Primeiro-Ministro Inglês, Neville Chamberlain com Hitler e a resistência de Churchill a manter conversas com o Führer. Churchill salvou o mundo de uma terceira guerra. 

Ao analisar o encontro, o professor Heni Ozi Cukier, presente no Youtube com as iniciais do nome (Professor HOC) recuperou frases do Trump sobre Zelensky ditas antes do encontro e ressaltou “Eu acredito que uma das razões da situação ter fugido do controle tenha com o fato de a imprensa estar presente. A presença das câmeras instigou posturas e comportamentos que não aconteceriam numa sala fechada…” HOC lembra que quando eram expostas ao público, as reuniões do Conselho de Segurança da ONU nada produziam de positivo, até que a Alemanha resolveu ceder uma sala para reuniões fechadas. 

Uma coisa é certa: os mesmos holofotes que ampliam imagens positivas as derretem. Por isso, a estratégia é um elemento  indispensável para a comunicação política. Mas, não quero encerrar antes de sugerir que vocês assistam a boa conversa entre William Waack e André Esteves presente no Youtube: CEO Conference 2025: André Esteves analisa o cenário político e macroeconômico global. Na conversa, William Waack repetiu as palavras do Michael Pompeo, ex-Secretário de Estado dos Estados Unidos, sobre a Casa Branca: Ele disse algo que me fez dar boas risadas. Ele chamou a Casa Branca de uma casa de loucos. Ele disse: se você tentar organizar tudo o que sai de lá, você vai ficar maluco”. 

Fica o registro.

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PSDB “SEPULTUS EST”

O PSDB ainda respira por ter pouca coisa na distribuição do fundo partidário e eleitoral e algum tempo de veiculação de anúncios na TV e rádio. Enquanto respira, o partido grita e implora por socorro na esperança de que a turma do MDB arremesse-lhe uma boia. 

O partido começou a se afogar quando Fernando Henrique Cardoso, na Presidência da República, lançou o colega José Serra ao mar para premiar Lula. Certamente, FHC acreditava que o governo do Lula estaria fadado ao desastre e isso garantiria o retorno dele. Lula sobreviveu e bem. As esperanças de Fernando Henrique caíram por terra. 

José Serra e Fernando Henrique empurraram Geraldo Alckmin para a disputa contra um presidente com o comando absoluto da máquina produtora de votos. Desse modo, José Serra preservou-se  para uma disputa sem Lula. Quebrou a cara, pois Lula disputou a eleição vestindo uma saia e com o nome de Dilma Rousseff. No caminho, Aécio foi fritado pelo Serra. Veio o impeachment e a Lava-Jato. O PT e o PSDB não aguentaram o tranco e surgiu Jair Bolsonaro posicionado à direita. O PT e o PSDB ficaram emparedados na esquerda. 

Contudo, o PT tinha Lula no banco de reservas, um craque na arte de hipnotizar eleitores. O PSDB só perna de pau. Então, a partir de 2018, Jair Bolsonaro assumiu o papel de rival do Lula e do PT, posição durante anos ocupada pelo PSDB, que, SEPULTUS EST.

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ABRA O OLHO

No dia 8 de dezembro de 2012, o povo cumpria a rotina de ir às compras para o natal e programar viagens para férias e descansos, quando o Diário Oficial da União publicou a Lei 12.741, que obriga a todos os estabelecimentos comerciais a informar, nas notas fiscais e comprovantes de venda, o valor dos impostos cobrados e retidos.  Hoje, 23 natais depois, ninguém mais se lembra da lei. O povo brasileiro passou batido por ela. Por quê? 

A resposta é simples. É uma informação útil só para irritar. Não há o que se possa fazer, pois o Estado (governo, legislativo e judiciário e todos os seus agregados) cobra da gente o que quer, quando quer e do modo como quer e, pior, de quem quer. Sim, pois no conjunto de contribuintes há favorecidos e apenados. 

Então, de que nos adianta ter conhecimento, por exemplo, que o preço dos alimentos,das passagens e de todo o resto está nas alturas em razão dos impostos? E presumir que a carga que somos obrigados a suportar sobre os ombros é maior do que deveria ser, pois muitos pagam mais para que alguns paguem menos? A resposta imediata seria: “ de nada adianta ter todo esse conhecimento”. Mas, na resposta há um engano, pois existe sim o que fazer. Podemos usar a informação para decidir a quem daremos o voto no dia das eleições. Sim, pois essa gente é quem decide quanto somos obrigados a separar do resultado do trabalho para entregar ao Estado. E decide mais: onde todo o dinheiro que entregamos é gasto e aplicado. Que tal colocar esses temas na pauta de decisão do voto? 

E para agir estamos num bom momento, pois a turma que busca o voto já começou a pedí-lo com pedidos escamoteados nas pesquisas e nas conversas e imagens divulgadas nas redes sociais e TV. Ano que vem teremos eleições. Lembram? 

Quando procurado ou alcançado (um serviço que as redes oferecem aos candidatos), você deveria perguntar aos pretendentes ao seu voto o que eles farão com relação aos impostos e aos gastos dos agentes do Estado. O imposto precisa entrar na pauta das campanhas. E se você ainda tem dúvida sobre o peso deles na formação dos preços, exija o cumprimento da lei 12.741. 

Nada é mais importante do que isso, pois os impostos pagam as despesas na saúde, na educação, na segurança pública; pagam a segurança jurídica, a conservação das ruas, enfim…e pagam também as mordomias, os salários altos, as viagens e toda a vida boa de quem diz trabalhar pra gente. 

O ano que vem é o ano ideal para cobrar, pois iremos às urnas para escolher os deputados federais, os deputados estaduais, governadores, o Presidente da República e, prestem bem atenção, dois terços das cadeiras do Senado Federal. De cada três cadeiras no Senado, duas serão disputadas no próximo ano. Diante disso, considere: 

Os impostos são altos? Há um deputado, um senador, um governador e um presidente da república no meio disso. O governo gasta muito e gasta mal? Mude o governo. Os impostos andam altos demais? Mude quem faz as leis. 

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“NÃO TENHAM MEDO!” JOÃO PAULO II

Leitores e leitoras, o sonho se tornou realidade. J.D.Vance escreveu “Era uma vez um sonho”. Eu li e comentei a obra aqui neste espaço. Está lá na janela publicações. O texto tem o título do livro. 

No livro está o sonho de J.D. Vance. Na eleição dele para a Vice-Presidência dos Estados Unidos, a realização do sonho e no discurso que ele fez em Munique nos últimos dias, o alimento do sonho que se fez realidade. Transcrevo para vocês, traduzido, quando se não para a leitura – tomara que sim – pela alegria de tê-lo registrado nesse espaço que recebeu o meu nome. 

Munique. 14.02.2025 

“Agradeço a oportunidade de estar aqui a todos os delegados reunidos e aos profissionais da mídia. Agradeço especialmente aos anfitriões da Conferência de Segurança de Munique, por serem capazes de realizar um evento tão incrível. 

Estou empolgado por estar aqui. Estou feliz por estar aqui! Eu quero falar hoje, entre outros recados, sobre os nossos valores compartilhados. Quero dizer que tive a sorte, durante a minha estadia aqui, de passar algum tempo fora dos muros desta conferência nas últimas 24 horas, e fiquei impressionado com a hospitalidade das pessoas, mesmo que, evidentemente, ainda estejam se recuperando do terrível ataque de ontem. (Um motorista avançou com o carro sobre uma multidão. Uma mulher e a filha dela morreram. Outras pessoas ficaram feridas). 

A primeira vez que estive em Munique foi com a minha esposa, numa viagem pessoal. 

Eu sempre amei a cidade de Munique e sua gente. Quero apenas dizer que estamos muito comovidos, e nossos pensamentos e orações estão em Munique e com todos os afetados pelo mal infligido a esta bela comunidade. Estamos com o nosso pensamento em vocês e em oração por vocês e também torcendo por vocês, na luta contra o mal. 

APLAUSOS! 

Espero que esse não seja o último aplauso.

Reunimo-nos nesta conferência, naturalmente, para discutir segurança. E normalmente nos referimos a ameaças à nossa segurança externa. Vejo muitos, muitos grandes líderes militares reunidos aqui hoje. Mas enquanto a administração Trump está preocupada com a segurança européia e acredita que podemos chegar a um acordo razoável entre Rússia e Ucrânia, também acreditamos que é importante que nos próximos anos a Europa se mobilize de maneira significativa para provar a sua defesa. Contudo, a ameaça que mais me preocupa em relação à Europa não é a Rússia, não é a China, não é outro ator externo.Preocupa-me a ameaça interna; o recuo da Europa de alguns de seus valores fundamentais – valores compartilhados com os Estados Unidos. 

Agora mesmo fiquei impressionado quando um ex-comissário europeu foi à televisão e pareceu encantado com a anulação da eleição do governo romeno. Ele advertiu que se as coisas não correrem conforme o planejado, o mesmo poderia acontecer na Alemanha. Essas declarações grosseiras são chocantes para os ouvidos americanos. Por muitos anos, nos disseram que tudo o que financiamos e apoiamos era em nome de nossos valores democráticos compartilhados. 

Tudo, desde nossa política em relação à Ucrânia até a censura digital, nos foi apresentado como uma defesa da democracia. Mas quando vemos tribunais europeus a cancelar eleições e altos funcionários ameaçando cancelar outras, devemos nos perguntar se estamos nos mantendo em um padrão apropriadamente elevado. E digo nós, porque acredito fundamentalmente que estamos no mesmo time. Devemos fazer mais do que falar sobre valores democráticos. Devemos vivê-los…”. 

Dentro da memória viva de muitos de vocês nesta sala, a Guerra Fria posicionou defensores da democracia contra forças tirânicas neste continente. E considerem o lado naquela luta que censurava dissidentes, que fechava igrejas, que cancelava eleições. Eles eram mocinhos? Certamente, não. Graças a Deus, eles perderam a Guerra Fria. Perderam porque não valorizavam nem respeitavam todas as bênçãos da liberdade, a liberdade de surpreender, de cometer erros, inventar, construir. 

Como se descobriu, não se pode impor inovação ou criatividade, assim como não se pode forçar as pessoas a pensarem, sentirem ou acreditarem em algo. E acreditamos que essas coisas estão certamente conectadas. E, infelizmente, quando olho para a Europa hoje, às vezes não percebo com clareza o que aconteceu com alguns dos vencedores da Guerra Fria. Olho para Bruxelas, onde comissários da União Europeia advertem cidadãos de que pretendem desligar as redes sociais durante os períodos de agitação civil, no momento em que detectarem o que julgam ser “conteúdo de ódio”. Ou para este próprio país, onde a polícia realizou batidas contra cidadãos suspeitos de postar comentários antifeministas online como parte do “combate à misoginia na internet”. 

Eu olho para a Suécia onde há duas semanas o governo condenou um ativista cristão por participar de queimas do Alcorão que resultaram no assassinato de seu amigo. E como o juiz em seu caso observou, de forma arrepiante, que as leis da Suécia, para supostamente proteger a liberdade de expressão, não concedem – e estou citando – um passe livre para fazer ou dizer qualquer coisa sem arriscar ofender o grupo que mantém aquela crença. 

Mais preocupante, eu olho para nossos queridos amigos, o Reino Unido, onde o retrocesso dos direitos de consciência colocou as liberdades básicas dos britânicos religiosos, em particular, na mira. 

Há pouco mais de dois anos, o governo britânico acusou Adam Smith Conner, um fisioterapeuta de 51 anos e veterano do Exército, de crime hediondo por ficar a 50 metros de uma clínica de aborto e rezar silenciosamente por três minutos, sem obstruir ninguém, sem interagir com ninguém, apenas rezando silenciosamente sozinho. Depois que a polícia britânica o avistou e exigiu saber pelo que ele estava rezando, Adam respondeu simplesmente que era em nome de seu filho não nascido. Ele e sua ex-namorada haviam feito um aborto anos antes,. Os oficiais não se comoveram. Adam foi considerado culpado de violar a nova Lei de Zonas de Proteção do governo, que criminaliza a oração silenciosa e outras ações, que possam influenciar a decisão de uma pessoa dentro de 200 metros de uma clínica de aborto. Ele foi sentenciado a pagar milhares de libras em custos legais para a acusação. 

Bem, eu gostaria de poder dizer que isso foi um acaso, um exemplo isolado e absurdo de uma lei mal escrita sendo aplicada contra uma única pessoa. Mas não. Em outubro passado, há apenas alguns meses, o governo escocês começou a distribuir cartas aos cidadãos cujas casas estavam dentro das chamadas zonas de acesso seguro, advertindo que até mesmo a oração privada dentro de suas próprias casas poderia constituir violação da lei. 

Naturalmente, o governo instou os leitores a denunciarem qualquer cidadão suspeito de crimes de pensamento. Na Grã-Bretanha e em toda a Europa, a liberdade de expressão, temo, está retrocedendo. E, no interesse da comédia, meus amigos, mas também no interesse pela verdade, admitirei que às vezes as vozes mais altas pela censura vieram não da Europa, mas do meu próprio país, onde a administração anterior ameaçou e intimidou empresas de mídia social para censurar a chamada “desinformação”. Desinformação como, por exemplo, a ideia de que o coronavírus provavelmente vazou de um laboratório na China. Nosso próprio governo encorajou empresas privadas a silenciar pessoas que ousaram expressar o que acabou se revelando uma verdade óbvia.

Então, venho aqui hoje não apenas com uma observação, mas com uma oferta. E assim como a administração Biden parecia desesperada para silenciar pessoas por expressarem suas opiniões, a administração Trump fará precisamente o contrário, e espero que possamos trabalhar juntos nisso. Em Washington, há um novo xerife na cidade. E sob a liderança de Donald Trump, podemos discordar de suas visões, mas lutaremos para defender seu direito de oferecê-las na praça pública, concordemos  ou não. 

Agora, chegamos ao ponto, é claro, quando a situação ficou bem ruim. Em dezembro a Romênia simplesmente cancelou os resultados de uma eleição presidencial com base em suspeitas frágeis de uma agência de inteligência e enorme pressão de seus vizinhos continentais. Pelo que entendo, o argumento era que a desinformação russa havia contaminado as eleições romenas. Mas eu pediria aos meus amigos europeus que tenham alguma perspectiva. Você pode acreditar que é errado a Rússia comprar anúncios em mídias sociais para influenciar suas eleições. Nós, certamente, acreditamos. Você pode até condenar isso no palco mundial, mas se sua democracia pode ser destruída com algumas centenas de milhares de dólares em publicidade digital de um país estrangeiro, então ela, pra começar, não era muito forte. 

A boa notícia, amigos, é que acredito que suas democracias são substancialmente menos frágeis do que muitas pessoas aparentemente temem. E realmente acredito que permitir que nossos cidadãos expressem suas opiniões as tornará ainda mais fortes. O que é claro, nos traz de volta a Munique, onde os organizadores desta conferência baniram legisladores que representam partidos populistas tanto da esquerda quanto da direita. Novamente, não precisamos concordar com tudo ou qualquer coisa que as pessoas digam. Mas quando líderes políticos representam um grupo eleitoral importante, é nossa obrigação ao menos participar do diálogo com eles. 

Para muitos de nós do outro lado do Atlântico, parece cada vez mais que velhos interesses arraigados se escondem atrás de palavras feias da era soviética como “desinformação” e “contra informação”, que simplesmente não gostam da ideia de que alguém com ponto de vista alternativo possa expressar uma opinião diferente ou, Deus me livre, votar de maneira diferente, ou, pior ainda, vencer uma eleição. 

Esta é uma conferência de segurança, e tenho certeza de que todos vocês vieram aqui preparados para falar sobre como exatamente pretendem aumentar os gastos com defesa nos próximos anos de acordo com alguma nova meta. E isso é ótimo, porque como o Presidente Trump deixou muito claro, ele acredita que nossos amigos europeus devem desempenhar um papel maior no futuro deste continente.

Não pensamos que você ouve este termo “compartilhamento de encargos” , mas pensamos que é uma parte importante de estar em aliança compartilhada que os europeus se mobilizam enquanto a América se concentra em outras áreas do mundo que estão em grande perigo. 

Deixem-me também perguntar, como vocês começarão a pensar nos orçamentos se não sabemos o que é que estamos defendendo em primeiro lugar? Já ouvi muito e tive muitas, muitas ótimas conversas com muitas pessoas reunidas aqui nesta sala. Ouvi muito sobre do que vocês precisam se defender e é claro que isso é importante,mas o que pareceu um pouco menos claro para mim e, certamente, acho que para muitos dos cidadãos da Europa é exatamente “o que” vocês estão defendendo. Qual é a visão positiva  que anima este pacto de segurança compartilhado  que todos nós acreditamos ser tão importante? Acredito profundamente que não há segurança se você tem medo das vozes, das opiniões e da consciência que guiam seu próprio povo. A Europa enfrenta muitos desafios, mas a crise que este continente enfrenta agora, a crise que acredito que todos enfrentamos juntos é uma de nossa própria criação. 

Se você está fugindo com medo de seus próprios eleitores, não há nada que a América possa fazer por você. Nem, aliás, há nada que você possa fazer pelo povo americano que me elegeu e reelegeu o Presidente Trump. Você precisa de mandatos democráticos para realizar qualquer coisa de valor nos próximos anos. Não aprendemos nada sobre como mandatos frágeis produzem resultados instáveis? Mas há tanto valor que pode ser realizado com o tipo de mandato democrático que acredito que virá a ser mais responsivo às vozes de seus cidadãos. 

Se você vai desfrutar de economias competitivas, se vai desfrutar de energia acessível e cadeias de suprimentos seguras, então você precisa de mandatos para governar , porque tem de fazer escolhas difíceis para desfrutar de todas essas coisas. E claro, sabemos muito bem na América. Você não pode ganhar um mandato democrático censurando seus oponentes ou colocando-os na prisão. Seja o líder da oposição uma humilde cristã rezando em sua própria casa, ou um jornalista tentando reportar as notícias.Nem pode ganhar um mandato ignorando seu eleitorado básico em questões como quem tem o direito de fazer parte de nossa sociedade compartilhada. E de todos os desafios prementes  que as nações aqui representadas enfrentam, credito que não há nada mais urgente que a migração em massa. 

Hoje, uma em cinco pessoas vivendo neste país mudou-se para cá do exterior. Isso é, naturalmente, um recorde histórico. É um número similar, por sinal, nos Estados Unidos, também um recorde histórico. O aumento de imigrantes que entraram na UE de países não pertencentes à UE dobrou entre 2021 e 2022 apenas. E, é claro, aumentou muito mais desde então. E nós conhecemos a situação. Ela não se materializou no vácuo. É o resultado de uma série de decisões conscientes tomadas por políticos em todo o continente e outros ao redor do mundo, ao longo de uma década. 

Vimos os horrores causados por essas decisões ontem nesta cidade. E é claro, não posso mencionar isso novamente  sem pensar nas terríveis vítimas que tiveram um belo dia de inverno em Munique arruinado. Nosso pensamento e orações estão com eles e permanecerão com eles Mas, porque isso aconteceu em primeiro lugar? É uma história terrível, mas é uma que ouvimos vezes demais na Europa, e infelizmente vezes demais nos Estados Unidos também. Um solicitante de asilo, frequentemente um jovem em seus vinte e poucos anos, já conhecido pela polícia, atropela uma multidão com um carro e despedaça uma comunidade. 

Quantas vezes devemos sofrer esses reveses terríveis antes de mudarmos de rumo e levarmos nossa civilização compartilhada em nova direção? Nenhum eleitor neste continente foi às urnas para abrir as comportas para milhões de imigrantes não verificados. 

Na Inglaterra, eles votaram pelo Brexit. E concorde ou discorde, eles votaram por isso. E cada vez mais em toda a Europa, eles estão votando em líderes políticos que prometem por fim à imigração fora de controle. Agora, por acaso concordo com muitas dessas preocupações, mas você não precisa concordar comigo. Só acho que as pessoas se importam com seus lares. Elas se importam com seus sonhos. Elas se importam com sua segurança, e com sua capacidade de prover para si mesmas e para seus filhos. E elas são inteligentes. 

Acho que esta é uma das coisas mais importantes que aprendi em meu breve tempo na política. Ao contrário do que você pode ouvir, algumas montanhas acima, em Davos, os cidadãos de todas as nossas nações geralmente não pensam em si mesmos como animais educados ou como engrenagens intercambiáveis de uma economia global. Assim, não é surpreendente que eles não queiram ser embaralhados ou implacavelmente ignorados por seus líderes. É função da democracia arbitrar essas grandes questões nas urnas. 

Acredito que descartar pessoas, descartar suas preocupações ou, pior ainda, silenciar a mídia, cancelar eleições ou excluir pessoas do processo político não protege nada. Na verdade, é a maneira mais garantida de destruir a democracia. Manifestar-se e expressar opiniões não é interferência eleitoral. Mesmo quando as pessoas expressam visões fora do seu próprio país, e mesmo quando essas pessoas são muito influentes e confiem em mim, digo isso com todo humor, se a democracia americana pode sobreviver a dez anos de repreensões de Greta Thunberg, vocês podem sobreviver a alguns meses de Elon Musk. 

Mas o que nenhuma democracia, americana, alemã, e europeia sobreviverá, é dizer a milhões de eleitores que seus pensamentos e preocupações, suas aspirações, seus apelos por alívio, são inválidos ou indignos de serem sequer considerados. A democracia repousa sobre o princípio sagrado de que a voz do povo importa. Não há espaço para barreiras. Ou você defende o princípio, ou não. 

Europeus, o povo tem uma voz.Os líderes europeus têm uma escolha e minha forte crença é que não precisamos ter medo do futuro, Abracem o que seu povo lhes diz, mesmo quando é surpreendente, mesmo quando você não concorda. E se você fizer isso, pode enfrentar o futuro com certeza e com confiança, sabendo que a nação está por trás de cada um de vocês. E isso, para mim, é a grande magia da democracia. Nesses edifícios de pedra ou nesses hotéis bonitos. Não está nem mesmo nas grandes instituições que construímos juntos como uma sociedade compartilhada. Acreditar na democracia é entender que cada um de nossos cidadãos tem sabedoria e tem uma voz. E se nos recusarmos a ouvir essa voz, mesmo nossas lutas mais bem-sucedidas assegurarão muito pouco. Como disse o Papa João Paulo II, em minha opinião um dos mais extraordinários defensores da democracia neste continente ou em qualquer outro, “não tenham medo” Não devemos ter medo de nosso povo mesmo quando ele expressa visões que discordam da nossa liderança.” 

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RELATÓRIO DO GOLPE

Li o relatório sobre a suposição, tentativa ou seja lá o nome que se dê para as investigações da Polícia Federal com a opinião do Ministério Público, sobre o motivo para o quebra-quebra que houve em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. É um calhamaço de mais de 800 páginas, que eu resumo com uma frase dita por Mark Twain ao escritor Rudyard Kipling, outro craque da literatura mundial. Ela está colocada quase no final da conversa entre eles, registrada no livro “ A Arte da Entrevista”, antologia organizada por Fábio Altman e publicada pela editora SCRITTA. 

O trecho que compartilho com vocês é curto de uma entrevista não longa o suficiente e contém a frase que eu tomo como resumo do relatório que li, mesmo sendo eu crédulo sobre o desejo do ex-presidente Jair Bolsonaro de demonstrar, do modo mais contundente que conseguisse, o sentimento que lhe causou a derrota. Vamos à conversa entre os Titãs, Mark Twain e Rudyard Kipling em 1889. 

“O tema em discussão”, disse Rudyard Kipling, “era a intelectualidade e eu ainda continuo a me perguntar se ele (Mark Twain) realmente estava falando sério.“Pessoalmente”, disse Mark Twain, “eu nunca dei importância a livros de ficção. O que gosto de ler são fatos reais e estatísticas de qualquer tipo. Mesmo que sejam apenas fatos sobre o cultivo de rabanetes. Agora mesmo, por exemplo, antes de você chegar” – Mark apontou para uma enciclopédia que estava na prateleira, “ eu estava lendo um artigo sobre matemática. Matemática na sua forma mais pura. Meus conhecimentos de matemática só chegam até 12 x 12, mas gostei muito do artigo. Não entendi uma palavra sequer, mas os fatos, ou que acreditamos serem fatos, são sempre interessantes. Aquele matemático acreditava no que estava escrevendo. E eu também. Aconselho: Reúna os fatos primeiro e…” sua voz foi morrendo aos poucos até tornar-se um sussurro inaudível, “ então você poderá distorcê-los à vontade”. 

“ Reúna os fatos e então você poderá distorcê-los à vontade”. 

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EM 2026, TRUMP SERÁ A TERCEIRA VIA 

Chegamos ao dia 2 de outubro de 2022. Os eleitores de Jair Bolsonaro e de Lula estavam convictos de uma vitória no primeiro turno. Os de Jair Bolsonaro acharam impossível o povo ter esquecido o que foram os governos Lula e Dilma. Os do Lula estavam convencidos do sucesso da imagem negativa obtida por Jair Bolsonaro durante a pandemia e certos da vantagem obtida por Lula com as peripécias do Sérgio Moro. Ao deixar a toga para assumir a cadeira de ministro no governo de Bolsonaro, Moro autorizou a dúvida de bastante gente sobre a honestidade do processo que levou Lula à prisão.  Os candidatos chamados de “terceira via”, como previsto, evaporaram. Somados os resultados de todos, o percentual de votos ficou em 8,37%.  Serviram, tão somente, para garantir o segundo turno, já que Lula chegou com 48,43% dos votos e Jair Bolsonaro com 43,20%. Em 2021, escrevi sobre a impossibilidade, quando analisei a candidatura de João Amoedo: https://www.jacksonvasconcelos.com/terceira-via-tem-isso-mesmo/

Como será em 2026? Os adivinhos já estão na praça. É a turma que faz pesquisa. Eita turma danada! Como o último serviço dela é fazer pesquisas para eleições, mal acabada uma, eles começam a jogar resultados nas ruas. Jair Bolsonaro venceria Lula? Para vencer, ele depende de uma decisão jurídica que lhe devolva a elegibilidade. Lula venceria? Quem sabe? Os eleitores responderão quantas vezes forem perguntados sobre a intenção de votos, mas estão cuidando de outros assuntos, alguns essenciais para a sobrevivência pessoal. Mas, um fato é fácil prever: novamente não haverá um terceiro candidato competitivo. Quem, além de Bolsonaro ou Lula ou dos que venham a representá-los, quiser disputar, terá a difícil tarefa de posicionar-se num dos polos. E de uma coisa todos podem estar certos: a eleição de Donald Trump influenciará a escolha dos eleitores brasileiros. Uns irão às urnas com a esperança de terem alguém parecido por aqui e outros com o desejo de fugir dele. Trump, portanto, será a opção de todos, uns pelo aplauso outros pela rejeição. 

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LULA DERRETE

A popularidade do Lula derrete. Certamente, os miseráveis que lhe dão o voto devem estar cansando dele. Começam a perceber que, na eleição, venderam a alma a ele, quando não precisavam disso para matar a fome. Bastaria negociar com ele, o voto por um prato de comida e deixar incólumes as virtudes e o coração. 

O livro “O Vermelho e o Negro”, de Stendhal está entre as minhas melhores recordações de leitura do meu tempo de adolescente. O romance é tenso, maravilhoso, uma obra de arte. Ele relata a paixão entre o filho de uma família pobre e uma mulher rica da alta sociedade, esposa do prefeito; Julien e Madame de Rênal. 

Julien é um jovem revoltado e despreza os nobres. 

Em meio às emoções entre Julien e Madame de Rênal, há um momento em que ela, desconfiada com a possibilidade de Julien amar outra mulher, resolve tratá-lo com frieza. Julien se irrita e conclui: “Até quando terei o hábito de dar minha alma a essa gente, e justamente por seu dinheiro? Se quero ser estimado por eles e por mim mesmo, preciso mostrar-lhes que minha pobreza está à venda, mas que meu coração está a mil léguas de sua insolência, situado numa esfera muito elevada para ser atingido por seus pequenos gestos de desdém ou de favor”. Ele ficou estarrecido com a frieza da Madame de Rênal, que ele julgava apaixonada por ele. Ele leu a frieza como uma ordem, a ordem de colocar-se no seu devido lugar de inferioridade. Julien lembrou-se da posição inferior que ocupava na sociedade aos olhos da nobreza e concluiu: “A minha pobreza pode ser comprada pela riqueza deles, mas o meu coração não!” 

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OEA. QUE DIABOS É ISSO? 

Foto: Gazeta do Povo

O site da Organização dos Estados Americanos – OEA – está dizendo: “Mais direitos para mais pessoas”. E também: A Organização dos Estados Americanos é o principal fórum regional para o diálogo, análises de políticas e sobre tomadas de decisões com relação aos assuntos do Hemisfério Ocidental. A OEA promove a liderança entre as Nações pelas Américas a fim de identificar os problemas e oportunidades do hemisfério. Juntas, estas lideranças constroem a cooperação entre os Estados e preparam uma agenda de assuntos do governo democrático, direitos humanos, segurança multidimensional e desenvolvimento sustentável.”

Pois é, há um representante da OEA no Brasil para nos ajudar a preservar a democracia. Uma boa iniciativa, que enche de esperanças a turma que entende que a democracia corre risco por aqui. Mas, é preciso ir devagar com as expectativas, pois cabe lembrar, que a Venezuela faz parte da Organização e lá a OEA está totalmente vencida na luta pela preservação da liberdade. 

Nós, por aqui, ainda não precisamos da OEA, a menos que ela esteja disposta a liderar uma campanha pela derrota, em 2026, dos senadores que, a despeito da competência institucional que a Constituição Brasileira lhes dá, não colocam ordem na Casa.