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“Sexta-Feira, 13…”

14 de fevereiro de 2024. 

“Passado o episódio do Estado de Sítio, parecia que o Presidente João Goulart iria nortear o seu Governo mais para o predomínio do fato administrativo, sobrepondo-se ao fato político que já consumira mais de metade do seu mandato…JK havia sacudido o país de norte a sul com obras monumentais, Jânio Quadros foi apenas o ético, consumindo todos os seus sete meses  de Governo com inquéritos e bilhetinhos. Em mais de um ano de governo parlamentarista, o Presidente não marcara nenhum tento administrativo. Estava na estaca zero…”. Essas são passagens do livro que ocupou o meu tempo no carnaval: “Sexta-Feira, 13 – Os últimos dias do Governo João Goulart”, do deputado Abelardo Jurema, que foi Ministro da Justiça naquele tempo. Eu consegui a obra no sebo Estante Virtual. 

No livro, “Seu Jurema” dedicou um capítulo ao momento em que o Presidente João Goulart decidiu colocar o Brasil em Estado de Sítio, em resposta às greves e à entrevista ofensiva aos militares concedida pelo governador da Guanabara, Carlos Lacerda. Jango tentou, mas depois das reações do Congresso Nacional e dos governadores, desistiu. Há poucos dias, voltou-se a falar em Estado de Sítio, sendo agora uma tentativa atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro, nas confusões armadas em torno dele. A imprensa divulgou que a Polícia Federal encontrou uma minuta de um documento destinado a decretar Estado de Sítio, na sala que o ex-presidente ocupa na sede do PL. 

Quem examina a história da política no Brasil verifica que ela é uma repetição cansativa de maquinações de quem está no poder para manter-se nele e de quem está fora dele para lá chegar sem considerar a vontade do povo. Jango foi eleito duas vezes Vice-Presidente da República. No tempo dele, os vice-presidentes não participavam das chapas dos presidentes como acontece atualmente, O povo escolhia os presidentes e quem ele desejaria que governasse o Brasil na falta do selecionado. Hoje, um é eleito grudado no outro. Bem, Jango foi eleito, primeiro, para ser vice-presidente de Juscelino, momento em que viveu a paz oferecida pelo titular. “Houve tropeços, houve ranhuras, houve mal-entendidos, tudo, porém, facilmente corrigido e neutralizado pelas lideranças partidárias”, relata “Seu Jurema”. A segunda experiência de Jango como Vice-Presidente levou-o à Presidência pela renúncia de Jânio Quadros, numa trajetória tumultuada em que militares e Congresso Nacional fizeram de tudo para que não se cumprisse. Uma vez presidente, primeiro num parlamentarismo arranjado e depois num presidencialismo muito próprio dos brasileiros, Jango foi defenestrado pelos mesmos agentes: Congresso e Caserna. “Seu Jurema” conta que, “num dos momentos de depressão, o presidente chegou a me dizer: “Não sei, Seu Jurema, como Juscelino ainda quer voltar para isto aqui”. 

A Constituição? Ah! minha gente, essa nunca teve valor, nem naquele tempo, nem na Monarquia e menos ainda hoje em dia. Assim segue a nossa relação com a política. A relação dos imperadores e dos presidentes com a política sempre foi cruel, pois dele o povo quase nunca está presente. Quem queira conferir que vá à história de cada um deles. 

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JAVIER VENCEU. E AGORA? 

02.12.2023. 

Se Javier Milei, Donald Trump e Jair Bolsonaro forem semelhantes em algo mais além da imagem cômica, já se tem claro o futuro do presidente eleito da Argentina. 

Ferino nas declarações sobre o presidente Lula durante a campanha, Milei estendeu a mão a ele com a proposta de conciliação. numa carta onde está dito:  “(…) que nosso tempo juntos como presidentes e chefes de governo seja uma etapa de trabalho frutífera e de construção de laços que consolidem o papel que Argentina e Brasil podem e devem desempenhar na comunidade internacional”. 

A carta mostra que Javier Milei não deseja ser o líder de uma seita, opção que fizeram Donald Trump e Jair Bolsonaro. Nisso pode estar a prova de que a semelhança entre os três é apenas pela fisionomia engraçada. 

No dia 22 de outubro, quando ainda corria o primeiro turno da eleição na Argentina, escrevi: “A Casta está com medo”, onde mostrei confiança na vitória dele e registrei: Para despedir de vez os políticos que derrotará, Javier Milei terá a necessidade de dialogar com os eleitores que derrotou sem perder os que conquistou, algo que só a estratégia como instrumento de trabalho na comunicação poderá garantir. 

Torço para que ele consiga. Jair Bolsonaro e Trump não conseguiram, pois preferiram espezinhar os eleitores vencidos por eles. Radicalizaram. O resultado está posto. 

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Será Javier ou Massa?Jair ou Lula? 

19 de novembro de 2023. Dia de eleição na Argentina. 

Hoje decide-se quem será o vencedor na disputa pela presidência da Argentina, Javier ou Massa e saberemos se aqui no Brasil Bolsonaro venceu Lula ou se Lula venceu Bolsonaro, uma vez que por aqui, no céu, na terra, no alto do mar, nos tribunais, nas igrejas e em todo canto, no inferno, inclusive, o mundo está resumido à saga dos dois. 

Torço por Javier. “Abrir-se com alguém, isto sim é coisa de louco”. Pirandello. 

Na Argentina, haverá críticas aos eleitores do candidato que vencer, assim como aos eleitores do candidato derrotado. Mas, é difícil, bem difícil mesmo, ser eleitor, porque para escolher um entre dois ou mais candidatos, os eleitores precisam ter tempo e liberdade para trabalhar as informações que recebem e criar uma relação de confiança com quem fornece as informações. Nesse ponto, as campanhas na Argentina cumpriram a tarefa. 

Seja Javier, seja Massa, a campanha na Argentina ampliou a dificuldade de escolha para os eleitores com a entrada da Inteligência Artificial, utilizada com criatividade cruel, tanto por Javier como por Sérgio. Mas, ninguém tentou fazer o trabalho do eleitor, impedindo o uso da ferramenta. 

Para Pirandello, “Assim é se lhe parece”, não existe verdade, mas pontos de vista e faz parte da indumentária humana o uso de diversas máscaras, cada uma para uma ocasião precisa. As campanhas eleitorais são assim, por definição. Elas são exercícios de magia. 

Os mágicos trabalham com técnicas teatrais, manuais e de psicologia para fazerem com que o público só veja o que lhes interessa mostrar. É trabalho dos mágicos entregarem um monte de informações ao mesmo tempo, para dar destaque exclusivamente às que precisam para obter sucesso. Os mágicos manipulam a percepção, assim como fazem os candidatos e seus ajudantes. 

Então, há um meio para facilitar a vida do eleitor de tal modo que ele tenha menos chances de errar ao escolher em quem votar? Há quem possa selecionar as informações para que os eleitores tenham acesso, exclusivamente, às confiáveis? Tem gente que acredita ter esse dom. Mas, é democrático decidir pelos eleitores quanto às informações que eles precisam ter para decidir? A imprensa? Evidente que não. Ela tem lado. Tem algum mal nisso? Não vejo. E se tiver, para isso não existe conserto.  

O jeito certo de ajudar o eleitor a decidir melhor é dar liberdade às campanhas, para chamar ao jogo outro mágico que denuncie os truques do concorrente, fato que no campo da comunicação tem nome: contraditório e contraponto. Os candidatos e seus adversários devem ter liberdade para oferecerem aos eleitores as informações que desejarem, deixando com o juízo do eleitor a decisão sobre quais usar e como usá-las no processo de decisão. 

Quando não há liberdade para as campanhas, mesmo com o uso da lei ou da Justiça com a lei e, por vezes até sem ela, como se faz por aqui com algo que apelidaram de fake news, o eleitor é tutelado, é castrado naquilo que o diferencia dos animais: a capacidade de decidir por si próprio com liberdade para formular as decisões que toma e acertar e errar por si mesmo. Ora, por que razão o exercício do voto está limitado às idades onde se pode pensar por si mesmo? Exatamente, para que a decisão seja consciente e não tutelada. 

Por isso, sou um eleitor inconformado com o tipo de campanha eleitoral que se tem no Brasil, onde quase todo tipo de exposição é proibido e a exposição autorizada é imbecil. Assisti muitas peças da campanha na Argentina, inclusive as que usaram a  Inteligência Artificial. Os candidatos que disputaram a eleição tiveram liberdade para expor suas qualidades e até para inventá-las como tiveram para expor os defeitos de seus adversários e até para criá-los. Por aqui, alguém, certamente, com a lei e com a Justiça que temos, iria censurar as peças e os veículos por onde elas seriam veiculadas. A Inteligência Artificial seria algo abominável, com certeza. A turma do Tribunal Eleitoral ficaria com medo de ser enganada. 

Como eleitor, desejo ter acesso às informações e resolver por mim mesmo a quais devo dar crédito, para depois de confrontá-las decidir a quem devo dar o meu voto ou se não devo escolher um entre todos. É esse o preço da democracia, que fugimos para não pagar. 

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“Picadeiro de qualidade”

02.10.2023.

De novo? Novamente, o governo federal aparece com um programa para combater as organizações criminosas, o Enfoc, que prevê R$900 milhões em investimentos para atuação em cinco eixos principais: “integração institucional e informacional; eficiência dos órgãos policiais; portos, aeroportos, fronteiras e divisas; eficiência da Justiça Criminal e cooperação entre União, Estados, Municípios e órgãos estrangeiros.”  E há um tempo estabelecido para a apresentação das metas, investimentos e estratégias: 60 dias. Não pode ser algo sério. Por que não entregam o pacote completo? Porque pode ser que em 60 dias, a onda já tenha quebrado na praia e o governo dedique seu tempo a outros temas mais caros a ele, como acontece com a rotina de nomear e exonerar gente para a máquina pública. 

Tomei conhecimento do projeto ao ler ontem, domingo, o Estadão. O editor deu à notícia destaque na primeira página e pelo modo como construiu a manchete, ele também não acredita que o programa tenha algum resultado. Ele escreveu: “Pressionado, governo lança plano para tentar conter facções”. O “tentar” diz tudo sobre a esperança do editor no sucesso da proposta. O “pressionado”, mostra o modo como funciona um governo que não planeja. Ele não está sozinho. O histórico de programas e projetos que visam só tirar a União do tema não autoriza o crédito. 

O Ministro Super-Herói, Flávio, o Dino, para rebater as críticas que tem recebido afirmou que no pouco tempo em que está na equipe do Presidente Lula conseguiu reduzir as armas, desmontar o garimpo ilegal e tem dado apoio às vítimas de violência. Citou também a visita que fez a 21 estados para entregar equipamentos e liberar recursos para os governadores. Não dá para levar isso a sério! 

Bem que Deus avisou que a relação entre os agentes do Estado e a sociedade seria desse modo, mas ninguém quis ouvir. Disse Deus, quando respondeu ao desejo do povo de Israel de ter um rei: “Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós: (…). Ele tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais, e os dará aos seus servos. E as vossas sementes, e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais (…)”. Ao Estado tudo; à sociedade, a conta. 

Thomas Hobbes deu ao Estado a representação correta de um monstro marinho, o Leviatã,  que no livro de Jó está descrito com um alerta: “Eis que é vã a esperança de apanhá-lo; pois não será o homem derrubado só ao vê-lo? Ninguém é tão atrevido, que a despertá-lo se atreva…”(Jó 41: 9 e 10). Para Hobbes o Estado só tem uma finalidade, uma só: garantir a segurança de quem renunciou a muita coisa para poder dormir em paz. Quando o Estado não garante a Segurança Pública – diz Hobbes – ele rompe o contrato que tem com a sociedade que, então, fica liberada para não cumprir a parte que lhe cabe. Quem dera, pudéssemos agir assim. Por aqui, nem criticar se está mais autorizado. Confrontado, o agente do Estado responde: “Perdeu mané. Não amola!”. 

No Brasil, com relação à segurança vivemos no “Estado de Natureza”, definido por Hobbes, onde o desejo e a força são suficientes para a satisfação de todas as vontades dos indivíduos. Tempo vai, tempo vem, e ninguém na União move uma palha para, de verdade, melhorar a qualidade das polícias, das investigações e desarmar os criminosos. 

O lançamento do programa ENFOC será só mais um dia de espetáculo no picadeiro montado em Brasília, pois a União foge às léguas da obrigação que deveria ter. Flávio, o Dino, deixou claro: “O governo não concorda com teses absurdas que propõem a federalização da segurança pública em todo o país”. Para a União quase todos os crimes são estaduais. Federais são somente aqueles ainda não tipificados pela lei, chamados de atos golpistas e antidemocráticos. 

Flávio, o Dino, encerrou a entrevista na CNN Brasil com uma pérola: “Para melhor aquilatar o que isso significa, sugiro comparar com outros momentos do Ministério da Justiça, onde criminosos lá habitavam ou eram lá protegidos…”. Desnecessário comentar.  

A União abriga malabaristas, engolidores de fogo, palhaços e trapezistas. Por isso, defendo que “O Circo”, uma das belezas compostas por Nara Leão, seja o nosso Hino Nacional. Faz mais sentido, no momento, que o louvor à liberdade composto por Duque Estrada.  

Enfim, sigamos.  

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PODER MÁSCULO! 

20.09.2023.

Um diálogo imaginado, mas que tem tudo para ser real. 

Homens: Quero que vocês participem das eleições. 

Mulheres: Obrigada! 

Homens: É nossa obrigação como homens.

Mulheres: Sim, sim! 

Homens: Então, cederemos a vocês 30% das vagas na relação de candidatos.

Mulheres: Puxa, que legal! Obrigada, de novo. Mas, perdão, pode ser que os partidos não cumpram.

Homens: Nada disso. Vamos ser duríssimos com os partidos. Se não cumprirem, metemos multas pesadas e outras penalidades. 

Mulheres: Mas, vocês sabem né, campanha se faz com dinheiro.

Homens: Claro! Vocês acham que não pensamos nisso? A Justiça Eleitoral determinou a destinação de 30% do Fundo Eleitoral para vocês e nós não recorremos. E tem mais. Cedemos 5% para vocês terem programas para estimular as mulheres a participarem. 

Mulheres: Puxa, que legal! Vocês têm bom coração! 

Homens: É nossa obrigação. 

O tempo passou, chegou o tempo das campanhas e os partidos não cumpriram o combinado. 

Mulheres: Vocês nos prometeram penas severas para quem não cumprisse a destinação das vagas de candidatos e do dinheiro. Como será agora? 

Homens: Bem, pensando, bem…Vamos dar um jeito. 

O tempo passa e começa a se aproximar o momento da próxima eleição. 

Homens: Ei, mulheres. A gente ia jogar duro com os partidos, mas pensando bem, isso seria penalizar vocês também…

Mulheres: Como assim? 

Homens: O dinheiro das multas seria tirado do Fundo Partidário que é um dinheiro de todos, inclusive de vocês…

Mulheres: Então, ficamos no prejuízo? 

Homens: De jeito nenhum. Vocês acham que a gente iria permitir isso? Temos uma surpresa para vocês.Agora, a gente vai destinar 15% das vagas para vocês.

Mulheres: Mas, a gente já tinha 30%. 

Homens: Vocês não estão entendendo. Os 30% eram de vagas na lista de candidatos. Os 15% dizem respeito às cadeiras, nas Câmaras Municipais, nas Assembléias Legislativas e no Congresso Nacional. Olha que maravilha! 

Mulheres: Pensando bem, queremos 53% das vagas. 

Homens: Isso é loucura! 

Mulheres: É não. Afinal, nós, mulheres, somos 53% do colégio eleitoral.

Homens: Sim, mas vamos devagar. Essa coisa de política, minhas caras, é um troço difícil. 

Mulheres: Estamos vendo. 

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Pesquisa Quaest. Instituições. 

23.08.2023. 

Durante a semana, o Instituto Genial Quaest divulgou o resultado de uma pesquisa sobre a reputação de várias instituições públicas e a imprensa destacou os dados sobre as Forças Armadas, para usar a informação como crítica a Jair Bolsonaro. Foram ouvidas, presencialmente, 2.029 pessoas, entre os dias 10 e 14 de agosto, com margem de erro de 2,2%. 

Antes de avançar na leitura das notícias, fui ao site do Exército Brasileiro e lá encontrei a notícia sobre pesquisas qualitativas e quantitativas realizadas pela Força, com resultados bem diferentes do que os apurados pela Quaest, mas tive dificuldade para saber o exato momento das pesquisas e mesmo ter acesso ao resultado delas. 

A pesquisa Quaest pesa mais contra o Supremo Tribunal Federal, contra o Congresso e partidos políticos do que contra as Forças Armadas e não encontrei os caminhos que pudessem me levar a concluir, como fez a imprensa, que o desgaste na imagem positiva das Forças Armadas tenha ligação direta com o movimento de 8 de janeiro em Brasília, com o caso das jóias ou com qualquer outro evento vinculado diretamente com a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro. Tentei acesso a mais detalhes da pesquisa e fui ao site do Instituto. Nada mais alcancei além do que me foi apresentado pela imprensa. 

Uso aqui como fonte de comentários, o jornal do Canal UOL e a matéria do Estadão. As palavras da âncora Fabíola Cidral do Portal UOL disse:  “Falando sobre a imagem dos militares, saiu uma pesquisa interessante, Genial Quaest…A confiança nas Forças Armadas caiu de forma expressiva. Olha só como caiu. Esse levantamento mostra que caiu de 43% para 23%…33% sobre quem confia muito nas Forças Militares…Esse foi o grande destaque da pesquisa.(…) E aí não está só o caso das jóias. Acho que tem outros episódios. Principalmente, o oito de janeiro…”. O Estadão caminha sobre a mesma estrada e acrescente declarações do comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que promete medidas para melhorar os salários e benefícios para as famílias dos militares, com o objetivo de reduzir o desgaste divulgado pela imprensa. Uma postura bem ao estilo dos sindicatos. 

Os gráficos com os resultados foi exposto pelo canal, enquanto os âncoras e Tales comentavam. Os resultados mostram linhas que informam as imagens positivas (em azul) e negativas ( vermelho) das instituições: Polícia Militar, Igrejas Evangélicas, Igreja Católica, Militares/Forças Armadas, Supremo Tribunal Federal, Congresso Nacional e Partidos Políticos. Diante dos quadros, digo: calma lá, há uma leitura que deveria ter mais importância para a imprensa. Vamos a ela: 

  1. A Polícia Militar, igrejas evangélicas, igreja católica e Forças Armadas têm mais imagem positiva do que negativa. É fato que as Forças Armadas, foco da imprensa, perderam 4 pontos em imagem negativa e ganharam 5 pontos negativos, mas como Instituição mantém-se com a imagem positiva e alguma gordura.
  2. O Supremo apresentou-se com 40% de imagem negativa e apenas 18% de positiva. Ele saiu de 33% de imagem negativa para 40% e perdeu 3 pontos em imagem positiva. 
  3. O Congresso Nacional está com 43% de imagem negativa, mas já teve 49%. A imagem positiva tem apenas 9%, vindo de 11% na pesquisa anterior. 
  4. Os partidos políticos estão com 54% de imagem negativa e apenas 4% de positiva. 

Portanto, o fato que mereceria destaque é: a população despreza o STF, o Congresso Nacional e os Partidos Políticos, tendo preferência pela fé e pela força. 

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Eduardo Paes. O que a estratégia oferece? 

Sem o senador Flávio Bolsonaro na disputa pela Prefeitura do Rio, o partido dele, PL, autorizou especulações e uma delas, indica a criação de uma chapa composta pelos deputados federais Dr. Luizinho, do PP, e General Pazuello, do PL. É possível que o desenho tenha o pincel do governador Cláudio Castro e dos estrategistas do Palácio. Quem sabe?   Outras especulações andam por aí. 

Quando se debate eleições para o Poder Executivo, seja para Prefeito, Governador ou Presidente, é bom ter-se em mente, que a cabeça do eleitor posiciona-se antes das cabeças dos candidatos. O eleitor avalia o governo e quem está à frente dele, alguém que tanto pode apaixonar, quando corresponde com excesso às expectativas, como pode decepcionar ao não atendê-las.  

Eduardo Paes retornou à prefeitura sem precisar assumir outros compromissos a não ser o de substituir o prefeito Marcelo Crivella, que se apresentou na campanha com um governo sem marca positiva, submetido a um trabalho demolidor da imagem, que se diga, sempre polêmica.  Eduardo Paes nem apaixonou nem decepcionou o eleitor. Só correspondeu ao que se queria dele. Fatura vencida e paga. Agora, inicia-se um outro jogo. 

No livro Ação Humana, de Ludwig Von Mises, há uma verificação que se adapta bem ao desenho de uma estratégia eleitoral, principalmente quando o Poder Executivo está no jogo. Diz Mises, numa versão adaptada que não perde valor: “o ser humano só se movimenta – muda de posição na vida – emprego, residência, casamento, profissão, governo, etc – diante de uma circunstância: quando está convencido de que a situação em que se encontra é ruim, com a certeza de que a mudança será para melhor”. Assim aconteceu em 2020, na eleição para a Prefeitura do Rio. No entanto, uma vez convencido de que a situação é ruim, sem a garantia de que a mudança será para melhor, o ser humano fica paralisado. Ele, na dúvida, não ultrapassa! Vimos isso em 2022, na campanha para o governo do Rio de Janeiro.   

Ouve-se críticas ao governo do Eduardo Paes, mas, curiosamente, há quem o critique ao mesmo tempo em que acredita na vitória dele. O fato demonstra que o adversário perigoso, se houver, ainda não foi anunciado ou, se anunciado, tem capacidades completamente desconhecidas. 

Como vários adversários estarão na disputa, espera-se deles, que apontem o governo de Eduardo Paes  como um governo ruim. É do jogo. Contudo, só terá chance de vencê-lo, o adversário que seja capaz de oferecer aos eleitores as garantias de lhes dar um governo melhor. Sem isso, o eleitor permanecerá com o governo que tem, mesmo que seja convencido de ser um governo ruim. Lembrem-se do que foi a campanha de reeleição do Lula: “está ruim comigo? se você voltar ao passado, será bem pior”. Foi na veia: “sem medo e sem esperança”.  

O momento é de especulações e bastante falatório e adivinhações. Só após as convenções partidárias, no próximo ano, teremos atravessado o Rubicão e aí “Alea jacta est”. Saberemos se entre os adversários do Eduardo Paes existirá quem consiga superá-lo. 

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A “Rainha das loucas, dos lazarentos e dos moleques do internato”. (CB)

“Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu o fruto e comi. E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi”. (Gênesis 3:12 e 13). Eis aí a prova de que o ser humano é dado, desde a sua criação, a transferir para os outros a responsabilidade pelos próprios atos. Por que seria diferente agora, quando há uma luta política no Brasil entre os que têm Bolsonaro como líder e os que têm Lula nesse papel? 

Em Brasília, no dia 8 de janeiro, um grupo de pessoas enlouquecidas invadiu prédios públicos e saiu para quebrar o que encontrou pela frente. Tomando-se o ato como consequência do resultado da eleição presidencial, considerou-se natural que o Presidente do Tribunal Eleitoral assumisse o controle da situação, tirasse do posto o governador do Distrito Federal, prendesse o Secretário de Segurança comandado por ele e prendesse uma multidão. Contudo, para não fugir à cultura iniciada no Jardim do Éden, era preciso transferir a responsabilidade dos atos para alguém além dos baderneiros. Encontraram a internet. 

Em Blumenau, um assassino invadiu uma creche e, com um machado, matou crianças. O cara foi preso, mas alguém acima dele deve ter agido para fazer com que ele agisse do modo como agiu, algo bem parecido com o que aconteceu antes em outros lugares. Quem poderia ter estimulado os loucos? A internet. 

Junte-se os fatos a outros relevantes na política, um deles, a eleição em 2018, de um candidato sem partido, sem dinheiro e, à primeira vista, sem chance de vencer. Quem poderia ser apontado como responsável pela eleição do cara? A internet. 

Então, minha gente, acabemos com essa tal de internet ou, se não conseguirmos acabar, que criemos um modo de ela não fazer tanto estrago. Nasceu o tal Projeto de Lei que vem para instituir a “Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet”. Louvável, não? Algo que nem Deus, mesmo perfeito como é, imaginou, pois ele poderia ter evitado o “pecado original” com uma atitude simples: tirar a árvore que produziu o fruto proibido e fazer isso antes que o primeiro casal fosse desobediente. Mas, para isso, Deus teria refeito o ser humano, a criação mais complexa e imperfeita criada por ele. Deus precisaria ter retirado do ser humano o livre arbítrio, para passar Ele, Ele mesmo a ser o condutor de uma humanidade de marionetes. Como Deus pode tudo, quem sabe Ele não poderia nos dar uma mãozinha agora e passar a conduzir os seres humanos para tirar das costas dos agentes do Estado um peso enorme que eles são obrigados a carregar? 

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O eleitor já decidiu nacionalizar a eleição.

Na dúvida. Sempre na dúvida

O eleitor já decidiu nacionalizar. 

O governador Cláudio Castro está em O Globo na arrancada das entrevistas com todos os candidatos a governador do estado, pelo menos aqueles que conseguiram vencer a cláusula pétrea de uma campanha eleitoral: ter um partido político. Isso não é algo fácil, porque os partidos têm dono, o dinheiro dos partidos está nas mãos deles e o tempo de uso da TV e Rádio também. Então, eles e elas decidem quem será candidato. E quem entre os candidatos, será competitivo. 

O editor da entrevista com Cláudio Castro compôs a chamada com uma frase do entrevistado, como manda o figurino. Disse ele: “Não quero nacionalizar a eleição do Rio”, um jeito matreiro de dizer que ele não está plenamente alinhado com o candidato a presidente do partido dele, Jair Bolsonaro. 

O governador está alinhado com todos e com nenhum, uma prática antiga de comunicação política, mas, cada vez menos convincente, porque os eleitores já andam saturados desse comportamento sem personalidade. 

O governador não quer assumir uma posição na relação da campanha dele com os candidatos à presidência, porque quer os eleitores de todos eles e acredita que desse modo poderá alcançá-los. 

Quando questionado sobre os apoios políticos que abraça, com tudo e com todos, Cláudio Castro mostrou onde é que a pancada nele dói mais. Esperneou e bateu duro nos adversários diretos, para dizer que na campanha do Freixo estão os saqueadores da Petrobrás e lembrar que o candidato Rodrigo Neves esteve preso.  

Cláudio Castro foi arrogante ao dizer que Wilson Witzel teria caído antes se ele tivesse assumido a posição de tirá-lo do poder. E, reafirma a personalidade ao destacar que as alianças que fez para governar não serão as alianças que adotará ser reeleito.  Desse modo, ele desqualifica quem veio com ele até aqui e faz isso da pior forma: não nomina e, portanto, generaliza. 

Cláudio Castro não quer, mas é evidente que o eleitor, na hora do voto, levará em conta a opção nacional. Isso está bem claro. Na hora do voto, o eleitor fará opção pelos candidatos vinculados ao candidato dele à presidência da república. 

Em seguida, Cláudio Castro entrou num campo no qual ele não deveria se aventurar. Ele se diz liberal por ter privatizado a CEDAE e se diz de centro-direita, porque distribui café da manhã para os pobres e vai mais longe – corajosamente ou irresponsavelmente – vai mais longe para definir as políticas ambientais como temas associados à esquerda. Uma salada que mistura legumes, frutas, coco, carne linguiça e chiclete. 

O tema principal foi pouco abordado por quem tem, com exclusividade, a obrigação constitucional de cuidar da segurança pública. O entrevistador isolou o tema no episódio do Jacarezinho e Cláudio Castro aceitou a pauta. 

“O meu governo não celebra a morte de ninguém, mas, quanto ao Jacarezinho, só havia um inocente: era o policial que acabou morto, deixando viúva e filho”. Ele julgou e sentenciou, de imediato, sem processos, sem questionar motivos, sem contraditório ou ampla defesa. Igualzinho ao que fazia seu ex-chefe, Wilson Witzel.  

Enfim, tudo dentro do esperado. As palavras ditas com os cuidados adquiridos, certamente, em tensas reuniões de treinamento. 

O diabo é que campanha tem adversários e quando os candidatos não estão atentos para isso, o debate pode desandar.