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Ouvir, antes de agir… Por favor!

A Cedae é a bola da vez. A Geni. Quem tem espaço para se pronunciar sobre qualquer tema, nos últimos dias escolheu a Cedae. Eu também já fiz isso, num podcast, quando critiquei a comunicação do governo. No jornal O Globo deste domingo, Gustavo Franco deu ao assunto o sugestivo título de “Verão Chernobyl” e abriu o texto com um mal presságio: “O Rio de Janeiro está sofrendo mais um desastre, que pode não ter, até o momento, a gravidade de Brumadinho ou Chernobyl, mas não há dúvida que a dinâmica é parecida.”

Retorno ao tema agora sobre outro aspecto, o da administração pública e peço licença para um exemplo tirado da vida pessoal. 

Ingressei no Banco do Brasil em 1985. Naquele tempo – não sei se a rotina permanece – quem assumia uma função de chefia, sentia-se obrigado a conversar com quem já estava no ambiente, para conhecer os problemas, o andamento dos projetos, as dificuldades e soluções já tentadas, porque, na empresa, quem chefiava não escolhia os chefiados. Eles eram selecionados num processo nacional de avaliação.

Então, sem diálogo com quem já estava no pedaço, um chefe não conseguiria trabalhar e, se tentasse, quebraria a cara.  

Uma situação como a ocorrida com a Cedae pega um governador desprevenido, porque a rotina do serviço público não é a que conheci no Banco do Brasil. Quem assume uma função pública inicia a nova vida com duas prioridades: quem será nomeado para os cargos subordinados e que mirabolâncias deve fazer para ser visto e admirado, tudo isso vinculado diretamente ao objetivo fundamental: manter o poder e disputar novas funções. 

Ora, o governador Wilson Witzel, inesperadamente, venceu a eleição para o Governo do Estado, que ele e todo mundo sabia ter vindo de administrações caóticas. Se tivesse, por um instante, parado para entender a importância e o peso da máquina que teria que governar, certamente, encontraria a Cedae, que fornece um bem essencial, fundamental, indispensável, à vida. Se Witzel e seus escolhidos tivessem sentado por algum tempo com a turma que estava lá na Cedae, certamente, teriam ouvido sobre os riscos da ocorrência que ele, meio assustado e um tanto apressado, tenta enfrentar agora, não para evitar prejuízos à população, mas para diminuí-los. 

Fala-se muito em reforma administrativa, uma das agendas mais velhas do País. No centro está sempre o servidor público, para uns, um folgação irresponsável, para outros, um elemento desprezado, que precisa ser valorizado. Quando no centro de qualquer reforma do Estado Brasileiro estiver colocado o contribuinte, aquele que paga a conta, certamente, as reformas darão melhor resultado. E, uma das coisas que precisa mudar, com urgência, é a cultura de quem busca exercer a função pública, por voto ou por nomeação. 

Quem chega precisa ouvir quem já estava no ambiente, antes de sair a espalhar demissões e encaixar apadrinhados e afilhados com base num projeto de poder que, com certeza, teria melhores resultados se a população fossem bem atendida. 

A verdadeira reforma que o Brasil precisa, eu não duvido, é a da cultura, do modo como se deve tomar decisões.  

Ouvir antes de agir é a melhor estratégia para sustentar um projeto político. Pode acreditar.

Por Jackson Vasconcelos

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

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Vale a pena financiar a Cultura?

Os gastos do governo com a Cultura são uma ameaça ou oportunidade? Sem Goebbels, Roberto Alvim permaneceria no governo, apesar de todo o resto do tempo dele “à serviço da pátria” ter sido, para nós contribuintes, um amontoado de bobagens sem sentido. Algo bem dispendioso. A demissão dele chega a ser, portanto, um serviço prestado pelo monstruoso canalha genocida Joseph Goebbels. E a colaboração pode ser maior.  

Seria bom dar ao caso Alvim outro destino, que não só o da informação sobre quem foi Goebbels ou de ser um motivo para acusar o ex-secretário de nazista como andam a fazer milhares. Até, porque, se sabe que ele não é. 

Bom seria aproveitar o fato para pensar um pouco sobre a causa de se ter uma estrutura no Estado Brasileiro, custeada pelos contribuintes, só para cuidar da Cultura.  

No Governo Federal, existe uma Secretaria Especial vinculada ao Ministério da Cidadania e já existiram  Ministérios próprios. Nos estados há secretarias estaduais e nas cidades, de qualquer tamanho, congêneres municipais. Essas estruturas são chefiadas, normalmente, por artistas, intelectuais, ilustres acadêmicos e por qualquer um ou qualquer uma que tenha votos ou represente decisões de conveniência nos plenários dos respectivos parlamentos. O que faz e tem feito essa gente? Para que serve? Está aí uma pergunta de dificílima e complicada resposta. Eu diria até constrangedora, quando se vai para a prática. 

O escritor Mário Vargas Llosa responde em “A Civilização do Espetáculo”, obra já citada por mim em outra oportunidade. No capítulo “Cultura, política e poder”, ele aponta duas direções: “Cultura não depende de política, em todo caso não deveria depender, embora isso seja inevitável nas ditaduras, principalmente as ideológicas ou religiosas, aquelas em que o regime se sente autorizado a ditar normas e estabelecer cânones dentro dos quais a vida cultural deve desenvolver-se, sob a vigilância do Estado empenhado em não permitir que ela se afaste da ortodoxia que serve de sustentáculo aos governantes” (Aqui se encaixa o discurso do Alvim). 

“O resultado desse controle, como sabemos”, diz Vargas Llosa, “é a progressiva transformação da cultura em propaganda, ou seja, em sua degeneração por falta de originalidade, espontaneidade, espírito crítico e vontade de renovação e experimentação formal”.

Após dizer o que o Estado, numa democracia não deve ser com relação à Cultura, Vargas Llosa diz o papel que ele pode ter: “O Estado, sem reduzir a liberdade de criação e crítica, deve apoiar e propiciar atividades culturais – na preservação e promoção do patrimônio cultural, acima de tudo – como também porque a cultura deve exercer influência sobre a vida política, submetendo-a a uma contínua avaliação crítica e inculcando-lhe valores e formas que a impeçam de degradar-se…”.

A excitação que o caso Roberto Alvim provocou é a chance de se repensar os gastos que se tem com as estruturas de apoio à Cultura. Afinal, administrar as finanças de um Estado não pode e não deve ser só um ato de cuidar das receitas e despesas, mas também, e principalmente, de tornar eficazes os gastos e justificar o peso deles. O ato de gastar o dinheiro do contribuinte não pode ser uma ameaça ao dono do dinheiro, mas uma oportunidade fantástica de crescimento dele no seio de  uma sociedade sadia. A isso se chama estratégia.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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O diálogo é solução

O presidente, os governadores e os prefeitos das capitais maiores, são eleitos pela maioria absoluta dos eleitores votantes. Os prefeitos das cidades menores, pela maioria simples. Então, devem eles governar para todos ou somente para aqueles que neles votaram? Certamente, a resposta será: para todos, indistintamente.

Mas, por que motivos eles fariam assim? Por consciência democrática? Por livre inspiração? Por obrigação funcional?

Pode ser, mas também pode ser que prefiram trabalhar exclusivamente para os que neles votaram. Neste caso como ficará o restante da sociedade? Porventura, ela será dispensada de pagar as despesas, de recolher impostos? Se assim fosse, quem sabe, não seria mais justo? Contudo, assim não pode ser.

Então, se todos pagam, porque só alguns, mesmo que formem a maioria, devem receber a atenção dos governantes? Não devem e não podem. Não é justo.

Para que todos os que pagam a conta sejam respeitados, há o Poder Legislativo, porque nele estão representados a maioria e as minorias, os que votaram no presidente, no governador e no prefeito e também os que não votaram. Se faltarem aos governantes, a consciência democrática, a livre inspiração ou a noção do dever funcional, lá deve estar o Poder Legislativo para obrigá-los a, pelo menos, respeitar as minorias.

Está aí colocada a melhor definição para a democracia, que tem sinônimos para todos os gostos, aplicando-se a filosofia, a sociologia, a ciência política, a ciência jurídica e palpites. O modo mais seguro de se identificar uma democracia é pela relação dos governos com as minorias.

Nos países parlamentaristas, para compor maiorias e governar, os governos precisam das minorias. Neles, quando o resultado das eleições não conduz a uma composição pelo menos razoável, a lei autoriza que o povo seja, novamente, convocado para decidir a parada. É no Parlamento que a questão se decide.

No Presidencialismo, espera-se que os governantes tenham maioria nos parlamentos, independente das composições. Quando isso não acontece, abre-se uma crise, que só será resolvida, no campo democrático, pelo diálogo entre a maioria e as minorias para composição dos interesses. Ou, pelo impeachment, experiência vasta na vida do povo brasileiro. Portanto, no Presidencialismo, os impasses são também resolvidos no Parlamento, só que de forma drástica, bem mais penosa para o povo.

Fora do campo democrático, faz-se o governo pela força ou pela compra dos votos no Parlamento. O Brasil conheceu os dois modelos.

No período dos generais, o Poder Executivo cassou mandatos até conseguir que seu partido, mesmo eleito numericamente menor, fosse transformado em maioria. Quando nem isso resolveu, os generais partiram para manipular as eleições e criar os mandatos sem voto.

Também conhecemos a formação de maiorias pela compra dos votos contrários e a história é recente o suficiente para dispensar comentários mais elaborados.

De tudo, sobra uma questão fundamental: no Presidencialismo há saída para os impasses sem o impeachment? É possível governar com o Presidencialismo? Plenamente possível, se a democracia for a pedra de esquina, a sustentação dos processos de decisão dos governos. E, democracia implica em política e a política em diálogo.

De todos os conceitos que ouvi e li sobre a política, escolhi aquele que a define como sendo a capacidade de solucionar conflitos de forma pacífica. A guerra é a exaustão da política.

O Brasil vive hoje uma circunstância edificante. Temos governos que gostam de governar exclusivamente para os seus apoiadores e temos parlamentos, onde as minorias estão representadas. Como encaixar tudo isso e fazer o país funcionar sem apelar para soluções drásticas? Pelo diálogo, pela capacidade de conversar, de ceder, de avançar sem violentar e sem exigir unanimidade. O Parlamento enquadrando o Poder Executivo para obrigá-lo a respeitar, pelo menos, respeitar e ouvir, as minorias.

A quem cabe o papel de fazer com que esse seja o método? Ao Poder Legislativo, aos parlamentos de todos os níveis. Que não se espere muito do Presidente e de governadores e prefeitos a disposição de atender aqueles que neles não votaram.

Por Jackson Vasconcelos

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

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A cor dessa cidade, sou eu?

O ano meio terminava, meio começava. Os relógios, à caminho da meia-noite. Ouvia-se, de algum lugar perto, a voz gravada da Daniela Mercury: “A cor dessa cidade sou eu. O canto dessa cidade é meu. O gueto, a rua, a fé. Eu vou andando a pé pela cidade bonita. O toque do afoxé e a força  onde vem? Ninguém explica, ela é bonita…”

Estava alí uma dica para abrir o ano em que os eleitores do Brasil decidirão quem governará as cidades onde moram. Onde a cor e o canto não são, exatamente, o que deseja a Daniela Mercury. 

O desconhecimento do modo como as coisas funcionam na administração das cidades, no campo da política e da técnica, leva muita gente a acreditar que, ao escolher o prefeito estará decidindo como a cidade funcionará para que tenha a cor e o canto de cada um. Uma ilusão! 

Existem, a tocar as cidades, figuras mais importantes do que os prefeitos, porque são gente autorizada, via leis, a decidir onde e como o dinheiro do povo será gasto e se o prefeito tem e terá ou não a liberdade para cumpir o que combinou com o povo. Cabe-lhes também elaborar as leis municipais, aquelas que organizam a vida em sociedade no local onde as pessoas moram, trabalham, passam férias e revivem memórias. Essa tarefa implica em fazer o planejamento urbano, algo de absoluta complexidade e responsabilidade, para toda e qualquer cidade de qualquer tamanho. Nesse contexto, estamos a tratar de Lei Orgânica, Plano Diretor, uso do solo, direito ambiental, código de obras, impacto de vizinhança, patrimônio cultural e histórico, segurança, trânsito e outras coisas bem importantes. 

Os vereadores, figuras que pouco gente conhece, mas nas quais quase toda gente vota, são políticos que formam uma turma com poder até para tirar o prefeito, que o povo julgou ser a escolha mais importante a fazer. Eis aqui uma questão a ser avaliada também pelos candidatos a prefeito quando escolhem os candidatos a vereador que apoiam. 

Por não serem percebidos e poderem atuar na penumbra, alguns vereadores se frustram, enquanto outros fazem miséria. No resultado final, sofre o povo, porque as cidades perdem a cor, o canto e o encanto. Elas passam a servir, exclusivamente, de pasto para os interesses não muito claros de grupos que têm o poder de agir nos corredores e bastidores, para influenciar as decisões, um caminho que até o crime mais rasteiro já descobriu e tem feito uso.

Estamos diante de um problema que sugere uma solução estratégica clara, se desejamos ter cidades melhores, com mais qualidade de vida, onde possamos viver, trabalhar e curtir a vida com alguma paz: a seleção bem avaliada dos candidatos às prefeituras, mas também às câmaras municipais para, na hora do “vamos ver”, na cabine de votação, se ter a convicção, ou pelo menos a percepção, de que se fez a escolha certa.

Feliz ano novo!

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

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Afinal, o que o povo quer?

Ao fazer a retrospectiva do ano, destaco como fato relevante para quem estuda estratégia política a atuação de três personagens do Reino Unido no processo de separação do país da União Europeia, Brexit. E de um personagem da política brasileira, diante do governo do presidente Jair Bolsonaro. 

O primeiro personagem é David Cameron, primeiro ministro do Reino Unido, que convocou o referendo para ouvir o povo sobre a permanência na União Européia. Por vários motivos, os povos do Reino Unido, depois de resistirem um bom tempo, decidiram, num referendo de 1975, participar da União Europeia, um bloco criado em 1957. Mesmo amadurecida durante anos, a decisão nunca foi confortável.  

Em 2016, o primeiro ministro David Cameron, favorável à presença do Reino Unido na União Europeia, decidiu enfrentar os contrários e recolocou o tema num novo referendo. Ele fez a leitura errada dos movimentos. O povo decidiu sair. Cameron, meio sem jeito, renunciou e entrou em campo a segunda personagem que destaco: Teresa May. 

Ela defendeu a permanência do Reino Unido na União Europeia na campanha do referendo. Mas, vencida, entendeu que o seu papel seria colocar em prática a decisão do povo. É assim na democracia. Teresa tentou – e como tentou! – aprovar no Parlamento Inglês, um acordo de saída. Foi derrotada várias vezes e ridicularizada. Teresa desistiu. Abriu caminho para que alguém com mais identidade com a separação comandasse o processo. 

Apareceu Boris Johnson, mas o jogo no Parlamento ficou mais pesado. Já se percebia que a questão central não era mais a vontade popular, mas o jogo político de forças no Parlamento. Boris sofreu derrotas e, como aconteceu com Teresa May, foi ridicularizado. Não desistiu. Chamou o povo à decisão. Não para um referendo direto, mas para enquadrar o Parlamento. Boris venceu a parada com uma campanha bem simples: “Get Brexit Done”, vamos resolver logo isso. Ele sabia que o povo estava cansado de ser enrolado. Houve eleição e os brincalhões foram mandados de volta para casa. 

As populações do Reino Unido deixaram uma lição: não adianta nos enrolarem. O que queremos, queremos. Este é o sentimento que está prevalecendo em todo o mundo. Olhem o que acontece, por exemplo, em Hong Kong, onde o adversário do povo tem muito poder e força e nem por isso, está conseguindo parar o processo. 

No Brasil, o ano começou com a posse de um governo eleito com uma pauta conservadora nos costumes, liberal na economia e de autorização explícita de uso da força e violência na segurança pública.  E também combate ao governo que esteve no poder até 2018. 

Com a mesma agenda, houve renovação no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e em muitos governos estaduais. O povo não deixou dúvidas sobre o que quer. 

Mas, o nosso quarto personagem, o deputado federal Rodrigo Maia, presidente da Câmara, parece entender diferente. Ele publicou na Folha de São Paulo um artigo para responder a uma questão complexa: 

“O saldo de 2019 é positivo para o Brasil?” 

Ele disse que sim, que avançamos “aos trancos e barrancos”. Disse mais: “Com alguma surpresa, o país descobriu a diferença entre governo e governança”, mas ele mesmo não explicou como chegou à essa conclusão e qual é a diferença. Disse mais ainda e, dessa vez, com certa vaidade: 

“A atual legislatura foi a que mais rejeitou medidas provisórias baixadas pelo Poder Executivo.” E avisou, “O Congresso Nacional congelou e também refreou a tensão provocada por uma pauta conservadora na área dos costumes”, situação confirmada pelo O Globo, na matéria de final de ano. 

Ou seja, a voz do povo na eleição de 2018, não é mais relevante. Será que não? Para quem está na política, a leitura correta da vontade popular é uma questão de sobrevivência.

Feliz ano novo. 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Um presidente sem filtro?

Que pena! Dona Catifunda morreu. Não teve rivais. Eu adorava a participação dela nas aulas da Escolinha do Professor Raimundo, outro que já seguiu caminho. A sensação que a gente tem quando morre alguém especial é que do mundo só seguem cedo os bons, talvez, uma estratégia do destino, para encher logo o céu e retardar o crescimento do inferno.

Numa das aulas do Professor Raimundo, Catifunda disse ao professor e à turma haver criado uma banda de rock. “Aproveitei”, disse ela, “a minha grande semelhança com a Madonna e resolvi fazer um conjunto musical, que se chama a Madonna do Bixiga e suas Braboletas Cantantes”. Está no Youtube. Vale à pena.

Dona Catifunda era a Madonna. O homem não foi à Lua. A Terra é plana. A crise no sistema de saúde pública no Rio de Janeiro é um seriado da Globo. No Natal, se comemora o aniversário de Papai Noel. Jair Bolsonaro é um presidente sem filtro. É nesse mundo louco de perdas, descrenças e crenças obtusas que temos vivido. Parece que tudo virou de ponta cabeça.

Para contrariar Luigi Pirandello, nem tudo que parece ser, verdadeiramente, é. O homem foi sim à Lua. A Terra é redonda. A crise no sistema de saúde pública no Rio de Janeiro é real e resultado de muita incompetência na gestão de recursos públicos. O Natal é aniversário de Jesus Cristo e Jair Bolsonaro não é, como quer a capa da VEJA da semana, um presidente sem filtro.

Desde sempre, Jair Bolsonaro filtra tudo o que diz e o que faz, para falar só o que cria polêmica e provoca os adversários. É desse modo que ele se mantém em absoluta evidência. Ele faz o que faz, de caso pensado. Não sem autenticidade. Ele não conseguiria deixar de ser autêntico e, mentir algumas vezes, faz parte da autenticidade dele.

O presidente tem uma boa torcida e competidores ferozes. Ele sabe o interesse que têm seus adversários de multiplicarem o que ele diz, se o que diz contrariá-los, e conhece a força multiplicadora de sua torcida, quando provocada pelos contrariados. Jair Bolsonaro fez renascer na disputa política o conceito de rivalidade, algo que já se viu no Brasil há muitos anos, com PSD e UDN, Arena e MDB. Uma situação que o mundo do futebol conhece e sabe usar. Jair também.

A torcida do Jair Bolsonaro está quase toda ela na rede. Os contrários lá também estão e muitos como extensão dos braços da imprensa e de gente pesada da oposição. Isso facilita o trabalho do Presidente de provocar e manter acessa a rivalidade.

O jornalista Lauro Jardim publicou no domingo, 15 de dezembro, na coluna semanal que tem no jornal O Globo, uma pesquisa da consultoria Bites sobre o desempenho do Jair Bolsonaro na rede. No título, “As redes do presidente”. A pesquisa mostrou o crescimento de 42,5% na base digital do presidente em um ano. Nesse período curto, ele ganhou 9,7 milhões de novos fãs e chegou, no total, aos impressionantes 32,7 milhões de seguidores fiéis. É o quarto no mundo todo.

Não é atoa que ele faz um barulho dos infernos quando fala e digita. E, curiosamente, isso nada tem com credibilidade. Mesmo, muitas vezes, não acreditando no que diz o presidente, os seus aliados e adversários cumprem bem o papel que ele espera deles.

Ao ser chamado de energúmeno pelo presidente, o educador Paulo Freire ficou conhecido por muita gente que, certamente, nunca tinha ouvido falar dele. As pesquisas sobre Paulo Freire no Google cresceram e sabe-se que ele voltou a vender livros numa quantidade maior do que em qualquer outro ano, apesar de morto há 22 anos, sem novidade nas livrarias.

A menina Greta Thumberg entendeu o jogo do presidente e, ao ser chamada de “pirallha”, somou a agressão ao nome e fez do negativo, positivo, como, aliás, ensinou Rubinho Barrichello que, com certeza, ganhou uma boa grana com as campanhas da Vivo e da Havaianas, explorando a própria imagem negativa, transformando-a em uma bem-humorada imagem positiva.

Quem quiser vencer Jair Bolsonaro numa disputa eleitoral deve considerar que ele filtra sim, tudo o que diz e faz, e sabe exatamente porque age assim.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Por que o povo nas ruas?

Durante a semana, a deputada federal Joice Cristina Hasselmann apresentou-se na CPMI das Fake News. A Comissão Parlamentar Mista (formada por senadores e deputados federais) de Inquérito foi criada com uma finalidade demagógica ou ambiciosa demais.

No ato formal de criação está dito: “Finalidade: Investigar os ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público; a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições de 2018; a prática de cyberbullying sobre os usuários mais vulneráveis da rede de computadores e aliciamento e orientação de crianças para o cometimento de crimes de ódios e suicídio”. 

Mas, se sabe que, no fundo, o que se pretende ali é deslegitimar a eleição do Presidente da República. O resto é, simplesmente, o resto onde não se chegará a conclusão alguma. Assim têm sido as Comissões Parlamentares de Inquérito – a grande maioria delas – no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais. 

Quem se deu ao trabalho de assistir a atuação da deputada e dos colegas que a inquiriram participou de um espetáculo de agressões mútuas e auto-elogios. O “eu sou”,  o “você é que é” prevaleceu todo o tempo. Um deputado federal pelo Paraná, Felipe Barros, do PSL, chamou o conjunto de “Tribunal Leninista, que se pode resumir numa frase: Xingue-os do que você é e acuse-os do que você faz”. Daí, aos palavrões, foi um pulo. 

Contudo, o espetáculo ruim não foi singular, nem ato exclusivo do Congresso Nacional, mas algo que temos visto acontecer em vários parlamentos no Brasil e mundo afora. Resultado de uma das questões mais relevantes do tempo moderno, a baixa qualidade da representação política, motivo que tem levado o povo às ruas no mundo todo. 

Muitos dirão que a causa do povo nas ruas não é a falta de representação política. Para aqueles que se dizem de esquerda, os liberais nos governos são a resposta. Para quem se coloca do outro lado, no lado oposto está o argumento. De qualquer modo, cai-se no chavão de “direita e esquerda”, que Ortega Y Gasset, no livro “A Rebelião das Massas”  define sem paciência: “Ser de esquerda, como ser de direita, é uma das infinitas maneiras que o homem (o ser humano) pode eleger para ser um imbecil: ambas são, de fato, formas de hemiplegia moral”. 

Ao não se sentir representado, o povo vai às ruas, volta a Ágora, para exigir, de viva-voz e com toda força e risco, o que quer dos governos. Faz isso, porque quem tem a obrigação de representá-lo, de defender os interesses dele, cuida de si mesmo e dos seus mais próximos. 

A deputada Joice Cristina Hasselmann abriu a apresentação dela com uma frase que tem significado no conceito da falta de compromisso com a representação. Disse ela: “Senhor presidente, senhora relatora, eu passei a investigar os crimes cometidos na internet, quando fui atingida por eles”. Mas, onde ficou, até ali, o interesse dos mais de um milhão de eleitores dela? E se ela não tivesse sido atingida? 

A representação é a essência da democracia. O Dicionário de Política, obra assinada por Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Giafranco Pasquino, esgota a definição de Democracia na teoria política contemporânea, num elenco “mais ou menos amplo, de regras de jogo ou, como também se diz, de procedimentos universais”. O dicionário cita nove, todos eles vinculados à representação originada em eleições, “onde todos os eleitores devem ter voto igual e serem livres para votar segundo a própria opinião formada o mais livremente possível, numa disputa livre de partidos políticos que lutam pela formação de uma representação nacional”. 

A imagem do Congresso Nacional é ruim. Seria melhor, bem melhor, se os deputados e os senadores conseguissem compreender que o papel deles é substituir os seus eleitores para estar no lugar deles no Parlamento. Mas, eles, visivelmente, preferem o uso de outro significado para a palavra representação. Escolheram a encenação, a teatralidade, o espetáculo e, como não são bons atores, têm-se o que se teve na CPMI das Fake News, no dia da estreia da deputada federal Joice Hasselmann no palco. 

Mesmo correndo o risco de ser longo demais, eu encerro dizendo que, como órgão de representação política, a CPMI teria como finalidade única aquela que tem por acessório: “Investigar a prática de cyberbullying sobre os usuários mais vulneráveis da rede de computadores e aliciamento e orientação de crianças para o cometimento de crimes de ódios e suicídio”. Algo que, com certeza, não será objeto de muita atenção.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Imagem real ou virtual?

O governador do Estado do Rio de Janeiro invadiu o campo no jogo final da Taça Libertadores, ajoelhou-se diante de um dos jogadores e beijou-lhe a mão. O governador tinha uma faixa em torno do pescoço e uma camisa por baixo do paletó, ambas do Flamengo. O jogador tratou o governador com desdém. A imagem do ato correu o mundo criticada. 

Teve gente que disse sentir “vergonha alheia”, mas também pessoas que não se incomodaram com isso, porque nada nos políticos as surpreende mais. Houve, do mesmo modo, quem, de boa memória, recordasse que  o governador, no início da campanha eleitoral, deixou claro e com orgulho o fato de ser torcedor do Corinthians. A declaração está na entrevista que ele concedeu ao repórter Alexandre Araújo, do Lance!. Ele disse literalmente: “Sou, desde criancinha, corintiano. Vivi o Corinthians na Era do Sócrates, por isso sou um grande democrata…”. 

A cena do gesto do governador diante do jogador do Flamengo acendeu em mim a lembrança de uma passagem do livro “1808”, do historiador Laurentino Gomes, que, recentemente, entregou aos leitores outra boa obra, “Escravidão”, que comecei a ler. 

Laurentino descreve no 1808, por citações, o ritual do “beija-mão”  na Corte de D. João VI. “Esse ritual”, diz ele, “Muito antigo, já tinha sido abolido havia bastante tempo pelas demais cortes européias, mas ainda era praticado em Portugal e pelos vice-reis no Brasil colônia”. 

Laurentino transcreve dois depoimentos sobre a solenidade. Escolhi um deles, o do cônsul inglês James Henderson: “As estradas que vinham da Cidade Nova, Catumbi e Mata Porcos ficavam repletas de oficiais e pessoas comuns, que pra lá se dirigiam em cabriolets, na garupa de cavalos ou a pé, todos à caça de alguma graça real. Quando as portas do palácio se abrem, acontece uma corrida promíscua para diante… Eles avançam numa mesma formação em direção ao andar superior, onde Sua Majestade está sentada, acompanhado de seus fidalgos (…). Era uma cerimônia que punha o monarca em contato direto com o vassalo, que lhe apresentava as devidas vênias e suplicava por alguma mercê”. 

Temos ali a imagem de um vassalo diante de um semelhante, que ele, no entanto,  julga ser seu soberano, alguém capaz de merecer todas as vênias e súplicas. Algo que passa longe das concepções de “um grande democrata da Era Sócrates”, porque alguém com tal concepção não aceitaria o papel de vassalo e menos ainda o de soberano. 

Somada a outras imagens que o governador tem produzido no mandato, aquela dele diante do soberano Gabigol, fecha o quebra-cabeças, de uma estratégia de comunicação. Garoto, eu gostava dos jogos de quebra-cabeças, onde você está obrigado a criar uma imagem completa juntando os pedaços dela embaralhados. É desse modo que se forma, na imaginação de todos, a imagem completa de alguém. 

Sem dúvida, o governador Witzel quer ser a imagem de representação da torcida do Flamengo na política. Como quis, por pouco tempo, ser a do Corinthians, pela figuração mental conveniente de ser um “grande democrata”. Cabe aqui, um desvio curto, para dizer que democratas não há pequenos ou grandes. Somos ou não somos. 

Para ser o flamenguista padrão que chegou ao Governo do Estado por méritos próprios, o governador beijou a mão de Gabigol e, antes, em outros jogos, tem sido visto em atos alucinados, como fez ao tentar, do campo, invadir a área dos torcedores em comemoração a uma vitória. 

No propósito de ser um flamenguista de sucesso na política, o governador não está sozinho, nem agora, nem no passado. Quase todo mundo gosta de tirar uma casquinha no sucesso dos outros. É vício da humanidade. 

Mas, ser somente líder político da maior torcida do planeta, não parece suficiente para o governador Witzel. Ele quer também a imagem de justiceiro, num estado em que o crime predomina.  Daí o vídeo da euforia no momento em que um atirador de elite matou o doente mental, que sequestrou um ônibus. Isso, também não parece suficiente, porque Witzel quer também a imagem do carioca apaixonado pelo carnaval. 

Ele tem conseguido o objetivo que persegue? A estratégia está correta? 

Isso é fato que precisa ser medido, mas a minha percepção é que não, por conta da ausência de um elemento fundamental na formação das imagens que perduram: a legitimidade de uma história pregressa, de um presente leal ao passado. 

Faltam ao governador as imagens de um passado que confirmem a imagem que ele quer ter no presente. Por exemplo, a imagem do torcedor de sempre do Flamengo, do carnavalesco de todos os carnavais e do combatente implacável contra o crime. Sem esses complementos será inútil o esforço do governador para alcançar a imagem que deseja. 

Sem legitimidade e fidelidade com o passado, a imagem de um político torna-se ato de puro oportunismo. Essa é outra lição importante da estratégia de formação de uma imagem na cabeça do eleitor: os pontos fortes são confirmados pela história, os pontos fracos são, muitas das vezes, aqueles dados como positivos por astúcia. Já se fez isso o suficiente para ensinar o eleitor a não ser enganado. Por isso, na política, os oportunistas estão deixando seus lugares vagos para aqueles que são autênticos, gostemos deles ou não. 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade

Por Jackson Vasconcelos

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O impeachment de uns e de outros

Ora, o pouco caso com os partidos políticos é quase unanimidade. Seria ele, a motivação popular para expulsar um presidente? A lógica diz que não. Então, alguma coisa está mal explicada. E, está mesmo.

Os registros da história recente do Brasil comprovam que o ex-presidente Fernando Collor afastou os partidos para entregar as posições de governo ao crivo do ex-tesoureiro da campanha dele que, em razão do que fez com o privilégio que recebeu, provocou o impeachment. Não me parece ser essa a situação de agora.

Semelhança existe, isso sim, entre as causas do pedido de impeachment do Presidente dos EUA, Donald Trump, e, em 1974, do ex-presidente Richard Nixon. Os resultados, no final do processo, no entanto, poderão ser diferentes.

Na origem do problema está a estratégia comum dos dois presidentes republicanos de enfraquecer os adversários pela espionagem. Mas, a leitura dos cenários – atributo de uma estratégia – indica que o resultado final do pedido de impeachment do presidente Trump tem tudo para ser diferente do ocorrido com ex-presidente Nixon.

Trump está no final do primeiro mandato, já em ritmo de campanha para a reeleição. Nixon estava no início do segundo mandato, situação que garantia aos republicanos a permanência no poder, por um mandato inteiro, mesmo com o impeachment de seu presidente, como, de fato, aconteceu.

Entregar a cabeça do presidente Trump neste momento, significará, para os republicanos, com maioria no Senado, a transferência de sua agenda de campanha para os democratas, situação bem difícil de imaginar.

No ponto limite, se a opinião pública forçar uma decisão drástica, os republicanos, substituirão Trump por outro nome na disputa do próximo ano. Até lá manterão o poder seguro nas mãos.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade

Por Jackson Vasconcelos

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Liberdade de expressão ou libertinagem informativa?

Depois de caminhar por um atalho, retorno, como prometi, à caminhada iniciada no artigo publicado no dia 4 de novembro. Nele defendi que na relação da imprensa com a política, os jornalistas são agentes posicionados quase sempre na oposição. Mas, de vez em quando, meio envergonhados, sutis, ao lado dos governos. São agentes políticos! Sendo assim, não se deve esperar que os jornalistas cumpram a norma de bem informar e como estamos na era do espetacular, eles fazem de tudo para transformar as informações em notícias sensacionais.

Vargas Llosa, numa obra que abre as chaves do mundo moderno, “A Civilização do Espetáculo”, afirma: “A fronteira que tradicionalmente separava o jornalismo sério do sensacionalista e marrom foi perdendo nitidez, enchendo-se de buracos, até se evaporar em muitos casos, a tal ponto que em nossos dias é difícil estabelecer diferença nos vários meios de informação”.

“O que faz um jornalista?” Maurício Dias, que reputo um dos melhores jornalistas, respondeu, numa entrevista concedida em dezembro de 2012 e que está no Youtube: “Essencialmente, investiga. É redundante chamar um ramo do jornalismo de investigativo, porque toda reportagem é uma pergunta e toda notícia responde a uma pergunta”.

O jornalista Gerardo Reyes Copello, prêmio Pulitzer, escreveu “Periodismo de Investigación” e lá ele afirma: “Uma caracterização mais ampla do jornalismo de investigação concebe o repórter como um eficiente armador de quebra-cabeças, cujas peças estão dispersas e alguém trata de manter ocultas…”.

Reúno os conceitos de Maurício Dias aos de Reyes para concluir que todos os jornalistas são investigativos, eficientes armadores de quebra-cabeças, onde as peças (os fatos) estão colocadas à priori. Um dos melhores exemplos disponíveis da relação entre a imprensa e a política, é o caso Watergate, que Maurício Dias citou na entrevista indicada por mim. Maurício lembra que, o “Garganta Profunda”, informante que bem mais tarde se soube ser Mark Felt, do FBI, não passou uma só informação aos jornalistas Bob Wooward e Carl Berntein. Passou pistas, que os jornalistas saíam a investigar para transformar em informações e notícias.

Sobre o caso Watergate há pelo menos dois livros muito bons, “Todos os homens do Presidente” e “A Vida do Garganta Profunda”. É um caso exemplar de fidelidade canina à fonte e à investigação minuciosa antes de noticiar.

O tempo presente, contudo, é o da comunicação relâmpago e concorrência feroz pelo furo de reportagem online, situação que faz com que a imprensa, ao receber pistas ou informações, primeiro faça de tudo isso notícia, para depois, a depender dos efeitos, buscar a verdade. Se estragos houve, eles são resolvidos com um pedido de desculpas, no rabicho do telejornal ou numa nota de pé de página, e a vida segue.

Quem está na política deve compreender, quando traçar as estratégias de trabalho, que esse comportamento da imprensa veio pra ficar, é definitivo e não adianta espernear. Contudo, não precisa se conformar.

Em outros tempos sim, não tinha jeito, a reputação não sobrevivia aos impactos da imprensa. Hoje não, porque existem os canais diretos de comunicação do político e, de toda gente, com o povo, novidade que deveria levar os jornalistas a uma reflexão mais profunda sobre o papel que desempenham e a um tempo bom para aplicar o ofício de bem informar. Mas, mesmo que isso aconteça, e será difícil acontecer, a relação da política com comunicação dispensa, cada dia mais, a imprensa como intermediário na entrega da notícia.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos