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Gente, cinismo tira votos!

Os políticos machos estão, quase todos, em polvorosa, porque alguém por aí decidiu que 30% do fundo eleitoral é para financiar as campanhas das candidatas mulheres. Mexeu no bolso da turma, a situação fica grave. Nestes dias de exposição quase completa, a incoerência e a demagogia sobem à tona céleres rápido e são transformadas em cinismo.

No Dia Internacional da Mulher, os políticos machos enchem o peito e preparam uma porção de elogios às mulheres e críticas às razões das estatísticas que mostram que elas, apesar de serem já a maioria da sociedade brasileira, estão em absoluta minoria na política.

Por que, então, a revolta? Ela só serve para denunciar que os elogios e evocação à participação maior nada mais são que atos cínicos. E o cinismo, em qualquer tempo, tira votos. Hoje com mais velocidade, porque a comunicação se dá de forma rápida. A mentira deixou de ter pernas curtas e recebeu turbinas a jato.

Mais a mais, a quem pertence o sagrado dinheirinho que financia os partidos e financiará as campanhas? Ao povo. Então, por que cargas d’àgua seriam só os políticos machos os agentes da decisão de como ele será distribuído?

Perguntem ao povo. Já antecipo que as mulheres poderão levar mais do que os 30%. Afinal, temos, na população brasileira, mais mulheres que homens. Se duvidam, confiram. 

IG: Partidos querem anular regra que destina 30% do fundo eleitoral para mulheres

O Globo: Partidos querem reverter decisão do TSE que destinou 30% do Fundo Eleitoral para campanhas de mulheres

Estadão: Partidos querem adiar verba para candidatas

Huffpost: Mulheres articulam para partidos não derrubarem 30% do Fundo Eleitoral

Por Jackson Vasconcelos

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Elegeremos um rinoceronte?

Diz a biografia do teatrólogo Eugène Ionesco que ele foi um patafísico. A patafísica, informam os dicionários, é a metafísica das bobagens. Eugène viveu 85 anos. Faleceu em março de 1994. Perdeu a oportunidade de conhecer a evolução de uma doença identificada por ele numa pequena sociedade: “A rinocerontite”.

Eugène levou parte vida considerando o teatro uma arte falsa, artificial: “Para que fingir, também no palco, se fingirmos todos, diariamente? Se a própria vida é um fingimento da natureza cuja única verdade é a morte?”, dizia Eugène. Fácil, fácil, a gente concorda com isso.

Contudo, a dramaturgia terminou por dominá-lo, para bem do teatro. Começou com a “Cantora Careca”, um conjunto de diálogos absurdos, que não contam uma história. A peça está em cartaz há mais de 60 anos no pequeno Théatre de la Huchette, em Paris. Com apresentações diárias.

Eugène escreveu O Rinoceronte: “Num dia irritantemente comum, de uma cidade comum, onde nada acontece, a não ser o diálogo estúpido de homens que não sabem o que fazer de suas vidas, um rinoceronte enche de poeira uma rua. E causa espanto”.

A partir dali as pessoas da cidade vão, pouco a pouco, mas com velocidade, passando por uma metamorfose. Resistem, tentam fugir, mas transformam-se no curso de uma doença que Eugène Ionesco chama de “rinocerontite”, quando o ser humano perde a humanidade, a pele lisa e a fala. Brutaliza-se. Animaliza-se.

Em 1960, Ionesco contou como foi o ponto de partida de O Rinoceronte. Conta ele, que o escritor francês Denis de Rougemont estava em Nüremberg, quando ocorreu uma impressionantes manifestações nazistas de homenagem a Adolf Hitler. Uma multidão imensa postava-se à espera do Führer, que tardava a chegar.

Quando a comitiva de Hitler apareceu, houve uma histeria contagiosa, que o próprio Rougemont se sentiu atingido. Ele já estava prestes a sucumbir à estranha e terrível magia, quando, afastando-se da turba, parou para pensar: “Que espécie de demônio o estava possuindo, para ficar quase seduzido pela ideia de se entregar, como os outros, ao delírio insano?”. O fato inspirou Eugène Ionesco a escrever “O Rinoceronte”.

A campanha para presidente da república no Brasil tornou-se terreno fértil para o vírus da “rinocerontite”. As pessoas substituem a pele pelo casco e a fala pelo bramir. Todos vão, aos poucos, se transformando numa espécie nativa de Rinoceronte, o Bolsonaro.

E a doença já começa a aparecer no candidato Geraldo Alckmin. Vejam se não é verdade: “Porte de armas no campo deve ser ‘facilitado’, diz Geraldo Alckmin”.

Por Jackson Vasconcelos

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Começou a temporada de caça

A gente já começa a ver as redes de rádio, TV e jornais à caça dos candidatos para as entrevistas e debates. Tenho acompanhado. Por enquanto, estão em cena os candidatos à Presidência da República. A TV Folha, do Grupo Folha de São Paulo está mais ativa. Dizem que a política mudou, contudo, nada diferente há nas entrevistas com os candidatos que confirme isso. Nem os jornalistas, nem os políticos mudaram.

O Brasil caminha com os problemas de sempre. Agravados é verdade. Uma taxa altíssima de desemprego. A criminalidade em terra pátria anda de fazer inveja a Chicago do tempo de Al Capone e à Sicília da máfia italiana. Mata-se qualquer um por qualquer dinheiro e até por dinheiro algum.

No entanto, a preocupação central dos jornalistas entrevistadores e dos candidatos tem sido os motivos das alianças políticas, a relação que eles terão com o Congresso Nacional promíscuo e outras bobagens iguais.

Isso é ruim pra imprensa? Nem tanto, mas é péssimo para os candidatos. O povo passa ao largo e isso não tira o emprego dos jornalistas, mas tira a chance de vitória dos candidatos. Eles, portanto, deveriam assumir as rédeas nas entrevistas. Colocar em pauta os temas que, de fato, interessam à população. E apresentar, com honestidade suas opiniões, sem se socorrerem na marquetagem.

Os candidatos já deveriam saber, pela experiência que o Brasil já tem larga neste campo, que o papel dos jornalistas designados para cobrir as campanhas não é informar. É derrubar. É caçar os candidatos à exaustão.

Por que os candidatos caem nas armadilhas?

Porque os entrevistados falam com os jornalistas, respondem a eles. Esquecem ou não percebem que os entrevistadores são simples veículo, por onde os candidatos devem passar rápido para chegar aos eleitores.

Por Jackson Vasconcelos

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Se não chover, querida…

A maior dificuldade do discurso político é ser crível. Há causas várias para isso, mas uma é fulminante: o que é dito, a prática de vida não confirma. Hoje a invisibilidade é impossível, porque tudo o que é afirmado por alguém pode ser confirmado numa visita ao passado ou por imagens capturadas sem que o personagem autorize ou perceba. Nisso está o problema.

Todavia, há quem dê sempre uma mãozinha ao “investigador”. Gente que deixa escapar a incoerência no discurso que faz.

Algo como o jovem apaixonado que, no banco da praça da cidade de nascimento, fazia juras de amor à namorada. Ela um tanto amedrontada com as reações que o pai teria com a notícia que ela levaria a ele: o pedido de casamento feito pelo jovem.

– Marcos, estou com medo da reação do papai. Ele sempre foi contra o meu namoro com você.
– Meu amor, não se preocupe. Eu, por você, sou capaz de enfrentar qualquer dificuldade. Não tenho medo. Para casar com você, amor, eu encaro qualquer problema.
– 
Eu sei, mas meu pai é uma parada difícil!
– Eu enfrentarei ele.

Namoraram mais um pouco. A noite caía. Eles se despediram. A moça, então, fez a pergunta final:

– Marcos, você virá me ver amanhã?
– 
Se não chover, estarei aqui.

É o caso de perguntar: onde foi toda a valentia do moço diante do medo de se molhar?

E veja o que há na fala do Lula no último discurso que fez no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo:

“Companheiros e companheiras, eu, em 1986, eu fui o deputado constituinte mais votado na história do país. E nós ficamos descobrindo que dentro do PT  havia uma desconfiança que só tinha poder no PT quem tinha mandato. Quem não tivesse mandato… Puta, eu não citei o senador Humberto Costa que eu vi aqui, senador por Pernambuco, que eu não citei pra vocês. Ninguém me deu nominata. A Fátima (Bezerra, deputada federal), é do Rio Grande do Norte. Ela será governadora do Rio Grande do Norte…”

E Lula saindo citando toda a turma que tem mandato e estava no palanque, até chegar ao deputado federal Glauber Braga, que o Lula errou e chamou de Glauber Rocha:

“Porra, é Glauber Braga….”

E continuou.

“Pois bem, companheiros, quando eu percebi, que o povo desconfiava, que só tinha valor no PT, quem era deputado, Manuela e Guilherme, sabe o que eu fiz? Deixei de ser deputado. Porque eu queria provar ao PT que eu ia continuar sendo a figura mais importante do PT sem ter mandato. Porque se alguém quiser ganhar de mim no PT, só tem um jeito, é trabalhar mais do que eu e gostar do povo, mais do que eu…”

Quem não estava sem mandato no dia do discurso estava na praça a aplaudir os que têm e eram citados pelo “Cara mais importante do PT”.

Por Jackson Vasconcelos

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Maluquices eleitorais 4

Você, eu e todas as pessoas de bem, abrimos as janelas de casa para olhar o lado de fora, deixar passar a brisa, diminuir o calor. Fechamos as janelas para evitar que a chuva molhe o ambiente ou outras coisas que não queremos entrem. Ladrões, bichos, por exemplo. Sim, quem entra numa casa pelas janelas entra para roubar. Evita as portas, porque não tem as chaves. Certo?

Os períodos de troca autorizada de partidos têm o nome de “janelas”. Sabendo como são considerados os políticos, pode até fazer algum sentido, a troca autorizada de partidos ter o mesmo nome de uma abertura por onde entram os ladrões.

Essa coisa de janelas para trocas de partidos é outra maluquice na legislação eleitoral brasileira. Elas só servem aos mandatos considerados proporcionais, assim entendidos, os mandatos de vereadores, deputados estaduais e deputados federais. Senadores, prefeitos, governadores e presidentes podem trocar de partido a qualquer tempo, porque a legislação considera que os mandatos lhes pertencem. No caso dos mandatos proporcionais, não. A legislação entende que eles pertencem aos partidos, porque os eleitos são o produto de uma soma proporcional de votos dados aos partidos e coligações.

A janela quer dizer então que, por um momento, o mandato que pertencia a um partido passa a ser do candidato eleito. E tem mais: um parlamentar que mudou de partido uma vez e não foi importunado, poderá mudar novamente, com a garantia de não ser. E se mudar para um partido criado depois da eleição, não terá problemas.

Tudo feito no jeitinho para enganar o eleitor.

Por Jackson Vasconcelos

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Meirelles, como explicar isso?

Henrique Meirelles deu um show no Ministério da Fazenda. É o que mostra o artigo “É provável que o debate da agenda fiscal fique para 2019”, do Luiz Guilherme Schymura, Doutor em Economia, publicado na Revista Conjuntura Econômica deste mês.

As primeiras linhas já evidenciam o sucesso. O déficit primário do governo central ficou R$ 35 bilhões menor do que os R$ 159 bilhões previstos. Um pouco adiante, é apresentado o resultado do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias.

A projeção de R$ 1,057 trilhão de despesas obrigatórias caiu R$ 1,038 trilhão. Os gastos com abono salarial e seguro-desemprego previstos para R$ 60 bilhões, fecharam em R$ 54,4 bilhões. Com subsídios e subvenções, a previsão era de R$ 24,6 bilhões. Na verdade, a rubrica fechou em R$ 18,7 bilhões. As despesas com os poderes Legislativo e Judiciário, Ministério Público da União e Defensoria Pública da União estavam previstas para R$ 14,1 bilhões. Fechou com R$ 12,1 bilhões.

E por aí segue o artigo, que eu disponibilizo no fim do texto. No encerramento, Luiz Guilherme afirma:

“Em resumo, a melhora da economia, a perspectiva de receitas extraordinárias e as medidas de contenção de gastos tomadas a partir de 2015 indicam que o governo durante o ano eleitoral está numa posição relativamente confortável para entregar as suas várias metas fiscais. Assim, não devem ocorrer durante a campanha momentos dramáticos em termos de gestão das contas públicas, como a necessidade de enormes contingenciamentos ou a ameaça de descumprimento de objetivos que poderia configurar crime de responsabilidade”.

Ou seja, Henrique Meirelles salvou a economia brasileira. Já tinha feito isso antes, quando para tranquilidade do mercado assumiu o Banco Central no primeiro governo do PT, numa situação em que o mercado correu o risco de entrar em pânico.

O complicado é construir a comunicação de todos esses fatos na campanha presidencial, que Henrique Meirelles tenta disputar. Por que caminhos irá a comunicação do ex-ministro e agora candidato? Numa situação em que a imagem pessoal dele não ajuda, porque não passa simpatia e não tem carisma.

O que farão os comunicadores da campanha para mostrar que as contas equilibradas do governo representam benefício direto no bolso do povo e nas perspectivas de futuro?

Está posto o desafio.

Parte 1 (Clique para ampliar)
Parte 2
Parte 3

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Jackson Vasconcelos

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Maluquices eleitorais 3

Já tratei aqui de uma das maluquices do sistema eleitoral brasileiro. A desincompatibilização, nome feio que só e que se traduz em atos de hipocrisia e desperdício de dinheiro público. Volto ao tema com outro exemplo.

Vejam só porque a presidente daquele troço esquizofrênico que há em Brasília para confundir a já confusa Constituição Brasileira chegou à presidência da República por alguns dias.  Por causa do impeachment da senhora Dilma Rousseff, o Brasil não tem vice-presidente. O que tinha assumiu o lugar da prezada senhora.

A Constituição Brasileira diz que o presidente da república, ao sair do país, deixar de ser presidente. Então, alguém assume o lugar até que ele retorne. Já aqui temos a primeira maluquice institucional. O presidente da República Federativa do Brasil está no exterior como presidente, porque se presidente não fosse, pra lá não seria convidado.

Michel Temer está no exterior como presidente da república, mas, aqui no Brasil deixou de ser o presidente enquanto estiver lá. Pode?

Bem, mas por conta da tal desincompatibilização, o Brasil não tendo vice-presidente da república, o presidente nas ausências dele, é substituído pelo presidente da Câmara dos Deputados que, se cumprir esse papel, não poderá ser novamente deputado federal, por causa da tal desincompatibilização.

Então, o presidente da Câmara dos Deputados, que é candidato novamente a deputado federal, embora minta e diga que é candidato a presidente, não poderia substituir o presidente da república. Resolveu, então, também viajar para o exterior.

Neste caso, o presidente da república seria substituído pelo presidente do Senado Federal, que se substituir o presidente da república não poderá ser, novamente, candidato ao Senado, nem a qualquer outro cargo eletivo em disputa este ano.

Sobra pra quem? Pra senhora presidente do Supremo Tribunal Federal, presidente da República por alguns dias, de direito, mas não de fato, porque nada poderá fazer, que contrarie o presidente que, momentaneamente, não é presidente aqui, mas é no exterior.

Resultado: Nós pagamos por uma viagem do presidente da república, outras duas. Uma do presidente da Câmara dos Deputados, que fugiu pra não assumir o lugar dele e outra para o presidente do Senado, que pelo mesmo motivo caiu fora por uns dias.

Por Jackson Vasconcelos

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Maluquices eleitorais 2

A Lei do Ficha Limpa diz que alguém condenado por um colegiado de juízes, em 2ª instância, não pode ter o registro de candidatura a um cargo eletivo. Puxa! Que bom! A Lei evita então que criminosos sejam candidatos, certo? Errado. Só impede os condenados em 2ª instância. Os que foram condenados na primeira instância ou estão sendo investigados podem concorrer, serem eleitos e adquirirem a prerrogativa de foro, ou seja, só poderão ser julgados pelo STJ ou STF, a depender dos cargos aos quais concorram.

Mas, por que fizeram a lei assim? Os legisladores não sabiam que isso ocorreria? Evidente que sim. Contudo, seguro morreu de velho. É sempre bom deixar uma brechinha na lei, coisa típica do legislador brasileiro.

Vejam a que ponto essa brechinha pode levar, por exemplo, as campanhas no Rio de Janeiro. Nada na Lei do Ficha Limpa impede o registro da candidatura do ex-governador Sérgio Cabral, do chefe Jorge Picciani, do Paulo Mello e do Albertassi, presos e ainda não condenados.

E isso vale para qualquer bandido da esquina.

Por Jackson Vasconcelos

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Fake News: Falta um detalhe…

Fake News é a febre do momento eleitoral. Algo assim como um barco em que todo mundo embarca sem saber aonde está indo. A Fundação FHC, o Centro Edelstein e a rádio CBN pularam dentro desse barco. Fizeram uma boa exposição em vídeo e texto. Eu senti falta de um detalhe, que pode ser a peça principal de argumentação para quem deseje trabalhar um projeto de comunicação para política.

“Sobrevivendo nas redes” está representado num talk show CBN com o sociólogo Bernardo Sorj e o jornalista Pedro Dória. Diretor da CBN, Ricardo Gandour atuou como moderador. O objetivo é orientar os usuários das redes sociais com medidas que evitem que compartilhem notícias falsas.

Esforço louvável, mas de certo modo, inútil,  porque as orientações caminham na direção oposta ao espírito humano, que ama compartilhar o que gosta e tem apreço nenhum por checar informações. O sabor doce do compartilhamento está em divulgar aquilo que mexe com as emoções diretamente.

Ricardo Gandour abriu o “talk show” com uma pergunta direta para Bernardo Sorj, professor da UFRJ e componente do grupo de autores de um guia que ensina os usuários das redes a lidar com as fake news. O Guia foi anunciado na ocasião.

“Como é que a gente sobrevive neste oceano de informações, de redes sociais? Há um manual que nos ajude a sobreviver? O que é verdade? O que é notícia falsa? A partir de hoje, existe…o Guia de Cidadão… Começo o nosso encontro com uma pergunta para Bernardo Sorj, um dos autores do Guia. Bernardo, de cara, conta pra gente um conselho para quem queira sobreviver nesse oceano de confusão”:

Ricardo Gandour respondeu:

“De cara, um conselho pra quem queira sobreviver nesse oceano de confusão. Desconfie de qualquer mensagem na qual você automaticamente acredite que é verdadeira. Em geral, só fake news são produzidos pensando que preconceitos, que prejuízos, que crenças você tem. A mensagem é feita para reafirmar o que você acredita. Considerando que você só reenvia uma mensagem que confirme as suas crenças, dificilmente você vai divulgar uma mensagem em que você não confie… Se houver uma mensagem em que você acredita, desconfie, confira se é verdadeiro, pare para pensar…”

Aqui está o nó: “Confira se é verdadeiro”.  Pergunto: Quem fará isso?

O espírito humano não tem espaço para conferir fofocas, boatos. Ele, simplesmente, passa a notícia que recebe. Houve época que, pelo menos a maioria dos jornalistas checavam. O não conferir ficava por conta dos maus. Hoje, nem os jornalistas, bons ou maus, conferem. Aquilo que tem chance de bombar na rede, isso segue. Quando os jornalistas ouvem os citados, coisa rara, o que ouvem tem serventia zero como informação correta. Passam adiante com desdém.

Quem tem imagem a zelar e depende dela para sobreviver numa profissional, que dela, pessoalmente, cuide. Acompanhe o uso que outros fazem dela e, diante de uma notícia falsa, tome as providências para colocar a verdade com força suficiente para desfazer o que foi mal feito.

No Direito Penal, a quem acusa cabe o ônus de provar e se não provar estará sujeito às penas da lei. Mas, quando o assunto é imagem, nenhuma reparação será suficiente. Então, à imagem agredida cabe, além das providências judiciais, o cuidado de, imediatamente, repor a verdade.

Quem depende da imagem, políticos, artistas e gente parecida, deve estar atento para as agressões à própria imagem. Não espere que alguém vá conferir antes de distribuir. Nunca!

Por Jackson Vasconcelos

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Maluquices eleitorais 1

Vejam só o que diz a lei eleitoral sobre desincompatibilização. Ela existe para evitar que quem ocupa cargo público utilize a função como ferramenta de campanha, naquilo que popularmente chamam de “uso da máquina”. Parece coisa boa e justa. Coisa que tornaria equilibrada a disputa. Certo? Quase certo, porque há na lei uma esquisitice.

Vamos ao exemplo:

Se um prefeito, governador ou presidente da república quiser concorrer à reeleição, não precisa desincompatibilizar-se. Pode continuar prefeito, governador e presidente enquanto é, ao mesmo tempo, candidato. Mas, e se o prefeito quiser ser governador? Precisará deixar o cargo. E o governador que queira ser presidente? Idem. Faz pra você algum sentido isso?

E no caso dos senadores, deputados federais, estaduais e vereadores que desejem ser candidatos a qualquer cargo eletivo? Eles precisam desincompatibilizar-se? Não precisam. Vão às campanhas levando os cargos. Isso faz toda a diferença numa campanha. Por quê?

Porque se você for candidato a deputado federal e não tiver ainda mandato, você terá que arcar com todas as despesas de contratação de assessorias, de combustível e etc. Os parlamentares no exercício do mandato usam as estruturas dos respectivos gabinetes.

Ah! Mas, a lei, para evitar que os prefeitos, governadores e presidente usem a máquina, proíbe que eles compareçam à inauguração das obras que fizeram. Parece bom, não? Bobagem. O legislador deixou na lei a figura da visita técnica. Então, os prefeitos, governadores e presidentes podem visitar as obras enquanto estão em campanha, para “visitas técnicas”, mole não?

Por isso, não há renovação fácil nos quadros da política.

Por Jackson Vasconcelos