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Que absurdo!

Definitivamente, quem manda no Brasil é a Justiça e faz isso sem voto, sem delegação dos eleitores e à despeito deles. Hoje mais um ato prova o fato. Proclamado está o resultado da eleição para governador do Tocantins, há apenas quatro meses da próxima eleição para a mesma função. Quanto desperdício de dinheiro do contribuinte, porque operar uma eleição não é ação barata. Ao contrário, sabe-se que custa uma fortuna.

Mas, o custo não é preocupação da Justiça. Pode-se dizer que a efetividade da democracia vale qualquer custo. Contudo, qual a efetividade de uma eleição para governador, com outra eleição a acontecer quatro meses depois?

Outro argumento válido seria a vontade do eleitor de votar. Mas, nem isso se encaixa no caso da eleição no Tocantins. O governador foi eleito com 368.553 votos. O outro candidato obteve 121.908. No total, 490.461 eleitores votaram nos candidatos, mas 527.868 eleitores não votaram. 355.032, simplesmente, não compareceram. Mas, todos pagaram a conta e pagarão de novo em outubro.

Sinceramente, deveria ser crime autorizar uma eleição como essa. E, outra medida que já deveria existir no Brasil: Quando o número de “não votos” for maior do que o de votos válidos, a eleição deveria ser anulada e o partidos obrigados a apresentar candidatos que incentivem o eleitor a votar.

Por Jackson Vasconcelos

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Aparência de imparcialidade

O Presidente Ernesto Geisel “soube e autorizou execuções de presos políticos”. É mesmo? Juro que eu não sabia. Descobri quando a Rede Globo de televisão, rádio, jornal e internet divulgou. Também pela Rede Globo acabei de saber que houve corrupção no governo Figueiredo. Fala sério!

Não fosse Jair Bolsonaro candidato a presidente no topo das pesquisas, essas notícias da Globo ocupariam espaço nenhum ou estariam num canto de página, por serem óbvias. Entretanto, Jair Bolsonaro amedronta a Rede Globo, porque acendeu no povo o desejo de ter, novamente, os militares no comando do país, num regime onde a violação de todos os direitos estariam autorizados.

Eu também gosto zero da possibilidade do deputado Jair Bolsonaro ser eleito presidente da república. Entendo que a nação brasileira não merece esse destino. Mas, a minha análise é no campo da estratégia: a Rede Globo age nesta campanha presidencial como em outras tantas: Tem lado e faz de tudo para defender o lado em que está, contudo com aparência de imparcialidade. Fez o mesmo em todo o período de império dos generais. Só mudou de lado com as balas dos fuzis que viraram festins.

A ansiedade da Rede Globo, contudo, comete uma injustiça com o General Geisel. É fato, e não fato surpreendente, que o General deve ter autorizado execuções. Ele, no entanto, enfrentou os generais “linha dura” do Exército para permitir que o poder, algo depois, fosse entregue de volta aos civis, sem arranhões. Para isso, pagou o preço de fazer o Pacote de Abril, que fechou o Congresso Nacional e criou os biônicos no SenadoGeisel revogou o AI-5 e passou o bastão ao presidente que aplainou o caminho para um presidente civil.

Não espere imparcialidade da imprensa. Quem contar com isso, cairá do cavalo, do mesmo modo que cairá quem acredite estar para sempre nas graças dela. Olhem o que aconteceu com o Sérgio Cabral, menino dos olhos da Globo hoje a Geni dela.

Por Jackson Vasconcelos

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Greve dos caminhoneiros: Aula para campanha

Quem fala pelos caminhoneiros?
Os caminhoneiros.
Óbvio, não?
Se isso é óbvio para você, não foi para o Presidente da República e todos os ministros dele.

Eu assisti à entrevista coletiva dos ministros do Temer, ausente o das Minas e Energia, quando eles comunicaram que houve acordo entre o governo e os presidentes dos sindicatos dos caminhoneiros. Babou.

Os caminhoneiros não saíram do lugar, porque quem assinou por eles não mais os representava. E, no mesmo momento, vi a reação do povo pagador do acordo. Este também deixou claro que os ministros não falavam por ele.

É assim que a banda toca no mundo moderno. Nada de música pra dançar separado ou com o par do outro. A conversa agora é reta, não tem blá,blá,blá, nem disse-me-disse. A internet abriu os canais.

Quem acha que vencerá eleição porque o prefeito, o vereador ou o cabo eleitoral pedirá votos, esqueça. Ou coloca olho com olho no rosto do eleitor, diretamente, e prova com atos da vida que o que diz é pra valer, ou esquece. Pode até vencer a eleição, mas perderá o mandato na primeira esquina.

Estamos num mundo totalmente novo. Sem gracinhas. Sem salamaleques. Sem demagogia. Nisso estão os resultados surpreendentes das eleições e decisões no mundo todo.

E cabe dizer ainda: de nada adiantou a malandragem do Presidente Michel Temer de não estar presente na assinatura do primeiro acordo para poder, adiante, dizer que foi coisa dos ministros dele. O Presidente embarcou para o Rio de Janeiro no avião presidencial que consome uma fábula de combustível para entregar carros sem gasolina, comprados com o dinheiro do povo.

Certamente, os caminhoneiros, com uma vida toda nas estradas da vida, perceberam a jogada.

Por Jackson Vasconcelos

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Gente, cinismo tira votos!

Os políticos machos estão, quase todos, em polvorosa, porque alguém por aí decidiu que 30% do fundo eleitoral é para financiar as campanhas das candidatas mulheres. Mexeu no bolso da turma, a situação fica grave. Nestes dias de exposição quase completa, a incoerência e a demagogia sobem à tona céleres rápido e são transformadas em cinismo.

No Dia Internacional da Mulher, os políticos machos enchem o peito e preparam uma porção de elogios às mulheres e críticas às razões das estatísticas que mostram que elas, apesar de serem já a maioria da sociedade brasileira, estão em absoluta minoria na política.

Por que, então, a revolta? Ela só serve para denunciar que os elogios e evocação à participação maior nada mais são que atos cínicos. E o cinismo, em qualquer tempo, tira votos. Hoje com mais velocidade, porque a comunicação se dá de forma rápida. A mentira deixou de ter pernas curtas e recebeu turbinas a jato.

Mais a mais, a quem pertence o sagrado dinheirinho que financia os partidos e financiará as campanhas? Ao povo. Então, por que cargas d’àgua seriam só os políticos machos os agentes da decisão de como ele será distribuído?

Perguntem ao povo. Já antecipo que as mulheres poderão levar mais do que os 30%. Afinal, temos, na população brasileira, mais mulheres que homens. Se duvidam, confiram. 

IG: Partidos querem anular regra que destina 30% do fundo eleitoral para mulheres

O Globo: Partidos querem reverter decisão do TSE que destinou 30% do Fundo Eleitoral para campanhas de mulheres

Estadão: Partidos querem adiar verba para candidatas

Huffpost: Mulheres articulam para partidos não derrubarem 30% do Fundo Eleitoral

Por Jackson Vasconcelos

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Elegeremos um rinoceronte?

Diz a biografia do teatrólogo Eugène Ionesco que ele foi um patafísico. A patafísica, informam os dicionários, é a metafísica das bobagens. Eugène viveu 85 anos. Faleceu em março de 1994. Perdeu a oportunidade de conhecer a evolução de uma doença identificada por ele numa pequena sociedade: “A rinocerontite”.

Eugène levou parte vida considerando o teatro uma arte falsa, artificial: “Para que fingir, também no palco, se fingirmos todos, diariamente? Se a própria vida é um fingimento da natureza cuja única verdade é a morte?”, dizia Eugène. Fácil, fácil, a gente concorda com isso.

Contudo, a dramaturgia terminou por dominá-lo, para bem do teatro. Começou com a “Cantora Careca”, um conjunto de diálogos absurdos, que não contam uma história. A peça está em cartaz há mais de 60 anos no pequeno Théatre de la Huchette, em Paris. Com apresentações diárias.

Eugène escreveu O Rinoceronte: “Num dia irritantemente comum, de uma cidade comum, onde nada acontece, a não ser o diálogo estúpido de homens que não sabem o que fazer de suas vidas, um rinoceronte enche de poeira uma rua. E causa espanto”.

A partir dali as pessoas da cidade vão, pouco a pouco, mas com velocidade, passando por uma metamorfose. Resistem, tentam fugir, mas transformam-se no curso de uma doença que Eugène Ionesco chama de “rinocerontite”, quando o ser humano perde a humanidade, a pele lisa e a fala. Brutaliza-se. Animaliza-se.

Em 1960, Ionesco contou como foi o ponto de partida de O Rinoceronte. Conta ele, que o escritor francês Denis de Rougemont estava em Nüremberg, quando ocorreu uma impressionantes manifestações nazistas de homenagem a Adolf Hitler. Uma multidão imensa postava-se à espera do Führer, que tardava a chegar.

Quando a comitiva de Hitler apareceu, houve uma histeria contagiosa, que o próprio Rougemont se sentiu atingido. Ele já estava prestes a sucumbir à estranha e terrível magia, quando, afastando-se da turba, parou para pensar: “Que espécie de demônio o estava possuindo, para ficar quase seduzido pela ideia de se entregar, como os outros, ao delírio insano?”. O fato inspirou Eugène Ionesco a escrever “O Rinoceronte”.

A campanha para presidente da república no Brasil tornou-se terreno fértil para o vírus da “rinocerontite”. As pessoas substituem a pele pelo casco e a fala pelo bramir. Todos vão, aos poucos, se transformando numa espécie nativa de Rinoceronte, o Bolsonaro.

E a doença já começa a aparecer no candidato Geraldo Alckmin. Vejam se não é verdade: “Porte de armas no campo deve ser ‘facilitado’, diz Geraldo Alckmin”.

Por Jackson Vasconcelos

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Começou a temporada de caça

A gente já começa a ver as redes de rádio, TV e jornais à caça dos candidatos para as entrevistas e debates. Tenho acompanhado. Por enquanto, estão em cena os candidatos à Presidência da República. A TV Folha, do Grupo Folha de São Paulo está mais ativa. Dizem que a política mudou, contudo, nada diferente há nas entrevistas com os candidatos que confirme isso. Nem os jornalistas, nem os políticos mudaram.

O Brasil caminha com os problemas de sempre. Agravados é verdade. Uma taxa altíssima de desemprego. A criminalidade em terra pátria anda de fazer inveja a Chicago do tempo de Al Capone e à Sicília da máfia italiana. Mata-se qualquer um por qualquer dinheiro e até por dinheiro algum.

No entanto, a preocupação central dos jornalistas entrevistadores e dos candidatos tem sido os motivos das alianças políticas, a relação que eles terão com o Congresso Nacional promíscuo e outras bobagens iguais.

Isso é ruim pra imprensa? Nem tanto, mas é péssimo para os candidatos. O povo passa ao largo e isso não tira o emprego dos jornalistas, mas tira a chance de vitória dos candidatos. Eles, portanto, deveriam assumir as rédeas nas entrevistas. Colocar em pauta os temas que, de fato, interessam à população. E apresentar, com honestidade suas opiniões, sem se socorrerem na marquetagem.

Os candidatos já deveriam saber, pela experiência que o Brasil já tem larga neste campo, que o papel dos jornalistas designados para cobrir as campanhas não é informar. É derrubar. É caçar os candidatos à exaustão.

Por que os candidatos caem nas armadilhas?

Porque os entrevistados falam com os jornalistas, respondem a eles. Esquecem ou não percebem que os entrevistadores são simples veículo, por onde os candidatos devem passar rápido para chegar aos eleitores.

Por Jackson Vasconcelos

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Se não chover, querida…

A maior dificuldade do discurso político é ser crível. Há causas várias para isso, mas uma é fulminante: o que é dito, a prática de vida não confirma. Hoje a invisibilidade é impossível, porque tudo o que é afirmado por alguém pode ser confirmado numa visita ao passado ou por imagens capturadas sem que o personagem autorize ou perceba. Nisso está o problema.

Todavia, há quem dê sempre uma mãozinha ao “investigador”. Gente que deixa escapar a incoerência no discurso que faz.

Algo como o jovem apaixonado que, no banco da praça da cidade de nascimento, fazia juras de amor à namorada. Ela um tanto amedrontada com as reações que o pai teria com a notícia que ela levaria a ele: o pedido de casamento feito pelo jovem.

– Marcos, estou com medo da reação do papai. Ele sempre foi contra o meu namoro com você.
– Meu amor, não se preocupe. Eu, por você, sou capaz de enfrentar qualquer dificuldade. Não tenho medo. Para casar com você, amor, eu encaro qualquer problema.
– 
Eu sei, mas meu pai é uma parada difícil!
– Eu enfrentarei ele.

Namoraram mais um pouco. A noite caía. Eles se despediram. A moça, então, fez a pergunta final:

– Marcos, você virá me ver amanhã?
– 
Se não chover, estarei aqui.

É o caso de perguntar: onde foi toda a valentia do moço diante do medo de se molhar?

E veja o que há na fala do Lula no último discurso que fez no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo:

“Companheiros e companheiras, eu, em 1986, eu fui o deputado constituinte mais votado na história do país. E nós ficamos descobrindo que dentro do PT  havia uma desconfiança que só tinha poder no PT quem tinha mandato. Quem não tivesse mandato… Puta, eu não citei o senador Humberto Costa que eu vi aqui, senador por Pernambuco, que eu não citei pra vocês. Ninguém me deu nominata. A Fátima (Bezerra, deputada federal), é do Rio Grande do Norte. Ela será governadora do Rio Grande do Norte…”

E Lula saindo citando toda a turma que tem mandato e estava no palanque, até chegar ao deputado federal Glauber Braga, que o Lula errou e chamou de Glauber Rocha:

“Porra, é Glauber Braga….”

E continuou.

“Pois bem, companheiros, quando eu percebi, que o povo desconfiava, que só tinha valor no PT, quem era deputado, Manuela e Guilherme, sabe o que eu fiz? Deixei de ser deputado. Porque eu queria provar ao PT que eu ia continuar sendo a figura mais importante do PT sem ter mandato. Porque se alguém quiser ganhar de mim no PT, só tem um jeito, é trabalhar mais do que eu e gostar do povo, mais do que eu…”

Quem não estava sem mandato no dia do discurso estava na praça a aplaudir os que têm e eram citados pelo “Cara mais importante do PT”.

Por Jackson Vasconcelos

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Maluquices eleitorais 4

Você, eu e todas as pessoas de bem, abrimos as janelas de casa para olhar o lado de fora, deixar passar a brisa, diminuir o calor. Fechamos as janelas para evitar que a chuva molhe o ambiente ou outras coisas que não queremos entrem. Ladrões, bichos, por exemplo. Sim, quem entra numa casa pelas janelas entra para roubar. Evita as portas, porque não tem as chaves. Certo?

Os períodos de troca autorizada de partidos têm o nome de “janelas”. Sabendo como são considerados os políticos, pode até fazer algum sentido, a troca autorizada de partidos ter o mesmo nome de uma abertura por onde entram os ladrões.

Essa coisa de janelas para trocas de partidos é outra maluquice na legislação eleitoral brasileira. Elas só servem aos mandatos considerados proporcionais, assim entendidos, os mandatos de vereadores, deputados estaduais e deputados federais. Senadores, prefeitos, governadores e presidentes podem trocar de partido a qualquer tempo, porque a legislação considera que os mandatos lhes pertencem. No caso dos mandatos proporcionais, não. A legislação entende que eles pertencem aos partidos, porque os eleitos são o produto de uma soma proporcional de votos dados aos partidos e coligações.

A janela quer dizer então que, por um momento, o mandato que pertencia a um partido passa a ser do candidato eleito. E tem mais: um parlamentar que mudou de partido uma vez e não foi importunado, poderá mudar novamente, com a garantia de não ser. E se mudar para um partido criado depois da eleição, não terá problemas.

Tudo feito no jeitinho para enganar o eleitor.

Por Jackson Vasconcelos