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Campanhas para líderes e para patrões

liderançaSe uma empresa e um empreendimento conseguem melhor resultado, quando têm um líder na ponta, uma campanha eleitoral não pode prescindir de um. Ela é produto da política, que só funciona movida pela emoção, seja boa, seja ruim.

Portanto, a primeira questão a perceber numa proposta para tocar uma campanha eleitoral é se à frente dela está um líder. Caso não, nem continue. O processo estará fadado ao completo insucesso. E como saber se estamos diante de um líder ou não, uma vez que um dos domínios da política é a imagem, bem mais do que a realidade, situação que tem o poder de fazer alguém parecer o que não é? O significado de um verbo pode definir tudo: motivar.

Uma campanha mexe com gente, nas duas pontas. Gente que leva a mensagem, seja ela embalada em programas de TV, de rádio, em santinhos, faixas, conversas ao pé do ouvido, confissões e boatos. E, gente que recebe a mensagem, o eleitor de ponta. Por que de ponta? Porque o eleitor primário, o que pertence ao início e fim do processo, é o que trabalha na campanha. Esse também é eleitor e, seguramente, o mais importante de todos eles, pelo poder demolidor que tem. Quem trabalha com o candidato tem fé pública naquilo que fala dele.

Gente você pode motivar ou empurrar. Certo? A equipe é a primeira prova de se estar diante de um líder ou não. Se ela é empurrada exclusivamente pela remuneração financeira, o candidato não é um líder. Mas, se ela é motivada pelo “salário emocional”, aquele que, independente do valor faz a pessoa trabalhar com olho no resultado, o candidato é um líder.

Conheci campanhas ao longo da vida. As mais fáceis nunca foram as mais recheadas de dinheiro. De jeito algum. Foram as que valorizaram as pessoas, primeiro da equipe, depois as de fora dela, aquelas com as quais os candidatos se relacionam todos os dias, o guardador de carros, o empregado doméstico, o guarda da esquina, o empreendedor da loja vizinha.

Um ambiente de campanha que não transpira liberdade criativa e encorajamento para ousar, porque é dominado por um candidato ranheta, que tem mais jeito de patrão do que de político, tem risco maior de levar à derrota. Candidato ranheta, patrão, aquele que só transmite o poder do dinheiro que pagará pelo trabalho, até vence eleição, mas ela custa uma fortuna e a cada rodada (disputa de novos mandatos) custará bem mais.

A motivação da equipe é coisa contagiosa. O eleitor percebe, compra a emoção e leva embrulhada nela o discurso, o sonho, que o voto poderá transformar em realidade. Candidato que empurra a equipe tropeça no eleitor. Precisa ser malabarista para não cair do trapézio e se espatifar no chão.

E se ainda resta alguma dúvida sobre a diferença de caráter entre o candidato que empurra e o candidato que motiva, lembre do paradoxo: Dilma-Lula.

Sempre gostei de trabalhar nas campanhas de lideres, mas já fiz campanhas para patrões. As que fiz para patrões só me arrependem pelo preço que cobrei. Deveria ter sido bem maior.

Por Jackson Vasconcelos

 

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Um desabafo

horario-eleitoral-gratuitoAlguém precisa dar um soco na mesa. As campanhas para eleger candidatos estão chatas, repugnantes. Perderam completamente a graça.

Estamos no início das campanhas para prefeitos e vereadores. Nas capitais e cidades com repetidoras de canais de TV, começaram as veiculações dos programas eleitorais e os debates. Tudo pasteurizado. Ninguém se diferencia, porque todos os candidatos se armaram com um mesmo instrumento de informação: pesquisas. Como elas ouvem a mesma sociedade sobre os mesmos assuntos, sugerem os mesmos discursos. E, os candidatos passaram a usar as pesquisas para saber o que devem dizer, quando deveriam usar para saber como dizer o que têm para dizer.

Por isso, todo mundo é japonês nas ruas e nas TVs. Nas ruas, empolgação zero, porque o filme é ruim e está na enésima versão. Na televisão e no rádio, nem se fala.

Nada disso faria nenhuma diferença na vida das pessoas se o Estado não tivesse importância. Mas, tem. Ele decide quase tudo na vida da gente, do trânsito aos hospitais, das escolas à segurança, da qualidade do ambiente aos transportes e direito de ir e vir.

Do jeito que a coisa vai, os eleitores estão optando, cada dia mais, pelo menos pior e nunca pelo melhor. O resultado está posto. O Estado não funciona, porque os que foram eleitos para fazê-lo funcionar nem sabem o que é isso. E os que são eleitos estão na profissão porque ninguém de bom senso quer entrar no ambiente.

É duro!

Desse conjunto faz parte um mercado de trabalho que gera emprego e impostos, o mercado dos profissionais, que produzem as campanhas eleitorais. Gente de estratégia e gente que organiza o operacional.

A eficiência operacional numa campanha que é, por definição, tendente ao caos, faz diferença num nível que pode decidir o sucesso. Como as alterações na legislação eleitoral só influenciam o operacional, ele está cada vez mais chato e essa chatura afasta mais ainda o eleitor, que é a causa do negócio.

Como os profissionais querem sobreviver, seguem se adaptando, sem se dar conta que o mercado tende a desaparecer, mesmo que as eleições permaneçam.

Dá pra ver o final dessa história. É como acontece com o aquecimento global, que todo mundo reconhece, pouca gente faz alguma coisa para evitar e todos, indistintamente, vão ser torrados no final do processo.

Está na hora de se fazer alguma coisa.

Por Jackson Vasconcelos

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PSDB SP – Decisão sem convicção

Coisa ruim para uma campanha eleitoral é a necessidade de explicar atos e decisões sem convicção. A comunicação fica cheia de ruídos, que incomodam a ponto de dar dor no ouvido.

A campanha para a Prefeitura de São Paulo forma um conjunto de situações, que ensina.

Começo pela mais antiga: a teimosia do PSDB de tentar vencer eleições dividido. Dividido perdeu a presidência da república em 2002 e, pelo mesmo motivo, não a recuperou em 2006, em 2010, nem em 2014.

Na eleição de 2012, para a prefeitura de São Paulo, o PSDB aplicou o modelo. O governador Geraldo Alckmin manteve-se distante da disputa. José Serra ficou isolado, fez uma campanha ruim e perdeu, para o azarão, Fernando Haddad.

As gravatas usadas pelo José Serra nos debates foram o símbolo maior da qualidade ruim da campanha. No último debate do primeiro turno na Globo, José Serra usou uma gravata vermelha – cor do PT – igual à usada pelo Fernando Haddad, que representava o partido. No segundo turno, no debate da SBT, José Serra apresentou-se com uma gravata listrada, com tom predominante de vermelho, novamente, igual à usada pelo adversário.

Agora, 2016, na campanha para a Prefeitura de São Paulo, novamente, caminham por caminhos separados, José Serra e Geraldo Alckmin. José Serra com Antônio Matarazzo e Alckmin com João Dória. Como não conseguiu garantir a vaga do PSDB para Matarazzo, José Serra deslocou o candidato para o PSD, partido do aliado de sempre, Gilberto Kassab.

Matarazzo fez-se vice na chapa da candidata do PMDB, Marta Suplicy, certamente, por instrução do José Serra, que, nitidamente, quer construiu liderança fora do PSDB, já de olho na eleição presidencial de 2018.

A briga no PSDB aflorou na entrevista que Matarazzo concedeu ao jornal Folha de São Paulo, na série de entrevistas que ela faz com os candidatos a Vice. A participação foi ruim, exatamente, por ele não conseguir explicar com convicção o fato de ter deixado o PSDB, para filiar-se ao PSD e, em seguida, firmar aliança com o PMDB.

Diz o jornal:

O vereador Andrea Matarazzo optou por se unir a Marta Suplicy (PMDB), tornando-se vice em sua chapa, para “defender” sua cidade. Segundo ele, o prefeito Fernando Haddad (PT) “é um poste que não acendeu” e João Doria é “aquela coisa que a gente não sabe, um novo poste”.

“Qual a experiência de vida pública que ele tem? Ele disse que vai administrar a cidade como administra seus negócios? Deus nos livre. Pelo amor de deus”, afirmou, referindo-se ao tucano, em entrevista à “TV Folha” nesta segunda-feira (8).

Para ele, Doria “não tem a menor qualificação para ser prefeito”.

Matarazzo reconheceu, contudo, que sua decisão de retirar a candidatura foi influenciada pela posição desfavorável de sua nova sigla na corrida municipal. O PSD não fechara qualquer aliança.

“Tinha ficado com tempo de televisão muito estreito para quem ainda é um candidato desconhecido”, disse.

Matarazzo defendeu-se das críticas de que costuma recuar em suas decisões – antes de se unir a Marta, havia negado por diversas vezes que seria vice de alguém na eleição deste ano.

“Às vezes é preciso mudar de rumo. Você não vai também bancar o Dom Quixote”, afirmou.

Segundo o vereador, ele e Marta unirão “esforços e projetos” e possuem visões muito parecidas para a cidade.

Matarazzo disse que gostaria de atuar ativamente na gestão da peemedebista caso ela seja eleita. Mas não quis comentar qual secretaria assumiria.

Quando questionado sobre nomeações políticas para cargos públicos criticou “o que acontecendo em Brasília”. Esqueceu-se, porém, que o governo interino hoje é do PMDB, partido de Marta.

Por Jackson Vasconcelos

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Lei de bêbados

Gilmar-MendesO Ministro Gilmar Mendes, do STF,  disse sobre a Lei da Ficha Limpa: “Sem querer ofender ninguém, já ofendendo, essa lei foi tão mal feita que parece que foi feita por bêbados”. O Ministro poderia generalizar e não faltaria com a verdade. As leis brasileiras são feitas do mesmo modo, pelos mesmos bêbados.

A legislação eleitoral, então, nem se fala. Tem sido feita por bêbados, drogados, esquizofrênicos. Gente maluca total. E, a cada eleição, o desatino produz coisa pior.

Ontem, fui a Resende, no sul do estado, para proferir uma palestra para candidatos a vereador e presidentes de partidos. Quando cheguei no local, uma advogada e um contador arrancavam os cabelos para fazer a plateia compreender as regras determinadas para a campanha deste ano.

É uma covardia e um paradoxo. Os políticos fabricam leis para enterrar as campanhas, que já foram no Brasil a cerimônia festiva da democracia. No resto do mundo democrático ainda são.

Por aqui, campanha eleitoral é crime. É um rosário de “não pode isso e não pode aquilo” e em algumas ocasiões e lugares, até pedir o voto é proibido. A lei quase tudo proíbe, mas é confusa no proibir. Então, os juízes operam num extenso terreno de interpretação e como a maioria deles não gosta de campanhas, a vida dos candidatos acontece num inferno.

Mesmo depois das campanhas, eleitos ou não, os candidatos, independente dos cuidados que tiveram, correm o risco de sustos e surpresas desagradáveis. Muitos perdem os mandatos.

A política perdeu a essência, perdeu a graça, porque perdeu a festa. Era uma festa bonita, colorida, com balões, camisetas, bandeiras, muita música e gente à beça. Ficou chata, antipática, corrupta.

Isso só mudará, quando os eleitores elegerem políticos de fato, gente que gosta de pedir votos com alegria, com entusiasmo e não num clima fúnebre.

Por Jackson Vasconcelos

 

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Experiência e competência, chaves para a vitória

phelps“Quando saltei, entrou água nos óculos e eu não enxergava mais nada. O problema é que, naquele momento, eu não tinha nada para fazer. Não dava para tirar os óculos porque estava com duas tocas, nem tentar limpar. Tinha de nadar daquele jeito. A situação ficou pior nos 100 metros finais. Eu comecei a tentar ver as sombras, enxergar o T (do chão da piscina). Então comecei a contar braçadas. Eu sei mais ou menos quantas braçadas eu dou em 50 metros”. Michael Phelps terminou os 200m borboleta. Conquistou o título de maior atleta olímpico da história.

Uma campanha eleitoral é uma caixa de surpresas, por mais que trabalhe com pesquisas, análise de cenários, avaliações corretas, boa equipe e excelente candidato. E as surpresas podem vir da sorte ou da falta dela. Coisas do acaso. O tempo para resolver problemas é sempre curto, curtíssimo, quase nenhum. E os exemplos estão à disposição, para quem queira pesquisar. O último e mais trágico deles aconteceu na eleição para presidente, quando o candidato Eduardo Campos morreu numa acidente aéreo.

Caso parecido aconteceu na Bahia. Em 1982, ano da primeira eleição direta para governadores, o pastor Clériston Andrade, candidato favorito ao governo do estado, morreu no acidente com o helicóptero, que usava na campanha. Ele, o candidato a vice e toda a comitiva. Mas, como, as qualidades pessoais dele estavam somadas à mão de ferro do governador Antônio Carlos Magalhães, o segundo elemento estratégico, elegeu o substituto, João Durval Carneiro.

Além de casos trágicos, a história das campanhas registra outros dramáticos. Tiveram boa solução aqueles em que a experiência dos condutores entraram em cena. Eis a lição deixada pelo campeão Michael Phelps. Sem experiência, ele, sem o uso perfeito da visão, não saberia com quantas braçadas terminaria a corrida.

Uma campanha será segura se quem a oriente ou conduza tenha experiência, que somada à competência técnica, dará a vitória.

Por Jackson Vasconcelos

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Foi dada a largada!

Começou hoje a campanha eleitoral nas cidades brasileiras. Esqueçam tudo o que vocês leram, viram e ouviram até aqui. O jogo está zerado. A decisão de uma eleição só ocorre na campanha.

Por isso, há casos de candidatos que começaram a campanha como favoritos e terminaram numa situação até de vexame eleitoral e, outros, que viveram a absoluta e boa surpresa de vitória, quando começaram sem qualquer possibilidade de vencer.

Os casos nacionais de maior expressão aconteceram na eleição presidencial de 2002. Roseana Sarney, favorita, esfarelou e desistiu. Ciro Gomes chegou perto, desidratou e acabou em 4º. E, se formos mais longe no tempo, no Rio de Janeiro, a primeira eleição para governador mostrou, na abertura, Sandra Cavalcanti com mais de 50% de intenção de votos, em primeiro lugar e ela, no final, em 4º com 10,72% dos votos.

A melhor estratégia de campanha e competência dos candidatos e equipes para executá-la, definirão o jogo.  Sem campanha, tudo o que se diz sobre as chances dos candidatos é papo de especialistas com ociosidade intelectual.

Em outubro, várias cidades verão comprovada a regra. Com certeza!

Por Jackson Vasconcelos

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Prefeitos sem juízo, cidades quebradas

mapaBrasilO Brasil tem 5.568 cidades. O povo de todas elas escolherá em outubro, prefeitos e vereadores. As campanhas já começaram e as promessas também. E se há uma coisa que candidato a qualquer posto adora fazer é prometer o céu, para, durante o mandato, entregar o inferno, sem direito ao purgatório.

É o que se lê no levantamento publicado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Firjan, com base no Índice de Gestão Pública. Apenas 42 cidades brasileiras conseguiram pagar os salários dos empregados delas com recursos próprios. A diferença entre as receitas e despesas das cidades avaliadas pela Firjan mostra um rombo total de R$ 45 bilhões.

Os dados mostram que os impostos pagos pelos contribuintes dos municípios, para a prefeitura entregar serviços de excelência em saúde, educação, saneamento básico e outros, são gastos só com o pagamento do pessoal que deveria prestar esses serviços. A situação equivale a você ter uma casa cheia de cozinheiros e ajudantes de cozinha, todos com capacidade para as melhores receitas e não ter dinheiro para comprar os ingredientes.

Se você viver uma situação assim, saberá, com certeza, o que fazer. Demitirá alguns cozinheiros e ajudantes de cozinha, comprará mantimentos e terá alimentos para você e sua família. E, quando decidir demitir, começará pelos cozinheiros e ajudantes mais caros e menos eficientes. Você ficará com os que sabem cozinhar bem o arroz e o feijão, fazer uma boa carne ou fritar ovos e mandará embora os que cuidam bem do caviar. Certo?

Mas, a lógica dos prefeitos não é essa. Eles deixam o povo sem comida e aumentam os salários dos cozinheiros e ajudantes de cozinha. E, para vencer as eleições, há prefeitos que ainda contratam mais gente para trabalhar na cozinha.

Nas próximas eleições, o eleitor deverá decidir se escolhe alguém que seja capaz de tirá-lo do inferno das contas que os prefeitos e vereadores atuais criaram ou se continuará a acreditar na promessa de ter um céu de brigadeiro, com paisagens lindas, quando, na verdade, quem promete sabe que a promessa é vã e o caminho futuro será de aumentar o calor na casa de Satã.

Por isso, pense bem, meu caro eleitor, minha cara eleitora. Escolha que diga a verdade e tenha coragem para demitir, encolher a máquina pública e melhorar a qualidade do serviços com mais eficiência e menos desperdício.

Por Jackson Vasconcelos

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“Para não destruir Dilma”?

Santana.DilmaJoão Santana e Mônica Moura fizeram as duas únicas campanhas da Presidente Dilma Rousseff. Foram presos, porque não explicaram de modo convincente a origem de US$ 4,5 milhões encontrados com eles. Agora, confessaram que mentiram, porque, de fato, como previra a Justiça, eles receberam o dinheiro para fazer a campanha da Dilma.

Só não sabiam que o dinheiro saiu do esquema de corrupção. Mas, de onde, eles imaginaram teria saído? Certamente, não do colchão ou da bolsa da presidente, que, em 2010, segundo ela mesma informou à Justiça Eleitoral, já tinha R$ 113.000,00 e em 2014, R$ 152.000,00.

A presidente, no rastro da confissão, informou: “não autorizei pagamento de caixa 2 a ninguém. Se fizeram não foi do meu conhecimento”.

Então, quem pagou e como pagou a parafernália colocada à disposição dela e da campanha, ao custo percebido por todos? Pode ser que a presidente acredite que tudo tenha sido doação dos amigos que ela, pessoa dada a fazer amigos, tenha feito ao longo da vida. Se algum dia precisar chegar diante de um juiz para explicar as campanhas dela, a presidente, certamente,  dirá que conheceu só de ouvir falar ou de passagem, o casal João Santana e Mônica Moura e que nunca soube que alguém fizera campanha para as eleições dela. E, que os mandatos foram obra e graça de um povo que, ao olhar para os olhos dela e ouvir o que ela falou, se apaixonou por ela de tal forma, que votou sem precisar de nada mais.

Enfim, de tudo o que tenho lido, ouvido, visto e assistido no carrossel de depoimentos dados ao juiz Sérgio Moro, ainda prefiro as Fábulas de La Fontaine e Monteiro Lobato e até as novelas da TV Globo.

Por Jackson Vasconcelos

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“Não reelejam os vereadores!”

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Há uma campanha Brasil afora sugerindo que os eleitores, nas eleições deste ano, não reelejam os vereadores. Eis uma boa medida. Mas, o que fazer com o voto? Votar em qualquer outro candidato ou não votar? Melhor será não votar, se o eleitor não conseguir dizer quais as obrigações de um vereador, porque, certamente, o desgaste deles está relacionado com esta questão essencial: quem os elege não sabe exatamente para quê eles servem.

Quem for votar esse ano, que fique atento à obrigação dos vereadores. É obrigação deles o orçamento do município. O prefeito propõe e eles emendam, reformam e aprovam. Portanto, são eles os personagens que dizem onde e de que forma, na cidade, serão gastos os impostos que todos nós pagamos. E, o valor é alto!

Mas, a obrigação deles não termina aí. Eles são os fiscais dos gastos que eles mesmos autorizaram. Por isso, a eles cabe aprovar ou rejeitar as contas do prefeito. Deles também é a tarefa de fazer as leis municipais. Por enquanto, fiquemos no campo do destino do dinheiro do povo.

Para fiscalizar as contas do município, os vereadores podem criar órgãos de investigação, as conhecidas Comissões Parlamentares de Inquérito. Eles têm a prerrogativa de fuçar a vida dos investigados pelo avesso. E, a partir do resultado, os vereadores têm poder para cassar os prefeitos.

Para auxiliar os vereadores no trabalho de fiscalizar o destino do dinheiro público e fiscalizar os atos dos prefeitos, existe o Tribunal de Contas do Estado, equipado com técnicos com boa formação e outros instrumentos mais sofisticados de investigação.

Ora, quem não sabe que essas são as obrigações dos vereadores, não perca tempo nem energia com a escolha de um candidato que mereça o voto. E quem sabe, tim-tim por tim-tim, o papel que eles desempenham, se não encontrar um candidato capaz de desempenhar bem as funções, anule o voto, mas não faça a besteira de escolher por escolher. Isso dará mais dor de cabeça do que contratar um mecânico para fazer o serviço de um dentista.

Mas, não se assuste, meu caro leitor, minha cara leitora, se você encontrar pelo caminho candidatos a vereadores que não saibam, eles mesmos, as funções que precisam desempenhar. Afinal de contas, os partidos políticos, entidades que escolhem os candidatos, oferecem vagas para qualquer borra-botas, que seja simpático nas ruas e demagogo nas promessas.

Finalmente, todo esse raciocínio nos leva para uma questão fundamental: não existe prefeito desonesto com uma Câmara Municipal honesta nos princípios e também no cumprimento de suas funções. Quando um prefeito é apanhado fazendo o que não deve com o dinheiro público, e quem o apanhou não foi um vereador ou a Câmara Municipal como um todo, é hora de jogar fora o Prefeito, mas também todos os vereadores que estiveram perto dele e não viram ou não quiseram ver o que ele andava a fazer com o dinheiro público.

Por Jackson Vasconcelos

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Vote nulo!

Flag.BrasilSou um brasileiro cansado e desisto sim. Não estou mais entre os que não desistem nunca. E, duvido que nesta classe existam ainda muitos por aí.

Desisti por causa dos repetidos vexames que o Brasil passa diante do mundo. O sentimento seria mais leve se limitado aos casos de corrupção e à triste sina de um Congresso Nacional desmoralizado e uma presidente, a segunda em quatro, a ser afastada da Presidência da República. O vexame pesa mais, porque está carregado com outros tantos casos, do futebol à administração pública.

O Brasil vibrou em junho de 2003, por ter vencido a Argentina e Colômbia na disputa para sediar a Copa do Mundo. Seria a segunda vez, desde 1950 e a chance de os brasileiros daquele tempo ainda vivos e parentes de todos eles vigarem a dor causada pelo gol surpreendente do Uruguai, que derrubou o Brasil, franco favorito, em casa.

Mas, amigo. Se houve vingança, ela não foi nossa nem nobre. Novamente, em casa, fomos derrotados sem chegar à final, diante do placar vergonhoso, que marcou Alemanha 7, Brasil, 1.

As feridas quase sararam, mas estão com receio de outro vexame, que poderá vir com as Olimpíadas e Paralimpíadas. As avaliações prévias anunciam problemas. Obras majestosas feitas pelo Prefeito do Rio apresentam problemas e já somam mortes nos caminhos do BRT e numa ciclovia feita às pressas e de qualquer jeito, se sabe agora. Um prefeito arrogante com os subordinados e bajulador ao extremo com os que estão nas escalas de poder um pouco acima.  É o que se vê no dia-dia da Prefeitura e o que se conclui pelo telefone dele com o Lula exposto ao Brasil inteiro. O Rio de Janeiro tem uma capacidade, me parece, infinita de produzir políticos que se acham deuses antes de acabarem no inferno. Assim aconteceu com Moreira Franco, Anthony Garotinho e Sérgio Cabral. Para todos eles houve e haverá sempre um André Corrêa.

Se as obras para receber os atletas e correlatos andam mal no Rio de Janeiro, piores ainda andam as contas do Governo do Estado. Cariocas e Fluminense já descobriram que foram enganados pelo Sérgio Cabral Filho, Pezão e Dornelles, como foram pela Dilma, pelo PT e Lula no tempo das mesmas campanhas.

Desconfiado, o povo do Rio de Janeiro já espera notícias ruins da Prefeitura do Rio, logo após as eleições, consiga ou não o Eduardo Paes eleger o sucessor. Ele quer no posto um indivíduo acusado de surrar a própria mulher. Diz que isso não é assunto para a política, mas coisa de foro íntimo. Mas, as mulheres eleitoras e os homens de bem não parecem dispostos a cair nessa história.

Não bastasse, pra nós brasileiros, cariocas e fluminenses ter por aqui Eduardo, Cabral, Pezão, André Corrêa, Picciani e outros tais, temos ainda, a nos causar vergonha, outro Eduardo, o Cunha. Esse ganharia todos os troféus se um concurso houvesse de caras-de-pau. E é evangélico. Não deveria ser, mas, quem sabe continua sendo, porque é a melhor representação da mensagem de prosperidade, que vem dos céus, uma coisa que anda em moda. E, quem sabe se também por ser ele um coração dócil para as ocasiões em que, nos cultos, passam a sacolinha.

Gostaria muito de ter alguma esperança de dias melhores, mas a coisa anda difícil e complicada. Poderia melhorar e ser definitiva melhor se, somente se, todo o povo ganhasse consciência do poder imenso que tem o voto e a mobilização. Mas, há que me diz ser impossível escolher bem, porque os candidatos que se apresentam são do tipo dessa gente que citei aqui. Custo a acreditar que sejam todos, mas se forem, saiamos do conforto de votar no menos pior. Escolhamos os melhores e se na lista de candidato, nenhum a gente encontrar com tamanha qualidade, apertemos a tecla que anula o voto. É o que farei, sem dúvida, talvez uma experiência única na minha vida. Algumas vezes, votei nos melhores e outras, que são maioria, nos menos piores. Na eleição deste ano, nada disso. Se eu não encontrar na lista de candidatos, alguém que de fato represente algo novo e melhor. Bimba! Irei no voto nulo.

Paciência! Os partidos que se virem e encontrem candidatos que mereçam o meu voto. Caso não? Danem-se eles, como me dano todos os dias.

Por Jackson Vasconcelos