Sou um brasileiro cansado e desisto sim. Não estou mais entre os que não desistem nunca. E, duvido que nesta classe existam ainda muitos por aí.
Desisti por causa dos repetidos vexames que o Brasil passa diante do mundo. O sentimento seria mais leve se limitado aos casos de corrupção e à triste sina de um Congresso Nacional desmoralizado e uma presidente, a segunda em quatro, a ser afastada da Presidência da República. O vexame pesa mais, porque está carregado com outros tantos casos, do futebol à administração pública.
O Brasil vibrou em junho de 2003, por ter vencido a Argentina e Colômbia na disputa para sediar a Copa do Mundo. Seria a segunda vez, desde 1950 e a chance de os brasileiros daquele tempo ainda vivos e parentes de todos eles vigarem a dor causada pelo gol surpreendente do Uruguai, que derrubou o Brasil, franco favorito, em casa.
Mas, amigo. Se houve vingança, ela não foi nossa nem nobre. Novamente, em casa, fomos derrotados sem chegar à final, diante do placar vergonhoso, que marcou Alemanha 7, Brasil, 1.
As feridas quase sararam, mas estão com receio de outro vexame, que poderá vir com as Olimpíadas e Paralimpíadas. As avaliações prévias anunciam problemas. Obras majestosas feitas pelo Prefeito do Rio apresentam problemas e já somam mortes nos caminhos do BRT e numa ciclovia feita às pressas e de qualquer jeito, se sabe agora. Um prefeito arrogante com os subordinados e bajulador ao extremo com os que estão nas escalas de poder um pouco acima. É o que se vê no dia-dia da Prefeitura e o que se conclui pelo telefone dele com o Lula exposto ao Brasil inteiro. O Rio de Janeiro tem uma capacidade, me parece, infinita de produzir políticos que se acham deuses antes de acabarem no inferno. Assim aconteceu com Moreira Franco, Anthony Garotinho e Sérgio Cabral. Para todos eles houve e haverá sempre um André Corrêa.
Se as obras para receber os atletas e correlatos andam mal no Rio de Janeiro, piores ainda andam as contas do Governo do Estado. Cariocas e Fluminense já descobriram que foram enganados pelo Sérgio Cabral Filho, Pezão e Dornelles, como foram pela Dilma, pelo PT e Lula no tempo das mesmas campanhas.
Desconfiado, o povo do Rio de Janeiro já espera notícias ruins da Prefeitura do Rio, logo após as eleições, consiga ou não o Eduardo Paes eleger o sucessor. Ele quer no posto um indivíduo acusado de surrar a própria mulher. Diz que isso não é assunto para a política, mas coisa de foro íntimo. Mas, as mulheres eleitoras e os homens de bem não parecem dispostos a cair nessa história.
Não bastasse, pra nós brasileiros, cariocas e fluminenses ter por aqui Eduardo, Cabral, Pezão, André Corrêa, Picciani e outros tais, temos ainda, a nos causar vergonha, outro Eduardo, o Cunha. Esse ganharia todos os troféus se um concurso houvesse de caras-de-pau. E é evangélico. Não deveria ser, mas, quem sabe continua sendo, porque é a melhor representação da mensagem de prosperidade, que vem dos céus, uma coisa que anda em moda. E, quem sabe se também por ser ele um coração dócil para as ocasiões em que, nos cultos, passam a sacolinha.
Gostaria muito de ter alguma esperança de dias melhores, mas a coisa anda difícil e complicada. Poderia melhorar e ser definitiva melhor se, somente se, todo o povo ganhasse consciência do poder imenso que tem o voto e a mobilização. Mas, há que me diz ser impossível escolher bem, porque os candidatos que se apresentam são do tipo dessa gente que citei aqui. Custo a acreditar que sejam todos, mas se forem, saiamos do conforto de votar no menos pior. Escolhamos os melhores e se na lista de candidato, nenhum a gente encontrar com tamanha qualidade, apertemos a tecla que anula o voto. É o que farei, sem dúvida, talvez uma experiência única na minha vida. Algumas vezes, votei nos melhores e outras, que são maioria, nos menos piores. Na eleição deste ano, nada disso. Se eu não encontrar na lista de candidatos, alguém que de fato represente algo novo e melhor. Bimba! Irei no voto nulo.
Paciência! Os partidos que se virem e encontrem candidatos que mereçam o meu voto. Caso não? Danem-se eles, como me dano todos os dias.
Por Jackson Vasconcelos