O Ministro Gilmar Mendes, do STF, disse sobre a Lei da Ficha Limpa: “Sem querer ofender ninguém, já ofendendo, essa lei foi tão mal feita que parece que foi feita por bêbados”. O Ministro poderia generalizar e não faltaria com a verdade. As leis brasileiras são feitas do mesmo modo, pelos mesmos bêbados.
A legislação eleitoral, então, nem se fala. Tem sido feita por bêbados, drogados, esquizofrênicos. Gente maluca total. E, a cada eleição, o desatino produz coisa pior.
Ontem, fui a Resende, no sul do estado, para proferir uma palestra para candidatos a vereador e presidentes de partidos. Quando cheguei no local, uma advogada e um contador arrancavam os cabelos para fazer a plateia compreender as regras determinadas para a campanha deste ano.
É uma covardia e um paradoxo. Os políticos fabricam leis para enterrar as campanhas, que já foram no Brasil a cerimônia festiva da democracia. No resto do mundo democrático ainda são.
Por aqui, campanha eleitoral é crime. É um rosário de “não pode isso e não pode aquilo” e em algumas ocasiões e lugares, até pedir o voto é proibido. A lei quase tudo proíbe, mas é confusa no proibir. Então, os juízes operam num extenso terreno de interpretação e como a maioria deles não gosta de campanhas, a vida dos candidatos acontece num inferno.
Mesmo depois das campanhas, eleitos ou não, os candidatos, independente dos cuidados que tiveram, correm o risco de sustos e surpresas desagradáveis. Muitos perdem os mandatos.
A política perdeu a essência, perdeu a graça, porque perdeu a festa. Era uma festa bonita, colorida, com balões, camisetas, bandeiras, muita música e gente à beça. Ficou chata, antipática, corrupta.
Isso só mudará, quando os eleitores elegerem políticos de fato, gente que gosta de pedir votos com alegria, com entusiasmo e não num clima fúnebre.
Por Jackson Vasconcelos