Luciano Huck gostou do modelo político francês. É o que diz Maurício Lima, no Radar da VEJA. Lá, o presidente é escolhido e só uma semana depois, escolhem-se os parlamentares. Luciano Huck acredita que desse modo seria possível o presidente eleito no Brasil compor maioria no Congresso Nacional, dispensando as barganhas.
Parece lógico, para quem desconhece o funcionamento do modelo político brasileiro e dispensa o fato de a França ser um país parlamentarista, enquanto o Brasil tem um sistema político meio misturado, híbrido e um tanto picareta.
Por aqui, eleitos o presidentes e os governadores, como quer Luciano Huck, antes da campanha para deputados federais, senadores e deputados estaduais, as oposições serão fulminadas por um velho costume: a expectativa de poder, que garantirá acesso às verbas públicas e nomeações. Simples assim.
E, já que o Presidente Emmanuel Macron é estrela política do Luciano Huck, cabe um esclarecimento a ele e a quem ainda acredita que Emmanuel (no hebraico, “Deus conosco”) foi uma abstração da política: Emmanuel Macron pertenceu aos quadros do partido socialista francês. Tentou ser candidato ao parlamento francês em 2007, mas os correligionários lhe negaram uma vaga de candidato. Foi convidado para a função de Vice-Chefe de Gabinete do Primeiro-Ministro François Fillon, adiante, seu adversário na eleição presidencial. E, por fim, fez parte do governo do presidente François Hollande, em funções de absoluto relevo: Secretário-Geral-Adjunto e Ministro da Economia. Hollande desistiu da reeleição, pelo alto grau de reprovação popular.
Certamente, Macron venceu a eleição em França, porque o adversário favorito, outro François, esse Fillon, fez uma besteira enorme com a própria imagem. O dado é importante para deixar a descoberto os “cientistas políticos” nacionais, que atribuem ao povo francês a sabedoria que elegeu um estranho no ninho da política, aquilo que eles chamam de “outsider”.
Bobagem! Na França, venceu o novo da política tradicional. É isso e ponto final.
Por Jackson Vasconcelos