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Risco é uma coisa. Incerteza, outra

B4-LEAD_2C_0Para elaborar projetos políticos nestes tempos de confusão absoluta, se faz necessário compreender que as situações de risco e de incerteza têm conceitos diferentes. O livro do economista Frank Knight,  “Risco, incerteza e lucro”, ensina o caminho. Frank Knight faleceu em abril de 1972, com 87 anos.

As situações com risco são aquelas em que os resultados são desconhecidos, mas as probabilidades não.

Tomemos como exemplo a campanha presidencial de Jair Bolsonaro e João Doria. É situação de risco, porque o resultado – derrota ou vitória – é desconhecido. As probabilidades não, porque as pesquisas mostram que eles dois são competitivos e qualquer um dos dois poderá vencer.

Já a campanha dos eventuais adversários do momento é uma situação de incerteza, porque o resultado é desconhecido e as probabilidades de chegarem ao tempo da disputa limpos o suficiente para disputarem é uma dúvida considerável.

Por Jackson Vasconcelos

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Campanhas do “pão pintado”

Vejo numa frase de Santo Agostinho a situação em que se encontra a representação política: “Não sacia a fome, quem lambe pão pintado”.

As montanhas de dinheiro gastas na publicidade eleitoral criaram nas telas e no papel, exclusivamente neles, a parte maior dos políticos que designamos para nos representarem nos governos e parlamentos. No exercício dos mandatos que conquistam, os políticos hoje em evidência pelas denúncias são “pão pintado”.

Como as empresas de publicidade eleitoral estavam obrigadas a aproximar o eleitor de imagens de candidatos que a realidade não conseguiria sustentar, elas cobravam caro, caríssimo, pelo trabalho.

Os preços estão aí, expostos nas delações dos que pagaram pelo serviço e dos que receberam por ele.

Mas, há, felizmente, exceções, políticos – poucos é verdade – que conseguiram sobreviver com num ambiente muito competitivo, em que a propaganda eleitoral usa sem dó nem piedade a publicidade enganosa e abusiva, que induzem os eleitores a erro e exploram a inocência deles pela omissão de informações essenciais sobre o candidato.

Tomara que esse modelo esteja mesmo em colapso.

Por Jackson Vasconcelos

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Nossa Versalhes. Nosso Luís XIV

Será que a destruição da política chegaria a tanto no Brasil se Brasília não existisse? Se a capital permanecesse no Rio, o povo demoraria a reagir contra os abusos de poder, o tempo que tem demorado? Duvido. Brasília é cidade sem povo, onde residem os burocratas bafejados pelos ares de uma aristocracia sem alma.

Brasília é a nossa Versalhes. Para fazer da corte uma ilha de conforto distante dos súditos, local de mordomias e orgias com o produto do trabalho de uma população miserável, faminta e desrespeitada, Luís XIV mudou a capital da França para um vilarejo distante 19 quilômetros de Paris, naquele tempo, século XVI, uma longa distância. Versalhes, o mais magnífico palácio de toda a Europa, abrigou por mais de 100 anos, uma monarquia sem pudor, cruel e opressora.

Hoje, nas alucinações frequentes em razão das notícias, que chegam de Brasília, vejo Juscelino Kubitschek vestido de Luís XIV. Lula na pele de Robespierre, que com seus discursos inflamavam as multidões oprimidas – sujeito que deixou a cabeça na guilhotina onde decepou as cabeças dos adversários –  e Luís Capeto – Luís XVI – o rei inepto, mal-educado, sem graça, encarnado no corpo de alguém que conhecemos pelo nome de Dilma Rousseff.

Por Jackson Vasconcelos

 

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Miscelânia

Lula.Bolso

Aumenta a evidência de estarem na disputa pela Presidência da República, no próximo ano, Jair Bolsonaro e Lula. Quem quiser derrotá-los deveria buscar exemplo nas campanhas presidenciais da Argentina em 2015 e da França este ano.

Na Argentina foi eleito um candidato moderno, com 56 anos e discursos de centro-direita, mais de centro do que de direita. Ele derrotou 12 anos de populismo e corrupção, uma mistura de Perón e Kirchner. Na França, um candidato de perfil bem parecido, mais jovem,  derrotou a candidata da extrema-direita, raivosa, com discurso envelhecido.

Com Bolsonaro e Lula na posição de favoritos, teremos o arco completo: 14 anos de populismo e corrupção representado pelo Lula e uma extrema-direita, raivosa, representada pelo Bolsonaro.

Para vencê-los, será necessário ter um candidato jovem, com discurso equilibrado, passado limpo e credibilidade absoluta para realizar o que prometer.

Certamente, este candidato ainda não apareceu e não se anuncia no PSDB. Aguardemos.  

Por Jackson Vasconcelos

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Candidato fora de época

Pra quem não sabe ou pra quem não lembra, em 1988, Silvio Santos tentou ser candidato a Prefeito de São Paulo, para suceder Jânio Quadros.

Ele anunciou o desejo em várias edições do programa dele no canal também dele. De público, pediu declarações de apoio das filhas e listou um catálogo de nomes de políticos, que, segundo ele, estimulavam-lhe o propósito. Nenhum deles, na verdade, oferecia-lhe apoio.

O mais clássico depoimento foi de Jânio Quadros, depois de bajulado pelo Sílvio: “Se ele não tivesse sido Presidente da República, eu, se o conhecesse, o teria contratado para comentarista ou para artista de TV. Porque na minha opinião, ele é um gênio”. E sapecou, em seguida: “o senhor vai ter que entregar a sua gestão para alguém. Estão querendo que eu, Silvio Santos, seja prefeito. O que o senhor acha disso?”. Jânio Quadros, malandramente, num português sem arranhões, elogiou Silvio Santos, mas não lhe deu apoio. Citou que outros candidatos estavam no páreo com iguais qualidades.

Os tempos eram outros, mas os políticos com os mesmos costumes. Enrolaram o excepcional vendedor, Silvio Santos, que terminou não sendo candidato. Mas, adiante, enviou-se em outra fria com os políticos, quando apresentou o nome para disputar a Presidência da República.

Entretanto, se a candidatura do Silvio Santos tivesse vingado e ele sido eleito, em 1988, veríamos com anos de antecipação, no corpo do Silvio, a encarnação do Dória, camelô sofisticado, todo empavonado. Por ter lembrança bem presente daquele tempo, todas as vezes que vejo as aparições do Dória, penso que ele poderia chegar embalado pela música do Silvio:

“Lá, lá, lá, rá…Lá, lá, lá, rá…Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar. Do mundo não se leva nada…Lá, lá, lá, rá…João Dória vem aí….”

Fica a sugestão.

Apresentação1

Por Jackson Vasconcelos

 

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Quem tem medo do voto?


Temer.TheresaSão democratas os que não têm medo do povo, nem receio de ser o voto o melhor caminho para entender o que o povo, verdadeiramente, quer. Enquanto no Brasil, um presidente rejeitado pela maioria absoluta do povo brasileiro tenta governar o país com a ajuda de ministros abominados, na Inglaterra, a banda toca uma música diferente.

David Cameron renunciou ao cargo de Primeiro-Ministro,  quando os ingleses decidiram deixar a União Européia e ele fez campanha pela tese contrária. Sem concorrente no partido que está no poder, Theresa May, Ministra do Interior, foi empossada como Primeira-Ministra. Prometeu não antecipar as eleições gerais previstas para 2020.

Contudo, Theresa May mudou de ideia e comunicou ao povo a decisão dela e do gabinete com um discurso que marca  uma posição firme de defesa convicta da vontade popular e da necessidade de ser reconhecida como uma liderança legítima para conduzir o processo de separação da União Europeia. E o ponto mais alto do pronunciamento foi ela não perder a oportunidade de afirmar aos ingleses que o governo dela e do partido têm tido sucessos.

Num mesmo discurso, Theresa May convocou eleições e apresentou, de pronto, a plataforma de campanha. Uma construção estratégica para o discurso. Eis o que disse Theresa May:

“Acabei de participar de uma reunião com o gabinete (ministros), onde concordamos que o governo deve convocar eleições gerais a serem realizadas no dia 8 de junho. Quero explicar as razões desta decisão, do que acontecerá a seguir e do resultado das escolhas adiante do povo britânico, quando votar.

Depois do país ter votado para sair da União Europeia, ele precisava de estabilidade e de uma liderança forte. E desde que me tornei primeira-ministra, o governo entregou precisamente isto. Apesar de previsões de perigo econômico e financeiro imediato, desde o referendo vimos a confiança do consumidor permanecer alta, um número recorde de empregos e crescimento econômico que excedeu todas as expectativas.

A Grã-Bretanha está deixando a União Européia, e não se deve mais voltar atrás. De olho no futuro, o governo tem o plano certo para negociar nossa nova relação com a Europa. Queremos uma parceria profunda e especial entre uma forte e bem sucedida União Européia e o Reino Unido, que é livre para traçar o seu próprio caminho no mundo. Isso significa que vamos readquirir o controle do nosso próprio dinheiro, das nossas próprias leis e das nossas próprias fronteiras e seremos livres para acertar acordos comerciais com velhos amigos e novos parceiros pelo mundo afora. Esta é a abordagem correta, e está dentro dos interesses nacionais.

Entretanto, os outros partidos políticos se opõem a isso. Neste momento de enorme significância nacional deveria existir unidade em Westminster , mas ao invés disso, existe divisão. O país está se integrando, mas Westminster não está. Semanas recentes os trabalhistas ameaçaram votar contra o acordo final, que alcançamos com a União Européia. Os liberais-democratas disseram, que querem pulverizar as funções do governo até a estagnação. O Partido Nacional Escocês diz que votará contra a legislação, que retira formalmente a participação britânica na União Européia. E membros não eleitos na Câmara dos Lordes  fizeram o voto para lutar contra nós no decorrer de todo o processo. Nossos opositores crêem que por ser a maioria do governo reduzida, nossa determinação está enfraquecida e que eles, por isso, nos forçarão a mudar de direção. Estão enganados! Subestimam nossa determinação. Por isso, precisamos de uma eleição geral e precisamos de uma agora”.

Como deve ser bom viver num país que ama a democracia e que os políticos não têm medo do voto.

Por Jackson Vasconcelos

 

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Só há pena de morte

Ciro Gomes opta pela dosimetria para punir caixa dois com penas mais brandas do que os atos de corrupção, apesar das duas situações terem servido ao financiamento de campanhas.

A dosimetria é um método de decisão da pena em caso de crime. Se dá quando o juiz considera, para sentenciar, as circunstâncias legais atenuantes ou agravantes e a personalidade do criminoso.

Diz Ciro Gomes: “Ambos são ilícitos, temos clareza absoluta. São ilícitos e descabidos. Ambos são puníveis, mas a gradação da pena, e portanto, da exasperação popular, não pode ser a mesma. Na medida que você generaliza, o que você está a produzir é a impunidade”.

A tese parece interessante, mas não é aplicável ao caso, porque para a imagem não existe dosimetria. Quando ela é atingida, a pena é de morte.

O próprio Ciro Gomes é exemplo a confirmar o que digo. Candidato a presidente da república em 2002, ele chegou ao topo das pesquisas, pule de dez para a vitória. Despencou, quando num ato de preconceito contra a mulher avisou que a Patrícia Pillar, na época, esposa dele, desempenhava o papel fundamental de dormir com ele.

A sentença não considerou atenuantes. A candidatura do Ciro morreu fulminada.

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Por Jackson Vasconcelos

 

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“Malandro é malandro, mané é mané”

Bezerra.Trump

A performance do Donald Trump está na música do Bezerra da Silva. Ele apareceu no cenário para disputar a vaga de candidato à Presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano com malandragem. Do discurso à caricatura.  

Quando ele venceu as prévias, imaginei que o discurso dele fosse realinhado. Ele seguiu na mesma estrada e com mais força. Era o malandro em dose máxima. O resultado da eleição mostrou que ele estava certo.

Malandro é o cara
Que sabe das coisas
Malandro é aquele
Que sabe o que quer
Malandro é o cara
Que tá com dinheiro
E não se compara
Com um Zé Mané.

Donald, o malandro, tomou posse. Imaginei: agora a malandragem é deixar de ser malandro para assumir o perfil que o povo do mundo todo espera ver no Presidente do mais importante país democrata do mundo.  Mas, ele não mudou e o desempenho dele mostra que ele, na verdade, é um mané.

Mané é um homem
Desconsiderado
E da vida ele tem
Muito que aprender…

Como mané, num país que não gosta de manés, Donald Trump durará pouco. É aguardar e ver. O cara já perdeu pro Obama com menos de 100 dias de governo.

Por Jackson Vasconcelos

 

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Que raios de eleição é essa?

 

“César Maia cogita governo do estado…”. Esta notícia em forma de nota presente na coluna Informe do Dia, por obra do Paulo Cappelli e do líder do DEM na Assembleia Legislativa do Estado, deputado Milton Rangel, chega com 11 anos de atraso. César Maia poderia ter sido candidato ao governo em 2006. Não quis. Disse, “Não posso entregar a cidade do Rio ao inexperiente Otávio Leite”.

Como César Maia não quis ou não pode, Denise Frossard apresentou-se. Afinal, alguém deveria barrar o Sérgio Cabral Filho. Não conseguimos. O eleitor do estado está até hoje a pagar o preço da derrota da Denise Frossard.

Voltemos no tempo, para entender essa história.

Em 2004, o PSDB, num jogo de astúcia, relato para outra ocasião, conseguiu impor o candidato à vice-prefeito na chapa de reeleição do César Maia. Escalaram o deputado Otávio Leite.

Depois, entramos na campanha de 2006. A chapa imbatível seria Maia para o Governo do Estado e Denise Frossard para o Senado. Mas, como está dito, César recuou. A Denise, com uma baita disposição de luta, enfrentou o desafio.

César Maia, no meio do caminho, resolveu ajudá-la, mas nos fez construir uma aliança frágil, ruim, que cedeu a vaga de vice-governador ao político Eider Dantas e a de senador ao Alfredo Sirkis. Então, fomos para a luta sem alguém com peso político na Baixada, no interior ou pelo menos, na Região Metropolitana.

Assim mesmo, a imagem forte da Denise Frossard nos levou ao segundo turno. No primeiro, ela derrotou gente de peso: Marcelo Crivella, Wladimir Palmeira e Eduardo Paes. No segundo turno, Sérgio Cabral com a ajuda do Crivella, do Eduardo Paes e de todos os prefeitos do estado, exceto do Rio, montado numa dinheirama impossível de calcular, venceu. Francisco Dornelles, por um fio e erro de estratégia da campanha da Jandira Feghali, chegou ao Senado.

Denise desistiu. César Maia amargou derrotas dele e de aliados. Hoje está na Câmara Municipal e tem o filho, Rodrigo Maia, na cadeira de Presidente da Câmara dos Deputados. Sérgio Cabral ? Bem esse, vocês sabem onde encontrar.

Agora, aguardemos 2018, porque é cedo para fazer previsões.  A política tem o próprio relógio.

Por Jackson Vasconcelos

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Quem disse que caixa 2 é crime?

Você acreditaria se eu provasse que o caixa 2 é crime porque os próprios criminosos assim decidiram? Se não, vamos lá à cadeia de raciocínio.

Todas as leis federais, entre elas as leis penais, foram criadas ou passaram pelo Congresso Nacional. Mas, tenham sido criadas ou só tenham passado por lá, todas elas foram aprovadas pelos deputados federais e senadores.

No conjunto, a Constituição Federal foi elaborada, aprovada e sancionada pelos deputados federais e senadores, no papel de constituintes. E ela diz:  “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.

Está claro, portanto, que o caixa 2 é crime, porque há leis brasileiras que tipificam o caso como crime. Leis que os deputados e senadores criaram. Por que diabos, então, eles mesmos passaram a praticar o caixa 2 para financiarem as campanhas deles ? Burrice? Ingenuidade? Duvido. A política não é campo para burrice nem ingenuidade.

Então, por que os caras que aprovaram uma lei que diz que caixa 2 é crime, praticaram o caixa 2 nas campanhas e agora se assustam, quando a Justiça os chama de criminosos e a imprensa, por confortável covardia, diz que eles cometeram o suposto crime de caixa 2? Garantia de impunidade. Certo?

E, de certo modo, isso sempre funcionou. Por hipocrisia, cria-se leis que, por garantia de impunidade, os que as criam passam tranquilos pela vida sem o medo de não cumprí-las.

Agora, quebraram a cara. Quem sabe esse jeito estúpido de viver a política, adiante, não muda?

Por Jackson Vasconcelos