Pra quem não sabe ou pra quem não lembra, em 1988, Silvio Santos tentou ser candidato a Prefeito de São Paulo, para suceder Jânio Quadros.
Ele anunciou o desejo em várias edições do programa dele no canal também dele. De público, pediu declarações de apoio das filhas e listou um catálogo de nomes de políticos, que, segundo ele, estimulavam-lhe o propósito. Nenhum deles, na verdade, oferecia-lhe apoio.
O mais clássico depoimento foi de Jânio Quadros, depois de bajulado pelo Sílvio: “Se ele não tivesse sido Presidente da República, eu, se o conhecesse, o teria contratado para comentarista ou para artista de TV. Porque na minha opinião, ele é um gênio”. E sapecou, em seguida: “o senhor vai ter que entregar a sua gestão para alguém. Estão querendo que eu, Silvio Santos, seja prefeito. O que o senhor acha disso?”. Jânio Quadros, malandramente, num português sem arranhões, elogiou Silvio Santos, mas não lhe deu apoio. Citou que outros candidatos estavam no páreo com iguais qualidades.
Os tempos eram outros, mas os políticos com os mesmos costumes. Enrolaram o excepcional vendedor, Silvio Santos, que terminou não sendo candidato. Mas, adiante, enviou-se em outra fria com os políticos, quando apresentou o nome para disputar a Presidência da República.
Entretanto, se a candidatura do Silvio Santos tivesse vingado e ele sido eleito, em 1988, veríamos com anos de antecipação, no corpo do Silvio, a encarnação do Dória, camelô sofisticado, todo empavonado. Por ter lembrança bem presente daquele tempo, todas as vezes que vejo as aparições do Dória, penso que ele poderia chegar embalado pela música do Silvio:
“Lá, lá, lá, rá…Lá, lá, lá, rá…Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar. Do mundo não se leva nada…Lá, lá, lá, rá…João Dória vem aí….”
Fica a sugestão.
Por Jackson Vasconcelos