Será que a destruição da política chegaria a tanto no Brasil se Brasília não existisse? Se a capital permanecesse no Rio, o povo demoraria a reagir contra os abusos de poder, o tempo que tem demorado? Duvido. Brasília é cidade sem povo, onde residem os burocratas bafejados pelos ares de uma aristocracia sem alma.
Brasília é a nossa Versalhes. Para fazer da corte uma ilha de conforto distante dos súditos, local de mordomias e orgias com o produto do trabalho de uma população miserável, faminta e desrespeitada, Luís XIV mudou a capital da França para um vilarejo distante 19 quilômetros de Paris, naquele tempo, século XVI, uma longa distância. Versalhes, o mais magnífico palácio de toda a Europa, abrigou por mais de 100 anos, uma monarquia sem pudor, cruel e opressora.
Hoje, nas alucinações frequentes em razão das notícias, que chegam de Brasília, vejo Juscelino Kubitschek vestido de Luís XIV. Lula na pele de Robespierre, que com seus discursos inflamavam as multidões oprimidas – sujeito que deixou a cabeça na guilhotina onde decepou as cabeças dos adversários – e Luís Capeto – Luís XVI – o rei inepto, mal-educado, sem graça, encarnado no corpo de alguém que conhecemos pelo nome de Dilma Rousseff.
Por Jackson Vasconcelos