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Atitude que marca toda a diferença

Aperta-se o cerco em torno do Presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, no caso da interferência da Rússia na eleição dele. O Jornal Valor Econômico do último fim de semana dedicou uma matéria sobre a investigação e informa que o consultor especial Robert Mueller, a quem o processo está entregue, convocou um grande júri para o caso, sinal de que a investigação cresce de intensidade e ingressa em nova fase.

A sinalização da interferência surgiu ainda na campanha, primeiro na forma de boato, depois de fato. E isso mostra uma diferença essencial entre o comportamento dos partidos políticos nos Estados Unidos e o dos daqui. Nem Hillary, nem os democratas sugeriram a nulidade da eleição. Já, aqui, o PSDB correu para o STF a reivindicar nulidade, pela desconfiança de que o PT praticou abuso de poder econômico.

A diferença básica está no fato de que lá se acredita na força das instituições, já aqui… diz-se o mesmo e pratica-se algo bem diferente.

Por Jackson Vasconcelos

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Moro e a ciência exata

“Agora, é preciso entender que o Direito não é uma ciência exata. Às vezes, pessoas razoáveis divergem. Faz parte da aplicação do Direito”.

A frase está numa entrevista que o Juiz Sérgio Moro concedeu à Folha de São Paulo. No popular, ele quer dizer: “Cada cabeça uma sentença”. Não deveria ser assim, porque a lei, natureza do Direito, deveria ser simples, objetiva, direta o suficiente para não admitir interpretações ou brechas.

Mas, não é. Principalmente, no Brasil, não é, porque o legislador brasileiro tem inteligência legislativa fértil, demagógica e divorciada da realidade social e econômica. Sequer a Constituição Federal conseguimos fazer de forma que ela pudesse ser aplicada. Uma leitura mesmo rápido, sem rebolado jurídico, nos mostra uma Constituição, em muitos pontos, inaplicável à realidade brasileira.

Por não ser o Direito uma ciência exata, a lei impõe instâncias de decisão e ninguém pode ser condenado antes de vencidas todas as prerrogativas de defesa e acusação. No entanto, o Juiz que entende, em defesa de suas sentenças, que o Direito não é uma ciência exata, prende, mantém prisões, antecipa sentenças pela imprensa, tudo antes de decidido o último recurso.

A entrevista com Moro compõe um projeto de comunicação da Folha de São Paulo, que tem a colaboração de 21 jornalistas de 11 países da América Latina e da África. Pela Folha ouviram o Juiz Sérgio Moro, os repórteres Flávio Ferreira e Estelita Hass Carazzai. Eles pautaram a conversa nas dúvidas que as decisões do Juiz podem suscitar. Exatamente, porque o Direito não é uma ciência exata.

 

Por Jackson Vasconcelos

 

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Quem sobreviverá?

Verifica-se que a população não enxerga mais a política como alternativa para resolver os problemas dela, mesmo os fundamentais como cuidados com a saúde, oportunidades de educação, meios de transportes, infraestrutura e garantia de segurança pública. Valem o esforço  próprio, a fé em Deus e a sorte, situações que independem de quem governa a prefeitura, o estado ou o país ou de quem está no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais.

O fato dificulta a organização de campanhas eleitorais, porque para o povo, “tanto faz, como tanto fez” quem será ou foi eleito. Os eleitores agem com o mais absoluto pragmatismo: “na hora a gente vê”.

Como construir uma campanha num ambiente desse? Um bom projeto de comunicação é essencial, para mostrar ao eleitor que:

  1. Os mandatos produzem sim consequências. Eles levaram uma sociedade que sofre a ausência de serviços públicos essenciais, principalmente, segurança, apesar de remunerar o Estado com quase 40% de tudo o que produz ou recebe pelo trabalho remunerado.
  2. Há entre os candidatos, um ou alguns, que não se enquadram no “tanto faz, como tanto fez”, porque fazem diferença pelo lado positivo ou pelo lado negativo. Cabe aos eleitores, escolher. Eles são credenciados pelo passado, pela história pessoal e por uma imagem que cativa e impulsiona. Na falta da história, a esperança.  

O fio condutor é a comunicação, conjunto de conteúdo e veículos. O candidato é conteúdo – imagem – e é veículo ao mesmo tempo. Ele tem a mensagem, carrega a imagem e o discurso. O bem mais valioso é a imagem. Qualquer arranhão nela pode ser irrecuperável, mesmo que o discurso seja impecável e o candidato como veículo, saiba falar e apresentar-se muito bem.

Por Jackson Vasconcelos

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As novelas e os políticos

Dá pra aproveitar no desenho de estratégias para campanhas, a entrevista do Silvio Abreu às amarelas da VEJA. Autor de novelas e diretor do departamento da TV Globo que cuida do gênero, Silvio dá informações, com certeza, baseadas nas pesquisas qualitativas que a TV faz para criar as novelas.

Diz Silvio Abreu:

1) Sobre ética:

“Nos tempos de Lula e companhia, ninguém achava graça nos personagens que se pautavam pela ética. O espectador via o mundo assim: se você faz qualquer coisa para se dar bem na vida e conseguir vencer, que problema há nisso? Hoje o humor do público mudou. As pessoas estão cansadas do mar de lama. Até algum tempo atrás, nossas pesquisas com os espectadores detectavam um mau humor geral: ninguém queria ver tramas pesadas e com personagens negativos, como Babilônia e A Regra do Jogo. Todo mundo ficou com ojeriza ao noticiário e, sobretudo, à vilania nas novelas. ‘Não quero ver na novela uma continuação do telejornal”, ralhavam. A própria sociedade entendeu que o vale-tudo não é o caminho”.

Então, minha gente, esqueça peças que só reclamam dos governos e dos políticos e tirem correndo da tela aqueles que carregam a imagem da esperteza, do “vale-tudo, só não vale perder”.

2) Sobre conhecimento da história do Brasil:

“Fiquei chocado ao constatar que as pessoas achavam que dom Pedro I descobriu o Brasil, já que a novela se chama Novo Mundo e tem caravelas, só podia ser sobre o descobrimento. Eles nem sequer sabiam que o Brasil havia sido colônia de Portugal. A gente precisou explicar que o Brasil tinha sido descoberto em 1500. Até aí, tudo bem. O nome da novela podia levar à confusão. Só que quando fizemos uma pesquisa similar sobre “Os dias eram assim” (atual novela das 23), percebi que o problema era ainda maior. Os participantes não tinham noção do que aconteceu no Brasil da história recente. Os mais jovens ignoram que houve um golpe militar em 1964 e uma ditadura militar. “Ah, só ouvi falar, mas não sabia se era verdade”. Por isso, tem jovens por aí, em grande número, a defender o retorno dos militares e militares inescrupulosos aproveitando-se da desinformação para auto-promoção.

Então, esqueçam os dados da história. Foquem no presente e no futuro. E nem de longe tentem vencer os reacionários pelo exemplo do que os seus colegas fizeram no passado. Mostrem o conflito da tese com a existência da liberdade.

3) Sobre como levar a mensagem:

A VEJA perguntou: “Em 2015, Babilônia causou choque por mostrar o beijo entre duas lésbicas idosas, enquanto hoje A Força do Querer fala dos transexuais com grande aceitação. Qual o segredo?”

Silvio respondeu: “Depende de como se aborda o assunto. Se você joga um tema difícil na cara das pessoas, de supetão, elas se assustam. Pensam assim: “Minha família não vai gostar. O que direi aos meus filhos?” Mas, se você for contando aos pouquinhos, conseguirá chegar aonde quiser. A autora da novela está contando a história de uma menina transexual maravilhosamente bem. É uma das personagens mais queridas da novela. E as pessoas dizem assim: “Puxa, essa história é tão boa que vejo como estou errando com meu filho ou minha filha. Estou querendo que eles sejam o que eu quero, e não o que eles desejam ser…”

Então, minha gente, acabou o tempo de chamar a atenção pelo impacto, pela comunicação “pancada”. Isso é coisa antiga. Hoje valem mais as histórias bem contadas, que humanizem os personagens, que, na política, são os próprios políticos.

4) Sobre comportamento pessoal.

“Quando você acredita no sucesso, é um perigo. Você não pode se encantar consigo mesmo, é uma coisa traiçoeira. Tive a sorte de quebrar a cara logo na primeira novela que fiz na Globo, Pecado Rasgado (1978). Eu vinha de um sucesso na Tupi e fui para a Globo me achando a última bolacha do pacote. Aí fiz a novela e foi um fiasco. A verdade é que escrever uma novela sozinho não é tarefa simples, e eu ainda não tinha Know-How”

Então, gente, esqueça a soberba, a história de dançar sobre os louros. A arrogância é a pedra fundamental de uma norma sem exceção: “o político morre pela boca”.

Por Jackson Vasconcelos

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Uma lição que Michel Temer não aprendeu

Saul permanecia rei de Israel, quando Deus, aborrecido com ele, escolheu Davi. Mas, Saul continuaria rei enquanto vivesse. Entregue à própria sorte, Saul aliviava o espírito ouvindo as músicas tocadas por Davi, sem saber que estava diante do sucessor. Com o tempo, ficou tomado pelo ciúme ou inveja de Davi e iniciou-se o enfrentamento.

Davi teve algumas oportunidades para matar Saul, mas não fez. Ele sabia que ao levantar a espada contra o rei estaria autorizando os súditos agirem da mesma forma com ele, quando assumisse o trono. E levou isso às últimas consequências, como foi, numa das batalhas do povo de Israel contra os filisteus. Na batalha, Saul viu morrerem os filhos Jônatas, Abinadabe e Malquisua. Deprimido, ele pediu que o pajem aliviasse a dor matando-o. O pajem negou o pedido. Saul, então, cuidou ele mesmo de dar fim à própria vida. O pajem o acompanhou.

Davi soube da morte de Saul e dos filhos através de um espertalhão, que achara os corpos. Para fazer média com o novo rei, o espertalhão assumiu a morte de Saul. Contou a Davi que com a espada tirou a vida do rei. Davi condenou o esperto à morte, porque, entendeu que ninguém do povo poderia levantar a espada contra o rei.

Pensem em Dilma como Saul e vejam como a história do Michel poderia ter sido diferente.

Por Jackson Vasconcelos

 

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Pesquisa pra quê?

Recebi um telefonema curioso. Uma voz feminina gentil e direta quis saber a minha opinião sobre as reformas trabalhista e da previdência. Na terceira ou quarta pergunta, depois do blá, blá, blá, introdutório, onde estava o interesse em saber se estou empregado ou não, veio a chave da pesquisa: “O senhor abriria mão dos seus direitos para o governo garantir os direitos dos outros?” Entendi a intenção e respondi rápido: “Sim”. Senti que alguma coisa não bateu. A voz feminina agradeceu e encerrou.

Muitos políticos agem em relação às pesquisas como fazem os sindicatos: seguem à busca das respostas que lhes interessam. Algo como o sujeito que evita fazer exames para se conservar saudável, como lhes dizem os olhos amigos. Segue assim até o dia em que a morte súbita lhe diz a verdade.

As pesquisas eleitorais ou não terão boa serventia se consideradas, exclusivamente, como ferramentas para traçar a estratégia e a execução do projeto. Para tanto, precisam ser feitas com a mais absoluta honestidade e com toda a complexidade técnica que se consiga obter.

O questionário é elemento fundamental e deve indicar com clareza o que se precisa – “nunca o que se quer” – saber. E não faz sentido para a estratégia o ato de realizar uma pesquisa só, exclusiva, para funcionar como peça isolada, porque ela é a leitura de um momento ou de ocasião específica. Depois de uma, é necessário ter outra, para saber se funcionaram as medidas de modificação dos pontos negativos e de manutenção dos positivos.

Como acontece no campo da medicina. Faz-se o exame. Identifica-se o problema. Receita-se os medicamentos e faz-se novos exames para saber se os medicamentos fizeram efeito. E quando os exames não indicam anormalidades, ótimo. Periodicamente aconselha-se novos exames para ver se com o tempo surgiram surpresas.

Por Jackson Vasconcelos

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Pau que dá em Chico, dará em Francisco

O Jornal Nacional apresentou ontem um trecho da entrevista do Procurador-Geral Rodrigo Janot ao jornalista Roberto D’Ávila. Em pauta o processo contra o Presidente da República. Escolhido foi o momento em que o jornalista indagou o Procurador sobre a existência de provas. Ele respondeu estar alicerçado numa narrativa, que reúne a audiência concedida pelo Presidente da República ao Joesley Batista a pedido do amigo e ex-deputado Rocha Loures, flagrado algo depois com uma mala com R$ 500 mil em dinheiro.

Então, a defesa do presidente está autorizada a usar como prova outra narrativa. Aquela que une a decisão de um colega do Rodrigo Janot de deixar um salário alto e vitalício pelo emprego de advogado momentâneo do Joesley Batista, para orientá-lo como agir para conseguir, do colega Janot perdão de todos os crimes que cometeu.

Jogo empatado. O problema, contudo, está em inserir no ambiente jurídico, no lugar das provas, narrativas. A história recente do Brasil sabe como isso começa e como acaba.

A imprensa deveria lembrar que o pau que dá em Chico hoje, pode dar em Francisco amanhã.

Em outro trecho da entrevista, o jornalista perguntou ao Procurador-Geral o que ele sentiu quando ouviu a gravação. Ele respondeu: “náuseas”. Será mesmo? Se for, o estamos diante de um experimentado Procurador, que trabalhou no paraíso e desceu à terra agora e para cair logo no Brasil. Imagina!

Por Jackson Vasconcelos

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Sinuca de bico!

Insisto: o patrimônio do político é a imagem. Vale-lhe mais do que a própria vida e quem acreditar que nisto há algum exagero, lembre-se de Getúlio. O suicídio lhe tirou a vida, mas salvou-lhe a imagem. E nesse conversê, onde está a causa do título, a sinuca de bico? Está na visibilidade, alimento da imagem.

O político precisa da visibilidade como o seu organismo precisa de água para manter-se vivo. E, para ser visível, ele tem a companhia permanente da criatura de George Orwell, o “Big Brother”, o “Grande Irmão”, que zela por ele, mas enquanto não contrariado. Uma vez aborrecida, a visibilidade tortura e desqualifica a imagem. Então, o desafio, o jogo imprensado, está na capacidade de o político ter visibilidade suficiente para dar qualidade à imagem. Contudo, visibilidade demais representa risco de contrariar o eleitor e visibilidade de menos, de ser esquecido.

Na primeira situação, a imagem – o patrimônio – desvaloriza-se e, na segunda, nem valor chega a ter.

Por Jackson Vasconcelos

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Pra que servem a Justiça Eleitoral e a Desportiva?

O TSE validou a eleição da chapa Dilma/Temer ao considerar saudável a competição. Transformou o pedido do PSDB de nulidade da eleição, naquilo que no futebol, a gente chama de “chororô”. A decisão abriu o chão embaixo da imprensa, que precisava de outro resultado, para fazer o que faz melhor nos dias de hoje: ganhar dinheiro com notícia pronta.

Tive paciência para assistir todo o julgamento, que foi entremeado por situações extasiantes e extenuantes. Afinal, juiz brilhante é trágico-cômico!

Pra mim, o resultado foi justo, não pelos argumentos apresentados pelos juízes vencedores, mas porque entendo que a Justiça Eleitoral assemelha-se no propósito à Justiça Desportiva. Cabe às duas garantir equilíbrio nas competições. À Desportiva, nos esportes, à Eleitoral, nas campanhas.

Nos esportes, o doping não é condenado por fazer mal à saúde dos atletas, mas por desequilibrar a competição. No jogo eleitoral, o abuso de poder econômico e os efeitos colaterais têm o mesmo significado.

Neste quesito, perdoem-me a imprensa e os desavisados do bom senso, a competição entre Dilma/Temer e Aécio e sei lá quem, foi equilibrada. Os dois lados gastaram o que quiseram gastar. Abusaram do poder econômico, tenha o dispositivo legal o sentido que tiver. E caixa dois… bem meus caros, minhas caras, houve dos dois lados. Portanto, reclamar que houve vantagem na campanha de um lado ou de outro, é dor de perdedor.

A chapa Aécio e sei lá quem perdeu a eleição porque fez uma campanha ruim, apesar de todo o dinheiro que custou.

Por Jackson Vasconcelos

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Se passar por Hegel, você terá Noel Rosa

O filósofo Hegel é dono de uma advertência válida para juízes, advogados, políticos e todas as pessoas que precisam argumentar para convencer. “Quem exagera o argumento prejudica a causa”, adverte Hegel.   

Mas, há, em grande número, gente que desconhece Hegel e tem por vício exagerar quando argumenta. Gente que fala demais. Para esses, os que fugiram de Hegel, há pelo caminho, a bronca de Noel Rosa: “Seja breve, seja breve, não percebi porque você se atreve a prolongar sua conversa mole… conversa de teso”.

Houve o tempo dos grandes oradores, políticos, senadores, juízes, que conseguiam ser ouvidos por horas por serem brilhantes. Mas, estamos em outros tempos. Não o tempo sem tempo, mas, o tempo da objetividade. Do dizer o suficiente para convencer, contestar e pronto.

Tempo mais para imagens, porque elas falam tudo de uma vez só, do que para as palavras.

Por Jackson Vasconcelos