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Sinuca de bico!

Insisto: o patrimônio do político é a imagem. Vale-lhe mais do que a própria vida e quem acreditar que nisto há algum exagero, lembre-se de Getúlio. O suicídio lhe tirou a vida, mas salvou-lhe a imagem. E nesse conversê, onde está a causa do título, a sinuca de bico? Está na visibilidade, alimento da imagem.

O político precisa da visibilidade como o seu organismo precisa de água para manter-se vivo. E, para ser visível, ele tem a companhia permanente da criatura de George Orwell, o “Big Brother”, o “Grande Irmão”, que zela por ele, mas enquanto não contrariado. Uma vez aborrecida, a visibilidade tortura e desqualifica a imagem. Então, o desafio, o jogo imprensado, está na capacidade de o político ter visibilidade suficiente para dar qualidade à imagem. Contudo, visibilidade demais representa risco de contrariar o eleitor e visibilidade de menos, de ser esquecido.

Na primeira situação, a imagem – o patrimônio – desvaloriza-se e, na segunda, nem valor chega a ter.

Por Jackson Vasconcelos

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Pra que servem a Justiça Eleitoral e a Desportiva?

O TSE validou a eleição da chapa Dilma/Temer ao considerar saudável a competição. Transformou o pedido do PSDB de nulidade da eleição, naquilo que no futebol, a gente chama de “chororô”. A decisão abriu o chão embaixo da imprensa, que precisava de outro resultado, para fazer o que faz melhor nos dias de hoje: ganhar dinheiro com notícia pronta.

Tive paciência para assistir todo o julgamento, que foi entremeado por situações extasiantes e extenuantes. Afinal, juiz brilhante é trágico-cômico!

Pra mim, o resultado foi justo, não pelos argumentos apresentados pelos juízes vencedores, mas porque entendo que a Justiça Eleitoral assemelha-se no propósito à Justiça Desportiva. Cabe às duas garantir equilíbrio nas competições. À Desportiva, nos esportes, à Eleitoral, nas campanhas.

Nos esportes, o doping não é condenado por fazer mal à saúde dos atletas, mas por desequilibrar a competição. No jogo eleitoral, o abuso de poder econômico e os efeitos colaterais têm o mesmo significado.

Neste quesito, perdoem-me a imprensa e os desavisados do bom senso, a competição entre Dilma/Temer e Aécio e sei lá quem, foi equilibrada. Os dois lados gastaram o que quiseram gastar. Abusaram do poder econômico, tenha o dispositivo legal o sentido que tiver. E caixa dois… bem meus caros, minhas caras, houve dos dois lados. Portanto, reclamar que houve vantagem na campanha de um lado ou de outro, é dor de perdedor.

A chapa Aécio e sei lá quem perdeu a eleição porque fez uma campanha ruim, apesar de todo o dinheiro que custou.

Por Jackson Vasconcelos

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Se passar por Hegel, você terá Noel Rosa

O filósofo Hegel é dono de uma advertência válida para juízes, advogados, políticos e todas as pessoas que precisam argumentar para convencer. “Quem exagera o argumento prejudica a causa”, adverte Hegel.   

Mas, há, em grande número, gente que desconhece Hegel e tem por vício exagerar quando argumenta. Gente que fala demais. Para esses, os que fugiram de Hegel, há pelo caminho, a bronca de Noel Rosa: “Seja breve, seja breve, não percebi porque você se atreve a prolongar sua conversa mole… conversa de teso”.

Houve o tempo dos grandes oradores, políticos, senadores, juízes, que conseguiam ser ouvidos por horas por serem brilhantes. Mas, estamos em outros tempos. Não o tempo sem tempo, mas, o tempo da objetividade. Do dizer o suficiente para convencer, contestar e pronto.

Tempo mais para imagens, porque elas falam tudo de uma vez só, do que para as palavras.

Por Jackson Vasconcelos

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Risco é uma coisa. Incerteza, outra

B4-LEAD_2C_0Para elaborar projetos políticos nestes tempos de confusão absoluta, se faz necessário compreender que as situações de risco e de incerteza têm conceitos diferentes. O livro do economista Frank Knight,  “Risco, incerteza e lucro”, ensina o caminho. Frank Knight faleceu em abril de 1972, com 87 anos.

As situações com risco são aquelas em que os resultados são desconhecidos, mas as probabilidades não.

Tomemos como exemplo a campanha presidencial de Jair Bolsonaro e João Doria. É situação de risco, porque o resultado – derrota ou vitória – é desconhecido. As probabilidades não, porque as pesquisas mostram que eles dois são competitivos e qualquer um dos dois poderá vencer.

Já a campanha dos eventuais adversários do momento é uma situação de incerteza, porque o resultado é desconhecido e as probabilidades de chegarem ao tempo da disputa limpos o suficiente para disputarem é uma dúvida considerável.

Por Jackson Vasconcelos

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Campanhas do “pão pintado”

Vejo numa frase de Santo Agostinho a situação em que se encontra a representação política: “Não sacia a fome, quem lambe pão pintado”.

As montanhas de dinheiro gastas na publicidade eleitoral criaram nas telas e no papel, exclusivamente neles, a parte maior dos políticos que designamos para nos representarem nos governos e parlamentos. No exercício dos mandatos que conquistam, os políticos hoje em evidência pelas denúncias são “pão pintado”.

Como as empresas de publicidade eleitoral estavam obrigadas a aproximar o eleitor de imagens de candidatos que a realidade não conseguiria sustentar, elas cobravam caro, caríssimo, pelo trabalho.

Os preços estão aí, expostos nas delações dos que pagaram pelo serviço e dos que receberam por ele.

Mas, há, felizmente, exceções, políticos – poucos é verdade – que conseguiram sobreviver com num ambiente muito competitivo, em que a propaganda eleitoral usa sem dó nem piedade a publicidade enganosa e abusiva, que induzem os eleitores a erro e exploram a inocência deles pela omissão de informações essenciais sobre o candidato.

Tomara que esse modelo esteja mesmo em colapso.

Por Jackson Vasconcelos

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Nossa Versalhes. Nosso Luís XIV

Será que a destruição da política chegaria a tanto no Brasil se Brasília não existisse? Se a capital permanecesse no Rio, o povo demoraria a reagir contra os abusos de poder, o tempo que tem demorado? Duvido. Brasília é cidade sem povo, onde residem os burocratas bafejados pelos ares de uma aristocracia sem alma.

Brasília é a nossa Versalhes. Para fazer da corte uma ilha de conforto distante dos súditos, local de mordomias e orgias com o produto do trabalho de uma população miserável, faminta e desrespeitada, Luís XIV mudou a capital da França para um vilarejo distante 19 quilômetros de Paris, naquele tempo, século XVI, uma longa distância. Versalhes, o mais magnífico palácio de toda a Europa, abrigou por mais de 100 anos, uma monarquia sem pudor, cruel e opressora.

Hoje, nas alucinações frequentes em razão das notícias, que chegam de Brasília, vejo Juscelino Kubitschek vestido de Luís XIV. Lula na pele de Robespierre, que com seus discursos inflamavam as multidões oprimidas – sujeito que deixou a cabeça na guilhotina onde decepou as cabeças dos adversários –  e Luís Capeto – Luís XVI – o rei inepto, mal-educado, sem graça, encarnado no corpo de alguém que conhecemos pelo nome de Dilma Rousseff.

Por Jackson Vasconcelos

 

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Miscelânia

Lula.Bolso

Aumenta a evidência de estarem na disputa pela Presidência da República, no próximo ano, Jair Bolsonaro e Lula. Quem quiser derrotá-los deveria buscar exemplo nas campanhas presidenciais da Argentina em 2015 e da França este ano.

Na Argentina foi eleito um candidato moderno, com 56 anos e discursos de centro-direita, mais de centro do que de direita. Ele derrotou 12 anos de populismo e corrupção, uma mistura de Perón e Kirchner. Na França, um candidato de perfil bem parecido, mais jovem,  derrotou a candidata da extrema-direita, raivosa, com discurso envelhecido.

Com Bolsonaro e Lula na posição de favoritos, teremos o arco completo: 14 anos de populismo e corrupção representado pelo Lula e uma extrema-direita, raivosa, representada pelo Bolsonaro.

Para vencê-los, será necessário ter um candidato jovem, com discurso equilibrado, passado limpo e credibilidade absoluta para realizar o que prometer.

Certamente, este candidato ainda não apareceu e não se anuncia no PSDB. Aguardemos.  

Por Jackson Vasconcelos

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Candidato fora de época

Pra quem não sabe ou pra quem não lembra, em 1988, Silvio Santos tentou ser candidato a Prefeito de São Paulo, para suceder Jânio Quadros.

Ele anunciou o desejo em várias edições do programa dele no canal também dele. De público, pediu declarações de apoio das filhas e listou um catálogo de nomes de políticos, que, segundo ele, estimulavam-lhe o propósito. Nenhum deles, na verdade, oferecia-lhe apoio.

O mais clássico depoimento foi de Jânio Quadros, depois de bajulado pelo Sílvio: “Se ele não tivesse sido Presidente da República, eu, se o conhecesse, o teria contratado para comentarista ou para artista de TV. Porque na minha opinião, ele é um gênio”. E sapecou, em seguida: “o senhor vai ter que entregar a sua gestão para alguém. Estão querendo que eu, Silvio Santos, seja prefeito. O que o senhor acha disso?”. Jânio Quadros, malandramente, num português sem arranhões, elogiou Silvio Santos, mas não lhe deu apoio. Citou que outros candidatos estavam no páreo com iguais qualidades.

Os tempos eram outros, mas os políticos com os mesmos costumes. Enrolaram o excepcional vendedor, Silvio Santos, que terminou não sendo candidato. Mas, adiante, enviou-se em outra fria com os políticos, quando apresentou o nome para disputar a Presidência da República.

Entretanto, se a candidatura do Silvio Santos tivesse vingado e ele sido eleito, em 1988, veríamos com anos de antecipação, no corpo do Silvio, a encarnação do Dória, camelô sofisticado, todo empavonado. Por ter lembrança bem presente daquele tempo, todas as vezes que vejo as aparições do Dória, penso que ele poderia chegar embalado pela música do Silvio:

“Lá, lá, lá, rá…Lá, lá, lá, rá…Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar. Do mundo não se leva nada…Lá, lá, lá, rá…João Dória vem aí….”

Fica a sugestão.

Apresentação1

Por Jackson Vasconcelos