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Jornal do Muro e Ravel

De onde veio essa história de ser brasileiro e nunca desistir, eu não sei bem. Mas, na tentativa de compreender o que é o Estado, tenho vivido um pouco isso. Confesso que vez por outra até desanimo. Agora, por exemplo, depois de acompanhar as campanhas para as prefeituras, conhecer os resultados, ler os discursos de posse dos prefeitos das cidades que julgo mais importantes e conhecer as primeiras medidas deles, eleitos ou reeleitos, pesa um pouco mais a descrença. 

Frederic Bastiat, autor de “A Lei”, um livro magnífico, escreveu: “O Estado é a grande ficção pela qual todas as pessoas tentam viver à custa das outras”. É a síntese do que temos na entrada dos prefeitos e vereadores. Prestem vocês alguma atenção e vejam se não estou certo. 

Quanto mais o Brasil se enterre de problemas e as cidades em complicações de toda sorte, mais os administradores públicos acreditam que é possível gerar empregos e desenvolvimento metendo-se na vida alheia. O livro de Bastiat deveria ser o manual dessa turma. 

Ao revisitar Frederic Bastiat, me lembrei de um artigo que escrevi em 1989 e foi publicado num jornalzinho em Teresópolis, “O Jornal do Muro”. Foi o ano da primeira eleição presidencial depois da eleição de 1960. A campanha começou muito cedo naquele ano e não fugiu ao costume dos discursos contra a corrupção, encerrados na campanha de 60. 

Dois candidatos mostraram disposição para reorganizar o Estado Brasileiro: Guilherme Afif Domingos e Fernando Collor de Mello que esteve, em maio, em Teresópolis para uma palestra na Fundação Serra dos Órgãos, FESO, que congrega um grupo de faculdades. 

O Presidente da FESO, Irineu Dias da Rosa, me pediu para escrever um artigo para a quarta edição do Jornal do Muro, que seria entregue ao Fernando Collor de Mello, na visita dele. Não bobeei e sapequei lá “Brasil – Nova Realidade”. Num texto longo, eu defendi, como faço até hoje, uma reforma estrutural  do Estado Brasileiro, para que a sociedade pudesse voltar a cuidar da própria vida e citei a frase de Bastiat. 

Três meses depois, eu soube que o candidato tinha lido o artigo. Soube por ele mesmo, que disse ter gostado e que eu estava certo. Imaginei, então, que se esse cara vencesse, enfrentaria um perrengue danado, mas o povo brasileiro se livraria do peso insuportável que faz o Estado nos seus ombros. No entanto, o cara mal venceu e fez uma das intervenções mais duras e autoritárias registradas pela história econômica no Brasil. E até hoje, ainda se vive a grande ficção registrada por Bastiat com a esquerda no começo de todos os postos relevantes. 

Sempre que há eleições, eu torço para que alguém comece a executar a música certa, na velocidade que for, para que o grande público brasileiro, possa assistir a remontagem do Estado. Poderia ter sido agora. Algo assim como o Bolero de Ravel, – que coisa magnífica! Um processo que se inicia com um instrumento e segue incorporando todos os demais, com uma orquestração brilhante. Poderia ser assim na política, o discurso de campanha no papel do tarol, o candidato na posição de maestro e no processo de libertação num crescendo. 

O artigo publicado no Jornal do Muro, está republicado no aqui no “Aqui tudo é política”, do jeitinho como foi editado, com alguns erros, mas com muita convicção da necessidade absurda que o Brasil tem de rever o funcionamento deste monstro chamado Estado Brasileiro.  Fica aqui a sugestão, leiam “A Lei” e ouçam, novamente, Ravel. É uma forma de continuar a acreditar que, por mais desafiadora que seja uma obra, ela pode acontecer e, sem muitas variações, fazer um bem danado à vida de um povo. 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Oportunidades para os liberais

Em São Paulo, terra que venera o trabalho e a propriedade privada, um candidato sem trabalho e sem propriedade chegou ao segundo turno. Fez tremer e suar as mãos do poder constituído lá. Foi resultado da convicção de 2.168.009 eleitores ou um recado deles? Entregue-se isso aos analistas de plantão nos canais de TV, imprensa e bar da esquina e teremos todas as explicações. 

No Rio de Janeiro, terra que não venera tanto o trabalho quando olha as praias e gosta da propriedade privada conquistada por proximidade com o Estado, o prefeito odiado por todos, recebeu menos 786.330 dos votos obtidos na eleição anterior. Convicção ou um recado dos eleitores? Também temos comentários para todos os gostos. 

Em Porto Alegre, dá pra fazer o mesmo exercício. Lá, Sebastião Melo venceu com 360.550 votos e Manuela D’Ávila, a comunista que odeia o comunismo, ficou pra trás com 307.745 votos, uma barbaridade de votos, tchê! 

O Partido NOVO fez um prefeito, o Adriano Silva. O contraponto absoluto do NOVO, o PSOL, venceu em Belém, onde Edmilson Rodrigues teve a ousadia vencer um delegado federal, que conquistou 364.095 votos. 

Em Goiânia, o eleitor escolheu um candidato na UTI com Covid-19. E tivemos um prefeito eleito com 95 anos de idade, para um mandato de quatro anos e que já pensa em reeleição. 

Assim, gente, é o Brasil. Em cada lugar, o eleitor decide de acordo com a sua realidade e com as informações que recebeu durante a campanha, que é cada vez mais curta e menos informação oferece.  

Mas, se no Rio, as razões do voto foram diferentes ou idênticas às de São Paulo e de Porto Alegre e se em Belém, o PSOL fincou uma estaca e o NOVO outra em Joinville, houve um tipo de eleitor que é maioria esmagadora: o eleitor do “não voto”. 

Esse fica fora de todas as análises, porque a legislação brasileira considera-os donos de votos inválidos. Em São Paulo, foram invalidados 3.649.457 votos, num contraponto curioso com o vencedor, que obteve 3.169.121. No Rio de Janeiro, 2.308.868 eleitores escolheram nenhum dos candidatos, e o vencedor, o repetente, Eduardo Paes, alcançou 1.629.314 votos. 

Prá lá e mais prá cá, isso aconteceu nas cidades que citei e, certamente, em várias outras. 

Se há dúvida sobre as razões do voto, convicção ou recado, no caso dos “não votos”, eu não tenho dúvida: é um recado. A cada nova eleição, um grupo grande de eleitores, mesmo obrigados a ir às zonas eleitorais, não vai e um número também expressivo comparece para dizer: nenhum deles ou delas me serve. Onde está a convergência da decisão? Eu dúvida alguma tenho: no Estado Brasileiro, que é a referência para qualquer eleição no mundo todo. Quero mais Estado ou menos Estado? O Estado não me atende e não corresponde às minhas expectativas,então, não me interessa mais escolher gente para ocupar funções no Estado. 

Boulos, em SP, propôs mais Estado. Covas, um pouquinho menos, mas mesmo assim, um trambolho suficiente para manter seus aliados no poder. No Rio, pior ainda. Por isso, vejo no “não voto”, uma oportunidade enorme para os liberais, porque está claro, claríssimo que o Estado Brasileiro não corresponde e só incomoda. 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Vendam as minhas empresas e vendam logo!

O IBGE diz que somos 209, quase 210 milhões de pessoas no Brasil e é o caso de se perguntar: quantos de nós recebe alguma coisa, qualquer coisa, das empresas que a esquerda e os bobos da corte consideram nossas? Poucos de nós. Uma minoria de privilegiados funcionários, fornecedores, seus familiares e apadrinhados. 

Então, eu, parte da maioria, digo a você, minha leitora, meu leitor, que gostaria mesmo que o governo se desfizesse de todas as empresas e negócios que dizem serem minhas ou meus. O dinheiro da venda, qualquer dinheiro, desejo que os vendedores destinem aos orçamentos públicos, para aliviarem o peso que o governo faz sobre os meus ombros. 

A isso chama-se privatização, nome feio para a esquerda, onde está alocada a minoria que se beneficia de todo o trambolho registrado em nome do Estado. 

Vez por outra os governos prometem a tal privatização. Alguns avançam um pouco e param e outros nem isso, porque  a minoria beneficiada é barulhenta, esperneia e mente, mente muito para criar insegurança e incerteza na maioria. A minoria criou a conversa fiada de “empresas estratégicas”, “patrimônio público inviolável” e outras bobagens mais. 

Se quer tanto as empresas e negócios que só a ela, minoria, beneficia, então que fique com tudo, mas pare de nos cobrar a conta. 

Lima Barreto, o brasileiro, mulato, inconformado, escreveu crônicas magníficas. Uma delas, “Centenário”, escrita para comentar a comemoração dos 100 anos do Grito da Independência. Nela, o magnífico cronista cita o conto de um humorista inglês sobre um mendigo de Londres, que disse: “Sou súdito de Sua Majestade Britânica. Tenho, além das Ilhas Britânicas, o Canadá, a Austrália, a Índia, a Nova Zelândia e não sei que mais terras; entretanto, visto-me com farrapos, durmo, as mais das vezes, ao relento, e passo dias sem comer. Que me vale ter nominalmente tantas terras? Nada. Antes tivesse alguns níqueis por dia”. E Lima Barreto surfa na onda do mendigo: “Creio que o carioca raciocina de alguma forma parecida. Dirá ele: “Que me adianta José Bonifácio, Pedro I, Álvares Cabral, o Amazonas, o ouro de Minas, a feérica exposição, o Minas Gerais, se levo a vida a contar vinténs, para poder viver?”.

Tenho voltado às leituras da juventude. Dizem que é assim com os mais velhos, porque o lembrar das coisas antigas deve ser o anúncio da partida. 

Minha professora de Língua Pátria, no curso primário, dona Lúcia Maria Furquim Leite Silveira, é a razão de meu gosto pela leitura. Ela dividia as aulas em dois tempos. No primeiro, gramática e no segundo, leitura em voz alta de textos escolhidos por ela e pelos alunos. 

Enquanto a gente lia, a professora consertava o ritmo da leitura, com vírgulas, pontos, exclamação, interrogação e etc. “As pausas”, dizia ela, “Não são iguais para todos os textos e vocês compreenderão isso quando colocarem a alma naquilo que leem”.  

Os Contos de Lima Barreto eram os meus favoritos. Hoje, são bem mais, pela atualidade do que escreveram, uma prova de que a agenda política do Brasil é imutável. Por aqui, parece que o tempo não avança. 

*Artigo do Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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Ainda há um galo!

Meu pai nasceu numa cidade de Pernambuco que eu só conheci aos 14 anos de idade: Gravatá. Lá, um irmão dele, Luiz, segundo nome que carrego, me contou a história de um homem morador num sítio, para ilustrar a vida de um vagabundo aproveitador. 

Disse ele que o homem e a família receberam a visita de um parente de segundo grau, que ficaria alguns dias. O cara chegou e foi ficando, ficando, ficando. O sujeito comia muito. 

Para se livrar da visita, o dono da casa resolveu dizer que a comida estava acabando e ele não tinha como fazer compras. Logo, logo, o visitante começou a anunciar a saída, mas foi ficando. Até que numa noite, na hora do jantar, nada se serviu. O cara, então, agradeceu muito a atenção, arrumou as malas e prometeu que no dia seguinte sairia bem cedo. 

O sol raiou. O galo cantou e o sujeito chegou à cozinha. “Que galo é esse?”. É nosso, respondeu o anfitrião. “Então, é possível que tenhamos almoço, não?” E ficou mais um dia. 

Quando olho as campanhas eleitorais pelo Brasil afora e vejo que os liberais não encontram espaço para o discurso e vitórias, me lembro da história contada pelo meu pai, para concluir que o Estado Brasileiro ainda tem um galo para assar. 

O povo, por ignorância ou falta de juízo, insiste em aplaudir aqueles que lhe oferece favores financiados por ele próprio, o povo, com os impostos que paga. 

As promessas não apresentam custos. Tudo é possível, do dar a comida a fornecer a creche e obras. Mas, quem pagará a conta? Sabe-se que o Estado Brasileiro já dá sinais de falências dos órgãos, mas os malditos políticos não liberais continuam a prometer e, pior, a tentar fazer o que lhes dá na cabeça com o dinheiro do povo.

A cidade do Rio de Janeiro quebrou, quando arrancaram dos contribuintes o dinheiro para fazer as Olimpíadas, enquanto os hospitais, as escolas, a segurança pública e todo o resto das obrigações da prefeitura ficaram para trás. 

Durante a semana, eu assisti a um debate entre alguns candidatos à prefeitura do Rio. O tema foi “favela sustentável”, onde se falou sobre energia solar, cuidados com o lixo e outras sandices mais, para lugares onde a prefeitura não entra sem autorização do crime. Esse é o grande problema das políticas públicas no Brasil: imagina-se que há governo grátis. Não há. E como o governo não é grátis, nem barato, que tal se ele fosse menor? 

Quem sabe quando não existir mais um galo para colocar na panela, os eleitores escolham os liberais? 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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O liberal

Você, eleitor no Rio de Janeiro, tem algum interesse, mesmo que pequeno, assim, pequenino, no que acontecerá nas eleições em Anápolis ou Santo Ângelo? Será que os eleitores de lá estarão preocupados com o Rio de Janeiro, onde réus disputam a prefeitura tendo vices que ninguém sabe exatamente quem são?  Onde Igreja e Estado se misturam para tomar o dinheiro do povo crédulo e não crédulo? 

Se você é eleitor em São Paulo, a eleição em Maringá, onde o prefeito Ulisses Maia lidera com mais de 40% das intenções de votos, interessa a você? 

Pois é, cara leitora, caro leitor, esteja você onde estiver, as contas dos candidatos de todos esses lugares e de outras mais de 5.500 cidades é você quem paga, porque o Congresso Nacional formado, na grande maioria, por candidatos profissionais e quase todos representando o pensamento não liberal, decidiu assim. Estou a falar do Fundo Eleitoral, que tem um título mais adequado de Fundo de Financiamento de Campanhas. 

Para este ano está previsto o valor de R$ 2 bilhões no Orçamento da União, onde também ficam as rubricas da saúde, educação, saneamento básico, segurança e outros gastos, estes sim do interesse de quem paga a conta. 

É ou não é para ficar com raiva da política? Entretanto, a culpa não é dela, mas dos que acreditam que o Estado é obrigado a bancar todas as atividades humanas sem se preocupar com o custo e o retorno. Quando alguém decidiu que é bom produtor de teatro e, na verdade, não é, o contribuinte paga a conta. Quando alguém acredita que a velhice acontece aos 60 anos e é um mérito merecedor de prêmios, o contribuinte paga-lhe as despesas. E isso só acontece na cabeça torta dos não liberais, que desconhecem o óbvio: o Estado produz o dinheiro, mas não cria riqueza e quando ele atrapalha quem cria, o dinheiro que produz perde valor no bolso de quem paga os impostos. Simples, não? Na compreensão dos liberais, sim, mas na mente confusa e, por vezes esperta dos não liberais, nunca. 

Fico mais irritado com a razão da existência desse Fundo de Financiamento das Campanhas. Na raiz está o mal comportamento dos candidatos, que fizeram o diabo com as doações das empresas para as campanhas e as empresas que se aproveitaram disso. Nesse ambiente houve de tudo, do tráfico de influência à cara de pau, até que a bomba estourou. 

Em vista disso, o legislador, ao mesmo tempo candidato, resolveu fugir do risco de ser incomodado e facilitou as coisas para si mesmo. O contribuinte, que antes pagava a conta via obras a preços absurdos  e serviços públicos de péssima qualidade, passou a pagar diretamente. Os gênios não liberais encurtaram o caminho. Criaram uma lei que tira do contribuinte, direto, na veia, o dinheiro para as campanhas.  

Outro dia, numa conversa por zoom, um colega me questionou: 

  • Você e eu somos profissionais de campanha e recebemos em pagamento o dinheiro do fundo eleitoral. Então, para com essa hipocrisia, substitua-a pelo conceito da devolução: o Estado está devolvendo a você uma parte do que você pagou. 
  • Verdade! Agora fiquei mais “P” ainda. 
  • Por quê? 
  • Quer coisa pior, amigo? Você saber que está sendo pago pelos seus serviços com o seu próprio dinheiro, que serve para pagar os concorrentes também. 

Insisto: só há uma saída e é repensar o Estado Brasileiro, para tirá-lo da lógica dos não liberais, uma idiotice que faz parecer o dinheiro do contribuinte inesgotável. Leiam a Revolta de Atlas. Vale a pena. A escritora, Ayn Rand faz, em forma de romance, a trajetória mais indicada para quem paga, paga, paga e é incomodado só para poder pagar, pagar, pagar, cada vez mais impostos ao Estado opulento, chato e irresponsável. 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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“Dei cimento, dei tijolo, areia e vergalhão…”

“Dei cimento, dei tijolo, areia e vergalhão. Subi morro, fui em favela. Carreguei bebê chorão. Dei cachaça, tira-gosto. E dinheiro de montão, e mesmo assim, perdi a eleição”. Essa música do Dicró é quase um hino nos meus ouvidos treinados para campanhas eleitorais. 

Elas estão de volta, agora para eleger prefeitos e vereadores e todos têm discursos prontos. Quem pode mais testou o discurso em pesquisas e quem não pode tanto, segue com o feeling pessoal, buscando repetir o que acredita o povo deseja ouvir. 

Seja qual for o meio de avaliação, é perceptível a semelhança entre o que, quase todos propõem, porque há a cultura da dádiva, do favor, do gesto de caridade. 

A música do Dicró retrata o candidato que compra, com favores e dinheiro, a simpatia do eleitor que, na ponta da linha, seria transformada em votos. Para Dicró isso não adiantou. E adiantará, cada vez menos, porque o grau de consciência do eleitor tem crescido. 

Giselle Gomes é uma servidora pública do INPI. Candidata a vice-prefeita do Rio de Janeiro na chapa do NOVO. Outro dia, recebi dela uma foto em que ela apontava uma faixa que colocou sobre uma obra que foi feita na Zona Oeste. A faixa dizia: “Agradecemos ao povo que permitiu, com seu dinheiro, que essa obra fosse realizada”… Depois eu soube que a faixa era a resposta dela a outra faixa, onde um vereador se alto agradecia em nome do povo. 

Eis uma cultura totalmente equivocada, que só será mudada quando o eleitor entender qual é a função do Estado na vida dele. Nesse momento, entram em campo, os liberais, gente que compreende que o mandato eletivo é a garantia do reconhecimento dos direitos de cidadania e não um instrumento para prestar favores ao povo. Para os liberais, o Estado, através dos seus agentes é prestador de serviços pelos quais ele é bem pago. Soberano é o povo. O Estado está a ele sujeito e ao serviço dele. Só os liberais entendem isso de forma clara. 

Para os liberais, o ato de inaugurar uma obra, com pompa e circunstância, banda de música, discursos e aplausos não faz o menor sentido. Uma obra, qualquer obra, estando pronta, deve ser, imediatamente, utilizada pelo cidadão. Ele pagou por ela. Quem a construiu simplesmente cumpriu com a obrigação que recebeu quando foi eleito. 

Para os liberais, os vereadores são fiscais do dinheiro do povo aplicado pelo prefeito, então, quando um vereador aceita ser secretário municipal, os liberais entendem que houve cooptação. E o mesmo se dá quando deputados estaduais se tornam secretários do governador e os deputados federais e senadores se dizem ministros. 

O desperdício de tempo e dinheiro é pecado mortal para os liberais, porque eles sabem quanto custa o tempo e o problema que traz o desperdício do dinheiro do povo. Quando no governo, os liberais lidam com a escassez de modo diferente do que fazem os demais, porque, para os liberais, o Estado não pode e não deve ser um peso no ombro do contribuinte. Tudo o que se fizer deve ser feito da maneira mais eficiente, o que define gastos menores e realizações maiores. 

Dito isso, vamos às campanhas.  

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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O voto se pode comprar ou conquistar

Abstraída a corrupção como argumento, eu aviso desde logo, o modo como se obtém o voto do eleitor é outro caminho para se identificar um liberal. Ele, numa disputa eleitoral, age para conquistar o voto com propostas de garantia de políticas públicas, que reconheçam os direitos do povo, os direitos de cidadania. 

Os não liberais, normalmente, representantes da esquerda – os “istas”, socialistas, comunistas, trabalhistas, progressistas, e demais, um grupo onde temos de tudo até os que se auto-proclamam cristãos e os de Solidariedade com o próximo, buscam comprar o voto com as propostas de políticas públicas que transformam os direitos em favores. 

Para os liberais, o Estado é um prestador de serviços bem pago, um equalizador de oportunidades por obrigação. Seus agentes são remunerados para cumprir bem esses papéis. O Estado existe para que a sociedade não se transforme numa luta de “lobos contra lobos” e de feras contra animais domesticados. Já, para os demais, o Estado é só fonte inesgotável de poder e de garantia da  desigualdade social e econômica, justificação para a distribuição dos benefícios. 

Importância alguma tem, para os liberais, quem seja o diretor do hospital vizinho ou o guarda de trânsito da esquina. Menos ainda, o nome sem títulos do professor de um filho ou de um gerente da empresa de água e luz. O importante é que o serviço seja prestado, que o filho aprenda e esteja pronto para o processo de seleção que o mercado, sem amarras, fará e faz. 

Para os liberais, a efetividade e a eficiência justificam o Estado. Para os demais, a sobrevivência deles está na escolha do diretor do hospital vizinho, do guarda de trânsito da esquina, do secretário e do ministro e, de preferência, também do gerente do banco que o Estado, a pedido deles, mantém existindo. Os aliados, aboletados na cadeira de um secretário, de um ministro ou de um diretor de hospital ou escola são o caminho para prestar favores e conseguir o voto, pelo “toma lá”, seu direito, transformado e favor e “dá cá”, o seu voto. O mesmo tem ocorrido com os contratos. “Toma lá”, seu contrato e “dá-me cá” seu voto ou algum dinheiro para eu, diretamente, comprá-lo, com publicidade fácil, cabos eleitorais e tudo mais que exige uma campanha. Quando esse modelo de financiamento deu errado, porque foi inoculado nele o vírus da corrupção, que não é, volto a dizer, meu assunto aqui, os não liberais foram direto à fonte dos recursos para financiarem suas campanhas. 

Então, diante disso tudo, vê-se que o melhor caminho para o Brasil encontrar a solução para os seus problemas é dar o voto a quem tem consciência dos direitos da cidadania e está disposto a fazer com que as políticas públicas sejam o reconhecimento de cada um deles. Que se apresentem os liberais à disputa. 

Por Jackson Vasconcelos

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Entrevista ou interrogatório?

Prefeito Crivella durante entrevista coletiva (Tomaz Silva/Agência Brasil)

É possível que o prefeito Marcelo Crivella tenha brincado com bambolês na infância. É o que ele fez crê nas entrevistas sobre os tais “Guardiões do Crivella”, gente paga com o dinheiro do povo para enfrentar a imprensa nos arredores dos hospitais do Rio e defender o prefeito. 

Uma das entrevistas, ele concedeu à jornalista Bruna Fanti, do jornal O DIA. Ali, acuado pela insistência da jornalista por uma informação coerente com o que se viu nas cenas transmitidas pela TV, Marcelo Crivella, em determinado momento,  tentou constrangê-la com uma pergunta: “Isso é uma entrevista ou interrogatório?”.

Pedro Rafael, um dos criadores do Boletim da Liberdade, ingressou na Justiça com uma ação popular para obrigar o prefeito a sair da entrevista para o interrogatório. O juiz da causa já interpelou o prefeito. 

Marcelo Crivella tem sido criticado pelas decisões que toma como prefeito, mas elas são consequência de um modo de fazer política que aterrissou no Estado e na cidade do Rio de Janeiro em 1982, quando Leonel Brizola chegou, pelo voto popular, ao governo do estado. Na raiz está o populismo oportunista, que faz dos direitos da população favores prestados pelo governante do momento, por caridade e misericórdia. Crivella juntou a declaração da vontade de Deus nisso. 

Representante da esquerda impetuosa, carismática, Brizola, eleito governador do Rio em 1982, indicou Jamil Haddad e Marcello Alencar para a prefeitura do Rio. Cabe lembrar que até 1985, os prefeitos das capitais eram indicados pelos governadores. 

Na eleição direta de 1985, Brizola conseguiu eleger Saturnino Braga, com pouco mais de 30% dos votos, porque os contrários se dividiram e as eleições aconteciam em turno único. Depois, Brizola abençoou Marcello Alencar e tentou fazer o mesmo com Cidinha Campos. César Maia, contudo, foi eleito, depois de romper com Brizola não por razões ideológicas, mas, simplesmente, para ocupar o poder e dar curso à carreira política solo e, em seguida, criar seu próprio time. 

Depois veio Conde “que era César e César que era Conde” e, novamente, César, para um terceiro mandato, o pior deles. César não queria Eduardo Paes, que era César e deixou de ser para ser Cabral, do mesmo modo  não por divergência ideológica, mas, pelo desejo de ocupar por si mesmo o poder e dividí-lo com Cabral e com o PMDB. 

Em 2016, Eduardo Paes fingiu ser Pedro Paulo, para permitir a eleição do Marcelo Crivella ou do Freixo, com o intuito de retomar o poder com mais facilidade  adiante, como tenta fazer desde 2018, quando retornou ao clã dos Maias. 

Portanto, o populismo que não reconhece os direitos da população para distribuí-los como dádivas de quem manda, vem desde  Brizola, atravessou todos os governos na prefeitura do Rio e encontrou morada mais desorganizada no coração e na mente do Bispo. Não é por destino, por conseguinte, que o Rio esvazia-se, ano após ano, da importância política, econômica e cultural que teve antes daquele tempo. Tem gente que culpa a perda da Capital e a fusão. Se isso valer, eu culparei Mem de Sá e Estácio, por não terem permitido que fôssemos franceses. 

A cidade é governada por um mesmo grupo político e pelos mesmos métodos há 38 anos. Tivemos uma pequena folga com o primeiro período do César Maia e com Luiz Paulo Conde, mas sem grandes arranhões no modelo tradicional, que Marcelo Crivella só exagerou, porque até para ser populismo e oportunista é preciso ter competência. Ou, de sã consciência, se pode dizer que só Crivella desorganizou a cidade e tem “Guardiões”, gente paga com o dinheiro público para favorecer seus líderes na permanência na prefeitura? 

Se nesta eleição os cariocas não terem uma guinada na direção dos liberais, gente que reconhece e faz valer a ações do Estado com a cidadania, não por misericórdia ou favor, mas por obrigação constitucional, elegem quem quiserem e parem de reclamar, porque o modelo que avacalha o Rio há muito tempo sobreviverá. 

Sejam bem-vindos os liberais. É hora de enquadrar o Estado, nesta eleição, representado pelas prefeituras e câmaras municipais. 

Por Jackson Vasconcelos

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Você, um liberal. Quem não é?

O debate sobre ideologias é sofisticado e quase sempre parte de um conceito. O que é ser um liberal? Quem, verdadeiramente o é? Irei pela negação, tentarei ser simples, porque a vida das pessoas num ambiente liberal não é complicada, nem sofisticada e, no Brasil, é uma vida de negações. Os agentes do Estado dizem “não”, sempre “não” a quem deseja ser feliz. Só ser feliz. 

Quem vive confortavelmente numa sociedade obrigada a entregar ao Estado parte significativa do trabalho pessoal  e também do seu não trabalho, sem questionar o retorno, não é um liberal. Que se dê a essa pessoa o enquadramento que seja mais fácil ou razoável, porque liberal, ela, definitivamente,  não é. Os liberais exigem participar da decisão sobre o destino do dinheiro que entregam ao Estado. 

Cristo, que alguns tomam por socialista, definiu com uma parábola, a responsabilidade que se deve ter com o dinheiro alheio, ponto sensível para os liberais. Cito a parábola dos talentos. Mateus registrou-a melhor do que Lucas. Disse Cristo que um homem, que eu diria, cidadão, partiu para uma viagem longa e entregou os seus bens aos empregados. A um deu cinco, a outro dois e a outro um. Quando retornou, o cidadão pediu contas. Aquele que recebera cinco bens, devolveu dez; o que recebera dois, devolveu quatro e aquele que recebera um, devolveu um. 

O dono dos bens considerou fiés os empregados que multiplicaram os seus bens, os abençoou e manteve-os na administração dos seus negócios. Mas, irritou-se e condenou às trevas aquele que devolveu, exclusivamente, o bem que tinha recebido. 

Ah! Se Cristo conhecesse, naquele momento, os agentes do Estado Brasileiro, que estão entre nós há uma eternidade! Ele teria criado para esses um castigo maior do que o inferno. Afinal, eles sequer nos devolvem o que, de nós, recebem para cuidar. De uma camisa eles tiram as mangas, como andou por um tempo a dizer, Delfim Netto, quando não levam também os botões, digo-lhes, eu, com toda a ousadia necessária para parafrasear um gênio. 

A parábola dos talentos traz outra informação relevante: o empregado castigado encontrou logo uma desculpa pelo fato de não ter multiplicado o bem que recebera. 

O motivo abriria um longo sorriso de satisfação e concordância nos lábios dos não liberais: “Senhor, eu conhecia-te, que és um homem que ceifas onde não semeastes e ajuntas onde não espalhaste”. Para o não liberal, os agentes do Estado têm a capacidade de multiplicar sem investir e de juntar sem distribuir e nisso está o pretexto para pedirem sempre mais através de novos impostos e pesados encargos. 

A relação dos agentes do Estado com a cidadania mereceria um capítulo na história da escravidão. Laurentino Gomes, autor de obras excelentes, entre elas, a Escravidão, a mais recente, tem dito que a escravidão está na agenda política do país, “ela elege presidentes da república, elege governadores, senadores, deputados…”. Claro que ele não faz referência, nestes termos, à relação do Estado com a cidadania, mas eu leio desse modo o que ele diz. Se o termo escravidão for forte demais, fiquemos com o de vassalagem. Somos os vassalos e os agentes do Estado os suseranos. Tanto faz ser escravos ou vassalos, a verdade é que o Estado tem sido proprietário das nossas vontades. Em alguns casos, nos devolve alguma coisa do nosso trabalho, em outro, coisa alguma. 

Então, os agentes de um Estado gastador e perdulário deveriam, por óbvio, apoiar quem produz e coloca à disposição deles o que possam gastar com as travessuras. Contudo, a obviedade não é qualidade de quem serve ao Estado. Poucos, muito poucos, conseguem isso. 

Quem empreende sabe como os agentes do Estado incomodam. É insólito! E neste campo, é tragicômico o que se vê. Todos os políticos, de todos os matizes, defendem o empreendedorismo no tempo das campanhas, mas quando o povo tenta empreender encontra pelo caminho os agentes escolhidos pelos mesmos políticos e com eles uma série de exigências e traquinagens, que só dificultam a vida. Os liberais detestam esse tipo de coisa. Gostam da liberdade para empreender e da legalidade para favorecer a concorrência empreendedora. 

Com pouca sacrifício a gente consegue identificar os liberais. Certo? 

Quem defende um Estado perdulário, irresponsável, complicador e, por isso, caríssimo em preços e venal nos valores, não é um liberal. Quem gosta de normas sem sentido, de nomeações e prêmios sem mérito para os agentes do Estado, não é liberal. Quem acredita no “Mito do Governo Grátis”, condenado pelo Paulo Rabello de Castro, não é um liberal. Então, que cada brasileira e brasileiro olhe pra dentro de si mesmo e veja como se comporta diante do Estado. A verificação definirá a ideologia. 

Quem acredita que o dinheiro do Estado dá em árvores que nascem sem sementes, jamais será um liberal. Quem coloca toda fé no coletivo, que o Estado representa e, por isso,  despreza os valores individuais, não é um liberal.  Só um liberal entende que o coletivo é a soma dos indivíduos, do esforço e do trabalho de cada um. 

Simples assim. Sem muita filosofia, sociologia ou mirabolâncias. Ser liberal é compreender que o Estado, a exemplo do que há na parábola dos talentos, é um servo que só terá lugar no céu quando multiplicar o que recebeu do seu senhor, o contribuinte. 

Por isso, sempre afirmo: temos mais liberais no Brasil do que pensamos ter e os temos até mesmo entre os que se proclamam contra ele e  batem palmas aos defensores de um Estado perdulário, opressor e generoso com a ociosidade, com a preguiça e privilégios. Estes só não gostam de admitir serem liberais, porque morrem de medo de quem lhes grita impropérios.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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“Do outro lado do balcão”

O título do artigo de hoje está entre aspas por ser uma frase que tirei da entrevista que deu o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, ao Boletim da Liberdade. Ele postula, novamente, a cadeira de prefeito e o Boletim está ouvindo candidatos, com a boa intermediação do Pedro Rafael. 

Fiquei com comichão para comentar a entrevista do ex-prefeito do Rio, porque ela é rica para quem estuda e se dedica à estratégia, onde a análise dos discursos serve para identificar os pontos fortes e frágeis, as ameaças e oportunidades, na realização de projetos políticos. Um discurso político é útil para quem faz e para quem se contrapõe. É a súmula do jogo. 

A candidatura presente do ex-prefeito vem no rastro de uma estratégia aplicada por ele em 2016, tentada contra ele, em 2008, pelo César Maia: abrir caminho para um sucessor que fizesse o povo do Rio de Janeiro sentir saudades. 

Crivella teria sido prefeito na eleição de 2008, se Eduardo não disputasse (desejo ardente do César Maia, a ponto de fazê-lo entregar o próprio partido ao PMDB, para obstruir o desejo do Eduardo Paes). 

Portanto, Crivella seria, na eleição de 12 para Maia, o discurso da tragédia que Eduardo Paes usa desde a campanha de 2018. Situação fabricada pela decisão do Paes de ter escolhido e insistido em disputar a própria sucessão com um candidato que ele, com certeza, sabia estar, naquele momento, com a imagem ferida de morte.  

No tema mais precioso para o Boletim que, na palavra autorizada do Pedro Rafael, é “produzir conteúdos jornalísticos com viés liberal”, o discurso do Paes é bastante frágil. 

O ex-prefeito fez uso da frase, “sentar do outro lado do balcão”, para demarcar os conceitos de setor público e setor privado. “Eu não venho de uma família de políticos”, disse ele para iniciar um argumento que encerrou com as seguintes palavras: “É aquela história, eu fui educado para ir para o setor privado, para ser advogado, né? E acabei me enveredando pelo caminho da política. Acabei virando um político profissional (…). Faltava na minha formação sentar do outro lado do balcão. Ver como é difícil empreender” e etc e tal. Pura retórica de convencimento. 

Existe uma diferença essencial, básica, a marcar a situação daqueles que estão do outro lado do balcão. Ali se situam dois tipos de pessoas, pelo menos: aquelas que empreendem, que pagam as contas e aquelas que são remuneradas pelo trabalho que realizam e sobre o risco do investimento que fez o empreendedor. 

O ex-prefeito, ao que ele próprio diz e insiste dizer, está entre os que são remunerados pelo trabalho. Dele passou ou ainda passa longe a experiência de “ver como é difícil empreender”. 

Ele está setor privado, numa empresa chinesa, como Vice-Presidente para a América Latina. Não é ele o empreendedor. Não é ele o patrão. O capital dele não está no risco. Ele é o outro lado do balcão, aquele remunerado, onde o risco único é de mudar de emprego. 

Há um outro aspecto a considerar. No início da entrevista Paes afirma que ainda trabalha lá, para dizer, adiante, em outro momento: “Foi uma experiência muito legal…”.

E a gente sabe que Eduardo há tempos está na vitrine como candidato. Então, a favor do Eduardo, sem dúvida, está a qualidade profissional, tamanha ao ponto de um empresa privada, chinesa, deixar que ele dispute eleições sem incomodá-lo, remunerando-o. Mas, com todas as qualidades profissionais que tem, o ex-prefeito não pode dizer que, ali naquela empresa, aprendeu a empreender. 

Sendo político profissional sempre bem colocado no Estado e favorecido por ele, é compreensível que Eduardo Paes faça críticas à reforma trabalhista e aos limites de gastos que se impõe aos governos, como fez na entrevista. 

É pedir demais de quem sempre viveu à sombra ou a serviço do Estado a defesa das ideais liberais. Quem teve ou tiver a possibilidade de assistir a entrevista do ex-prefeito por vídeo, perceberá que a hora mais aborrecida para ele, momento em que ele muito se movimenta na cadeira, foi diante da pergunta: “A gente está vivendo um novo ciclo político com a influência cada vez maior de ideias liberais na esfera de governo. Nesse sentido, uma das pautas que os liberais defendem é a redução do escopo do Estado. Como você enxerga a pauta liberal?” Perguntou Pedro Rafael.  

O entrevistado rechaça, imediatamente, a colocação do entrevistador e usa como argumento o fato de, na pandemia, todos pedirem o socorro do Estado. Literalmente, a resposta foi: “Eu diria que tinha um predomínio da pauta liberal até começar a pandemia. Aí todo mundo pediu o Estado”. 

Para o agente estatizante a presença forte do Estado, como acontece na pandemia, deve ser permanente e crescente e isso lhe cria vícios. Para o liberal, a atuação do Estado numa pandemia, numa crise de grandes proporções, é uma obrigação remunerada pelo contribuinte. E, uma vez, normalizada a situação, o Estado que diminua seus raios de ação. 

Ora bolas, uma sociedade submetida à uma Constituição que tem 250 artigos e 105 emendas, é uma sociedade estatizante. É disso que queremos sair, por absoluta necessidade. Somos liberais, porque sabemos quanto nos custa o Estado e o perrengue que é fechar as contas no início do mês, tendo os agentes públicos no nosso pescoço. Eu vivo isso há 22 anos! A gente sabe o que é ficar sem dormir, quando surge o risco de perder a empresa, como acontece agora, quando o faturamento não vem.

Faço votos que a próxima eleição seja melhor para o Brasil todo. Seja uma eleição onde o discurso liberal tenha espaço para convencer o povo, que o Estado Brasileiro é perdulário, pesado, ineficiente e capaz de produzir decisões que desperdiçam dinheiro que nos custa muito caro.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos