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Discurso só vale com prática, isso é novo

Macron venceu a eleição na França. A vitória foi assunto no mundo todo. Quem operou a campanha do Macron colocou o pé na estrada e foi bater de porta em porta pelo mundo para vender a fórmula da vitória. Nascia o livro “Macron por Macron”.

Eu mesmo fui premiado com uma reunião com a turma, que veio interessada na campanha para o governo do Rio de Janeiro. Um software é a alma do negócio deles. Espero que do pacote faça parte um software para cumprir o que foi prometido na campanha sem ter que enfrentar as massas.

Macron começou a governar e há greve nas ruas.

Começou com os maquinistas, que se aposentam com 52 anos, têm estabilidade no emprego e, de graça, bilhetes para uso dos trens para o empregado e toda a família. Os trabalhadores dos setores de energia elétrica e gás também entraram em greve por solidariedade com os maquinistas.

Também em greve estão os lixeiros e universitários, que lutam contra a criação de um sistema de seleção para ingresso nas universidades. As companhias aéreas também estão na lista das greves. Agora é hora do Macron mostrar que o discurso que usou faz parte, de fato, dele.

Aguardemos.

Por Jackson Vasconcelos

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Quem matou Marielle?

Ainda não se sabe. Tomara que se saiba logo, porque tudo indica que foi um crime por encomenda e quem encomendou um pode ter encomendado outros. Descobrindo-se o mandante do assassinato da Marielle evita-se novos crimes e, talvez, encontre-se o culpado para outros crimes ainda não solucionados.

Dizem que a primeira questão a se responder na investigação de um crime é: “A quem ele interessou? Quem ganhou com ele?”. Uma pergunta para a Delegacia de Homicídios. Eu me ocupo da política e de eleições. No meu campo é mais fácil saber quem, mesmo não desejando de modo algum o fato, tem tido bom resultado com ele.  

Marielle e, de carona, o motorista, deram à esquerda delirante uma chance enorme de se reorganizar. Uma oportunidade e tanto para ampliar a visibilidade e mobilizar, porque, no conjunto entrou o sistema Globo de TV, rádio, jornal e mídias sociais. O sistema carrega com peso e constrangimento a marca de uma vida inteira dedicada às causas do que chamam “direita brasileira”.

Hoje, dia 2 de abril, o jornal O Globo mostra no canto mais visível da primeira página uma foto do deputado Marcelo Freixo, desolado e postado ao lado de uma frase dele: “Senti meu peito rasgando”. Frase forte, do tipo, como eu me sinto.

A intenção é chamar o leitor para a coluna da Marina Caruso no Segundo Caderno. Lá estão três fotos do deputado:

Uma maior, no estilo de líder ativista. Com olhar fixo, olhos claros, barba de guerrilheiro, com jeito de alguém disposto a lutar pelo povo. Abaixo, está uma foto menor do deputado com a esposa; imagem que transmite o lado família. Na terceira foto, um pouco menor que as duas outras, finalmente, aparece a Marielle abraçando o deputado. A cena evidencia um momento de glória para ele e não para ela.

A entrevista só tem um objetivo: o glamour do deputado, ativista de esquerda, disposto a todos os sacrifícios pela causa. Evidentemente, não o de morrer. Por isso, ele anda com seguranças pagos pelo Estado e toma todos os cuidados do mundo para não ter o destino da Marielle.

Enfim, quem matou Marielle a gente não sabe, mas quem ganhou muito com a morte dela, não sem tem dúvida.

Por Jackson Vasconcelos

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Gil Castelo Branco e o Príncipe de Salina

Se você quer gente nova na Câmara dos Deputados, desista. É o que diz, de certo modo, Gil Castelo Branco, no artigo “A República de Lampedusa”, publicado no O Globo hoje. Gil dirige a Associação Contas Abertas, primeira experiência no Brasil de leitura correta das contas públicas. Ele escreve – e escreve bem – artigos para O Globo.

Gil Castelo Branco escreveu inspirado numa obra de Giuseppe di Lampedusa, Il Gattopardo (O Leopardo), para comentar dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), que preveem a reeleição de 70% dos deputados federais. Gil Castelo Branco relembra, da obra, a frase dita por Don Fabrízio Corbera, Príncipe de Salina: “Se quisermos que as coisas continuem como estão, as coisas precisam mudar”.

Gil relaciona alguns motivos para a baixa renovação. Numa mensagem ao Gil, por e-mail, acrescentei um: a competência exclusiva para indicar candidatos dada aos partidos políticos que são opacos e autoritários.

Na hora do voto, o eleitor que queira renovar não encontra o candidato ideal. Então, não vota. Sai pela abstenção, pelo voto branco e nulo. Na contagem final, prevalece a vontade dos eleitores adeptos da velha prática da troca do voto por dinheiro, favores e empregos na máquina pública. Uma minoria fora desse campo chega lá, mas isso não tem feito a menor diferença.

Por serem como são, os partidos não servem para quem queira ingressar na política.  Por isso, desde sempre, criam-se partidos novos. Brizola, por exemplo, preciso de ter um só pra ele. Lula, também. Fernando Henrique, Covas e Serra, idem. Marina, mais recente. E assim por diante.

Partido no Brasil tem dono e os donos, na maioria, não gostam de boa companhia.

Por Jackson Vasconcelos

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Eduardo, cara de mané

– E Maricá?
– Maricá! Tô ferrado lá. Tô bem não.
– Cê tá ferrado no Brasil todo.

O diálogo é a melhor parte do que aconteceu com o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, em Campinas. Está num vídeo publicado na página do facebook da radical ativista Joice Hasselmann. Vale assistir.

Eduardo Paes, ao sair de um restaurante, é recebido pelas vaias e palavras agressivas de um grupo de mulheres que estão numa van: “Eduardo Paes, ladrão!”. Ao ouvir os gritos ele caminhou até a porta da van, com jeito assim de quem queria se explicar, de quem gostaria de ser simpático e mostrar disposição para encarar as críticas.

Percebe-se no vídeo que, no primeiro momento, as mulheres recuaram um pouco as críticas. Quando se deu o diálogo sobre Maricá, Eduardo não soube sustentar. Perdeu o rebolado, saiu de mansinho, com cara de mané. 

Se não sabia exatamente o que fazer, Eduardo não deveria ter ido na direção da turma. Uma atitude simples, humilde, talvez tivesse resolvido o problema e passado uma imagem melhor. Algo como:

– E Maricá?
– Já pedi perdão à turma de lá. E peço perdão a vocês se errei de alguma forma. Agora, roubar, amigas, não roubei. Um beijo no coração de vocês.

Mas, pra isso é preciso reconhecer na voz do povo a verdadeira voz de Deus. É fundamental ter a exata noção do que fazer, ainda de partir para fazer. Chama-se estratégia.

 

Eduardo Paes é hostilizado agora em Campinas. Marcela Valente e um grupo de ativistas recepciona o ex-prefeito do Rio com gritos de
LADRÃO!! Veja como o cara de pau reage…

Publicado por Joice Hasselmann em Quarta-feira, 14 de março de 2018

 

Por Jackson Vasconcelos

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Redes sociais e a conversa fiada

Entrevista do Estadão com Marcos Facó (clique para ampliar)

O Estadão entrevistou Marcos Facó, especialista em Marketing Digital pela Universidade de Harvard, um centro que acende o coração e abre os bolsos dos candidatos no Brasil. O objetivo da entrevista está no título: “Redes sociais não têm o poder de eleger ninguém”. Tirando o fato de que o certo a escrever seria, “Redes sociais não têm o poder de eleger alguém”, a entrevista dá um bom recado, mas não o melhor.

A entrevista destrincha o veículo, sem abordar muito o conteúdo, a não ser quando alerta que a comunicação pelas redes só produz resultados quando acontece nos extremos.

“Tudo parte do amor ou do ódio. Quem está no meio, quem se manifesta num nível mais profundo de discussão, pouco participa desse debate. O barulho é de quem ama ou odeia, quem defende ou ataca. O marketing político é incipiente no digital. Na TV, é mais simples e funciona”.

Esse é o bom recado. O melhor Marcos Facó não deu. Deixou pra mim. Então, lá vou eu: Nada, rigorosamente, nada, substitui o candidato no poder de vencer eleições. As redes, TV, rádio, jornal, folhetim, santinho, cartazes e seja lá mais o que for, tudo isso é veículo. Sem conteúdo, o veículo de nada serve. Com bom conteúdo até papo no bar da esquina pode eleger.

E qual o melhor conteúdo? É o candidato. Ele peça essencial numa campanha, porque é conteúdo e é, ao mesmo tempo, veículo. Todo o resto funciona para levar o candidato até o eleitor numa linha que converta simpatia em voto.

O que diz um candidato, o modo como ele diz e o jeito como acredita no que diz deve estar representado pela voz, pela qualidade da fala, pelo que veste e, principalmente, pelo que faz na vida diária. Esse conjunto forma a equação da vitória e da derrota. Simples assim.

Mas, vale ler as lições de Marco Facó. Ele não deixa dúvidas sobre pontos que são argumentos de venda para os profissionais de campanha.

Facó diz, por exemplo, que a TV e o rádio vencem fácil a concorrência com as redes sociais, quando o assunto é a conversão de conteúdos,  em voto. Diz também que essa história de ter milhões de seguidores, nada diz e que fake news não é novidade e não exatamente o que dizem por aí.  

Em resumo: quando o candidato não agrada, não existe milagre e quando engana, o inferno estará com as portas abertas para recebê-lo.

Por Jackson Vasconcelos

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Oportunidade perdida!!!

Por que diabos o deputado Federal Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, não leu o discurso que usou para apresentar-se candidato à presidência da República na Convenção Nacional do partido dele? Rodrigo viveu, naquele momento, com certeza, o ápice da vida dele na política, ocasião que merecia uma senhora apresentação com registro para os anais da história. O momento merecia um discurso de estadista.

O texto estava colocado num teleprompter mal posicionado o suficiente para fazer errante o olhar do orador, que não obedeceu uma norma fundamental da oratória e da construção dos discursos: haver melodia, harmonia e ritmo. Rubens Alves, educador e escritor que deixou saudades, afirmava sempre: um texto para motivar e ser belo precisa ter os ingredientes fundamentais de uma música. O orador, para ser bom precisa, portanto, ser um músico em ação. O diafragma deve ser treinado, para não faltar oxigênio nas frases principais. O deputado parecia perder o fôlego enquanto falava. E isso tem solução em qualquer circunstância.

John Kennedy tinha um sério problema nos pulmões, por causa de um tiro que levou na guerra. Os discursos que proferia levavam isso em consideração. Quem tiver dúvida, que ouça Kennedy no dia da posse. Perceba as pausas nas frases. Em especial, na frase que virou histórica: “E, portanto, povo norte-americano: não pergunte o que o seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer pelo seu país” (“…ask not. What your country do for you. But, what can you do for your country…”).

Com relação à imagem, a situação não foi melhor. O presidente da Câmara dos Deputados, candidato à presidência da República estava mal colocado no cenário e passou a imagem de estar um degrau abaixo dos papagaios de pirata. O terno usado por ele pareceu apertadíssimo, colocado num corpo que engordou num intervalo de tempo insuficiente para ser substituído. As mãos fizeram o corpo dançar sem muito sentido com o texto. As palavras fortes perderam a força. O deputado levantou a bandeira de defesa de uma geração, a dele. Mas, não explorou o melhor exemplo colocado ali a meio palmo dele: o jovem ACM Netto assumiu, no mesmo ato, a presidência do partido.

Bill Clinton,  ex-presidente dos Estados Unidos, autor de vitórias surpreendentes, ofereceu aos estrategistas de eleições uma premissa: “As campanhas presidenciais bem-sucedidas exigem três pontos básicos: O primeiro, as pessoas têm de ser capazes de olhar para você e imaginá-lo como presidente. Depois, você precisa ter dinheiro e apoios suficientes para se tornar conhecido. Depois disso é uma batalha de ideias, mensagens e questões”.  

Hoje, dia seguinte ao discurso do Deputado Rodrigo Maia, os melhores comentaristas de política na imprensa levantaram uma dúvida crucial: “Ele será mesmo candidato?” “Está nisso só para compor”. A coluna do Bernardo Mello Franco é exemplo.

Coluna de Bernardo Mello Franco, 9/3/18. (Clique para ampliar)

 

Por Jackson Vasconcelos

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Com mais atenção, seria melhor

Foi entrevistado pelo programa Roda Viva, na semana passada, o ministro Gilberto Kassab, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Uma boa entrevista que, no entanto, teve início com uma saia justa: a dúvida das razões do ministro ter servido a dois senhores: Dilma Rousseff e Michel Temer.

O moderador Augusto Nunes perguntou: “Como o senhor se sente ao ser chamado de golpista pela ex-chefe?”. Kassab resumiu:“…fico triste”. Mas, Vera Magalhães do Estado de São Paulo insistiu: “Vou na continuação da pergunta do Augusto, porque isso é algo que intriga muito a sociedade brasileira. A sociedade brasileira viu um suceder de fatos estarrecedores na política e acha no mínimo peculiar, que alguém sirva a um governo até um dia e dois dias depois sirva a um governo que o depôs. Isso não é contradição? Como o sr. explica o fato de ser ministro de Dilma e de Temer. O sr. é um ministro mil e uma utilidades?”

O Ministro passou por uma saia-justa, sem necessidade. Os governos Dilma e Temer são o mesmo governo. E, se houve golpe esse foi do Congresso Nacional e não do Presidente Temer.

A resposta seria, então, simples: “Permaneço no mesmo governo. Temer assumiu por ser vice-presidente da presidente Dilma Rousseff. Foi vice nos dois governos dela. No governo Dilma eu fui ministro do governo Dilma/Temer. E é preciso reconhecer que não foi o governo Temer que depôs o governo Dilma. A presidente Dilma sofreu impeachment do Congresso Nacional. Agora, quanto a ser um ministro mil e uma utilidades, isso é fato. Tenho trabalhado muito, em razão disso.

Por Jackson Vasconcelos

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Mentira é melhor?

O deputado federal Alessandro Molon trocou a Rede pelo PSB. E daí? Deputados trocarem de partido não é novidade e isso não tem importância nenhuma na vida dos eleitores. Mas, o jornal O Globo entrevistou o deputado no núcleo de uma matéria sobre a candidatura da Marina Silva. Alessandro Molon alegou ter saído pela importância nenhuma que a Rede e a Marina Silva dão à desigualdade como tema.

Será verdade? Para ser, o PSB, destino do Molon, deveria dar toda importância à desigualdade. Correto? Mas, a gente sabe que não é bem assim. Então, por que Alessandro Molon deixou a Rede pelo PSB? Certamente, por ter o desejo de ser reeleito e não encontrar na Rede dois instrumentos fundamentais da campanha: Um inchado fundo partidário e de eleições e pouco tempo na TV.

A minha questão aqui é: Por que Alessandro Molon prefere a versão ao fato? Por que ele acredita que o eleitor aceitaria a desculpa frouxa no lugar da verdade? Vício. O político está sempre desconfiado que a verdade terá custo, quando a mentira não.

Por isso, eleitores e candidatos estão cada vez mias longe uns dos outros.

Por Jackson Vasconcelos

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Recruta Zero será presidente

O recruta Zero está bem perto de ser presidente da República, porque descobriu cedo que televisão à disposição dos partidos, imprensa tradicional e “ter opinião formada sobre tudo” para fazer planos de governo, não são mais instrumentos exclusivos para vencer eleição. Sequer são os mais importantes.

Há uma onda que entrou nas campanhas eleitorais no Brasil em 2010 e que se agiganta a cada nova eleição: o sentido de rede. Com pouca TV, mídia tradicional equivocada e sem um plano com começo, meio e fim para governar, Marina Silva alcançou 19,33% dos votos para presidente da República, um resultado surpreendente para 2010. Em 2014, ela bateu nos 21,32% dos votos e quase foi ao segundo turno.

A onda da rede está no mundo todo. Separou a Inglaterra da União Européia, elegeu Donald Trump nos Estados Unidos e Macron na França, mexeu com os alicerces na Argentina para dar poder ao presidente de um clube de futebol, Maurício Macron.

Essa onda já está no Brasil e assusta os candidatos. Mas, para trabalhar nela é preciso entender o que ela significa e como ela funciona. Significa relacionamento direto e não tem ti-ti-ti, nem meias palavras…

Por Jackson Vasconcelos