Por que diabos o deputado Federal Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, não leu o discurso que usou para apresentar-se candidato à presidência da República na Convenção Nacional do partido dele? Rodrigo viveu, naquele momento, com certeza, o ápice da vida dele na política, ocasião que merecia uma senhora apresentação com registro para os anais da história. O momento merecia um discurso de estadista.
O texto estava colocado num teleprompter mal posicionado o suficiente para fazer errante o olhar do orador, que não obedeceu uma norma fundamental da oratória e da construção dos discursos: haver melodia, harmonia e ritmo. Rubens Alves, educador e escritor que deixou saudades, afirmava sempre: um texto para motivar e ser belo precisa ter os ingredientes fundamentais de uma música. O orador, para ser bom precisa, portanto, ser um músico em ação. O diafragma deve ser treinado, para não faltar oxigênio nas frases principais. O deputado parecia perder o fôlego enquanto falava. E isso tem solução em qualquer circunstância.
John Kennedy tinha um sério problema nos pulmões, por causa de um tiro que levou na guerra. Os discursos que proferia levavam isso em consideração. Quem tiver dúvida, que ouça Kennedy no dia da posse. Perceba as pausas nas frases. Em especial, na frase que virou histórica: “E, portanto, povo norte-americano: não pergunte o que o seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer pelo seu país” (“…ask not. What your country do for you. But, what can you do for your country…”).
Com relação à imagem, a situação não foi melhor. O presidente da Câmara dos Deputados, candidato à presidência da República estava mal colocado no cenário e passou a imagem de estar um degrau abaixo dos papagaios de pirata. O terno usado por ele pareceu apertadíssimo, colocado num corpo que engordou num intervalo de tempo insuficiente para ser substituído. As mãos fizeram o corpo dançar sem muito sentido com o texto. As palavras fortes perderam a força. O deputado levantou a bandeira de defesa de uma geração, a dele. Mas, não explorou o melhor exemplo colocado ali a meio palmo dele: o jovem ACM Netto assumiu, no mesmo ato, a presidência do partido.
Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos, autor de vitórias surpreendentes, ofereceu aos estrategistas de eleições uma premissa: “As campanhas presidenciais bem-sucedidas exigem três pontos básicos: O primeiro, as pessoas têm de ser capazes de olhar para você e imaginá-lo como presidente. Depois, você precisa ter dinheiro e apoios suficientes para se tornar conhecido. Depois disso é uma batalha de ideias, mensagens e questões”.
Hoje, dia seguinte ao discurso do Deputado Rodrigo Maia, os melhores comentaristas de política na imprensa levantaram uma dúvida crucial: “Ele será mesmo candidato?” “Está nisso só para compor”. A coluna do Bernardo Mello Franco é exemplo.
Por Jackson Vasconcelos