Na série de vídeos Campanha Eficiente, no canal da Estratégia e Consultoria no Youtube, o consultor Jackson Vasconcelos compartilha sua experiência com campanhas eleitorais. Os princípios básicos para alcançar a vitória serão tratados em vídeos semanais.
Categoria: Política
Um marketing estúpido, completamente, estúpido!
O destino livrou o PT de alguns de seus tesoureiros. Precisaria agora livrá-lo dos seus marqueteiros. Pelo marketing, o Lula chegou ao poder e na garupa levou o Partido dos Trabalhadores. Mas, pelo marketing, a Dilma e o partido estão quase fora de lá.
O vencer a qualquer custo, para manter a presidência, fez o marqueteiro João Santana produzir uma campanha para a reeleição da Dilma, que vendeu o sonho para entregar, menos de 24 horas depois, um pesadelo. A campanha mentiu sobre a qualidade do governo e prometeu coisas que não conseguiria cumprir. O povo, meio desconfiado, comprou a campanha. A Dilma venceu, mas sem margem de segurança.
O resultado era razão suficiente para a equipe de comunicação e marketing da Dilma, sugerir que ela assumisse o novo período com uma imagem de humildade. Algo como “errei, mas vocês me deram mais uma chance e eu estou feliz, porque, poderei, com responsabilidade, acertar o passo. Peço-lhes que essa nova chance, venha acompanhada de um voto de confiança, para as reformas que precisarei fazer”. A Presidente, contudo, no primeiro pronunciamento que fez depois de reeleita, mostrou que não perdeu a pose, nem o ar de “inteligência privilegiada”, gente que governa acima do bem e do mal.
Ao ver o dano, eu imaginei que a turma do marketing do PT já tivesse conseguido alcançar níveis de incompetência insuperáveis. Qual o quê. Eles foram além e produziram o programa que foi ao ar esta semana. Uma lástima como instrumento de comunicação, principalmente, porque a proposta era, visivelmente, de tentar criar alguma imagem positiva para o governo, para o PT e para a Dilma.
Os marqueteiros da Dilma e do PT agiram como um sujeito que, consciente de possuir má hálito, no lugar de procurar um médico e, enquanto o tratamento não faz efeito, falar com as pessoas de longe e com a mão à frente da boca, prefere chegar bem perto do nariz dos outros.
O programa do PT, claramente, produziu o efeito contrário daquele que precisam a Dilma, o partido e o Lula, que compareceu ao desastre. No lugar da humildade esteve presente, durante todo o programa, a recorrente arrogância e a covardia, quando entre as fotos dos adversários do governo tratados na peça como inimigos do povo, não entrou a do deputado Eduardo Cunha. E, nada disso suficiente, para fechar, o PT ironizou, fez pouco, da atitude do povo de se mobilizar como e com o que pode, para pedir que mudem aquilo que o incomoda.
Quem tem um marqueteiro ruim não precisa de um Moro para esculhambar a imagem.
Por Jackson Vasconcelos
Traição ou conveniência?
A Senadora Marta Suplicy está nas Páginas Amarelas da VEJA, entrevistada pelo Pedro Dias Leite. O editor deu à matéria o título, “O PT traiu os brasileiros”, que interessa mais a revista, pela opinião que tem do governo e do PT. Mais fiel ao conteúdo seria o título: “O PT contrariou a Marta”.
Nós, brasileiros, já descobrimos faz tempo, que o PT nunca quis varrer as velhas práticas da política brasileira, como parecia ser o seu desejo, quando na oposição. Ele fez de tudo, isso sim, para chegar ao poder e ter também direito aos resultados das velhas práticas.
A Senadora Marta Suplicy deseja sair do PT, não pelas razões de ética ou de povo que alega, mas porque há um conflito incontornável entre o projeto de poder do PT e o dela. Isso está claríssimo na resposta que ela ofereceu à terceira pergunta: “Houve uma gota d`água?”:
“A escolha do Fernando Haddad para ser candidato à prefeitura de São Paulo, em 2010, foi muito difícil para mim. Mas respirei fundo e fiz campanha para ele. Sei que minha participação foi fundamental para a vitória do Haddad. Antes já tinha sido praticamente abandonada na minha eleição para o Senado. Ganhei com enorme dificuldade. O PT fez campanha muito mais forte para o candidato Netinho do que para mim. Então, comecei a pensar no que estava fazendo no PT. Em 2014, meu nome nem foi cogitado para a corrida ao governo de São Paulo, embora eu tivesse 30% das intenções de voto. Aí vem essa avalanche de corrupção. Engoli muita coisa na política. Mas, quando vi que estava em um partido que não tem mais nada a ver comigo, que não luta pelas bandeiras pelas quais me bati e ainda me tolhe as possibilidades – e eu sei que sou boa – a decisão de sair ficou fácil”.
Quem se der ao trabalho de visitar as notícias de setembro de 2012 sobre as eleições municipais no Brasil, encontrará a Senadora Marta curvada diante da vontade do ex-presidente Lula de ter Haddad candidato à Prefeitura de São Paulo. Mas, não sem a devida compensação. Ela recebeu a cadeira de titular do Ministério da Cultura, que num ato de absoluta coerência com o pragmatismo da política, lhe foi tirada, depois de eleito o Prefeito.
Melhor entrevista e papel faria a Senadora Marta Suplicy se não tentasse mascarar o que lhe incomoda. O povo entenderia com mais facilidade, porque sabe que a política funciona desse modo.
Por fim, há um comportamento bem definido na política: ela não trabalha com o conceito de traição, mas de conveniência. Enquanto Marta foi conveniente ao PT em São Paulo, o partido e o Lula fizeram bom uso dela e da parte dela receberam, e têm recebido, o mesmo tratamento.
Por Jackson Vasconcelos
Fundo Partidário, a cachoeira
O Fundo Partidário acaba de receber uma injeção de dinheiro novo. Isso, certamente, aborreceu muita gente e é notícia de destaque em toda a imprensa. Poucos dias antes, foi preso mais um tesoureiro do PT. Isso agradou muita gente e também virou notícia importante.
Tesoureiros presos e fundo partidário abarrotado têm algo em comum? Dizem que têm. O preço das campanhas. Então, alguns esperam que ao aumentar o volume de dinheiro no Fundo Partidário diminuam as causas para prender tesoureiros.
Mas, houve algo diferente, não muito distante dos tempos atuais. Fui tesoureiro do PFL no Estado do Rio em 1986 e novamente, nos anos de 1996 a 1998, tempos de vacas magras em regime de engorda.
Em 1986, convocado pelo Presidente Regional do PFL no Estado do Rio de Janeiro, Rubem Medina, meu amigo, que acabara de assumir a função, cheguei à sede do partido com a missão de organizar a casa. Ele me disse: “há por lá uns probleminhas que você resolverá rápido”. Para um cargo voluntário sem remuneração e eu, com outras ocupações, não se poderia exigir muito.
Contudo, quando cheguei à sede do partido, no Centro do Rio de Janeiro, a conversa foi outra. Encontrei em cima da mesa uma ameaça de despejo, por falta de pagamento dos aluguéis e uma montanha de comunicações a mostrar que a paciência do inquilino terminara no terceiro mês de atraso. Os funcionários não recebiam há dois. Três se contado o 13º, vencido há seis meses. Uma lista de títulos protestados indicava que nenhum fornecedor, a não ser o do cafezinho e o das cadeiras para o auditório, cansaram de esperar pela solução de seus créditos.
Um dos deputados federais do partido era o tesoureiro. Mas, ele deixou com a secretária um recado expresso: “não adianta me ligar…”.
A negociação dos aluguéis atrasados foi a tarefa mais fácil. O proprietário propôs um acordo simples: “mudem, me entreguem as chaves e sumam. A política é mesmo uma merda”.
Na primeira reunião da Executiva Regional, já na nova sede tomada por empréstimo de alguém do partido, propus que cada um dos eleitos, senador (havia um), deputados federais, deputados estaduais, vereadores e prefeitos autorizasse o Banco do Brasil a transferir mensalmente de suas contas de salário uma quantia para sustentar a estrutura. O pau quebrou! Aconteceu uma discussão dura e por pouco, pouco mesmo, o encontro não resvalou para a violência física. No meio do bate-boca, alguém gritou: “desse jeito, eu vou para o PTB, porque lá não tem essa de rachar as despesas”.
Aprovamos a medida, mas, imediatamente, a turma passou a procurar um empresário rico, que quisesse, em troca do talão de cheques, o prestígio de ser presidente ou, no melhor dos mundos, tesoureiro. Valia tudo para convencer o cara, até iludi-lo com a promessa de ser candidato a governador ou a senador.
Para evitar todo esse trabalho e gastar menos o verbo, o Congresso Nacional votou em 1995, uma medida prática: inseriu o Fundo Partidário no Orçamento da União e transferiu a conta para o contribuinte. Hoje essa conta está ao preço de quase um bilhão de reais por ano: um Maracanã novinho em folha todo ano.
Por Jackson Vasconcelos
É o Demônio ou é o Democratas?
Falemos um pouco de política e de história, para esquecer, por algum tempo que seja, os esportes, o futebol.
Era quinta-feira, 26 de março. Entrei no elevador do prédio onde tenho a minha empresa e encontrei o Senador Agripino Maia, Presidente Nacional do Democratas. Ele, muito educado, trocou dois dedos de prosa comigo, suficientes para carregarem a notícia: o Democratas e o PTB serão um. Pensei: “que coisa estúpida!”.
A reunião Democratas e PTB impregnará a marca da primeira com os vícios da segunda, que tem a sua imagem acorrentada pra sempre com o advogado e político Roberto Jefferson e, por consequência natural, com o Mensalão.
O Democratas já é uma invenção maldita do marketing. Ele foi, até 2007, Partido da Frente Liberal – PFL, este sim, um partido com a imagem de agente pragmático do resgate do Brasil das mãos dos generais. O PFL esteve bem o suficiente para influir e decidir a eleição e reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso, contraponto do Lula e do PT, que andam em desgraça.
Mas, como se fez para transformar o PFL em Democratas? O publicitário e cientista político Antônio Lavareda explica, no livro “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais”, escrito por ele como receita para vencer eleições: “(…) Avançando no processo de sua “refundação, iniciado três anos antes, o Partido da Frente Liberal (PFL) – criado na conjuntura de transição ao governo civil por uma dissidência do Partido Democrático Social (PDS) –, que sucedeu à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), mudou seu nome para Democratas, denominação escolhida com base em pesquisas que fui convidado a coordenar. Mais importante, a mudança foi acompanhada pela renovação da sua direção, entregue a uma nova geração de líderes que não eram sequer nascidos à época do golpe militar de 1964”.
Do que ele diz, só se salva a menção à pesquisa, porque no mais, a informação torce a verdade em favor do discurso. Primeiro, a ARENA se fez PDS, mas o PDS não se fez todo PFL. A parte ruim, podre, comandada pelo político Paulo Maluf, ficou. O PFL foi a redenção dos que vieram da ARENA e não quiseram seguir com os militares e com o senhor Paulo Maluf. Outra inverdade é a entrega a “uma nova geração de líderes…”. Assumiram o comando do Democratas os filhos dos políticos de muito tempo, líderes do PFL que, em 1964, já estavam na ativa, mas, em polos políticos opostos.
Por fim, houve o trabalho imenso que tiveram para evitar que o apelido “DEMO” substituísse a sigla DEM, na referência ao partido.
Pena. Hoje, se ainda por aí, com a estrutura e proposta que tinha quando mudou de nome, o PFL ocuparia melhor o papel de liderança da oposição. E, se de fato há necessidade de fusão, faria mais sentido com o PSDB.
Por Jackson Vasconcelos
Análise: Entrevista de Vaccarezza para a CBN
“Áudio da PF tem requintes de perversidade”, da CBN. No mar de exemplos que há por aí das consequências da ausência na vida de um político, de profissionais que saibam como lidar com crises de imagens e orientar a relação com a imprensa.
Cândido Vaccarezza veio bem na sua carreira política até a eleição passada. Perdeu, mesmo tendo sido durante o seu mandato, um político com forte exposição na mídia por ter exercido o papel de líder do governo na Câmara dos Deputados.
Vaccarezza é o personagem de hoje e o cenário é a CBN. Ele foi entrevistado pelo Milton Jung. A gente analisa:
A decisão de dar a entrevista já foi um erro, porque, por mais que fizesse, o ex-deputado Cândido Vaccarezza não conseguiria mudar o rumo da prosa. Isso ficou claro. Depois, ele abre a conversa com um ato de bajulação: “Milton, quero dizer que te respeito como jornalista, por isso aceitei conversar com você”. Isso é péssimo, porque dá ao entrevistador a percepção de fragilidade e ideia de culpa.
Em seguida ele se enrola com as palavras. A cereja do bolo ficou representada pelo diálogo a seguir, considerada a percepção ruim que a população e a imprensa têm da relação entre políticos e empresários, principalmente, quando o político é do PT.
Diálogo:
– O senhor conhece o senhor Jorge Luz?
– Conheço.
– Pessoalmente?
– Pessoalmente. Eu tinha uma relação de amizade com ele. Eu fui líder do governo. Todos os empresários já me procuraram e já conversaram comigo. Eu fui líder do governo da Dilma. Qualquer empresário procura o líder do governo.
O final foi mais trágico. O ex-deputado estica o assunto sem oferecer novidade. Volta a bajular o entrevistador: “e como eu disse, só conversei isso com você”. Acusa um colega do jornalista, alguém do Estadão, que ele diz ter mentido e age como se tivesse mastigando alguma coisa que não consegue fazer descer. O entrevistador então interrompe, se despede e, como se o desastre da entrevista não fosse suficiente, o ex-deputado termina com a seguinte pérola: “Parabéns pelo seu jornalismo”.
Por Jackson Vasconcelos
Foto: Marcello Casal Jr/aBr
Dilma entra no BuzzFeed, mas pra quê?
Não sei se foi por orientação da assessoria ou não, mas a candidata a presidência da república Dilma Rousseff teve um perfil criado no site BuzzFeed, um coletor de posts sobre curiosidades e listas.
Apesar de a postagem ter alcançado mais de quatro mil curtidas e mais de mil compartilhamentos, não acho que esse seja o mais adequado ambiente para a promoção da discussão política.
Será que isso representará o mesmo número de votos?
É uma boa discussão: curtidas em mídias sociais representam um bom resultado nas urnas?
Mesmo seguindo a linha editorial do site, abusando dos gifs animados e recomendando uma lista de motivos para votar na candidata do PT, o velho “estar por estar” em um veículo de comunicação não é uma estratégia de quem propõe um debate com o eleitor.
O BuzzFeed também foi utilizado na campanha que levou Obama à vitória, mas temos que entender que a estratégia por lá está muito mais ligada ao levantamento de fundos do que a captação dos votos dos eleitores.
– Campanha de Dilma cria postagem de apoio no Buzzfeed. (O Estado de S.Paulo)
Por Jackson Vasconcelos
Cesar Maia divulga selfies de campanha via Tumblr
Cesar Maia, candidato ao Senado pela Coligação “O Rio em Primeiro Lugar” (PMDB, PP, PSC, PTB, PSD, SDD, PSDB, PPS, DEM, PMN, PTC, PRTB, PSDC, PEN, PRP, PTN, PSL e PHS), lançou mão de uma nova ferramenta digital para divulgar sua campanha: o Tumblr, mídia social mais voltada para promoção de imagens.
Maia utiliza a internet para interagir com o público desde 2005. No Tumblr, ele divulga um álbum só de selfies – fotos geralmente tiradas por celulares, que mostram a pessoa que as tira em primeiro plano, acompanhada ou não de outros participantes. Depois dessa ação, Cesar se autointitulou o “SElfieNADOR”.
O Tumblr do candidato do DEM (http://selfienador255.tumblr.com/) recebeu mais de mil acessos, em menos de uma semana.
Por Jackson Vasconcelos
Pensando fora da caixa
É fato que o mundo mudou e muito.
Com a comunicação não seria diferente. Novas tecnologias continuam em franca expansão e as mídias e redes sociais têm chamado mais a atenção dos políticos.
É o caso do candidato ao governo da Bahia, Paulo Souto (DEM), que aderiu ao uso da ferramenta de mensagens instantâneas Whatsapp para divulgar o jingle da sua campanha. Aqui.
Na política atual, há cada vez menos espaço para o lugar comum.
O que você, candidato, está fazendo para surpreender seus eleitores?
Por Jackson Vasconcelos