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PSDB “SEPULTUS EST”

O PSDB ainda respira por ter pouca coisa na distribuição do fundo partidário e eleitoral e algum tempo de veiculação de anúncios na TV e rádio. Enquanto respira, o partido grita e implora por socorro na esperança de que a turma do MDB arremesse-lhe uma boia. 

O partido começou a se afogar quando Fernando Henrique Cardoso, na Presidência da República, lançou o colega José Serra ao mar para premiar Lula. Certamente, FHC acreditava que o governo do Lula estaria fadado ao desastre e isso garantiria o retorno dele. Lula sobreviveu e bem. As esperanças de Fernando Henrique caíram por terra. 

José Serra e Fernando Henrique empurraram Geraldo Alckmin para a disputa contra um presidente com o comando absoluto da máquina produtora de votos. Desse modo, José Serra preservou-se  para uma disputa sem Lula. Quebrou a cara, pois Lula disputou a eleição vestindo uma saia e com o nome de Dilma Rousseff. No caminho, Aécio foi fritado pelo Serra. Veio o impeachment e a Lava-Jato. O PT e o PSDB não aguentaram o tranco e surgiu Jair Bolsonaro posicionado à direita. O PT e o PSDB ficaram emparedados na esquerda. 

Contudo, o PT tinha Lula no banco de reservas, um craque na arte de hipnotizar eleitores. O PSDB só perna de pau. Então, a partir de 2018, Jair Bolsonaro assumiu o papel de rival do Lula e do PT, posição durante anos ocupada pelo PSDB, que, SEPULTUS EST.

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OEA. QUE DIABOS É ISSO? 

Foto: Gazeta do Povo

O site da Organização dos Estados Americanos – OEA – está dizendo: “Mais direitos para mais pessoas”. E também: A Organização dos Estados Americanos é o principal fórum regional para o diálogo, análises de políticas e sobre tomadas de decisões com relação aos assuntos do Hemisfério Ocidental. A OEA promove a liderança entre as Nações pelas Américas a fim de identificar os problemas e oportunidades do hemisfério. Juntas, estas lideranças constroem a cooperação entre os Estados e preparam uma agenda de assuntos do governo democrático, direitos humanos, segurança multidimensional e desenvolvimento sustentável.”

Pois é, há um representante da OEA no Brasil para nos ajudar a preservar a democracia. Uma boa iniciativa, que enche de esperanças a turma que entende que a democracia corre risco por aqui. Mas, é preciso ir devagar com as expectativas, pois cabe lembrar, que a Venezuela faz parte da Organização e lá a OEA está totalmente vencida na luta pela preservação da liberdade. 

Nós, por aqui, ainda não precisamos da OEA, a menos que ela esteja disposta a liderar uma campanha pela derrota, em 2026, dos senadores que, a despeito da competência institucional que a Constituição Brasileira lhes dá, não colocam ordem na Casa.

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VERSALHES, DISTRITO FEDERAL 

Será que a destruição da política chegaria a tanto no Brasil se Brasília não existisse? Se a capital permanecesse no Rio, o povo demoraria a reagir contra os abusos de poder, o tempo que tem demorado? Duvido. Brasília é uma cidade sem povo, onde residem os burocratas bafejados pelos ares de uma aristocracia sem alma. 

Brasília é a nossa Versalhes. Para fazer da corte uma ilha de conforto distante dos súditos, local de mordomias e orgias com o produto do trabalho de uma população miserável, faminta e desrespeitada, Luís XIV mudou a capital da França para um vilarejo distante 19 quilômetros de Paris, naquele tempo, século XVI, uma longa distância. Versalhes, o mais magnífico palácio de toda a Europa, abrigou por mais de 100 anos, uma monarquia sem pudor, cruel, opressora. 

Hoje, nas alucinações frequentes em razão das notícias, que chegam de Brasília, vejo Juscelino Kubitschek vestido de Luís XIV. Lula na pele de Robespierre, que com seus discursos inflamavam as multidões oprimidas – sujeito que deixou a cabeça na guilhotina onde decepou as cabeças dos adversários –  e Luís Capeto – Luís XVI – o rei inepto, mal-educado, sem graça, encarnado no corpo de alguém que conhecemos pelo nome de Fernando Haddad.  

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AUSÊNCIA PREMIADA

Michelle e Eduardo Bolsonaro levaram uma enorme vantagem com a ausência de Jair Bolsonaro na posse de Donald Trump. Se Jair fosse, Michelle seria, tão somente, a esposa de um líder político da América do Sul. Sem o marido, ela brilhou. Ponto para a intenção de Jair Bolsonaro de conseguir um mandato de senadora para ela em 2026. 

Por tanto, por tabela, o próprio Bolsonaro levou vantagem não estando na posse com o benefício adicional do não comparecimento do Lula, que, se fosse, levaria a esposa, a festeira Janja. 

Lula se doeu e resolveu criar um fato político que competisse, no Brasil, com a posse do Presidente dos Estados Unidos. Lula convocou uma reunião ministerial, provavelmente, acreditando que dela viriam notícias com forte repercussão. Elas não aconteceram, pois o governo nada tem para acrescentar à pauta da população. A situação ficou pior com a repercussão do desastre da comunicação do governo no caso do PIX. 

Lula, então, partiu para o anúncio da disposição para concorrer a um novo mandato. Isso também furou. Ninguém se importou com o que ele disse. Ao fim, a direita ganhou a parada. Dois dias após o fiasco, a Advocacia Geral da União organizou uma audiência pública sobre a regulação das redes e esperava criar fatos histriônicos com a presença das gigantes da teconolgia: “Apple, Google, Amazon, Microsoft e Meta”. As empresas desconhecem o fato, conscientes de que há, no mundo, um momento totalmente novo e promissor para elas, a partir dos Estados Unidos. 

A disputa pela imagem positiva continua, sempre entre os mesmos: Bolsonaro e Lula.

Foto: Reprodução Instagram @michellebolsonaro

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“NA CABEÇA DE PUTIN”. 

01.01.2024. 

Abri o novo ano encerrando a leitura do livro “Na cabeça de Putin”, escrito por Michel Eltchaninoff, doutor em filosofia e especialista na história do pensamento russo.  Eu li o livro com paciência e pesquisas e como se assistisse a uma série, capítulo após capítulo – são dez. Ao me dar o livro de presente, Denise Frossard abriu-me a oportunidade de tê-lo como a continuidade de outro livro, bom também, “Os sete chefes soviéticos”, este escrito por um general russo, Dmitri Volkogonov. Li “Os sete chefes” há bastante tempo. O general passeia pela vida e experiência de governo de Lênin, Stalin, Khrushchev, Brejnev, Andropov, Chernenko  e Gorbachev. Ele os define no prólogo: 

“Todos os sete chefes vieram das províncias. Nenhum deles emergiu de organizações do partido de Moscou ou de São Petersburgo. O provincialismo tende a ser conservador e ortodoxo. Nenhum deles era um proletário “puro” de origem, mesmo que todos reconhecessem e exaltassem o papel de ponta da classe operária. Mas, não foi a classe operária que governou, e sim uma “partidocracia” burocrática que rapidamente se formou. Os chefes sempre mantiveram grande distância dos trabalhadores, dos camponeses e da intelligentsia, exatamente por terem saído da profundeza do núcleo dos “partidocratas profissionais”. Afora o último deles,(Gorbachev) o nível intelectual, educacional e cultural dos chefes foi baixo. Mesmo Lênin, sem dúvida uma cabeça poderosa, em termos intelectuais foi estritamente unidimensional; cabeça puramente política, o que por certo muito o empobreceu como pessoa. Tinha pouco apreço pela cultura russa e por seus expoentes”. 

A leitura do livro presenteado pela Denise provocou-me o desejo de conhecer um pouco mais sobre Boris – ir além das notícias e dos fatos de fácil localização pelo Google –  uma vez que Putin chegou ao poder por ele e após a renúncia dele. Li, então, a biografia feita pelo putinista Vladimir Solovyov e pela jornalista Elena Klepikova. Vladimir é defensor da III Guerra Mundial, (evidentemente garantida a vitória da Rússia) é favorável à invasão plena da Ucrânia e à recuperação da União Soviética pela reconquista dos países, que se separaram. Boris, primeiro presidente eleito diretamente pelo povo russo, se deu mal e, antes de encerrar o segundo mandato, renunciou e entregou o poder a Putin, seu primeiro-ministro. 

Putin é mais letrado que seus colegas. É cínico. Conservador, religioso, leitor de Dostoiévski, de Kant e de Soljenitsin. Isso mesmo. Leitor e admirador do autor de O Arquipélago Gulag, que ao retornar do exílio foi recebido por Putin em casa. Relata Michel Eltchaninoff: “Apesar das reservas de Soljenítsin em relação a esse homem, um puro produto do regime soviético, da sua nomenklatura, da violência política do KGB, o escritor é partidário de um poder forte e de uma via específica para a Rússia. Não quer que a democracia russa se torne uma mera cópia do modelo ocidental. Preocupa-se com o “cerco” da Rússia pela NATO. Os dois homens discutem durante um bom par de horas. Soljenitsin prodigaliza-lhe os seus conselhos sobre como “reorganizar a nossa Rússia”. Putin diz-lhe que vai ter em conta os conselhos sobre a autogestão do poder local.”

Soljenítsin decepcionou-se. Continua Michel Eltchaninoff: “Dois anos depois, porém, Soljenítsin mostra-se amargo: “Dei-lhe bons conselhos, mas ele não seguiu nenhum”, lamenta ele numa entrevista concedida ao Moscow News no início de 2002(…). O que não impede Putin de elogiar e citar frequentemente o seu novo amigo. Concede-lhe um prêmio de Estado em junho de 2007, proclamando: “Milhões de pessoas por todo o mundo ligam o nome e a obra de Aleksandr Issaevich Soljenítsin ao destino da própria Rússia.”

Michel Eltchaninoff cita vários filósofos lidos por Putin e levanta a questão: “Será Putin um apaixonado pela filosofia?”. Ele mesmo responde: “Nem pensar! O presidente prefere a história, a literatura e acima de tudo o desporto. Não é um intelectual. Adora contar histórias sobre a sua juventude como trapaceiro e espião, mais do que evocar os seus estudos na Faculdade de Direito de São Petersburgo”. 

Mas, o que quer Putin, ao final das contas, segundo Eltchaninoff? Ele quer que a Rússia lidere uma União Euroasiática (Europa e Ásia). Volte a ter a dimensão que teve a União Soviética. “A Rússia é um país original, porque parte do seu território está na Ásia e uma parte significativa na Europa. Na base da cultura russa estão, antes de mais, os valores cristãos. Nesse aspecto, a Rússia é um país europeu. Mas vivem no país 15 milhões de muçulmanos, e grande parte do território situa-se na Ásia. Também temos, portanto, os nossos interesses na Ásia”, declara Putin. 

Putin quer um “mundo russo”, onde serão considerados cidadãos todos os indivíduos russos residentes fora do país, inclusive os descendentes dos russos. “A Rússia, claramente, deve cuidar dos russos que vivem noutros estados, mesmo que não tenham cidadania russa”, diz Putin. E diz mais, segundo Michel Eltchaninoff: “Putin enfatiza a importância de proteger o cidadão russo em todo o lado, no país e fora das fronteiras dele”. 

Em resumo: o livro é esclarecedor, pois mostra a face de Putin, um homem que tenta se utilizar da política para submeter o mundo todo à vontade dele. Michel Eltchaninoff encontrou espaço para citar as jovens componentes do Pussy Riot, um grupo de rock que tem contestado Putin. O resultado da contestação foi a prisão e perseguição. “A  21 de fevereiro de 2012, durante a campanha de Putin pela Presidência, o grupo apresentou-se na Catedral Cristo Salvador de Moscou: “Maria Mãe de Deus está conosco no protesto”. As componentes, encapuzadas, foram presas numa colônia penal da Mordóvia. 

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“ÁS Favas com os Escrúpulos”.

10.09.2023.

Às Favas! 

“Os ditadores não perguntam por quê. Perguntam, por que não?” Eu tenho essa frase anotada, sem o nome do autor. Ela traduz a relação dos agentes de um Estado com os cidadãos desse mesmo Estado. 

Por que não censurar? Por que não prender? Por que não soltar? Por que não anular o que foi feito? Por que não inquirir? Por que não julgar? Por que não cobrar mais impostos? Por que não favorecer? Por que não dispensar provas? Por que não, se estão à minha disposição os instrumentos do Estado e o braço forte dele, as polícias? Portanto, “Tudo posso, no Estado que me fortalece”. 

O apóstolo Paulo na carta aos Filipenses tranquilizou os fiéis sobre as dificuldades dele para obter o necessário para o próprio sustento. Paulo agradeceu aos fiéis pela preocupação e afirmou: “Tudo posso naquele que me fortalece”, disse ele referindo-se a Jesus Cristo. Substitua-se Cristo pelo Estado e Paulo pelos agentes públicos e é possível aproveitar para o mal, a frase feita para o bem. Afinal, estamos em tempos de ter, para tudo, um bem e um mal, como valores relativos: a depender de quem esteja ao lado do bem, em lado mau ele será transformado. 

Para que assim seja, é preciso que se mande a democracia às favas, como sugeriu o coronel Jarbas Passarinho ao usurpador Marechal Costa e Silva, no momento em que se decidiu a edição do AI-5. Passarinho depois foi Senador da República pelo Pará. Eis o discurso: 

“Quero me referir às vezes que ouvi de Vossa Excelência, Presidente, não só coletivamente como individualmente em despachos, palavras marcadas por absoluta sinceridade; quando V.Exa não estava sendo menos sincero do que agora, neste instante ou quando V.Exa., inclusive, aqui mesmo nesse palácio no dia do seu aniversário, chamou a atenção para o peso da ditadura sobre os ombros dos homens, mesmo que fosse um triunvirato ou fosse um colegiado(…). Eu seria menos cauteloso do que o próprio Ministro das Relações Exteriores, quando disse que não sabe se o que restará caracterizaria a nossa ordem jurídica como não sendo ditatorial. Eu admitiria que ela é ditatorial. Mas, às favas, neste momento, senhor presidente, com todos os escrúpulos de consciência, pois, tudo aquilo que, fundamental é em condições normais, passa a ser secundário em condições anormais”, e etc.  No entanto, os ilustres verdugos estavam com o poder de decidir o que era normal ou anormal, secundário ou principal. Sendo assim, por que não o AI-5? 

Na raiz estava o apelo do deputado federal, eleito pela Guanabara, Márcio Moreira Alves, para o boicote ao desfile do Dia da Independência. Os verdugos pediram autorização à Câmara dos Deputados para processar o parlamentar e isso lhes foi negado. Então, por que não fechar o Congresso, cassar mandatos, torturar, matar, esfolar, prender?

O DIA DA INDEPENDÊNCIA NEM SEMPRE TEM SIDO CALMO.  Há dois anos, em 2021, os palanques balançaram, o Presidente da República desafiou o Presidente do Supremo Tribunal Federal, um ex-presidente apartou a briga. 

Mas, em tudo existe sempre um lado ruim e um lado bom e nós brasileiros temos a magnífica arte de fazer da tragédia alguma comédia. No dia 18 de maio de 2007 – 39 anos após o discurso do Senador Jarbas Passarinho – os geniais Bibi Ferreira, Juca de Oliveira e Jô Soares, colocaram um outro senador no palco do Teatro Raul Cortez, em São Paulo, com a peça, “Às favas com os escrúpulos”.  É a história de uma professora apaixonada pelo marido, um senador, com quem está casada há mais de 50 anos e descobre que é traída há muito tempo por ele. Bibi fez o papel da esposa e traduziu a personagem numa frase: “O meu papel é o do povo, sob todos os pontos de vista, emocionais e políticos. Sou traída em todos os sentidos”. 

Não quero encerrar sem indicar a quem me lê a magnífica entrevista que Bibi Ferreira deu ao Jô Soares sobre a peça. Está no Youtube: Atriz Bibi Ferreira volta aos palcos. É para aplaudir de pé! 

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A lição de Dionísio para um liberal residente no Brasil. 

01.11.2022. 

Cansado das lamentações do criado Dâmocles e das constantes exaltações dele às maravilhas oferecidas pela vida a um soberano, o rei  Dionísio aproveitou-se de um banquete oferecido a ele e permitiu que o criado ocupasse o trono. Cedeu-lhe também a coroa, todas as homenagens e as mais desejadas iguarias, servidas por escravas de grande beleza. A única exigência do rei foi que Dâmocles não deixasse o trono durante toda a festa.  

O criado, então, transformou-se no rei, um rei deslumbrado, maravilhado, enturpecido pelas honras, até que olhou para o alto e viu que sobre ele estava colocada uma afiada espada segura apenas por uma crina de cavalo. Qualquer movimento no trono, mesmo dos ventos, poderia soltar a espada e ela lhe deceparia a cabeça. Dâmocles entrou em pânico implorou ao verdadeiro rei, Dionísio, que o tirasse dali. O rei, contudo, só atendeu ao pedido, quando o escravo reconheceu que a vida de um rei não é o mar de maravilhas que ele andava a dizer pelos corredores do palácio, nem a dos criados do rei algo tão ruim, que não valesse a pena viver. Sobre a cabeça de um soberano existirá sempre uma espada, presa por uma fina crina de cavalo, a democracia. Qualquer movimento estranho, o soberano povo de um país poderá perder a cabeça, a própria liberdade.

  

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O que acontece quando alguém deseja agradar a todos.  

14.06.2023.

O historiador Will Durant, no livro “Nossa Herança Oriental”, conta uma história: “Um abastado morador da cidade em que vivia o filósofo Teng Shih afogou-se no rio Wei e seu corpo foi apanhado por um homem, que exigiu uma enorme quantia da família para entregá-lo. A família pediu orientação ao Teg, que sugeriu: “Esperem, pois nenhuma outra família pagará qualquer coisa pelo cadáver e ele, no final, será entregue a vocês sem custo”. Assim fez a família. 

O sujeito que estava com o corpo, ao perceber que a família não retornou com o dinheiro, foi pedir conselho ao Teg, que respondeu: “Espere, pois de ninguém mais, senão de você, a família poderá obter o corpo”. Will não conta, mas eu acredito que o cadáver deve ter sido jogado em algum lugar após apodrecer. 

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Claudio Castro, com paciência, vai vencendo as paradas. 

O governador Cláudio Castro venceu a queda de braço pela presidência da Assembleia Legislativa. É mais uma vitória na coleção que ele já acumula. A série teve início quando Cláudio Castro aceitou ser candidato a Vice-Governador, para uma vitória impossível, por todos os fatores que se pode considerar ao analisar as chances de um candidato. O que levou Cláudio Castro a aceitar o convite? Aceitou e foi eleito, no mesmo momento em que, é possível, tenha sido avisado que o governador ficaria pouco tempo, mordido pela mosca azul da Presidência da República. O que deve ter passado pela cabeça do Cláudio Castro ao saber disso? 

Depois tivemos a crise, que começou com o vírus e virou escândalo. Como terá sido o dia-dia do Vice-Governador Cláudio Castro naquele momento? Em seguida, o governador subiu no telhado e atirou-se de lá. Espatifou-se no chão. Cláudio Castro assumiu provisoriamente e com paciência, aguardou o desfecho do caso, estando no comando de uma estrutura literalmente dilacerada. O que será que passou pela cabeça dele? Como terão sido os dias no gabinete dele e na vida pessoal? 

Por fim, entregaram-lhe o governo. Ele assumiu vulnerável, num ambiente em que sobraram acusações e boatos de prisão e condenação. Cláudio Castro era um governador frágil diante de uma Assembleia Legislativa empavonada, de sapato alto e cheia de si mesma. O que será que passou pela cabeça dele? O que deu a ele a convicção de estar certo ao filiar-se no PL e apoiar Jair Bolsonaro? 

Então, começou a campanha de 2022. Cláudio Castro preparava-se para disputar a reeleição numa encruzilhada, onde o Prefeito Eduardo Paes, com a força política que ele e a Capital têm, selecionava candidatos para o governo do estado com o objetivo de derrotar o governador. Eduardo começou com o ex-presidente da OAB, Felipe Santa Cruz e quando concluiu que a escolha era a pior opção para eleger deputados federais, apertou a mão do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves e demarcou o terreno contra Cláudio Castro ao assumir integralmente a campanha do ex-presidente Lula no estado, para somar forças tendo dois candidatos, Neves e Freixo.

Bem, Cláudio Castro venceu a eleição no primeiro turno depois de atravessar uma forte turbulência na composição da chapa e na escolha que fez para o Tribunal de Contas do Estado. Ao vencer a eleição no primeiro turno, Cláudio derrotou, no estado, de uma vez só, Lula, Eduardo Paes e o sapato alto que a ALERJ calçava. Com uma vantagem estratégica: demarcou o terreno para 2024, ano em que o adversário deliberado, Eduardo Paes, terá que disputar a reeleição com a garantia adicional de ter na vaga de vice alguém com quem ele possa deixar a prefeitura e continuar no comando.

Tudo parecia calmo e arrumado, quando veio a disputa pela Presidência da ALERJ, uma situação que parecia resolvida. Cláudio Castro venceu sem precisar disputar, pois conseguiu que o candidato que disputaria com o deputado Rodrigo Bacelar, preferência dele, renunciasse. 

Em cada vitória do governador durante todo o processo que, neste momento, dá ao governo dele estabilidade, se viu a atuação plena de um exercício bem dosado da ferramenta mais magnífica para a ação política: a estratégia. Ou Cláudio Castro é um excepcional estrategista ou tem um muito bom ao lado dele. 

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Bolsonaro erra novamente.

Assisti a apresentação do Presidente Jair Bolsonaro aos embaixadores e fiquei encucado. Aborrecido ate. Por que o Presidente não usou o encontro para denunciar ao mundo a decisão do STF de anular todos os processos contra Lula, só para torná-lo elegível e colocá-lo na disputa pela Presidência da República?

O Presidente preferiu acusar as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro sem provas sobre o que disse, no lugar de apresentar os argumentos que tem para demonstrar a tendenciosidade do STF, uma vez que, para soltar Lula e torná-lo elegível, o Supremo contrariou até decisões que ele mesmo, com os votos dos mesmos ministros, adotou antes.

Bolsonaro errou novamente. Parece que ele não entende que Lula é competitivo o suficiente para vencer a eleição. Quem duvidar disso, volte os olhares para o resultado da eleição de 2018, ocasião em que Lula levou Haddad ao segundo turno da eleição presidencial e deu ao ex-ministro, mais de 40% dos votos válidos.