O destino livrou o PT de alguns de seus tesoureiros. Precisaria agora livrá-lo dos seus marqueteiros. Pelo marketing, o Lula chegou ao poder e na garupa levou o Partido dos Trabalhadores. Mas, pelo marketing, a Dilma e o partido estão quase fora de lá.
O vencer a qualquer custo, para manter a presidência, fez o marqueteiro João Santana produzir uma campanha para a reeleição da Dilma, que vendeu o sonho para entregar, menos de 24 horas depois, um pesadelo. A campanha mentiu sobre a qualidade do governo e prometeu coisas que não conseguiria cumprir. O povo, meio desconfiado, comprou a campanha. A Dilma venceu, mas sem margem de segurança.
O resultado era razão suficiente para a equipe de comunicação e marketing da Dilma, sugerir que ela assumisse o novo período com uma imagem de humildade. Algo como “errei, mas vocês me deram mais uma chance e eu estou feliz, porque, poderei, com responsabilidade, acertar o passo. Peço-lhes que essa nova chance, venha acompanhada de um voto de confiança, para as reformas que precisarei fazer”. A Presidente, contudo, no primeiro pronunciamento que fez depois de reeleita, mostrou que não perdeu a pose, nem o ar de “inteligência privilegiada”, gente que governa acima do bem e do mal.
Ao ver o dano, eu imaginei que a turma do marketing do PT já tivesse conseguido alcançar níveis de incompetência insuperáveis. Qual o quê. Eles foram além e produziram o programa que foi ao ar esta semana. Uma lástima como instrumento de comunicação, principalmente, porque a proposta era, visivelmente, de tentar criar alguma imagem positiva para o governo, para o PT e para a Dilma.
Os marqueteiros da Dilma e do PT agiram como um sujeito que, consciente de possuir má hálito, no lugar de procurar um médico e, enquanto o tratamento não faz efeito, falar com as pessoas de longe e com a mão à frente da boca, prefere chegar bem perto do nariz dos outros.
O programa do PT, claramente, produziu o efeito contrário daquele que precisam a Dilma, o partido e o Lula, que compareceu ao desastre. No lugar da humildade esteve presente, durante todo o programa, a recorrente arrogância e a covardia, quando entre as fotos dos adversários do governo tratados na peça como inimigos do povo, não entrou a do deputado Eduardo Cunha. E, nada disso suficiente, para fechar, o PT ironizou, fez pouco, da atitude do povo de se mobilizar como e com o que pode, para pedir que mudem aquilo que o incomoda.
Quem tem um marqueteiro ruim não precisa de um Moro para esculhambar a imagem.
Por Jackson Vasconcelos