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Senado 1 x 0 Supremo

O Plenário do Supremo Tribunal Federal informou ao distinto público que ele, Supremo, está obrigado a cumprir a Constituição. Nossa! Para chegar a esta brilhante conclusão, os 11 ministros gastaram horas com a leitura de votos e queimaram, certamente, uma fortuna, com papel, conta de luz, funcionários e outros apetrechos.

Na pauta, a decisão de uma das turmas do mesmo Supremo, que afastou o Senador Aécio Neves do mandato e obrigou-o a ficar em casa à noite. Não há na Constituição, em nenhum canto dela, a previsão de suspensão de mandatos. Há sim, perda e esta é decidida pelo plenário do Senado. Prisão, só em flagrante de crime sem fiança e mesmo assim, o Senado será avisado no prazo de 24 horas para decidir se a prisão deve ou não persistir. Parágrafo 2° do artigo 53.

Dizer que proibir alguém de sair de casa à noite não é uma sentença…Brincadeira!  Mas, mesmo assim, a votação da medida terminou empate: 5 votos pela competência do Supremo para cassar temporariamente mandatos e prender e 5 votos contra. No empate, a Presidente do Supremo, Ministra Cármen Lúcia desempata.

Ela, então, começou a votar. Voto de Ministro do Supremo nunca é sim ou não, pode ou não pode. É longo, cheio de fraseados e citações, com vocábulos complicados. Cármen Lúcia é mineira e o voto dela estava cheio de mineirices. Uma hora ela seguia na direção do relator, Ministro Fachin, que defende que o Supremo pode tudo, por isso, chama Supremo, assim como Deus. Quando chegou pertinho do voto do Ministro Fachin, Cármen Lúcia fez meia volta, assim meio acanhada, e foi na direção dos Ministros que entendem que Supremo ou Suprema é só a Constituição. Cármen foi, voltou, foi, novamente, e pimpa, declarou o voto na Constituição.

O Ministro Fachin percebeu que Cármen quis votar assim meio escondida. Então, pediu esclarecimentos sobre o voto dela. Algo como: “Presidente, não entendi muito bem. A senhora é contra ou a favor do meu voto?”. Cármen, ainda encabulada, reafirmou a submissão à Constituição.

Antes da sessão, a imprensa levantou uma questão: O Senado pode se insubordinar contra uma decisão do Supremo? Os jornalistas forçaram a barra.

Só posso considerar uma insubordinação o fato de não atender à ordem de alguém ou de alguma instituição à qual estou subordinado. O Senado está subordinado ao Supremo? É isso? A Constituição responde quando diz que só o Senado pode processar e julgar os Ministros do Supremo, Artigo 52 II. Então, não há relação de subordinação. Mas, diz também que cabe ao Supremo processar e julgar os Senadores. Parágrafo Único do Artigo 101. Jogo empatado.

O desempate favorece o Senado, quando a Constituição diz que cabe ao Senado aprovar por maioria absoluta a indicação dos Ministros do Supremo pelo Presidente da República. Senadores que nomeiam, processam e julgam Ministros do Supremo, por óbvio não estão subordinados aos Ministros.

Contudo, não precisaríamos caminhar tanto para chegar à conclusão que o Supremo, por 6 a 5, chegou com dificuldade. Por burrice ou má intenção. O artigo 2° da Constituição diz de forma curta, direta e grossa: “São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.

Os 11 capas-pretas poderiam ter gasto a longa sessão da semana para cassar a liminar concedida pelo Ministro Fux, que é um deles, que mantém incólume o auxílio-moradia para juízes, decisão que custa ao contribuinte brasileiro, R$ 1 bilhão por ano. Mas, pra economizar nosso dinheiro, os capas-preta não têm tempo.

Por Jackson Vasconcelos

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Quem é Rodrigo Maia, afinal?

O Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, está na edição deste fim de semana do Valor Econômico. A entrevista ressalta um traço da personalidade do entrevistado, interessante pela posição que ele ocupa na República.

O fato está no início da conversa. Rodrigo Maia abre irritado, por ter sido chamado de conspirador, pelos conselheiros do Presidente Michel Temer, quando a Câmara dos Deputados decidia a denúncia contra ele. Rodrigo afirma, em tom que me pareceu severo:

“Eu não fiz com eles o que eles fizeram com a Dilma (…). Como eles conspiraram, talvez imaginassem que o meu padrão fosse esse. O meu padrão não é o mesmo daqueles que, em torno do presidente, comandaram o impeachment da Dilma”.

Mas, na sequência, Rodrigo Maia abre uma brecha, que justifica a desconfiança dos aliados do Presidente. Ele informou aos entrevistadores que, na mesma ocasião, recebeu da mãe o conselho para não conspirar. Conselho que ele compreendeu como ato de simpatia da mãe pelo Presidente Michel. Sem a simpatia, o conselho seria dispensável.

Ou seja, quem mais conhece a alma do Rodrigo Maia, entendeu que ele poderia, sim, conspirar. Então, há que se perdoar os conselheiros do Presidente Michel.

No mais, a entrevista é a notícia de chantagens entre o Presidente da Câmara e os conselheiros do Presidente da República, na disputa por senadores para os respectivos partidos. Golpes abaixo da cintura, que talvez justifiquem o desespero do Presidente Michel Temer, sentimento registrado pelo entrevistado.

O título é, “Chefe da Casa pede respeito”, que lembra o slogan das campanhas eleitorais do preso Eduardo Cunha: “O povo merece respeitooooo!!!” Uma caricatura do Rodrigo Maia ilustra a entrevista. Nela Rodrigo Maia está bem parecido com um dos personagens do clássico “Revolução dos Bichos”, de George Orwell. Definir qual, fica a gosto do freguês. Tanto pode ser Major, Bola de Neve, Napoleão ou Garganta. Quem conhecer Rodrigo Maia mais de perto, poderá definir.

Por Jackson Vasconcelos

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Os generais e os Mourões da democracia

Apareceu um general para criar confusão na cabeça dos jornalistas brasileiros. O general Mourão! Na história recente do Brasil houve outro, de nome Olímpio, que comandou as tropas sediadas em Juiz de Fora no intento de tomar o poder das mãos dos civis.  Não sei se o Mourão de agora fuma, mas o de outrora adorava tanto o cachimbo, que deu à operação da sua infantaria o nome de Popeye.

O Mourão presente alertou a sociedade para o risco de os militares voltarem ao Poder para colocar ordem na confusão em que se transformou o Brasil.  O jornalismo brasileiro está em pé de guerra com as declarações do General, para passar a percepção de defender a democracia. Mas, não é o que faz. Ele está, na verdade, em defesa de si mesmo e do seu ofício, que depende da liberdade de imprensa, que é, sem dúvida, um dos pilares da democracia.

Contudo, não o pilar principal, que é a atividade política e contra ela os jornalistas brasileiros se levantam todos os segundos de cada dia, seja dia santo, seja dia comum.

É fato que a imprensa constrange quem está na atividade política, com mandato, sem mandato ou, até mesmo, quando sequer sonhe com um. A notícia mantra é o político ladrão, mentiroso, reacionário, lobista, vagabundo.

A situação se torna mais grave, porque produz resultados na cabeça do povo e de boa parte dos próprios políticos que, para fugirem ao assédio moral da imprensa, vestem a carapuça de outsiders, de bichos estranhos na política. Fazem o serviço sujo da imprensa.

Por Jackson Vasconcelos

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MERKELMANIA

Stefan Kornelius, autor de “Angela Merkel, a chanceler e seu mundo”, criou o termo “MERKELMANIA”. A obra é fácil e agradável de ler e está em bom momento.

Angela Merkel está reeleita Chanceler da Alemanha. Agora para o quarto mandato consecutivo, que terminará em 2021.

O resultado não surpreendeu os alemães nem o resto do mundo, não só pelas pesquisas, mas por uma série de motivos que o mundo percebia:

  1. Os alemães estão de bem com a vida. Ludwig Von Mises, no livro Ação Humana, oferece uma lição para os estrategistas: o ser humano se movimenta, muda de posição na vida, quando percebe que a situação em que se encontra é ruim e que o seu movimento será na direção de uma situação melhor. Convencido de que a situação em que está é boa, o ser humano nela permanecerá.
  2. Merkel se manteve firme na defesa os princípios que abraça. O livro “Jogos do Poder”, de Dick Morris, apresenta outros tantos exemplos de firmeza de princípios que marcaram o sucesso de carreiras na política: Reagan, Churchill, De Gaulle, Lincoln. Merkel não cedeu, nem diante do peso da decisão da Inglaterra de deixar a União Européia.
  3. Angela Merkel buscou no discurso dos adversários os temas que poderia assumir e, sem preconceito, sem frescuras, assumiu. Do SPD, de seu principal adversário, Merkel assumiu a defesa do salário mínimo e do Bündnis 90 Die Grünen, partido verde, ficou com a questão da energia nuclear.

A campanha na Alemanha, além das lições de estratégia, ressalta algumas curiosidades que servem bem ao Brasil neste momento de debate do modelo político.

  • Por lá, o voto não é obrigatório, mas abundante. Cada eleitor tem direito a dois votos, um num candidato e outro num partido. Desse modo, os eleitores alemães elegem, com o primeiro voto, metade do parlamento, do Bundestag e, com o segundo, a outra metade. O voto no partido é o voto em lista. O partido lista os candidatos por ordem de sua preferência para o voto – o nome do chanceler desejado vai na cabeça da lista.
  • Não há título de eleitor. No tempo das eleições, o eleitor recebe em casa uma carta e o formulário do voto e pode votar por carta, quando preenche o formulário e devolve pelo correio. O formulário tem duas colunas, uma escolha do candidato e outra para selecionar o partido.
  • O voto é distrital.
  • O “Dória” de lá perdeu eleição. Christian Lindner, empresário, jovem, com forte presença nas mídias sociais.
  • O PSOL de lá, o Alternative Für Deutschland, cresceu a ponto de assustar.
  • A sábia Angela Merkel reconhece que o crescimento ao Alternative aconteceu pela participação de seus antigos aliados, inconformados com a posição dela em razão dos refugiados. Então, já acenou com o desejo de tê-los de volta no seu partido, CDU.

Estão colocadas as lições vindas da Alemanha. O Brasil poderia prestar atenção e aprender nem que seja um pouquinho. Isso já ajudaria.

Por Jackson Vasconcelos

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Partidos? Quantos? Pra quê?

As fraudes eleitorais são tema recorrente nas eleições, algumas com justos motivo, outras como choro de perdedor. No Brasil, a fraude está nos partidos, criados aos montes, para dar acesso ao dinheiro do fundo partidário e comerciais gratuitos na TV e rádio. Eles têm donos e nenhuma obrigação com o desempenho eleitoral.

Entre as exigências para criá-los, existe a soma de, pelo menos, 430 mil assinaturas de eleitores registrados na Justiça Eleitoral. Ocorre que, a conferência é uma das responsabilidades da Justiça Eleitoral. Conhecendo como funcionam as instituições públicas no Brasil, não é injusto e é razoável acreditar que a conferência não deve ser lá essas coisas. Se, de fato, não forem, estaremos diante de uma janela aberta para a fraude.

Mas, há outra. Antes, lembremos que os dicionários definem “fraude”, o ato ardiloso, enganoso, de má-fé, praticado com o intuito intencional de lesar ou ludibriar alguém. Com esse conceito surgiu a moda corrente de troca de nome. É fraude! Os partidos trocam de nome, para não mudar de vida e ludibriar os eleitores.

Alexandre Magno, rei da Macedônia, com vasto conhecimento de estratégia e comando, em apenas 12 anos, conquistou a Síria, o Egito, fundou Alexandria e edificou um dos impérios mais relevantes da história do mundo. Conta a lenda que ele, rigoroso comandante, no auge da glória, ao passar em revista as tropas, encontrou um soldado que tinha farda em desalinho, cabelos mal penteados. O moço destoava da tropa. Alexandre, então, parou em frente ao soldado e perguntou:

– Qual o seu nome, rapaz?
– Alexandre, senhor! Meu nome é uma homenagem do meu pai ao melhor comandante e mais venerável rei!
– Então, rapaz, mude de vida ou mude de nome – encerrou Alexandre.

Por aqui, os partidos andam a mudar de nome, mas com o propósito claro, determinado, de não mudar de vida. Querem fazer como as cobras: trocar o coro sem trocar o corpo.

Por Jackson Vasconcelos

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Amazonas, o recado permanece

Terminou a eleição para o governo do Amazonas. Venceu, quem quase sempre venceu, Amazonino Mendes. Faz todo sentido: o eleitor do Amazonas elege Amazonino. Será? Não é bem assim. Cinquenta por cento dos eleitores do Amazonas não quiseram Amazonino, nem o adversário dele, o Eduardo Braga. Quiseram ninguém, porque, provavelmente, ninguém é melhor do que um alguém do tipo que o povo já conhece na política.

O recado do povo, portanto, permanece vivo: “Enquanto não nos derem candidatos nos quais a gente acredite, a gente não votará”. Haverá quem diga: “Isso é péssimo, porque os mesmos ruins continuarão a fazer o que sempre fizeram: expropriar a renda nacional a favor deles mesmos e dos parceiros, sempre contra o povo”. “E daí?”, responderá o povo. Não existe entre todos alguém que me garanta que fará diferente.

Eu continuo a bater na tecla. Sem candidato que empolgue, que mostre capacidade para fazer diferente o que tem sido feito do mesmo modo a vida toda, o povo não perderá tempo precioso indo às urnas. E que se danem todos!

Por Jackson Vasconcelos

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“Patrimônio do Povo”… Não cola mais!

Os Romanov governaram a Rússia por mais de dois séculos. Fizeram com competência a construção de um império e derrotaram Napoleão, no auge da carreira militar dele. Pedro, O Grande e Catarina, a Grande, foram os nomes de mais destaque na história do período Romanov na Rússia. Mas, foi tempo de Estado forte, que, com mãos de ferro, dirigia a sociedade. E o Estado quase sempre é ineficiente na gestão pública. Em 1826, cinco revolucionários, que se levantaram contra o governo dos Romanov, foram levados à forca.

A execução correu terrivelmente mal. As cordas não foram amarradas corretamente e quando os bancos foram retirados de três dos condenados, eles caíram no chão se contorcendo de dor. Ainda estavam vivos. Um deles, tinha as pernas quebradas, e, enquanto o enforcavam novamente, ele gritou: “Pobre Rússia! Não sabem nem como enforcar um homem corretamente aqui!”

Está aí um trecho da história da relação do Estado com a sociedade e com a eficiência, que cabe lembrar todas as vezes que a esquerda brasileira se bate contra a privatização das empresas.

Felizmente, desta vez, a esquerda está sozinha e nem nisso está unida. Os gritos contra a privatização correm, exclusivamente, por conta das corporações de privilegiados empregados das empresas.

A sociedade não compra mais essa briga. Já compreendeu que, no Brasil, empresa pública de energia elétrica provoca falta de luz e conta cara, que empresa pública que administra aeroportos atrasa voos e que empresa que fornece água, a mistura com esgoto. E não compra mais essa história de “patrimônio do povo”. Sabe que isso é um engodo para engordar os salários dos empregados das empresas e as contas de campanha dos candidatos. E os políticos que antes faziam coro contra a privatização acomodaram-se. Sabem que foram desmascarados.

O povo não está disposto a continuar a comprar gato por lebre.

Por Jackson Vasconcelos

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Nada de NOVO no NOVO

O debate está posto: 2018 será, no Brasil e, na mesma linha, no estado, o ano da eleição de “outsider”? De gente de fora da política? A sociedade civil, de fato, tomará as rédeas? Impossível, porque o modelo não permite. No máximo, levará esse grupo que chamam de “sociedade civil” à abstenção.

Os candidatos serão definidos pelos partidos e não há partidos formados por “gente de fora”, por “outsiders”. O Partido Novo, criado num laboratório da PUC, busca ser o partido dos “de fora”. Mas, não abre mão de coligações.

Está lá, no estatuto deles, no artigo 2º: “O NOVO tem por objetivo (entre outros), concorrer a eleições para a composição do Poder Executivo e do Poder Legislativo, municipais, estaduais e federais, com candidatos próprios ou em coligações partidárias”. Mas, sem exigir que as alianças sejam feitas com partidos que sejam tão rígidos como o NOVO na escolha dos candidatos pela qualidade moral.

Portanto, nada de NOVO, no Novo. Também não no “Patriotas”, no “Avante” e menos ainda no “Podemos”.

Patriotas é o Partido Ecológico Nacional (PEN). Recebeu o nome de patriotas para abrigar o arremedo do Enéas, Jair Bolsonaro. Avante é o PTdoB; Livres é o Partido Social Liberal (PSL); e Podemos, o Partido Trabalhista Nacional (PTN).

Já perdemos as contas de quantos partidos há no Brasil, formados e em formação. A quantidade tem explicação fácil. Facílima. Quem cria um partido tem direito a um bom dinheiro do Fundo Partidário, a horário gratuito na TV pra mostrar e dizer o que ninguém quer ver ou ouvir, e a acesso a um punhado de cargos públicos.

Por Jackson Vasconcelos

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O PSDB errou. Mas, errou onde e quando?

A propaganda do PSDB na TV causou tensão no partido. Nada de novo, porque o PSDB é o partido das divisões internas. Novidade é a briga chegar ao distinto público. Elas aconteciam à boca pequena, nos atos de atrapalhar os caminhos uns dos outros, mas com fidalguia. Por isso, o PSDB não conseguiu voltar ao governo, mesmo quando enfrentou, duas vezes, a mais frágil candidatura apresentada pelo PT, a de Dilma Rousseff. É a primeira vez, que o partido lava-roupa suja no quintal dos vizinhos.

A turma do PSDB que está no governo não gostou nada de saber pela TV, que está cedendo ao “jogo da velha política”, e praticando fisiologismo, definido como “a troca de favores individuais e vantagens pessoais em detrimento da verdadeira necessidade do cidadão brasileiro”. Para quem está no governo, estar no governo é um ato de altruísmo pátrio. Para quem está fora, uma atitude heróica em favor do Brasil.

Bem, tenha o significado que tiver para o PSDB, a participação do partido no governo Temer, pra mim tem outro sentido. É um erro original.

O povo brasileiro deu ao PSDB, na eleição presidencial, o papel de partido de oposição, aquele a quem cabe, em nome da minoria de eleitores que perdeu a eleição, o papel de fiscalizar, de cobrar e construir uma nova estrada para vencer a eleição seguinte e assumir o governo. No segundo turno da eleição presidencial, 51 milhões, 41 mil e 155 eleitores, eu entre eles, votamos no PSDB, porque não queríamos a dupla Dilma/Temer.  

Mas, o PSDB partiu pra dentro do governo, quando o Vice-Presidente Michel Temer assumiu a Presidência da República em razão do impeachment da presidente eleita. E, naquele momento, todo o PSDB aprovou o embarque no governo. Os ranzinzas do presente, aqueles que fizeram o programa de TV, mudaram de lado, quando o Presidente Michel Temer começou a naufragar, com índices de rejeição nunca vistos na história.

O contrassenso ficou evidente, quando o PSDB, de saia justa, rogou aos céus, que o TSE não desse curso ao pedido que ele fizera para cassar o registro da chapa Dilma/Temer e convocar novas eleições. Naquele momento, o PSDB, todinho, estava, ainda, acomodado no governo.

Agora, estão todos, os de dentro e os de fora, com cara de mané!   

Por Jackson Vasconcelos

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Não somos franceses. Apenas, um pouco parecidos

Luciano Huck gostou do modelo político francês. É o que diz Maurício Lima, no Radar da VEJA. Lá, o presidente é escolhido e só uma semana depois, escolhem-se os parlamentares. Luciano Huck acredita que desse modo seria possível o presidente eleito no Brasil compor maioria no Congresso Nacional, dispensando as barganhas.

Parece lógico, para quem desconhece o funcionamento do modelo político brasileiro e dispensa o fato de a França ser um país parlamentarista, enquanto o Brasil tem um sistema político meio misturado, híbrido e um tanto picareta.

Por aqui, eleitos o presidentes e os governadores, como quer Luciano Huck, antes da campanha para deputados federais, senadores e deputados estaduais, as oposições serão fulminadas por um velho costume: a expectativa de poder, que garantirá acesso às verbas públicas e nomeações. Simples assim.

E, já que o Presidente Emmanuel Macron é estrela política do Luciano Huck, cabe um esclarecimento a ele e a quem ainda acredita que Emmanuel (no hebraico, “Deus conosco”) foi uma abstração da política: Emmanuel Macron pertenceu aos quadros do partido socialista francês. Tentou ser candidato ao parlamento francês em 2007, mas os correligionários lhe negaram uma vaga de candidato. Foi convidado para a função de Vice-Chefe de Gabinete do Primeiro-Ministro François Fillon, adiante, seu adversário na eleição presidencial. E, por fim, fez parte do governo do presidente François Hollande, em funções de absoluto relevo: Secretário-Geral-Adjunto e Ministro da Economia. Hollande desistiu da reeleição, pelo alto grau de reprovação popular.

Certamente, Macron venceu a eleição em França, porque o adversário favorito, outro François, esse Fillon, fez uma besteira enorme com a própria imagem. O dado é importante para deixar a descoberto os “cientistas políticos” nacionais, que atribuem ao povo francês a sabedoria que elegeu um estranho no ninho da política, aquilo que eles chamam de “outsider”.

Bobagem! Na França, venceu o novo da política tradicional. É isso e ponto final.

Por Jackson Vasconcelos