O Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, está na edição deste fim de semana do Valor Econômico. A entrevista ressalta um traço da personalidade do entrevistado, interessante pela posição que ele ocupa na República.
O fato está no início da conversa. Rodrigo Maia abre irritado, por ter sido chamado de conspirador, pelos conselheiros do Presidente Michel Temer, quando a Câmara dos Deputados decidia a denúncia contra ele. Rodrigo afirma, em tom que me pareceu severo:
“Eu não fiz com eles o que eles fizeram com a Dilma (…). Como eles conspiraram, talvez imaginassem que o meu padrão fosse esse. O meu padrão não é o mesmo daqueles que, em torno do presidente, comandaram o impeachment da Dilma”.
Mas, na sequência, Rodrigo Maia abre uma brecha, que justifica a desconfiança dos aliados do Presidente. Ele informou aos entrevistadores que, na mesma ocasião, recebeu da mãe o conselho para não conspirar. Conselho que ele compreendeu como ato de simpatia da mãe pelo Presidente Michel. Sem a simpatia, o conselho seria dispensável.
Ou seja, quem mais conhece a alma do Rodrigo Maia, entendeu que ele poderia, sim, conspirar. Então, há que se perdoar os conselheiros do Presidente Michel.
No mais, a entrevista é a notícia de chantagens entre o Presidente da Câmara e os conselheiros do Presidente da República, na disputa por senadores para os respectivos partidos. Golpes abaixo da cintura, que talvez justifiquem o desespero do Presidente Michel Temer, sentimento registrado pelo entrevistado.
O título é, “Chefe da Casa pede respeito”, que lembra o slogan das campanhas eleitorais do preso Eduardo Cunha: “O povo merece respeitooooo!!!” Uma caricatura do Rodrigo Maia ilustra a entrevista. Nela Rodrigo Maia está bem parecido com um dos personagens do clássico “Revolução dos Bichos”, de George Orwell. Definir qual, fica a gosto do freguês. Tanto pode ser Major, Bola de Neve, Napoleão ou Garganta. Quem conhecer Rodrigo Maia mais de perto, poderá definir.
Por Jackson Vasconcelos