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Meirelles, como explicar isso?

Henrique Meirelles deu um show no Ministério da Fazenda. É o que mostra o artigo “É provável que o debate da agenda fiscal fique para 2019”, do Luiz Guilherme Schymura, Doutor em Economia, publicado na Revista Conjuntura Econômica deste mês.

As primeiras linhas já evidenciam o sucesso. O déficit primário do governo central ficou R$ 35 bilhões menor do que os R$ 159 bilhões previstos. Um pouco adiante, é apresentado o resultado do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias.

A projeção de R$ 1,057 trilhão de despesas obrigatórias caiu R$ 1,038 trilhão. Os gastos com abono salarial e seguro-desemprego previstos para R$ 60 bilhões, fecharam em R$ 54,4 bilhões. Com subsídios e subvenções, a previsão era de R$ 24,6 bilhões. Na verdade, a rubrica fechou em R$ 18,7 bilhões. As despesas com os poderes Legislativo e Judiciário, Ministério Público da União e Defensoria Pública da União estavam previstas para R$ 14,1 bilhões. Fechou com R$ 12,1 bilhões.

E por aí segue o artigo, que eu disponibilizo no fim do texto. No encerramento, Luiz Guilherme afirma:

“Em resumo, a melhora da economia, a perspectiva de receitas extraordinárias e as medidas de contenção de gastos tomadas a partir de 2015 indicam que o governo durante o ano eleitoral está numa posição relativamente confortável para entregar as suas várias metas fiscais. Assim, não devem ocorrer durante a campanha momentos dramáticos em termos de gestão das contas públicas, como a necessidade de enormes contingenciamentos ou a ameaça de descumprimento de objetivos que poderia configurar crime de responsabilidade”.

Ou seja, Henrique Meirelles salvou a economia brasileira. Já tinha feito isso antes, quando para tranquilidade do mercado assumiu o Banco Central no primeiro governo do PT, numa situação em que o mercado correu o risco de entrar em pânico.

O complicado é construir a comunicação de todos esses fatos na campanha presidencial, que Henrique Meirelles tenta disputar. Por que caminhos irá a comunicação do ex-ministro e agora candidato? Numa situação em que a imagem pessoal dele não ajuda, porque não passa simpatia e não tem carisma.

O que farão os comunicadores da campanha para mostrar que as contas equilibradas do governo representam benefício direto no bolso do povo e nas perspectivas de futuro?

Está posto o desafio.

Parte 1 (Clique para ampliar)
Parte 2
Parte 3

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Jackson Vasconcelos

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Maluquices eleitorais 3

Já tratei aqui de uma das maluquices do sistema eleitoral brasileiro. A desincompatibilização, nome feio que só e que se traduz em atos de hipocrisia e desperdício de dinheiro público. Volto ao tema com outro exemplo.

Vejam só porque a presidente daquele troço esquizofrênico que há em Brasília para confundir a já confusa Constituição Brasileira chegou à presidência da República por alguns dias.  Por causa do impeachment da senhora Dilma Rousseff, o Brasil não tem vice-presidente. O que tinha assumiu o lugar da prezada senhora.

A Constituição Brasileira diz que o presidente da república, ao sair do país, deixar de ser presidente. Então, alguém assume o lugar até que ele retorne. Já aqui temos a primeira maluquice institucional. O presidente da República Federativa do Brasil está no exterior como presidente, porque se presidente não fosse, pra lá não seria convidado.

Michel Temer está no exterior como presidente da república, mas, aqui no Brasil deixou de ser o presidente enquanto estiver lá. Pode?

Bem, mas por conta da tal desincompatibilização, o Brasil não tendo vice-presidente da república, o presidente nas ausências dele, é substituído pelo presidente da Câmara dos Deputados que, se cumprir esse papel, não poderá ser novamente deputado federal, por causa da tal desincompatibilização.

Então, o presidente da Câmara dos Deputados, que é candidato novamente a deputado federal, embora minta e diga que é candidato a presidente, não poderia substituir o presidente da república. Resolveu, então, também viajar para o exterior.

Neste caso, o presidente da república seria substituído pelo presidente do Senado Federal, que se substituir o presidente da república não poderá ser, novamente, candidato ao Senado, nem a qualquer outro cargo eletivo em disputa este ano.

Sobra pra quem? Pra senhora presidente do Supremo Tribunal Federal, presidente da República por alguns dias, de direito, mas não de fato, porque nada poderá fazer, que contrarie o presidente que, momentaneamente, não é presidente aqui, mas é no exterior.

Resultado: Nós pagamos por uma viagem do presidente da república, outras duas. Uma do presidente da Câmara dos Deputados, que fugiu pra não assumir o lugar dele e outra para o presidente do Senado, que pelo mesmo motivo caiu fora por uns dias.

Por Jackson Vasconcelos

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Maluquices eleitorais 2

A Lei do Ficha Limpa diz que alguém condenado por um colegiado de juízes, em 2ª instância, não pode ter o registro de candidatura a um cargo eletivo. Puxa! Que bom! A Lei evita então que criminosos sejam candidatos, certo? Errado. Só impede os condenados em 2ª instância. Os que foram condenados na primeira instância ou estão sendo investigados podem concorrer, serem eleitos e adquirirem a prerrogativa de foro, ou seja, só poderão ser julgados pelo STJ ou STF, a depender dos cargos aos quais concorram.

Mas, por que fizeram a lei assim? Os legisladores não sabiam que isso ocorreria? Evidente que sim. Contudo, seguro morreu de velho. É sempre bom deixar uma brechinha na lei, coisa típica do legislador brasileiro.

Vejam a que ponto essa brechinha pode levar, por exemplo, as campanhas no Rio de Janeiro. Nada na Lei do Ficha Limpa impede o registro da candidatura do ex-governador Sérgio Cabral, do chefe Jorge Picciani, do Paulo Mello e do Albertassi, presos e ainda não condenados.

E isso vale para qualquer bandido da esquina.

Por Jackson Vasconcelos

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Fake News: Falta um detalhe…

Fake News é a febre do momento eleitoral. Algo assim como um barco em que todo mundo embarca sem saber aonde está indo. A Fundação FHC, o Centro Edelstein e a rádio CBN pularam dentro desse barco. Fizeram uma boa exposição em vídeo e texto. Eu senti falta de um detalhe, que pode ser a peça principal de argumentação para quem deseje trabalhar um projeto de comunicação para política.

“Sobrevivendo nas redes” está representado num talk show CBN com o sociólogo Bernardo Sorj e o jornalista Pedro Dória. Diretor da CBN, Ricardo Gandour atuou como moderador. O objetivo é orientar os usuários das redes sociais com medidas que evitem que compartilhem notícias falsas.

Esforço louvável, mas de certo modo, inútil,  porque as orientações caminham na direção oposta ao espírito humano, que ama compartilhar o que gosta e tem apreço nenhum por checar informações. O sabor doce do compartilhamento está em divulgar aquilo que mexe com as emoções diretamente.

Ricardo Gandour abriu o “talk show” com uma pergunta direta para Bernardo Sorj, professor da UFRJ e componente do grupo de autores de um guia que ensina os usuários das redes a lidar com as fake news. O Guia foi anunciado na ocasião.

“Como é que a gente sobrevive neste oceano de informações, de redes sociais? Há um manual que nos ajude a sobreviver? O que é verdade? O que é notícia falsa? A partir de hoje, existe…o Guia de Cidadão… Começo o nosso encontro com uma pergunta para Bernardo Sorj, um dos autores do Guia. Bernardo, de cara, conta pra gente um conselho para quem queira sobreviver nesse oceano de confusão”:

Ricardo Gandour respondeu:

“De cara, um conselho pra quem queira sobreviver nesse oceano de confusão. Desconfie de qualquer mensagem na qual você automaticamente acredite que é verdadeira. Em geral, só fake news são produzidos pensando que preconceitos, que prejuízos, que crenças você tem. A mensagem é feita para reafirmar o que você acredita. Considerando que você só reenvia uma mensagem que confirme as suas crenças, dificilmente você vai divulgar uma mensagem em que você não confie… Se houver uma mensagem em que você acredita, desconfie, confira se é verdadeiro, pare para pensar…”

Aqui está o nó: “Confira se é verdadeiro”.  Pergunto: Quem fará isso?

O espírito humano não tem espaço para conferir fofocas, boatos. Ele, simplesmente, passa a notícia que recebe. Houve época que, pelo menos a maioria dos jornalistas checavam. O não conferir ficava por conta dos maus. Hoje, nem os jornalistas, bons ou maus, conferem. Aquilo que tem chance de bombar na rede, isso segue. Quando os jornalistas ouvem os citados, coisa rara, o que ouvem tem serventia zero como informação correta. Passam adiante com desdém.

Quem tem imagem a zelar e depende dela para sobreviver numa profissional, que dela, pessoalmente, cuide. Acompanhe o uso que outros fazem dela e, diante de uma notícia falsa, tome as providências para colocar a verdade com força suficiente para desfazer o que foi mal feito.

No Direito Penal, a quem acusa cabe o ônus de provar e se não provar estará sujeito às penas da lei. Mas, quando o assunto é imagem, nenhuma reparação será suficiente. Então, à imagem agredida cabe, além das providências judiciais, o cuidado de, imediatamente, repor a verdade.

Quem depende da imagem, políticos, artistas e gente parecida, deve estar atento para as agressões à própria imagem. Não espere que alguém vá conferir antes de distribuir. Nunca!

Por Jackson Vasconcelos

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Maluquices eleitorais 1

Vejam só o que diz a lei eleitoral sobre desincompatibilização. Ela existe para evitar que quem ocupa cargo público utilize a função como ferramenta de campanha, naquilo que popularmente chamam de “uso da máquina”. Parece coisa boa e justa. Coisa que tornaria equilibrada a disputa. Certo? Quase certo, porque há na lei uma esquisitice.

Vamos ao exemplo:

Se um prefeito, governador ou presidente da república quiser concorrer à reeleição, não precisa desincompatibilizar-se. Pode continuar prefeito, governador e presidente enquanto é, ao mesmo tempo, candidato. Mas, e se o prefeito quiser ser governador? Precisará deixar o cargo. E o governador que queira ser presidente? Idem. Faz pra você algum sentido isso?

E no caso dos senadores, deputados federais, estaduais e vereadores que desejem ser candidatos a qualquer cargo eletivo? Eles precisam desincompatibilizar-se? Não precisam. Vão às campanhas levando os cargos. Isso faz toda a diferença numa campanha. Por quê?

Porque se você for candidato a deputado federal e não tiver ainda mandato, você terá que arcar com todas as despesas de contratação de assessorias, de combustível e etc. Os parlamentares no exercício do mandato usam as estruturas dos respectivos gabinetes.

Ah! Mas, a lei, para evitar que os prefeitos, governadores e presidente usem a máquina, proíbe que eles compareçam à inauguração das obras que fizeram. Parece bom, não? Bobagem. O legislador deixou na lei a figura da visita técnica. Então, os prefeitos, governadores e presidentes podem visitar as obras enquanto estão em campanha, para “visitas técnicas”, mole não?

Por isso, não há renovação fácil nos quadros da política.

Por Jackson Vasconcelos

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Discurso só vale com prática, isso é novo

Macron venceu a eleição na França. A vitória foi assunto no mundo todo. Quem operou a campanha do Macron colocou o pé na estrada e foi bater de porta em porta pelo mundo para vender a fórmula da vitória. Nascia o livro “Macron por Macron”.

Eu mesmo fui premiado com uma reunião com a turma, que veio interessada na campanha para o governo do Rio de Janeiro. Um software é a alma do negócio deles. Espero que do pacote faça parte um software para cumprir o que foi prometido na campanha sem ter que enfrentar as massas.

Macron começou a governar e há greve nas ruas.

Começou com os maquinistas, que se aposentam com 52 anos, têm estabilidade no emprego e, de graça, bilhetes para uso dos trens para o empregado e toda a família. Os trabalhadores dos setores de energia elétrica e gás também entraram em greve por solidariedade com os maquinistas.

Também em greve estão os lixeiros e universitários, que lutam contra a criação de um sistema de seleção para ingresso nas universidades. As companhias aéreas também estão na lista das greves. Agora é hora do Macron mostrar que o discurso que usou faz parte, de fato, dele.

Aguardemos.

Por Jackson Vasconcelos

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Quem matou Marielle?

Ainda não se sabe. Tomara que se saiba logo, porque tudo indica que foi um crime por encomenda e quem encomendou um pode ter encomendado outros. Descobrindo-se o mandante do assassinato da Marielle evita-se novos crimes e, talvez, encontre-se o culpado para outros crimes ainda não solucionados.

Dizem que a primeira questão a se responder na investigação de um crime é: “A quem ele interessou? Quem ganhou com ele?”. Uma pergunta para a Delegacia de Homicídios. Eu me ocupo da política e de eleições. No meu campo é mais fácil saber quem, mesmo não desejando de modo algum o fato, tem tido bom resultado com ele.  

Marielle e, de carona, o motorista, deram à esquerda delirante uma chance enorme de se reorganizar. Uma oportunidade e tanto para ampliar a visibilidade e mobilizar, porque, no conjunto entrou o sistema Globo de TV, rádio, jornal e mídias sociais. O sistema carrega com peso e constrangimento a marca de uma vida inteira dedicada às causas do que chamam “direita brasileira”.

Hoje, dia 2 de abril, o jornal O Globo mostra no canto mais visível da primeira página uma foto do deputado Marcelo Freixo, desolado e postado ao lado de uma frase dele: “Senti meu peito rasgando”. Frase forte, do tipo, como eu me sinto.

A intenção é chamar o leitor para a coluna da Marina Caruso no Segundo Caderno. Lá estão três fotos do deputado:

Uma maior, no estilo de líder ativista. Com olhar fixo, olhos claros, barba de guerrilheiro, com jeito de alguém disposto a lutar pelo povo. Abaixo, está uma foto menor do deputado com a esposa; imagem que transmite o lado família. Na terceira foto, um pouco menor que as duas outras, finalmente, aparece a Marielle abraçando o deputado. A cena evidencia um momento de glória para ele e não para ela.

A entrevista só tem um objetivo: o glamour do deputado, ativista de esquerda, disposto a todos os sacrifícios pela causa. Evidentemente, não o de morrer. Por isso, ele anda com seguranças pagos pelo Estado e toma todos os cuidados do mundo para não ter o destino da Marielle.

Enfim, quem matou Marielle a gente não sabe, mas quem ganhou muito com a morte dela, não sem tem dúvida.

Por Jackson Vasconcelos

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Gil Castelo Branco e o Príncipe de Salina

Se você quer gente nova na Câmara dos Deputados, desista. É o que diz, de certo modo, Gil Castelo Branco, no artigo “A República de Lampedusa”, publicado no O Globo hoje. Gil dirige a Associação Contas Abertas, primeira experiência no Brasil de leitura correta das contas públicas. Ele escreve – e escreve bem – artigos para O Globo.

Gil Castelo Branco escreveu inspirado numa obra de Giuseppe di Lampedusa, Il Gattopardo (O Leopardo), para comentar dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), que preveem a reeleição de 70% dos deputados federais. Gil Castelo Branco relembra, da obra, a frase dita por Don Fabrízio Corbera, Príncipe de Salina: “Se quisermos que as coisas continuem como estão, as coisas precisam mudar”.

Gil relaciona alguns motivos para a baixa renovação. Numa mensagem ao Gil, por e-mail, acrescentei um: a competência exclusiva para indicar candidatos dada aos partidos políticos que são opacos e autoritários.

Na hora do voto, o eleitor que queira renovar não encontra o candidato ideal. Então, não vota. Sai pela abstenção, pelo voto branco e nulo. Na contagem final, prevalece a vontade dos eleitores adeptos da velha prática da troca do voto por dinheiro, favores e empregos na máquina pública. Uma minoria fora desse campo chega lá, mas isso não tem feito a menor diferença.

Por serem como são, os partidos não servem para quem queira ingressar na política.  Por isso, desde sempre, criam-se partidos novos. Brizola, por exemplo, preciso de ter um só pra ele. Lula, também. Fernando Henrique, Covas e Serra, idem. Marina, mais recente. E assim por diante.

Partido no Brasil tem dono e os donos, na maioria, não gostam de boa companhia.

Por Jackson Vasconcelos

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Eduardo, cara de mané

– E Maricá?
– Maricá! Tô ferrado lá. Tô bem não.
– Cê tá ferrado no Brasil todo.

O diálogo é a melhor parte do que aconteceu com o ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, em Campinas. Está num vídeo publicado na página do facebook da radical ativista Joice Hasselmann. Vale assistir.

Eduardo Paes, ao sair de um restaurante, é recebido pelas vaias e palavras agressivas de um grupo de mulheres que estão numa van: “Eduardo Paes, ladrão!”. Ao ouvir os gritos ele caminhou até a porta da van, com jeito assim de quem queria se explicar, de quem gostaria de ser simpático e mostrar disposição para encarar as críticas.

Percebe-se no vídeo que, no primeiro momento, as mulheres recuaram um pouco as críticas. Quando se deu o diálogo sobre Maricá, Eduardo não soube sustentar. Perdeu o rebolado, saiu de mansinho, com cara de mané. 

Se não sabia exatamente o que fazer, Eduardo não deveria ter ido na direção da turma. Uma atitude simples, humilde, talvez tivesse resolvido o problema e passado uma imagem melhor. Algo como:

– E Maricá?
– Já pedi perdão à turma de lá. E peço perdão a vocês se errei de alguma forma. Agora, roubar, amigas, não roubei. Um beijo no coração de vocês.

Mas, pra isso é preciso reconhecer na voz do povo a verdadeira voz de Deus. É fundamental ter a exata noção do que fazer, ainda de partir para fazer. Chama-se estratégia.

 

Eduardo Paes é hostilizado agora em Campinas. Marcela Valente e um grupo de ativistas recepciona o ex-prefeito do Rio com gritos de
LADRÃO!! Veja como o cara de pau reage…

Publicado por Joice Hasselmann em Quarta-feira, 14 de março de 2018

 

Por Jackson Vasconcelos