A rotina de dizer e desdizer pode ter uma dose de medo e covardia!
Escute o podcast #9 de Jackson Vasconcelos.
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A rotina de dizer e desdizer pode ter uma dose de medo e covardia!
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Paulo Guedes acertou em cheio, gente! O cara é mesmo muito bom. Tem feeling. Deu Parasita no Oscar de melhor filme.
Para tentar algum sucesso para o meu artigo semanal, serei parasita do Guedes e do Bong Joon-ho e tratarei hoje de uma espécie de parasita bem nacional: os donos dos partidos políticos.
Esse é o momento para tratar deles, porque fala-se muito por aqui em riscos para a democracia e no berço da mais significativa democracia do mundo, os partidos políticos estão na fase de definir, pelo voto dos filiados e eleitores, os candidatos que irão disputar a Presidência da República.
Por lá é assim que se dá o começo de uma disputa eleitoral. Por aqui, acontece de maneira diferente. Bem diferente! O dedo indicador dos donos dos partidos faz o serviço completo, sem debates, sem convenções e sem conversa. Eles enfiam goela abaixo dos eleitores os candidatos que querem.
Talvez, por isso, a democracia que temos seja ainda tão pobre quanto a família de quebrados espertos do filme que levou o Oscar.
Os donos dos partidos, principalmente, daqueles que têm representatividade para levar seus candidatos aos debates e aos melhores tempos de propaganda eleitoral na TV e no rádio, resolveram evitar uma surra parecida com a que levaram na eleição de 2018, quando nomes novos surpreenderam. Eles, então, neste momento, fecham as portas dos seus partidos para novas lideranças. É fácil perceber isso, quando a gente conversa com quem tem vontade de disputar a eleição para a prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo. E o mesmo movimento deve estar a ocorrer em outras praças pelo Brasil afora.
A atitude é um abuso, porque os partidos, apesar de terem donos, não são eles os que pagam a conta. Exceto em um, ela é resolvida por todos os contribuintes, entre eles, os que buscam espaço para ingressar na política ou crescer nela. A legislação brasileira não permite candidaturas avulsas e dá aos partidos o monopólio do registro de candidatos. Está posta, portanto, a camisa de força.
Desse jeito, os donos dos partidos sacrificam a democracia. Com eles, ela corre um risco bem maior do que com as declarações imbecis de quem sai por aí a falar no AI-5 ou de outras bobagens. Essa situação, posso lhes garantir, é um paradoxo dos tempos novos da política brasileira, porque, na época do generais ditadores, existiu nos partidos a escolha dos candidatos pelo voto dos filiados e com disputas acirradas. A história registra a escolha do Paulo Maluf como candidato à Presidência da República na convenção do PSD, quando ele derrotou, no voto, o candidato dos generais, Mário Andreazza. Sou desse tempo, gente. Eu estava lá.
Passados os generais, a prática continuou durante algum tempo. Em 1994, o PFL do Rio de Janeiro ficou dividido entre o apoio ao candidato a governador do PSDB, Marcello Alencar e uma candidatura própria, do engenheiro Roberto Procópio Lima Netto. Rubem Medina era o presidente do partido no estado. Houve uma disputa acirrada, numa convenção à qual compareceu, convocado pelo Lima Netto, um observador do TRE-RJ para garantir, não só a lisura da disputa, mas a isonomia das condições dadas às duas propostas.
Fala-se muito em reforma política. Precisamos mesmo dela, mas só se ela eliminar, de vez, os parasitas que estão entranhados nos partidos políticos. E isso deveria interessar a todos os que disputam o voto dos eleitores, aos da esquerda, do centro e da direita, porque do jeito que estamos caminhando, os eleitores têm resolvido pelo “não voto”, a dificuldade de encontrar nos pleitos os candidatos que gostariam. E, gente, há risco maior para a democracia do que uma eleição onde os escolhidos são eleitos pela minoria ou sempre pelo voto da rejeição e nunca da esperança.
É assim que tem sido. É só examinar os resultados das últimas eleições. Daqui a pouco todos deixaremos de votar, porque os nomes que nos apresentam são estupidamente ruins e não há partido por aqui que nos dê melhor escolha.
*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.
Por Jackson Vasconcelos
A reforma administrativa não sairá, mas se sair, que tal acabar com as funções vitalícias? Elas são um absurdo.
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Sofistica-se demais o conceito de administração pública e essa sofisticação produz obras, seminários, teses, dissertações, cursos de pós-graduação, MBA e outras causas nobres.
O conceito de administração pública é simples, complexa, talvez a aplicação e isso, quem sabe, explique toda a parafernália de escritos e ensinamentos.
A definição de administrador público é de um gerente que cuida dos recursos, patrimônios e dinheiro dos outros. Simples assim. Por honestidade e fidelidade deve aplicá-los onde o dono determina, onde ele deseja, caso contrário, com justiça, o administrador será considerado desonesto ou, no mínimo, um “mordomo infiel”, aquele citado por Jesus Cristo no livro de Mateus, 25, situação de boa lembrança, porque andamos a viver em um tempo em que os administradores públicos e políticos gabam-se de serem cristãos, especialmente, “terrivelmente” evangélicos. Falam com Deus e em nome dele operam, mesmo que ele, Deus, provavelmente, não os tenha autorizado.
Em Mateus 25, Jesus Cristo faz referência a um homem que, partindo para o exterior, chamou seus três servos e entregou-lhes os seus bens, a cada um segundo a sua capacidade de trabalho. A um, deu cinco talentos, a outro, dois e ao último, um. Diz o texto: “E tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois. Mas o que recebera um, foi e cavou a terra e escondeu o dinheiro do seu senhor”.
Algum tempo depois, o senhor daqueles servos retornou e pediu-lhes que lhe prestassem contas. Então, aproximou-se o que recebera cinco talentos e trouxe-lhe outros cinco talentos dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que consegui com eles. O mesmo fez o servo que recebera dois talentos e a cada um dos dois servos o senhor disse: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei.”
Em seguida, entrou em cena, aterrorizado com o que via, o servo que recebera um talento e avisou “escondi na terra o teu talento: aqui tens o que é teu”. O dono do talento perdeu a paciência. Perdeu a linha e disse: “Mau e negligente servo… Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com juros”. E avisou aos demais: “Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos”.
O que se pode dizer, com base na parábola, sobre a relação que há entre os contribuintes e os administradores públicos na nossa terra? Não caminhemos longe, não. Fiquemos mesmo na nossa terra, cidade e estado. Somente isso nos basta para entender a parábola. Quanto nos têm devolvido os administradores do dinheiro, patrimônio e recursos que lhes entregamos para administrar? Certamente, eles não nos têm devolvido sequer o valor absoluto. E se alguma coisa andam a entregar aos bancos, usam mal ou em proveito próprio até os juros. Ou não é essa a leitura fácil e justa do que temos visto no caso da Cedae, dos hospitais públicos, da condição das ruas, das escolas, dos transportes públicos e de todo o resto do patrimônio e do dinheiro que entregamos aos agentes do Estado?
O que se deve fazer diante desse caso? Que tal seguir o exemplo do senhor da parábola? “Tira-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos”. Como se faz isso? Nas urnas, minha gente.
Teremos daqui a pouco, um pouco mais, o início das campanhas para escolher prefeitos e vereadores. Que tal mandar para casa ou nem tirar de casa onde hoje se encontram, aqueles que no presente ou no passado detonaram nosso patrimônio e dinheiro, a ponto de até matar pessoas, algumas crianças ainda?
Tomara façamos isso, porque, se continuarmos a perdoar e dar nova chance aos perdulários, aos que debocham da vontade que temos de dar, nós mesmo, destino ao que é nosso, continuaremos a merecer os castigos que temos recebido.
E quando formos decidir, lembremos, que a esquerda adora Estados grandiosos, cheios de servos com poucos ou nenhum senhor.
Por Jackson Vasconcelos
*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.
Deste 1982 a favela é tema das campanhas no Rio, mas nunca houve solução! Por quê?
Esse é o assunto do podcast da semana de Jackson Vasconcelos.
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A Cedae é a bola da vez. A Geni. Quem tem espaço para se pronunciar sobre qualquer tema, nos últimos dias escolheu a Cedae. Eu também já fiz isso, num podcast, quando critiquei a comunicação do governo. No jornal O Globo deste domingo, Gustavo Franco deu ao assunto o sugestivo título de “Verão Chernobyl” e abriu o texto com um mal presságio: “O Rio de Janeiro está sofrendo mais um desastre, que pode não ter, até o momento, a gravidade de Brumadinho ou Chernobyl, mas não há dúvida que a dinâmica é parecida.”
Retorno ao tema agora sobre outro aspecto, o da administração pública e peço licença para um exemplo tirado da vida pessoal.
Ingressei no Banco do Brasil em 1985. Naquele tempo – não sei se a rotina permanece – quem assumia uma função de chefia, sentia-se obrigado a conversar com quem já estava no ambiente, para conhecer os problemas, o andamento dos projetos, as dificuldades e soluções já tentadas, porque, na empresa, quem chefiava não escolhia os chefiados. Eles eram selecionados num processo nacional de avaliação.
Então, sem diálogo com quem já estava no pedaço, um chefe não conseguiria trabalhar e, se tentasse, quebraria a cara.
Uma situação como a ocorrida com a Cedae pega um governador desprevenido, porque a rotina do serviço público não é a que conheci no Banco do Brasil. Quem assume uma função pública inicia a nova vida com duas prioridades: quem será nomeado para os cargos subordinados e que mirabolâncias deve fazer para ser visto e admirado, tudo isso vinculado diretamente ao objetivo fundamental: manter o poder e disputar novas funções.
Ora, o governador Wilson Witzel, inesperadamente, venceu a eleição para o Governo do Estado, que ele e todo mundo sabia ter vindo de administrações caóticas. Se tivesse, por um instante, parado para entender a importância e o peso da máquina que teria que governar, certamente, encontraria a Cedae, que fornece um bem essencial, fundamental, indispensável, à vida. Se Witzel e seus escolhidos tivessem sentado por algum tempo com a turma que estava lá na Cedae, certamente, teriam ouvido sobre os riscos da ocorrência que ele, meio assustado e um tanto apressado, tenta enfrentar agora, não para evitar prejuízos à população, mas para diminuí-los.
Fala-se muito em reforma administrativa, uma das agendas mais velhas do País. No centro está sempre o servidor público, para uns, um folgação irresponsável, para outros, um elemento desprezado, que precisa ser valorizado. Quando no centro de qualquer reforma do Estado Brasileiro estiver colocado o contribuinte, aquele que paga a conta, certamente, as reformas darão melhor resultado. E, uma das coisas que precisa mudar, com urgência, é a cultura de quem busca exercer a função pública, por voto ou por nomeação.
Quem chega precisa ouvir quem já estava no ambiente, antes de sair a espalhar demissões e encaixar apadrinhados e afilhados com base num projeto de poder que, com certeza, teria melhores resultados se a população fossem bem atendida.
A verdadeira reforma que o Brasil precisa, eu não duvido, é a da cultura, do modo como se deve tomar decisões.
Ouvir antes de agir é a melhor estratégia para sustentar um projeto político. Pode acreditar.
Por Jackson Vasconcelos
*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.
Os seis jornalistas do Roda Viva tentaram intrigar o Ministro Sergio Moro com o Presidente da República e convencê-lo de ser um constrangimento estar no governo do Jair Bolsonaro. Não conseguiram. Moro venceu.
Esse é o assunto do Podcast #6 de Jackson Vasconcelos.
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Os gastos do governo com a Cultura são uma ameaça ou oportunidade? Sem Goebbels, Roberto Alvim permaneceria no governo, apesar de todo o resto do tempo dele “à serviço da pátria” ter sido, para nós contribuintes, um amontoado de bobagens sem sentido. Algo bem dispendioso. A demissão dele chega a ser, portanto, um serviço prestado pelo monstruoso canalha genocida Joseph Goebbels. E a colaboração pode ser maior.
Seria bom dar ao caso Alvim outro destino, que não só o da informação sobre quem foi Goebbels ou de ser um motivo para acusar o ex-secretário de nazista como andam a fazer milhares. Até, porque, se sabe que ele não é.
Bom seria aproveitar o fato para pensar um pouco sobre a causa de se ter uma estrutura no Estado Brasileiro, custeada pelos contribuintes, só para cuidar da Cultura.
No Governo Federal, existe uma Secretaria Especial vinculada ao Ministério da Cidadania e já existiram Ministérios próprios. Nos estados há secretarias estaduais e nas cidades, de qualquer tamanho, congêneres municipais. Essas estruturas são chefiadas, normalmente, por artistas, intelectuais, ilustres acadêmicos e por qualquer um ou qualquer uma que tenha votos ou represente decisões de conveniência nos plenários dos respectivos parlamentos. O que faz e tem feito essa gente? Para que serve? Está aí uma pergunta de dificílima e complicada resposta. Eu diria até constrangedora, quando se vai para a prática.
O escritor Mário Vargas Llosa responde em “A Civilização do Espetáculo”, obra já citada por mim em outra oportunidade. No capítulo “Cultura, política e poder”, ele aponta duas direções: “Cultura não depende de política, em todo caso não deveria depender, embora isso seja inevitável nas ditaduras, principalmente as ideológicas ou religiosas, aquelas em que o regime se sente autorizado a ditar normas e estabelecer cânones dentro dos quais a vida cultural deve desenvolver-se, sob a vigilância do Estado empenhado em não permitir que ela se afaste da ortodoxia que serve de sustentáculo aos governantes” (Aqui se encaixa o discurso do Alvim).
“O resultado desse controle, como sabemos”, diz Vargas Llosa, “é a progressiva transformação da cultura em propaganda, ou seja, em sua degeneração por falta de originalidade, espontaneidade, espírito crítico e vontade de renovação e experimentação formal”.
Após dizer o que o Estado, numa democracia não deve ser com relação à Cultura, Vargas Llosa diz o papel que ele pode ter: “O Estado, sem reduzir a liberdade de criação e crítica, deve apoiar e propiciar atividades culturais – na preservação e promoção do patrimônio cultural, acima de tudo – como também porque a cultura deve exercer influência sobre a vida política, submetendo-a a uma contínua avaliação crítica e inculcando-lhe valores e formas que a impeçam de degradar-se…”.
A excitação que o caso Roberto Alvim provocou é a chance de se repensar os gastos que se tem com as estruturas de apoio à Cultura. Afinal, administrar as finanças de um Estado não pode e não deve ser só um ato de cuidar das receitas e despesas, mas também, e principalmente, de tornar eficazes os gastos e justificar o peso deles. O ato de gastar o dinheiro do contribuinte não pode ser uma ameaça ao dono do dinheiro, mas uma oportunidade fantástica de crescimento dele no seio de uma sociedade sadia. A isso se chama estratégia.
*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.
Por Jackson Vasconcelos
“Os consumidores de água da Cedae enlouquecem, enquanto os vendedores de água mineral enriquecem. E eu preciso saber: posso ou não posso, devo ou não devo beber a água que a Cedae me fornece?”
Escute o podcast da semana de Jackson Vasconcelos. Disponível também no Spotify no canal “Aqui Tudo É Política”.
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O presidente, os governadores e os prefeitos das capitais maiores, são eleitos pela maioria absoluta dos eleitores votantes. Os prefeitos das cidades menores, pela maioria simples. Então, devem eles governar para todos ou somente para aqueles que neles votaram? Certamente, a resposta será: para todos, indistintamente.
Mas, por que motivos eles fariam assim? Por consciência democrática? Por livre inspiração? Por obrigação funcional?
Pode ser, mas também pode ser que prefiram trabalhar exclusivamente para os que neles votaram. Neste caso como ficará o restante da sociedade? Porventura, ela será dispensada de pagar as despesas, de recolher impostos? Se assim fosse, quem sabe, não seria mais justo? Contudo, assim não pode ser.
Então, se todos pagam, porque só alguns, mesmo que formem a maioria, devem receber a atenção dos governantes? Não devem e não podem. Não é justo.
Para que todos os que pagam a conta sejam respeitados, há o Poder Legislativo, porque nele estão representados a maioria e as minorias, os que votaram no presidente, no governador e no prefeito e também os que não votaram. Se faltarem aos governantes, a consciência democrática, a livre inspiração ou a noção do dever funcional, lá deve estar o Poder Legislativo para obrigá-los a, pelo menos, respeitar as minorias.
Está aí colocada a melhor definição para a democracia, que tem sinônimos para todos os gostos, aplicando-se a filosofia, a sociologia, a ciência política, a ciência jurídica e palpites. O modo mais seguro de se identificar uma democracia é pela relação dos governos com as minorias.
Nos países parlamentaristas, para compor maiorias e governar, os governos precisam das minorias. Neles, quando o resultado das eleições não conduz a uma composição pelo menos razoável, a lei autoriza que o povo seja, novamente, convocado para decidir a parada. É no Parlamento que a questão se decide.
No Presidencialismo, espera-se que os governantes tenham maioria nos parlamentos, independente das composições. Quando isso não acontece, abre-se uma crise, que só será resolvida, no campo democrático, pelo diálogo entre a maioria e as minorias para composição dos interesses. Ou, pelo impeachment, experiência vasta na vida do povo brasileiro. Portanto, no Presidencialismo, os impasses são também resolvidos no Parlamento, só que de forma drástica, bem mais penosa para o povo.
Fora do campo democrático, faz-se o governo pela força ou pela compra dos votos no Parlamento. O Brasil conheceu os dois modelos.
No período dos generais, o Poder Executivo cassou mandatos até conseguir que seu partido, mesmo eleito numericamente menor, fosse transformado em maioria. Quando nem isso resolveu, os generais partiram para manipular as eleições e criar os mandatos sem voto.
Também conhecemos a formação de maiorias pela compra dos votos contrários e a história é recente o suficiente para dispensar comentários mais elaborados.
De tudo, sobra uma questão fundamental: no Presidencialismo há saída para os impasses sem o impeachment? É possível governar com o Presidencialismo? Plenamente possível, se a democracia for a pedra de esquina, a sustentação dos processos de decisão dos governos. E, democracia implica em política e a política em diálogo.
De todos os conceitos que ouvi e li sobre a política, escolhi aquele que a define como sendo a capacidade de solucionar conflitos de forma pacífica. A guerra é a exaustão da política.
O Brasil vive hoje uma circunstância edificante. Temos governos que gostam de governar exclusivamente para os seus apoiadores e temos parlamentos, onde as minorias estão representadas. Como encaixar tudo isso e fazer o país funcionar sem apelar para soluções drásticas? Pelo diálogo, pela capacidade de conversar, de ceder, de avançar sem violentar e sem exigir unanimidade. O Parlamento enquadrando o Poder Executivo para obrigá-lo a respeitar, pelo menos, respeitar e ouvir, as minorias.
A quem cabe o papel de fazer com que esse seja o método? Ao Poder Legislativo, aos parlamentos de todos os níveis. Que não se espere muito do Presidente e de governadores e prefeitos a disposição de atender aqueles que neles não votaram.
Por Jackson Vasconcelos
*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.