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Marqueteiros e ilusionistas

Você é um bom profissional de marketing, de comunicação ou ilusionista?  Se for, estará pronto para o momento, porque está aberta a temporada de caça aos profissionais de campanha. 

A personalidade do candidato que bater à sua porta ou receber de você um convite, dirá que expertise você precisa ter para atendê-lo. Os ilusionistas são os profissionais mais bem pagos deste mercado, e são disputadíssimos. Afinal, numa campanha eleitoral nem tudo que é, pode parecer ser, sob pena de se perder o jogo. 

Há um tipo de candidato que precisa de alguém bom de marketing, para fazer com que o discurso dele (peça essencial numa campanha) caminhe com o gestual, a indumentária, a postura no palco dos debates e da imprensa. Esse candidato tem a necessidade de se converter numa boa embalagem para aquilo que será utilizado no processo de convencer o eleitor. 

O marketing numa eleição não é instrumento de venda, mas de convencimento do eleitor do valor de uma marca ou de um candidato. A embalagem acelera o processo. 

A pirâmide de Brand Dynamics é uma ferramenta para avaliação de uma marca e perseguição de um valor para ela. O relacionamento é o fundamento. Na base, está o fraco relacionamento e no vértice, o forte relacionamento. O desenrolar é feito com os conceitos de presença, relevância, desempenho, vantagem e vínculo. Adaptei à política, os conceitos da pirâmide para usá-la nos projetos de marketing eleitoral:  

  1. Relacionamento: É a relação do candidato com o eleitor.
  2. Presença. O que sei sobre o candidato?
  3. Relevância: O que o candidato me oferece? 
  4. Desempenho: O candidato entrega o que me promete? 
  5. Vantagem: O candidato me oferece algo mais que os demais? 
  6. Vínculo: Estou plenamente identificado com ele. 

Para conseguir escalar esta pirâmide é preciso tempo de convivência do candidato com o eleitor. Aqueles que conseguem mais tempo de exposição positiva levam vantagem. Os que correm o risco de exposição negativa, devem, de bom juízo, manter-se escondidos o maior tempo possível, porque a pirâmide pode ser invertida com os conceitos negativos.

A turma de comunicação é fundamental numa campanha e tem candidato que precisa mais dela do que de gente do marketing. São candidatos capazes de compor e organizar boas propostas, mas intérpretes ruins. Então, alguém precisa ajudá-los nos arranjos, para dar às peças de comunicação: melodia, harmonia, ritmo e cor, também. Neste último quesito, a turma do marketing entra em campo. O processo acontece como se o candidato estivesse ditando um livro para um escriba e o livro precisasse de ilustrações e uma boa capa. O escriba está na comunicação, o pessoal de marketing no resto. 

Chegamos agora aos ilusionistas. Estes são profissionais que cobram caro e merecem o que cobram, porque são comunicadores, marqueteiros e mágicos. Sem a mágica, o jogo deles perde a graça. Assim como os mágicos não servem para entreter quem conhece seus truques. 

Os ilusionistas gastaram tempo e dinheiro para aprender o dom de iludir o cérebro humano. E isso vale muito, gente. Os ilusionistas sabem como chamar a atenção dos eleitores para atos e fatos que tenham o propósito único de esconder outros fatos e atos que, não escondidos, comprometem o resultado do jogo. Os eleitores são levados a ver o que, na verdade, não estão vendo, porque o que estão a ver ou não existe ou existe de outra forma. 

As miragens são campo fora do jogo dos ilusionistas, porque elas podem ser reveladas, quando quem as vê se aproxima delas. Elas são fenômenos da física óptica criados pela diferença de velocidade que a luz adquire em ambientes de propagação diversos. Quando você, no deserto, vê um oásis e se aproxima dele, descobre que, na verdade, a velocidade diferente da luz criou na sua retina uma imagem duplicada e como há sede em você e você sabe que a água funciona como espelho, você acreditou que ali existia água. O bom ilusionista opera tendo o eleitor perto ou o eleitor longe, porque cria ficção. 

Deixei pro final a arte do estrategista, que numa campanha tem o papel de ler corretamente que tipos de candidatos se tem, onde eles são frágeis e fortes e como as forças deles podem ser transformadas em fraquezas ou as fraquezas em fortaleza. Os profissionais de marketing de comunicação e até os ilusionistas definem o candidato. O estrategista define os adversários para saber como eles poderão ser vencidos. 

Boa semana para todos. 

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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MAIS BRASIL, MENOS BRASÍLIA!

Não gosto – já disse um milhão de vezes – do modo como funciona o Estado Brasileiro, porque ele faz de seus agentes reis absolutistas na relação com a população. O livre-arbítrio, dádiva divina entregue ao ser humano no momento da sua criação, aqui no Brasil lhe foi tomado pelos agentes do Estado Brasileiro. Eles sim, têm livre-arbítrio, para fazerem o que bem entenderem, exista lei ou quando não exista, eles sentem-se bem à vontade para criá-la. 

Na terça-feira, afirmei, novamente, o meu desgosto com o Estado, quando participei de uma entrevista com o deputado estadual Bruno Souza, de Santa Catarina. Ele propõe uma reforma no pacto entre a União e os estados, para que estes possam legislar sobre matérias que só cabem à União. 

A entrevista foi uma iniciativa do Boletim da Liberdade, e dela participaram Juliana Benício e Pedro Rafael. Aspásia Camargo, autoridade técnica e política no tema “Pacto Federativo”, nos deu a honra da assistência e opinou. A primeira vez que eu ouvi falar sobre um novo pacto federativo, com esse nome, foi numa palestra da Aspásia na Fundação Getúlio Vargas. Faz bastante tempo e para mim, portanto, ela é a autora do termo. 

A proposta de um “Pacto Federativo” entrou várias vezes na agenda do Congresso Nacional e todas as vezes teve efeito contrário às pretensões iniciais. No final do caminho, a União alarga os seus tentáculos. Essa queda de braço, sempre vencida pela União, vem de muito tempo. Mas, se ela nada produz a favor dos governadores ou dos prefeitos, menos ainda faz em benefício da população. 

No começo do governo Bolsonaro, o tema voltou abrigado num slogan: “Mais Brasil, Menos Brasília” e embrulhado num pacote onde estavam as propostas de reforma fiscal e reforma administrativa. A proposta de um novo pacto federativo estava na PEC 188. Dizia-se que havia chegado o tempo dos liberais. Em pouco tempo, viu-se que ainda não foi desta vez. 

O slogan “Mais Brasil, Menos Brasília” e as propostas apensadas a ele, assim como o projeto do deputado Bruno Souza, na verdade, transferem o poder das mãos de alguns agentes do Estado para os seus semelhantes nos estados e municípios. O povo continuará sempre onde esteve, à margem das decisões, detentor, unicamente, do direito de escolher quem o representa e, assim mesmo, na dependência da seleção prévia feita pelos partidos. 

Mas, uma repartição de poderes teria alguma vantagem sim, porque acabaria de uma vez com as emendas no orçamento da União, o mal cheiro delas e abriria para os estados uma competência legislativa conjunta com a União, situação que permitirá a criação de leis num ambiente mais próximo de onde vive o cidadão. 

Para defender o slogan e as propostas que fez e deixou morrer, o Ministro Paulo Guedes citou uma frase conhecida do liberal Lord Acton: “O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”. Foi a maneira que ele, Ministro, encontrou para dizer que o poder absoluto na União abre espaço mais largo à corrupção. Mas, será que pelo simples fato de descer o poder para as mãos dos governadores e prefeitos fará o risco diminuir? 

Ora, Lord Acton pensou a liberdade como um patrimônio do indivíduo e não do Estado, que não pode dela se apropriar a não ser com a concordância voluntária e livre do dono. Lord Acton entendeu que a política é o instrumento que tem o indivíduo para preservar a sua liberdade diante dos riscos de o Estado tomá-la. Por isso, a melhor frase dele, para o contexto, é  “ A liberdade não é um meio para atingir um fim político mais elevado’. A liberdade é o fim político mais elevado”. 

Há uma força jovem com a mesma compreensão do Lord Acton e isso é motivo de se ter esperança. Essa força jovem esteve representada na entrevista, pelo Bruno, Juliana, Pedro Rafael e pela turma do Boletim da Liberdade que organizou o encontro. 

Por Jackson Vasconcelos

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Chega de esmolas!

Já demos tempo demais aos socialistas. Tenho 10 perguntas para fazer a você, que me lê, para as quais tenho uma só resposta. Contudo, pode ser que você tenha outra ou outras mais. Quem sabe? 

Começo, então, o questionário: 

  1. Qual é o problema se existem 33 partidos políticos no Brasil ou se vierem a existir 330, 3.300 ou 33 mil se cada um deles for sustentado exclusivamente pelos filiados? 
  2. Que mal há no fato de a Justiça Eleitoral autorizar um pleito para, depois de realizado, anulá-lo e realizar outro, se quem tomou a decisão pagar as despesas ou assumir os prejuízos? 
  3. Você vê algum problema na anulação de processos judiciais já julgados em várias e repetidas instâncias, se quem deu causa aos prejuízos pagou por eles? 
  4. Que mal há no fato de a União ser o acionista majoritário de algumas empresas, como Petrobras, Correios, Eletrobras e um punhado de outras, num mercado aberto à concorrência para que os consumidores e usuários possam decidir que serviços ou produtos preferem? Que mal há se essas empresas, se vencidas pela concorrência, encerrarem suas atividades sem nenhuma frescura burocrática?
  5. Seria ruim ter mesmo programas como Bolsa Família ou outros auxílios assistenciais, que mudam de nome como o país muda de governo, se os beneficiados estivessem obrigados a assinar um contrato com prazo certo de vencimento? Situação que os obrigaria a não depender por muito tempo do dinheiro do resto da sociedade? 
  6. Que prejuízo poderia ter a sociedade brasileira com universidades e hospitais públicos se quem utiliza esses serviços e pode pagar, pagar por eles? 
  7. Haveria algum problema no fato de a União ter 608 mil servidores públicos se eles forem necessários pela  necessidade dos serviços que prestam à sociedade e competência com que fazem isso? 
  8. Qual é o problema se ter aposentadorias de valor alto ou valor baixo, se quem as recebe pagou por elas? 
  9. Você veria  algum problema no fato de ex-presidentes da república permanecerem com os salários, seguranças e outros cuidados se estivessem impedidos de exercerem outras atividades remuneradas e impedidos de voltarem à presidência? 
  10. Que problema nos poderiam causar as residências e carros oficiais se os usuários pagassem pelo privilégio? 

Eu estaria satisfeito se o Estado Brasileiro, seus agentes e quem depende deles estivessem sujeitos às condicionantes que coloquei em cada questão. E você? E se você concorda comigo, acredita que o que está dito aqui poderá ocorrer em algum momento na vida do País? Eu acredito. E como se fará isso acontecer? 

É preciso que no Congresso Nacional, tenhamos mais liberais do que socialistas. 

Para se ter idéia do desafio que isso representa, registro que ao longo da nossa história, essa conta sempre esteve e está a favor dos socialistas. Por isso, a agenda de problemas do povo brasileiro não se vence. Aquele problema que pensamos resolvido, volta logo ou a qualquer momento. Perdemos a noção dos direitos como cidadãos, para recebê-los como donativos, socorro ou ato de filantropia de quem está no poder. 

Se conseguirmos colocar no Congresso Nacional uma maioria de liberais, o Brasil será melhor, ainda que venha a ter um presidente que diz que é, mas nem sabe o que isso, exatamente representa; ou um presidente que finge que é, por pura esperteza ou, ainda, um presidente que não esconda que não é e abomina que seja. É no Congresso que a coisa acontece. 

Encerro o texto de hoje com uma frase apropriada que tirei do melhor livro que li (sem exagero) sobre as funções de um historiador: “A Apologia da História ou O Ofício do Historiador”. Vale ler. É de Marc Bloch. O livro cumpre o compromisso do autor de falar para todos e ter responsabilidade com a verdade e quando, não a encontrar plenamente, deve dela se aproximar com responsabilidade e respaldo nos fatos. 

Pois bem, Marc Bloch diz: “Da ignorância do passado, nasce fatalmente, a incompreensão do presente”.  Estejamos vocês certos de uma coisa: o socialismo não deu certo e já teve tempo suficiente entre nós para provar o contrário. É hora, portanto, de  não ignorar o passado, quando chegar a hora de votar. 

Boa semana para todos.

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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O discurso arrumado do Sérgio Moro

Para quem dedica seu tempo às campanhas eleitorais – meu caso – o discurso do ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro foi um fato relevante. Nele vi o reflexo de uma equipe de profissionais instruídos na escola americana de formar líderes políticos. Mas, sem dúvida, pessoas ainda não totalmente prontas para o ofício ou gente que carrega um candidato difícil de treinar. Afinal de contas, não se encontra um Kennedy ou um Obama em qualquer esquina do mundo. 

Por conta dessa consideração, obrigo-me a iniciar minha leitura pela imagem do ambiente, da plateia e do orador. O ambiente teve a intenção de tirar as cores da bandeira e a própria bandeira nacional das mãos do adversário Jair Bolsonaro. Coisa bem bolada, porque o outro adversário já não poderia mais fazê-lo. Neste ponto, já se anuncia a estratégia de substituir Jair Bolsonaro na disputa com Lula. O discurso, na íntegra, mostrou o propósito. Comentarei adiante. 

A plateia estava bem posicionada e organizada de forma que os treinados puxadores de aplausos ficassem bem colocados e com conhecimento dos movimentos do maestro orador, Sérgio Moro. Embora ele não estivesse confortável com as pausas para aplauso, a plateia treinada entendia o recado. 

O orador, vestido com trajes de um dedicado servidor público ao fim de um dia cansativo de trabalho, funcionou como um robô com pilhas fracas, que fizeram com que, algumas vezes, os braços e as mãos dele não acompanhassem a voz e os olhares para os teleprompters posicionados nas laterais, se perdessem um pouco. As frases de efeito, do tipo, “nenhum cargo vale a alma”, ou “continuar como ministro seria apenas uma farsa” ou, ainda, “tenho família para cuidar”, e mais, “Há brasileiros passando fome. Isso dói em todos nós”, surgiram no texto sem a alma do orador. Deu pro gasto. 

Bem, sigamos para o texto, que buscou, como iniciei dizer, bater forte no Lula e no PT para ocupar o lugar ocupado até aqui pelo adversário Bolsonaro. E fazendo isso, cutucando alguns eleitores do Lula. Uma estratégia que confirma o que eu tenho dito à exaustão: não há terceira via. Quem quiser vencer a eleição presidencial, que ocupe um dos pólos, porque não há eleição em três turnos. 

Sérgio Moro está treinado para expulsar Bolsonaro e buscar os eleitores dele, os atuais e os aborrecidos. Para alcançar o objetivo na arrancada, ele ridicularizou o chavão que marcou os discursos do Lula na presidência: “Nunca antes na história deste país”. Sérgio Moro fez uso dele para referir-se aos saques à Petrobrás, mas criou para si algo bem parecido quando, referindo-se a si próprio declarou: “Ninguém combateu o crime organizado de forma mais vigorosa do que o Ministério da Justiça na nossa gestão”. Eita! 

A leitura do currículo pessoal não dispensou a vaidade e o voluntarismo. Os plurais foram os da “modéstia”, aqueles utilizados pelos arrogantes para uso da imagem de modestos. O “nós”, sem a identificação do outro, quer dizer “eu”. Simples assim. 

Enfim, nada de novo no discurso, nada de novo na apresentação, nada de novo que possa interessar a quem, de fato, acredite que o Estado Brasileiro precisa mudar a ponto de levar seus agentes à compreensão de que não prestam favores nem merecem cultos à própria personalidade. O Estado e seus agentes existem para garantir os direitos que a cidadania por si própria conquistou. 

Boa semana para todos. 

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Felipe d’Ávila com a palavra!

O que eu espero ouvir de um candidato a Presidente pelo Partido Novo? Algo que ele ainda não disse e nenhum outro candidato a presidente também não. Explicarei após uma pequena introdução. 

Estou filiado ao Partido Novo pelo mesmo motivo que, durante muito tempo, fui filiado ao Partido da Frente Liberal e nele militei. Ingressei no PFL, com 36 anos de idade, logo no nascedouro do partido, em 1985. A ele fui levado pelo ex-deputado federal, hoje um grande amigo, Rubem Medina, que me apresentou Marco Maciel, um liberal de fato. 

Marco, falecido há pouco tempo, criou os Cadernos Liberais, publicados pelo partido e eles foram as minhas primeiras cartilhas sobre o liberalismo. Em seguida, li José Guilherme Merquior e desembestei a ler o que encontrei no caminho sobre o tema. 

O PFL foi destruído quando os clãs Maia e Bornhausen resolveram tomá-lo exclusivamente para eles. Tiveram, pelo menos, o escrúpulo de trocar o nome do partido para dar um aviso aos liberais: “Agora somos, tão somente, Democratas”. Em pouco tempo, a democracia de fachada fez com que o desejo dos Maias prevalecesse sobre os dos Bornhausen. E, no conjunto, surgiu uma nova época em todos os partidos, com a exclusão do poder de decisão dos filiados. 

A minha compreensão sobre o papel do Estado Brasileiro me levou às opções pelo PFL e, recentemente, pelo NOVO. Eu diria até que a minha repugnância ao Estado Brasileiro como ele é e como funciona impulsionou a minha decisão. 

Por concurso público, fui colocado durante boa parte da minha vida no corpo do Estado Brasileiro e lá aprendi como ele é. Nada nele funciona adequadamente e na proporção do que seus agentes recebem para cumprir com a sociedade as tarefas que ela espera e pelas quais paga regiamente. 

Fugi das cadeiras do Estado Brasileiro em 1999. Nelas ou nada se faz ou se apanha muito daqueles que dividem o ambiente com você, pelo que você tenta fazer. Eis aí a causa dos processos aos montes que incomodam e queimam o patrimônio pessoal e a imagem de quem se aventura a, simplesmente, trabalhar para fazer jus ao que ganha. 

As carreiras mais brilhantes no setor público, são as ociosas, porque são levadas com calma ao sabor dos ventos e das promoções automáticas. Bajular o poder do momento faz parte do manual de normas de sobrevivência. 

Mas, eu goste ou não dele e defenda que ele poderia ser melhor e menos pesado, o Estado Brasileiro existe, porque precisa existir. Afinal, ele é uma delegação da sociedade para que ela possa fugir da barbárie, um ambiente onde não há leis e cada um vai por si mesmo. Um mundo onde o mais forte e mais rico, engole o fraco e o pobre. 

Portanto, se o Estado é necessário, que seja, então, eficiente pelo menos naquilo que nenhuma estrutura privada possa agir sem levar a sociedade à barbárie: a segurança pública. Sobre isso, cito o deputado Max Weber – isso mesmo, o brilhante sociólogo, foi deputado. Imagina! Disse ele na famosa Conferência “A política como vocação”, proferida em Munique, pouco antes de morrer: “Se não existissem instituições sociais que conhecessem o uso da violência, então, o conceito de Estado seria eliminado e surgiria uma situação que poderíamos designar como anarquia. Hoje, as relações entre o Estado e a violência são especialmente íntimas. O Estado é uma comunidade humana, que pretende com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um determinado território. O Estado é considerado como a única fonte do direito de usar a violência”. 

Portanto, só ao Estado é possível garantir a segurança pública. Eis aí o assunto que eu gostaria de ver tratado pelo candidato a Presidente do meu partido. O que pretende ele fazer com a situação de absoluta insegurança que há na sociedade brasileira e em especial, no Estado do Rio de Janeiro ? O que pensa ele sobre a posição assumida pelo atual presidente da república de transferir para o cidadão, o cuidado com a própria segurança, tendo armas na cintura e espingardas e fuzis em casa? Sobre o que pensa Felipe d’Ávila e o meu partido sobre um punhado de assuntos, eu sei. Mas, sobre segurança pública, ainda não se falou. 

Os demais presidentes brasileiros, antes de Jair Bolsonaro, empurraram a atribuição para os governadores, com o argumento de ser um assunto que a Constituição Federal mandou tratar com eles. Papo furado. Os presidentes não sabem  o que fazer com o problema e evitam o desgaste que a falta de solução produz.  

Se assim é, então que desistam do desejo de governar e até mesmo da política, que Max Weber definiu com propriedade: 

“A política é como a perfuração lenta de tábuas duras. Exige tanto paixão, como perspectiva. O ser humano não teria alcançado o possível se repetidas vezes não tivesse tentado o impossível. Mas, para isso, o ser humano deveria ser um líder, mas não apenas um líder, mas também um herói, no sentido muito sóbrio da palavra. E mesmo os que não são líderes nem heróis devem armar-se com a fortaleza de coração que pode enfrentar até mesmo o desmoronar de toda a esperança”.

Boa semana para vocês. 

Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos