Publicado em Deixe um comentário

Insensibilidade! Não tem outro nome

Mara Gabrilli assinando projeto de lei de inclusão deficiente (Foto: Luiz Alves)

A deputada Mara Gabrilli está nas Amarelas da VEJA. Ela tem marcado a política com exemplos de atitudes firmes contra o PT, tendo como pano de fundo o assassinato do ex-prefeito Celso Daniel.

A entrevista fez emergir, além das qualidades da entrevistada, duas situações opostas no campo da sensibilidade. Uma positiva: a da entrevistadora, Marcela Mattos, que aproveitou em favor dos leitores, as qualidades da entrevistada. Outra negativa: do presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Rodrigo Maia.

O fato está na resposta da deputada Mara Gabrilli sobre a maneira como ela enfrenta o dia-dia no Congresso Nacional sendo tetraplégica. Ela respondeu: “Enfrento os desafios comuns a todos os deficientes. Meu gabinete é muito longe, e não dá para ir e voltar porque corro o risco de perder as votações. Então fico vagando pelo Salão Verde. É desagradável. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, me disse que vão desmontar uma agência bancária que fica próximo do plenário para transferir meu gabinete para lá”.

Precisa dizer mais sobre a insensibilidade do Presidente Rodrigo Maia? Eu conheço o prédio da Câmara dos Deputados. Em volta do plenário há “n” gabinetes administrativos, cheios de burocratas que mal cumprem o horário de trabalho. Existe também o gabinete do próprio presidente, um latifúndio criado para cultuar a burocracia.

Por que diabos a deputada precisaria esperar a desativação de uma agência bancária, para exercer o mandato com um pouco mais de conforto e dignidade?

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

Esse Dória…

Julgue você mesmo. A Revista Veja promoveu entrevistas com várias personalidades em um teatro em São Paulo, num projeto que chamou de “Amarelas ao Vivo”. Na edição desta semana, a revista fez um compilado das perguntas e respostas do encontro. Destaco duas respostas do prefeito João Dória.

Na primeira, ele afirmou: “Aliás, quero dizer uma coisa: eu sou tucano, mas não ando em cima do muro. As minhas posições são claras, ou é sim ou é não”.

Palmas!!!

Mas, em seguida, ao ser perguntado se seria candidato a presidente, o que fez o Dória? Ficou em cima do muro.

“Nunca me apresentei como pré-candidato a presidente da República. Não sou eu que falo ou peço às sondagens que me incluam nesse contexto. Entendo que o Brasil precisa de uma candidatura de centro. Entendo que o Brasil precisa ir para a frente. Estarei apoiando essa corrente…”.

Já tem algum tempo, no auge das travessuras do prefeito Dória, que eu avisei que esse cara teria voo curto. Ta aí!

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

LULA x JAIR

O Datafolha publicou mais uma pesquisa para a disputa pela Presidência da República. Destacam-se Lula e Jair Bolsonaro. Não sou adepto de analisar pesquisas para eleições distantes do momento em que eleitor entra no ambiente, pois elas pouco dizem sobre o que acontecerá na época da disputa para valer. Mas, em se tratando de Lula e Jair, quero a oportunidade para colocar um tema à reflexão. A democracia.

O que seria o governo do Jair Bolsonaro, um reacionário, que tem a simpatia das Forças Armadas, numa época em que tem gente do povo – e não pouca gente – a pedir que os generais voltem a cuidar da política? Vale o risco de se ter no Brasil um Hugo Chavez?

Outro exercício bom será imaginar o que seria o governo – o terceiro – do Lula, um sujeito que se acredita credor da morte da esposa e de injustiças cometidas contra ele e contra o partido dele.

Sobre Bolsonaro, podemos dizer que ele fará exatamente aquilo que se espera dele. Será um presidente reacionário que, em todas as vezes que for contrariado, correrá para os amigos de farda. Já sobre Lula, nada podemos dizer, porque dele pode-se esperar tudo. Ele pode até ser o presidente que deixará o passado no passado. Quem sabe?

Boa notícia nesse momento é que as pesquisas feitas agora de nada valem para definir a disputa. Tudo mudará quando o povo entrar em campo, pra melhor ou pior. Mas, certamente, mudará.

Quem decide eleições são campanhas. Enquanto elas não começam, cada um pode dar o palpite que quiser.

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

Roberto e Cássio

Li  o livro “Roberto Jefferson, o homem que abalou a República”, do jornalista Cássio Bruno. Li num salto só. Expectador privilegiado, passei por quase todos os episódios citados pelo Cássio. Gostei da obra. Ela é bem escrita. Em algumas passagens detalha demais, impressão talvez só para os que, como eu, acompanharam boa parte das cenas e das histórias relatadas na época em que ocorreram. Mas, são informações consistentes e, certamente, necessárias para os menos informados.   

Cássio passeia por algumas CPIs por onde andou o ex-deputado Roberto Jefferson. Nenhuma CPI, no entanto, teve significado maior para as decisões que tiraram o mandato e prenderam o personagem de Cássio Bruno, do que a CPMI dos Correios.

Embora outra recebesse o apelido de “CPI do Fim do Mundo”, a CPMI dos Correios deu o tranco na política que empurra o processo até hoje, Lava-Jato a dentro.     

Outra qualidade da obra é a proeminência da veia de pesquisador como qualidade adicional de alguém tido por mim por muito tempo só como excepcional jornalista.

Cássio Bruno construiu uma linha histórica impecável, sem deixar passar para as letras a sua opinião a respeito do personagem, atitude difícil para os jornalistas-repórteres, principalmente nestes tempos de repórteres de forte ideologia.  

Os depoimentos e documentos mostrados no livro prestam um serviço à história do Brasil, porque não deixam dúvidas sobre o papel do ex-deputado Roberto Jefferson na política desde o momento em que nela ingressou e nos episódios mais intensos que relata. Ele não é e nunca foi herói. Esteve sempre como aproveitador das janelas que a política oferecia para a carreira política pessoal.

As denúncias dele sobre o governo do PT não foram atos de patriotismo nem de preocupação com o Brasil ou com o combate à corrupção. Muito menos, atitudes de coragem. Elas alimentaram-se numa briga pela partilha do dinheiro público, para financiar interesses privados.

Contrariado na briga pelos interesses próprios, Jefferson reagiu. Achou que não precisaria ir muito longe até que o governo cedesse. Contudo, o governo não cedeu, porque tinha propósitos de caráter idêntico. Jefferson e governo não perceberam que já estava em andamento, na sociedade, um processo de mudança, de perda e substituição das penas como acontece com as aves. Um e outro quebraram a cara.   

Cássio Bruno, para entregar aos leitores um retrato de corpo inteiro dos meios e modos adotados pela política nacional, um retrato ainda não apagado totalmente, usou como roteiro a história de um personagem que se tornou nacional.  

No livro estão expostas as feridas de um sistema que não são exclusivamente do Congresso Nacional. Estão nos partidos, que não se importam de acomodarem bandidos condenados, e na legislação penal, que, como mágica, faz uma sentença de sete anos ser dada por cumprida em apenas dois anos e pouco mais.

No capítulo final do livro, “Final Feliz”, Jefferson na saída do presídio declarou: “Está paga. Está paga. Está paga a pena”. Brota das letras algo como “Saiu barato”.

Renato Russo seria um excepcional prefaciador do livro do Cássio Bruno, para nos dar alguma esperança de, mesmo com as resistências de um sistema político completamente corrompido, acreditarmos num amanhã melhor:

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem

Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!

Por Jackson Vasconcelos

Foto: Alessandro Costa

Publicado em Deixe um comentário

É possível um Macron brasileiro?

A VEJA na edição de 8 de novembro apresentou Guillaume Liegey ao Brasil, estrategista de campanha do Presidente da França, Emmanuel Macron. Eu já deveria ter comentado. Mas, antes tarde que nunca. Estou atrasado, porque o esforço de sobrevivência toma tempo, no mais das vezes, tempo que eu gostaria de gastar escrevendo.

VEJA deu título à uma afirmativa: “É possível um Macron brasileiro”. De fato é, mas não só pelos motivos todos que Liegey indicou na entrevista. Ele fala de uma campanha feita de casa em casa, por voluntários, lembra que fazer isso no Brasil não é fácil, pela dimensão do país e pela desigualdade social. Mas, indica a possibilidade de se criar um sistema em que se possam ouvir as pessoas, levando em conta a opinião delas na hora de fazer campanha.

Liegey caminhou um pouco mais e entrou no campo delicado no Brasil, do financiamento das campanhas e voltou aos voluntários, para se ter as pessoas físicas financiando campanhas. Depois discorreu sobre candidaturas extremistas e populistas para dizer que não há vacinas contra elas. Perguntado sobre a vacina aplicada pelo Macron, Liegey afirmou: “Macron entendeu que a oportunidade para uma visão moderada se abria e juntou um pequeno time que, até então, ninguém julgava capaz de crescer a ponto de chegar à Presidência em um ano. Usamos a tecnologia e a abordagem de porta em porta de forma eficiente”, e completou:

“Na vitória de Macron, talvez tenha sido exatamente isso que o colocou em primeiro e não em segundo lugar…”.

Corri a entrevista completa, que termina com o aproveitamento do espaço por Liegey, para avisar aos candidatos no Brasil que ele está disponível e com um case de sucesso no currículo. Mas, não encontrei o principal motivo da vitória do Macron: a saída de seu principal adversário do páreo. Fillion chegou a ser o favorito com uma distância grande do segundo colocado, mas decepcionou o eleitor com uma atitude que se chocou com a imagem vendida por ele.

Sobre o derretimento de Fillion, comentei num post publicado no dia 5 de fevereiro, com o título “Não me engane, eu não gosto”. https://www.aquitudoepolitica.com.br/nao-me-engane-eu-nao-gosto/
Volto, então, à manchete da entrevista da VEJA com Liegey: “É possível um Macron Brasileiro”. De fato é, porque o que não falta por aqui é político parecido com Fillion, que pode ser desmascarado a qualquer momento.

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

“Eleições na era da mentira”

Eleições são resultados de campanhas, que deveriam ter liberdade de expressão. No Brasil, não têm, porque a Justiça Eleitoral, invenção nacional, castra a liberdade dos candidatos com base numa legislação confusa e paranóica, interpretada com absoluta casualidade pelos juízes.

A revista Época comentou sobre mentiras e eleições, o estudo “Eleições 2018 – Perspectivas da comunicação organizacional”, do professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Paulo Nassar e do Diretor-Geral da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), Hamilton dos Santos. Em pauta a disputa entre mídias digitais e imprensa tradicional frente às notícias falsas, “fakes news”, algo que se deseja vender como novo, como modismo do século XXI.

Mas, desde sempre há mentiras nas campanhas, nas eleições na imprensa. Mentiras que produzem votos e resultados. A causa disso? É simples. O ser humano. Somos, por natureza, amantes da mentira, das fantasias, dos causos.

Façamos uma visita à obra de Lira Neto sobre Getúlio. São três volumes. Neles há, de sobra, exemplos de mentiras, campanhas e imprensa nisso tudo. Busquemos dois casos situados no terceiro volume. Um sobre Getúlio e outro sobre a famosa história do candidato Eduardo Gomes, o Brigadeiro, que deu nome ao doce. Eleições presidenciais de 1945. Em termos literais:

“O nível do debate político despencou alguns degraus quando os partidários de Eduardo Gomes começaram a protestar contra o lançamento da candidatura de Getúlio Vargas à Constituinte. Os jornais do Rio de Janeiro chegaram a anunciar, em manchete, que o ex-presidente seria chamado a depor, como réu, no Tribunal de Nuremberg – o conselho internacional então recém-criado pelas potências aliadas para julgar os nazifascistas denunciados como criminosos de guerra. Quando o porta-voz da representação britânica contradisse a informação em Londres, o desmentido foi publicado em notinhas tímidas nas páginas internas: “Não foi denunciado o ex-presidente Vargas”, corrigiu-se A Manhã, em notícia de apenas sete linhas”.

Eduardo Gomes e os marmiteiros.

“Para se contrapor à artilharia, Hugo Borghi, aliado de Getúlio, voltou à cena, dessa vez para criar um factóide que entraria para os anais do folclore político nacional. Em discurso realizado no elegante Teatro Municipal do Rio de Janeiro, falando para uma seleta platéia de encasacados, Eduardo Gomes afirmara que, para se eleger presidente da República, não precisaria contar com os votos “desta malta de desocupados que andam por aí”, referindo-se aos getulistas de todos os matizes. Borghi consultou os verbetes do Novo dicionário da língua portuguesas do filólogo Cândido Figueiredo e constatou que o termo “malta” era sinônimo de Reunião de gente de baixa condição. Súcia. Caterva. Reunião de trabalhadores, que se transportam juntamente, de um para outro lugar, em procura de trabalhos agrícolas”. Borghi, que era dono de várias emissoras de rádio, passou a propagar nos seus microfones a versão de que o brigadeiro teria dito não precisar do voto dos “marmiteiros” – ou seja, dos operários e trabalhadores”.

“Mar-mi-tei-ros? Mas o que é isso?”, estranhou Eduardo Gomes quando um jornalista lhe telefonou para saber se confirmava o teor da declaração. “Quem pode crer em semelhante tolice?”, se perguntou Eduardo Gomes.

Carlos Lacerda, que sabia como ninguém o poder de uma potoca bem contada, procurou Eduardo Gomes para convencê-lo a tentar minar o boato ainda no nascedouro:

Brigadeiro, o senhor tem que fazer um novo discurso, hoje, desmentindo essa história. Mas, veja bem, tem que ser hoje!”.

– Procure o Prado Kelly, converse com ele. Encaminhou, Eduardo Gomes o assunto para um dos seus coordenadores de campanha, o jurista Eduardo Prado Kelly.

Alertado, Prado Kelly, respondeu:

– Mas, Carlos, isso não tem nenhuma importância. O povo não vai acreditar nisso…Imagine!

Carlos Lacerda retrucou:

– Kelly, você não sabe o que é o poder do rádio; o que é o poder da comunicação!

Não convencido, Carlos Lacerda foi ao articulador da campanha, José Américo de Almeida, que respondeu:

– Realmente, isso é grave. Mas já está marcado outro comício no largo da Carioca, daqui a alguns dias. Lá eu respondo isso. Lá, eu acabo com isso de uma vez por todas.

Carlos Lacerda ponderou:

– Dr. José Américo, daqui a alguns dias o Brasil inteiro estará convencido de que essa história é verdadeira.

Uma excepcional história para mostrar que essa coisa de mentiras, campanhas e eleições não é nova. A novidade é a substituição do boato no pé do ouvido pelo boato no dedo de teclar.

No caso do Eduardo Gomes, não deu outra. Poucas horas após os alertas não correspondidos de Carlos Lacerda, “marmiteiro” virou bordão nacional e deu origem a um personagem de charges políticas, o Zé Marmiteiro, do cartunista José Nelo Lorenzon.  Até marchinha de carnaval surgiu com a história do marmiteiro. E as chances do Eduardo Gomes foram par ao vinagre.

Publicado em Deixe um comentário

Parlamento Voto Zero

Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso, ministros do Supremo Tribunal Federal enfrentaram-se no plenário do Tribunal desta quinta-feira, 26. O teor do embate não foram teses jurídicas nem conteúdos de processos. Os ministros fizeram acusações mútuas, ferinas, audaciosas, irônicas, coisa comum aos parlamentos e nunca aos tribunais.

Tomei conhecimento do acontecido ao assistir o Jornal das Dez da Globonews, onde Lobo, Camarote e Lo Prete, assumem posição também parlamentar, de oposição ao governo, ao Presidente da República e aos políticos da situação.

Minha conclusão: essa gente que diz detestar a política e os parlamentos, na verdade, tem dor de cotovelo e usa a visibilidade para cumprir o papel que cabe melhor aos políticos de profissão.

Abaixo, a discussão entre os dois ministros:


Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

“Não há regra na eleição americana”

“Não há regra na eleição americana”, traduziu Camila Zarur, das palavras que ouviu do correspondente da revista “The New Yorker”, Ryan Lizza. A entrevista está na página 2 do O Globo de quarta-feira, 18 de outubro.

Ryan faz considerações sobre a campanha e eleição de Donald Trump. Ele mostra que resultado inesperado derrubou um velho costume, uma regra, das eleições americanas. Daí, a manchete.

Diz ele: “Em geral, o que acontecia era que candidatos como Trump nunca iam muito longe. Eles podiam até ganhar força e conquistar o coração de uma parte do partido durante as primárias. Mas, em algum ponto, não aguentavam a pressão e sumiam”.

Pode ser, mas, a eleição do Trump, se derrubou uma antiga regra as campanhas eleitorais americanas, confirmou uma antiga norma essencial para estabelecer a estratégia, que vale para qualquer eleição em qualquer lugar do mundo: nunca subestime ou superestime os adversários.

A íntegra da entrevista com Ryan está AQUI. No meu canal do youtube, e abaixo, compartilho vídeos sobre o tema.

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

Rousseau deu o toque!

Quero ficar no campo da comunicação política, mas gastemos um pedacinho de tempo com a filosofia, com a ciência política, para fazer um paralelo com o tema que desejo enfrentar. Jean Jacques Rousseau escreveu o Contrato Social. Para ele, as vontades individuais, os desejos de cada indivíduo, se somam e estão sintetizados numa “vontade geral”. Essa “vontade geral” subordina as vontades individuais. O conceito de “vontade geral” é soberano e, por isso, pode invadir a liberdade de cada um de nós. A “vontade geral” desconhece a vontade individual, das minorias, por exemplo. Hayek discordou. Chamou a Vontade Geral de fraude intelectual.

A comunicação política pode se servir do conceito de “vontade geral”. Quando um candidato busca o voto, ele precisa encontrar um ponto no discurso, que sintetize o desejo de todos os eleitores. Não é exercício fácil. Imagine o trabalho que é convencer, por exemplo, 20, 30, 50, 100 mil eleitores, que vivem vidas diferentes, enfrentam problemas semelhantes, mas nunca iguais.

E quando se está diante de milhões de eleitores? O que pensa cada um? Qual a vontade de cada um? Que discurso cada um está disposto a ouvir e “comprar”?

Por Jackson Vasconcelos