A VEJA na edição de 8 de novembro apresentou Guillaume Liegey ao Brasil, estrategista de campanha do Presidente da França, Emmanuel Macron. Eu já deveria ter comentado. Mas, antes tarde que nunca. Estou atrasado, porque o esforço de sobrevivência toma tempo, no mais das vezes, tempo que eu gostaria de gastar escrevendo.
VEJA deu título à uma afirmativa: “É possível um Macron brasileiro”. De fato é, mas não só pelos motivos todos que Liegey indicou na entrevista. Ele fala de uma campanha feita de casa em casa, por voluntários, lembra que fazer isso no Brasil não é fácil, pela dimensão do país e pela desigualdade social. Mas, indica a possibilidade de se criar um sistema em que se possam ouvir as pessoas, levando em conta a opinião delas na hora de fazer campanha.
Liegey caminhou um pouco mais e entrou no campo delicado no Brasil, do financiamento das campanhas e voltou aos voluntários, para se ter as pessoas físicas financiando campanhas. Depois discorreu sobre candidaturas extremistas e populistas para dizer que não há vacinas contra elas. Perguntado sobre a vacina aplicada pelo Macron, Liegey afirmou: “Macron entendeu que a oportunidade para uma visão moderada se abria e juntou um pequeno time que, até então, ninguém julgava capaz de crescer a ponto de chegar à Presidência em um ano. Usamos a tecnologia e a abordagem de porta em porta de forma eficiente”, e completou:
“Na vitória de Macron, talvez tenha sido exatamente isso que o colocou em primeiro e não em segundo lugar…”.
Corri a entrevista completa, que termina com o aproveitamento do espaço por Liegey, para avisar aos candidatos no Brasil que ele está disponível e com um case de sucesso no currículo. Mas, não encontrei o principal motivo da vitória do Macron: a saída de seu principal adversário do páreo. Fillion chegou a ser o favorito com uma distância grande do segundo colocado, mas decepcionou o eleitor com uma atitude que se chocou com a imagem vendida por ele.
Sobre o derretimento de Fillion, comentei num post publicado no dia 5 de fevereiro, com o título “Não me engane, eu não gosto”. https://www.aquitudoepolitica.com.br/nao-me-engane-eu-nao-gosto/
Volto, então, à manchete da entrevista da VEJA com Liegey: “É possível um Macron Brasileiro”. De fato é, porque o que não falta por aqui é político parecido com Fillion, que pode ser desmascarado a qualquer momento.
Por Jackson Vasconcelos