Publicado em Deixe um comentário

Redes sociais e a conversa fiada

Entrevista do Estadão com Marcos Facó (clique para ampliar)

O Estadão entrevistou Marcos Facó, especialista em Marketing Digital pela Universidade de Harvard, um centro que acende o coração e abre os bolsos dos candidatos no Brasil. O objetivo da entrevista está no título: “Redes sociais não têm o poder de eleger ninguém”. Tirando o fato de que o certo a escrever seria, “Redes sociais não têm o poder de eleger alguém”, a entrevista dá um bom recado, mas não o melhor.

A entrevista destrincha o veículo, sem abordar muito o conteúdo, a não ser quando alerta que a comunicação pelas redes só produz resultados quando acontece nos extremos.

“Tudo parte do amor ou do ódio. Quem está no meio, quem se manifesta num nível mais profundo de discussão, pouco participa desse debate. O barulho é de quem ama ou odeia, quem defende ou ataca. O marketing político é incipiente no digital. Na TV, é mais simples e funciona”.

Esse é o bom recado. O melhor Marcos Facó não deu. Deixou pra mim. Então, lá vou eu: Nada, rigorosamente, nada, substitui o candidato no poder de vencer eleições. As redes, TV, rádio, jornal, folhetim, santinho, cartazes e seja lá mais o que for, tudo isso é veículo. Sem conteúdo, o veículo de nada serve. Com bom conteúdo até papo no bar da esquina pode eleger.

E qual o melhor conteúdo? É o candidato. Ele peça essencial numa campanha, porque é conteúdo e é, ao mesmo tempo, veículo. Todo o resto funciona para levar o candidato até o eleitor numa linha que converta simpatia em voto.

O que diz um candidato, o modo como ele diz e o jeito como acredita no que diz deve estar representado pela voz, pela qualidade da fala, pelo que veste e, principalmente, pelo que faz na vida diária. Esse conjunto forma a equação da vitória e da derrota. Simples assim.

Mas, vale ler as lições de Marco Facó. Ele não deixa dúvidas sobre pontos que são argumentos de venda para os profissionais de campanha.

Facó diz, por exemplo, que a TV e o rádio vencem fácil a concorrência com as redes sociais, quando o assunto é a conversão de conteúdos,  em voto. Diz também que essa história de ter milhões de seguidores, nada diz e que fake news não é novidade e não exatamente o que dizem por aí.  

Em resumo: quando o candidato não agrada, não existe milagre e quando engana, o inferno estará com as portas abertas para recebê-lo.

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

Oportunidade perdida!!!

Por que diabos o deputado Federal Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, não leu o discurso que usou para apresentar-se candidato à presidência da República na Convenção Nacional do partido dele? Rodrigo viveu, naquele momento, com certeza, o ápice da vida dele na política, ocasião que merecia uma senhora apresentação com registro para os anais da história. O momento merecia um discurso de estadista.

O texto estava colocado num teleprompter mal posicionado o suficiente para fazer errante o olhar do orador, que não obedeceu uma norma fundamental da oratória e da construção dos discursos: haver melodia, harmonia e ritmo. Rubens Alves, educador e escritor que deixou saudades, afirmava sempre: um texto para motivar e ser belo precisa ter os ingredientes fundamentais de uma música. O orador, para ser bom precisa, portanto, ser um músico em ação. O diafragma deve ser treinado, para não faltar oxigênio nas frases principais. O deputado parecia perder o fôlego enquanto falava. E isso tem solução em qualquer circunstância.

John Kennedy tinha um sério problema nos pulmões, por causa de um tiro que levou na guerra. Os discursos que proferia levavam isso em consideração. Quem tiver dúvida, que ouça Kennedy no dia da posse. Perceba as pausas nas frases. Em especial, na frase que virou histórica: “E, portanto, povo norte-americano: não pergunte o que o seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer pelo seu país” (“…ask not. What your country do for you. But, what can you do for your country…”).

Com relação à imagem, a situação não foi melhor. O presidente da Câmara dos Deputados, candidato à presidência da República estava mal colocado no cenário e passou a imagem de estar um degrau abaixo dos papagaios de pirata. O terno usado por ele pareceu apertadíssimo, colocado num corpo que engordou num intervalo de tempo insuficiente para ser substituído. As mãos fizeram o corpo dançar sem muito sentido com o texto. As palavras fortes perderam a força. O deputado levantou a bandeira de defesa de uma geração, a dele. Mas, não explorou o melhor exemplo colocado ali a meio palmo dele: o jovem ACM Netto assumiu, no mesmo ato, a presidência do partido.

Bill Clinton,  ex-presidente dos Estados Unidos, autor de vitórias surpreendentes, ofereceu aos estrategistas de eleições uma premissa: “As campanhas presidenciais bem-sucedidas exigem três pontos básicos: O primeiro, as pessoas têm de ser capazes de olhar para você e imaginá-lo como presidente. Depois, você precisa ter dinheiro e apoios suficientes para se tornar conhecido. Depois disso é uma batalha de ideias, mensagens e questões”.  

Hoje, dia seguinte ao discurso do Deputado Rodrigo Maia, os melhores comentaristas de política na imprensa levantaram uma dúvida crucial: “Ele será mesmo candidato?” “Está nisso só para compor”. A coluna do Bernardo Mello Franco é exemplo.

Coluna de Bernardo Mello Franco, 9/3/18. (Clique para ampliar)

 

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

Com mais atenção, seria melhor

Foi entrevistado pelo programa Roda Viva, na semana passada, o ministro Gilberto Kassab, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Uma boa entrevista que, no entanto, teve início com uma saia justa: a dúvida das razões do ministro ter servido a dois senhores: Dilma Rousseff e Michel Temer.

O moderador Augusto Nunes perguntou: “Como o senhor se sente ao ser chamado de golpista pela ex-chefe?”. Kassab resumiu:“…fico triste”. Mas, Vera Magalhães do Estado de São Paulo insistiu: “Vou na continuação da pergunta do Augusto, porque isso é algo que intriga muito a sociedade brasileira. A sociedade brasileira viu um suceder de fatos estarrecedores na política e acha no mínimo peculiar, que alguém sirva a um governo até um dia e dois dias depois sirva a um governo que o depôs. Isso não é contradição? Como o sr. explica o fato de ser ministro de Dilma e de Temer. O sr. é um ministro mil e uma utilidades?”

O Ministro passou por uma saia-justa, sem necessidade. Os governos Dilma e Temer são o mesmo governo. E, se houve golpe esse foi do Congresso Nacional e não do Presidente Temer.

A resposta seria, então, simples: “Permaneço no mesmo governo. Temer assumiu por ser vice-presidente da presidente Dilma Rousseff. Foi vice nos dois governos dela. No governo Dilma eu fui ministro do governo Dilma/Temer. E é preciso reconhecer que não foi o governo Temer que depôs o governo Dilma. A presidente Dilma sofreu impeachment do Congresso Nacional. Agora, quanto a ser um ministro mil e uma utilidades, isso é fato. Tenho trabalhado muito, em razão disso.

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

Mentira é melhor?

O deputado federal Alessandro Molon trocou a Rede pelo PSB. E daí? Deputados trocarem de partido não é novidade e isso não tem importância nenhuma na vida dos eleitores. Mas, o jornal O Globo entrevistou o deputado no núcleo de uma matéria sobre a candidatura da Marina Silva. Alessandro Molon alegou ter saído pela importância nenhuma que a Rede e a Marina Silva dão à desigualdade como tema.

Será verdade? Para ser, o PSB, destino do Molon, deveria dar toda importância à desigualdade. Correto? Mas, a gente sabe que não é bem assim. Então, por que Alessandro Molon deixou a Rede pelo PSB? Certamente, por ter o desejo de ser reeleito e não encontrar na Rede dois instrumentos fundamentais da campanha: Um inchado fundo partidário e de eleições e pouco tempo na TV.

A minha questão aqui é: Por que Alessandro Molon prefere a versão ao fato? Por que ele acredita que o eleitor aceitaria a desculpa frouxa no lugar da verdade? Vício. O político está sempre desconfiado que a verdade terá custo, quando a mentira não.

Por isso, eleitores e candidatos estão cada vez mias longe uns dos outros.

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

Recruta Zero será presidente

O recruta Zero está bem perto de ser presidente da República, porque descobriu cedo que televisão à disposição dos partidos, imprensa tradicional e “ter opinião formada sobre tudo” para fazer planos de governo, não são mais instrumentos exclusivos para vencer eleição. Sequer são os mais importantes.

Há uma onda que entrou nas campanhas eleitorais no Brasil em 2010 e que se agiganta a cada nova eleição: o sentido de rede. Com pouca TV, mídia tradicional equivocada e sem um plano com começo, meio e fim para governar, Marina Silva alcançou 19,33% dos votos para presidente da República, um resultado surpreendente para 2010. Em 2014, ela bateu nos 21,32% dos votos e quase foi ao segundo turno.

A onda da rede está no mundo todo. Separou a Inglaterra da União Européia, elegeu Donald Trump nos Estados Unidos e Macron na França, mexeu com os alicerces na Argentina para dar poder ao presidente de um clube de futebol, Maurício Macron.

Essa onda já está no Brasil e assusta os candidatos. Mas, para trabalhar nela é preciso entender o que ela significa e como ela funciona. Significa relacionamento direto e não tem ti-ti-ti, nem meias palavras…

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

A intervenção

É impossível elaborar a estratégia correta para uma campanha se a leitura dos movimentos da política for incorreta. Há uma eleição a caminho para presidente, governadores, senadores e deputados. Sabe-se que a pauta principal de campanha no Estado do Rio de Janeiro será a segurança pública.

Sabe-se, também, que o partido do presidente da República anda em maus lençóis no estado, mas está no comando dele desde 1998, com os mesmos rostos, o mesmo método de fazer política e o mesmo modelo de governar. E, para azar maior do presidente e do partido dele, percebe-se que há na população local, desejo de mudança.

Moreira Franco, o verdadeiro interventor

O presidente e o partido dele resolveram, então, agir. O pavor da população com a insegurança deu o sinal. O presidente da República, então, resolveu decretar intervenção no estado. Mas, como o governador do seu partido e o nome que ele teria para substituí-lo tomariam muita pancada da imprensa, o presidente entendeu que na segurança pública a intervenção seria manifesta. Nos demais braços administrativos do estado, seria “branca”. 

Michel Temer entregou a segurança pública a um general e o resto ao interventor “camuflado”, Wellington Moreira Franco.

Michel Temer aposta que o eleitor do Rio de Janeiro dará a ele o crédito pelos resultados positivos da intervenção e ao seu partido, o voto, esquecendo-se, por alguns momentos – os suficientes para entrar na cabine eleitoral e votar – que o PMDB foi o grande autor do desastre.

Resta saber se o contraponto terá a veemência e a direção correta, para impedir que Michel Temer saia dessa com uma vitória.

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

“Mais vale uma imagem na mão, do que…”

Sábado, dia 17 de fevereiro, comentei no facebook as fotos que ilustraram as notícias da intervenção do governo federal no estado do Rio de Janeiro no jornal O Globo. Minha intenção foi dar provas de que as imagens falam mais do que as palavras, um fato importante a considerar, quando se traça estratégias para projetos políticos. A minha leitura se confirma a cada nova notícia que vem de Brasília.

Identifiquei, por exemplo, o mau humor do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Ontem, dia 21, confirmei o fato ao ler o Valor Econômico: “Em um duro recado ao presidente Michel Temer, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) chamou ontem de “desrespeito”, “equívoco”e “meio sem sentido” a apresentação da lista de 15 projetos, que se tornaram prioridade para o governo no Congresso após a retirada da reforma da Previdência”.

Matéria do Valor Econômico de 21/02. Clique para ampliar.

A imprensa tem demonstrado também desencontros de informações e teses entre os ministros da Defesa e da Justiça. O que tem tido o general Interventor muitas vezes também não bate com o que diz o resto do governo.

Enfim, o desenrolar dos acontecimentos em torno da intervenção confirma: “as imagens dizem mais do que as palavras, sempre”.  

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

Jair, o professor. Lauro, o mau aluno.

A gente sabe que não é nada fácil a vida dos jornalistas neste mundo novo, onde existem as mídias sociais e ninguém precisa ser refém da imprensa tradicional. Os políticos, vítimas preferenciais da mídia tradicional, começam a descobrir um caminho para trocar de posição com os jornalistas.

Durante o carnaval, o jornalista Lauro Jardim viu como é complicado fazer política e jornalismo ao mesmo tempo com mídia social à disposição de todos.

Lauro Jardim publicou sobre Jair Bolsonaro:

“Jair Bolsonaro deu a sua receita para resolver a guerra da Rocinha, num grande evento promovido na semana passada pelo BTG Pactual. Uma solução simples — e idiota. A uma plateia de mil executivos do mercado financeiro, Bolsonaro disse que mandaria um helicóptero derramar milhares de folhetos sobre a favela, avisando que daria um prazo de seis horas para os bandidos se entregarem. Findo este tempo, se a bandidagem continuasse escondida, metralharia a Rocinha. Sinal dos tempos, foi aplaudido pelo público”.

Lauro publicou a notícia. Jair Bolsonaro reagiu. Lauro publicou a informação prestada pelo Jair Bolsonaro, mas como atualização da nota, assim, com certo desdém.

Jair postou um vídeo que, convincente, trouxe para a trincheira dele um jornalista que tem o peso do Lauro Jardim, o Alexandre Garcia. Jair usou a imagem e a voz do Alexandre Garcia a favor dele.

Novos tempos na comunicação política.

Por Jackson Vasconcelos

Publicado em Deixe um comentário

Como vencer no campo do adversário?

Gonzaguinha criou Geraldino e Arquibaldos e lá está uma lição de estratégia, que foi aplicada no período em que Indio da Costa foi secretário de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação da Prefeitura do Rio, na administração do adversário dele no primeiro turno da campanha para prefeito.

“No campo do adversário é bom jogar com muita calma procurando pela brecha pra poder ganhar”.

Por história política e pessoal e perfil dos eleitores de cada um, Indio da Costa e Marcelo Crivella sempre estiveram em campos opostos. Mas, no segundo turno da campanha de 2016, Indio apoiou Marcelo Crivella e depois aceitou dele o convite para ser secretário, da principal secretaria.

Naturalmente, os aliados do prefeito e assessores mais próximos olharam a decisão com desconfiança e desde o primeiro momento, tentaram demarcar o terreno pelas diferenças.

Indio da Costa chegou com muita calma e sendo candidato na eleição seguinte para governador, ele precisava encontrar as brechas na administração do Crivella pra poder ganhar. Encontrou várias, mas a principal foi conquistar a equipe do Crivella, vencer as resistências e unir a esses passos ações administrativas concretas, também num campo adversário: imprensa Globo.

Indio conseguiu.

Por Jackson Vasconcelos