O Jornal Nacional apresentou ontem um trecho da entrevista do Procurador-Geral Rodrigo Janot ao jornalista Roberto D’Ávila. Em pauta o processo contra o Presidente da República. Escolhido foi o momento em que o jornalista indagou o Procurador sobre a existência de provas. Ele respondeu estar alicerçado numa narrativa, que reúne a audiência concedida pelo Presidente da República ao Joesley Batista a pedido do amigo e ex-deputado Rocha Loures, flagrado algo depois com uma mala com R$ 500 mil em dinheiro.
Então, a defesa do presidente está autorizada a usar como prova outra narrativa. Aquela que une a decisão de um colega do Rodrigo Janot de deixar um salário alto e vitalício pelo emprego de advogado momentâneo do Joesley Batista, para orientá-lo como agir para conseguir, do colega Janot perdão de todos os crimes que cometeu.
Jogo empatado. O problema, contudo, está em inserir no ambiente jurídico, no lugar das provas, narrativas. A história recente do Brasil sabe como isso começa e como acaba.
A imprensa deveria lembrar que o pau que dá em Chico hoje, pode dar em Francisco amanhã.
Em outro trecho da entrevista, o jornalista perguntou ao Procurador-Geral o que ele sentiu quando ouviu a gravação. Ele respondeu: “náuseas”. Será mesmo? Se for, o estamos diante de um experimentado Procurador, que trabalhou no paraíso e desceu à terra agora e para cair logo no Brasil. Imagina!
Por Jackson Vasconcelos