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O ódio é péssimo conselheiro.

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Você odeia? Então não decida.  

Mata-se por dinheiro ou por paixão, dizem os que investigam os crimes de homicídios. Os crimes por paixão, chamados passionais, são os crimes contraditórios – isso digo eu – porque por paixão não se mata. Por ódio sim. Então, diz-se que o amor pode transformar-se em ódio, e esse será o momento em que ele receberá o nome de paixão. Discordo. A paixão é o amor ainda não maduro e o 

ódio nenhuma relação tem com o amor, nem para servir-lhe como antônimo, porque para contraditar o amor existe o desamor. O ódio é simplesmente ódio, sem sinônimo e sem antônimo.  

Se você, meu caro e paciente leitor e você minha dileta leitora ainda não decidiram em quem votar para Presidente, não tenham esperança de decidir com base nas campanhas dos dois candidatos, porque elas não são esclarecedoras como deveriam ser e animam os eleitores a fazerem do voto uma arma a favor do ódio. 

As campanhas que vejo são movidas pelo ódio dos grupos dos dois candidatos, um contra o outro. E não há pior maneira de decidir qualquer coisa na vida do que sendo impulsionado pelo ódio, porque fica-se cego. Dizem que o amor também cega, mas quando ele produz o mal é pelo fato de ter-se transformado em ódio. Por isso, não se aconselha decisões que, por amor a uns, faz-se ódio na relação com os demais.  

Mas, se por acaso, vocês já resolveram em quem votar, verifiquem se a resolução já tomada é movida pelo ódio. Se é, eu aconselho que você reveja o critério que levou você à escolha que fez, porque ao escolher um entre os dois candidatos à Presidência da República, você estará ajudando a decidir quem ficará com a obrigação de dirigir o Estado Brasileiro com todas as imperfeições que o Estado tem. 

Somos uma nação formada por um território riquíssimo e vasto e por uma população desigual, que precisa do Estado para garantir-lhe, pelo menos, a segurança jurídica, ou seja, a relação perfeita entre a lei e a execução dela do modo como ela mesma especifica em seu documento maior, a Constituição Federal. Há quem acredite que o Estado deva assegurar muita coisa além da segurança jurídica, mas sem, pelo menos isso, nada do mais terá valor. 

O Presidente da República é, por definição constitucional, o Chefe Supremo das Forças Armadas e sob as ordens dele movimentam-se os generais, os almirantes e os brigadeiros. Ele é também chefe dos ministros, aqueles que cuidam de áreas específicas da administração pública federal, onde estão a Educação, a Saúde, a Segurança Pública e a Fazenda, porque é também do Presidente da República a competência para encaminhar o Orçamento ao Congresso Nacional e, depois de ele aprovado, torná-lo realidade. Isso quer dizer que cabe ao Presidente da República decidir o que será feito com os impostos que recolhemos à União. É, igualmente, do Presidente a decisão sobre as leis que o Congresso Nacional elabora, pois ele tem o poder de veto e no caso brasileiro, tem também o poder de fazer, por si mesmo, as leis enfiadas num monstrengo chamado de Medida Provisória que produz efeitos definitivos na vida das pessoas. Está aí, em tudo isso, localizada a segurança jurídica. 

Isso e muito mais do que está posto na Constituição Federal, lá no Artigo 84, é competência exclusiva do Presidente da República e não deveria ser entregue a alguém só pelo fato de odiarmos outro alguém. Ora, uma vez registrado o voto na urna eletrônica e cumprido o passo que o ódio aconselhou, o voto estará dado e uma vez escolhido o Presidente da República e satisfeito o ódio, o sujeito terá, pelo menos, quatro anos de oportunidades para, ele mesmo, destilar o ódio que o colocou na cadeira presidencial. E, digo pelo menos quatro anos, porque o Presidente da República toma decisões que ficam por aí a vagar e a infernizar ou felicitar as nossas vidas por muitos anos mais. Olhem a História e vejam que tenho motivos de sobra para os conselhos que dou. 

Não está difícil decidir como difícil foram as outras vezes, porque estamos entre dois candidatos que já governaram o país, um por 16 anos, de modo direto e por mais seis de modo indireto e outro por quase quatro anos. Então, já sabemos do que cada um deles é capaz ao usar as leis que o povo, por seus representantes faz, e o dinheiro que o povo, por suas obrigações com o fisco, entrega. Já sabemos de cada um os valores que defendem para uma vida em sociedade, valores que estarão presentes nas decisões que cada um tomará. Não precisamos, portanto, dos conselhos que o ódio dá. 

Valeu gente. 

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