Vejo numa frase de Santo Agostinho a situação em que se encontra a representação política: “Não sacia a fome, quem lambe pão pintado”.
As montanhas de dinheiro gastas na publicidade eleitoral criaram nas telas e no papel, exclusivamente neles, a parte maior dos políticos que designamos para nos representarem nos governos e parlamentos. No exercício dos mandatos que conquistam, os políticos hoje em evidência pelas denúncias são “pão pintado”.
Como as empresas de publicidade eleitoral estavam obrigadas a aproximar o eleitor de imagens de candidatos que a realidade não conseguiria sustentar, elas cobravam caro, caríssimo, pelo trabalho.
Os preços estão aí, expostos nas delações dos que pagaram pelo serviço e dos que receberam por ele.
Mas, há, felizmente, exceções, políticos – poucos é verdade – que conseguiram sobreviver com num ambiente muito competitivo, em que a propaganda eleitoral usa sem dó nem piedade a publicidade enganosa e abusiva, que induzem os eleitores a erro e exploram a inocência deles pela omissão de informações essenciais sobre o candidato.
Tomara que esse modelo esteja mesmo em colapso.
Por Jackson Vasconcelos