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O Candidato e o Monstro

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A elaboração de estratégia aplicada às campanhas eleitorais e gerência dos mandatos conquistados, é a minha praia desde 1982, por vocação e formação profissional. O eixo que movimenta todo esse trabalho é a comunicação, por uma razão meramente aritmética: o candidato que convence o maior número de eleitores vence a eleição e, se exerce bem o mandato, comunicando corretamente o fato, fatalmente será reeleito ou terá assegurado o projeto político.

A comunicação é o eixo, a imagem do candidato e do gestor, a energia que mantém o eixo em movimento e, portanto, toda a engrenagem.  A imprensa é um dos veículos da comunicação, instrumento de esclarecimento e convencimento do eleitor. Mas, como trabalhar com ela. Conhecendo como ela funciona e colocando-a a disposição do projeto.

O político, o cidadão, estão autorizados a defender ou não a qualidade da imprensa. Para o candidato e o elaborador da estratégia para a campanha ou para a gestão dos mandatos, isso é irrelevante. Só importa saber como a imprensa funciona, as manhas dela e como conviver com isso de modo que ela possa ajudar a formar a opinião do eleitor.

Por exemplo, a essência do jornalista é a notícia em primeira mão e hoje em dia e cada vez mais, ele trabalha as matérias com base das informações que recebe das fontes, sem averiguar ou confirmar com documentos. Por isso que a investigação, na imprensa, virou especialização. O repórter que verifica e visita documentos para confirmar as informações fornecidas por suas fontes tem título específico: “investigativo”.

Então, o candidato deve tentar o credenciamento como fonte e referência nos temas que defende em sua campanha. Desse modo, ele conseguirá aproveitar o espaço da imprensa para divulgação da mensagem.

Outra característica a imprensa é a ausência da imparcialidade. Os profissionais da imprensa podem até chegar bem perto de serem pouco parciais, mas imparciais nunca, porque a imparcialidade contraria a natureza humana. Então, o candidato deve trabalhar para cativar a imprensa, sem bajulá-la, porque a bajulação nesse ambiente, uma hora qualquer, volta-se contra o bajulador.

A relação do candidato com a imprensa é mero rito de passagem, para chegar ao eleitor, estação final de desembarque das ideias e propostas. Ela não se dá no campo do Código Penal, que impõe ao acusador a obrigação da prova. Numa campanha eleitoral, o ônus da prova é e sempre será o acusado. Cabe a ele provar que as acusações que recebe são injustas ou interessadas. Para isso, ele precisa estar sempre pronto com documentos e argumentos sobre as questões que ele, antes de iniciar a campanha, perceba serem delicadas.

As conversas de um candidato com jornalistas, sendo para entrevistas ou mero bate-papo, devem ser compreendidas também com o conceito de esteira de transmissão, de veículo de comunicação. Na verdade, a conversa é com o eleitor, intermediada pelo jornalista.

Por fim, saber a diferença entre uma entrevista e um debate é fundamental. Nas campanhas majoritárias, presidente, governador e prefeito das capitais e grandes centros, os telejornais estabeleceram a rotina de entrevistas com os candidatos. A experiência tem demonstrado que as entrevistas, na verdade, são debates. Como exercício, faz bem visitar os vídeos das entrevistas que os candidatos a presidente e governador deram para a TV Globo nas eleições de 2010 e 2014.

Encerro o texto com uma frase do Millor Fernandes: “O jornalismo é oposição, o resto é secos e molhados”.

Por Jackson Vasconcelos

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