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“Brasil – Nova realidade”

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Encontrei um exemplar do jornalzinho criado pelo Presidente da FESO – Fundação Educacional Serra dos Órgãos (Faculdades de Teresópolis), uma edição de maio de 1989. Nele há um artigo publicado por mim, a convite do Irineu Dias da Rosa, em razão de uma palestra que fiz lá antes da visita do Collor em campanha. Como nesse artigo defendo as mesmas posições que defendo hoje, decidi compartilhar por aqui.

“Brasil – Nova realidade”

“Tudo leva mais tempo do que se espera”
“Tudo é mais difícil do que se pensa”
“Tudo o que pode não dar certo, não dará certo”

(Leis do Rei Murphy – Irlanda)

Desanimar não resolve! Vive o Brasil momentos de angústia e expectação. Todos os valores estão sendo questionados. A procura de caminhos novos não é contudo exclusividade nossa. O mundo procura uma saída nova!

Cada fato novo registrado no noticiário político e econômico do país, mais me convence que a solução está na revisão do nosso modelo econômico fundado na estatização  e intervenção estatal na vida da sociedade.

E neste momento a universidade tem grande importância, pois que qualquer solução deve ser fruto de muita imaginação e debate. A ideia de cada um deve ser discutida e avaliada e é com esta disposição que faço algumas colocações sobre o problema brasileiro.

A inflação, instrumento desorganizado da economia, desestimulador de investimentos e incentivador de especulação indolente, reflete a arrogância e o gigantismo do Estado brasileiro. É o exato retrato do intervencionismo estatal, parte integrante de nossa história – talvez por vício de origem – já que os portugueses sempre foram mercantilistas.

Sempre se tocou o desenvolvimento a partir dos investimentos estatais e aplicação de incentivos fiscais, subsídios e juros negativos. Por outro lado, seguindo o “ethos militar de segurança nacional” – instituíram-se monopólios estatais e intervenções em setores econômicos importantes.

Como tais incentivos e subsídios deveriam ser distribuídos “com toda justiça”, toda e qualquer atividade econômica passou a depender de licenças e autorizações oficiais. Comprar ou vender aço, trigo, açúcar, álcool, petróleo, passou a ser atividade autorizada pelo executivo.

Tal comportamento veio, durante anos criança privilégios, distorcendo o mercado e induzindo comportamentos.

O burocrata do Estado acredita sempre ser um pequeno Deus que tudo sabe e tudo pode.

A sociedade toda, empresários, empregados, políticos, etc…, passou a viver uma triste ilusão: a de que o Estado cria recursos. Ledo engano. Quando se administra privilégios através de subsídios ou incentivos alguém paga – ou com impostos ou com inflação – o mais injusto deles.

Em resumo: todo o sacrifício imposto à sociedade brasileira tem sido para manter privilegiados e por vezes parasitas do Estado.

Uma revisão se impõe de forma urgente: implantar a liberdade econômica ao lado da liberdade política, sem constrangimentos.

A concorrência livre, característica que só o mercado contém, estimula a eficiência e empurra o progresso, permitindo a todos aqueles que se dedicam e trabalham duro, a certeza do lucro do seu trabalho, distribuindo empregos justos e satisfação pessoal.

Daí o liberalismo como instrumento de fundamental importância num país onde o Estado decide desde o preço do pão ao preço do automóvel, do salário do trabalhador ao lucro do empresário, do preço do dinheiro ao risco da aplicação.

Interessante notar que enquanto Estado Brasileiro possui os melhores bancos, a única empresa de petróleo, os melhores de aço a sociedade nunca conheceu piores serviços de saúde, educação e saneamento.

“É liberal a ideia de que o homem tem liberdade de escolher sua vida, os seus objetivos e de que o governo não pode negar essa liberdade” (Vicente Barretto).

Quem deve efetivamente decidir o que é melhor para si e para sua família deve ser o próprio indivíduo: a partir desta decisão pressionar o mercado, e aqueles que prontamente atenderem ao apelo serão mais ricos e poderosos. Ao Estado caberá criar regras, a partir do poder de coesão, que não permitam distorções e que garantam a liberdade de cada um. Os sistemas políticos devem ser a garantia de nossa liberdade e não de nossos privilégios!

“O ESTADO É A GRANDE FICÇÃO PELA QUAL TODAS AS PESSOAS TENTAM VIVER ÀS CUSTAS DAS OUTROS” (Frederic Bastiak)

Não será fácil a mudança. Contudo é ela a garantia de um país mais justo para todos e por isso deve começar em nós. Em nossa vida particular e profissional devemos estender o debate, conscientizando a sociedade, principalmente no ano em que escolheremos o novo Presidente da República. Precisamos criar a consciência de cobrar propostas séries não espalhafatosas nem demagógicas.

Será conveniente ao Brasil eleger propostas mais estatizantes? Será patriótico e justo continuar administrando privilégios?

O país precisa de trabalho, eficiência e liberdade para agir. A nação brasileira vem amadurecendo muito pelas  decepções que o Estado centralizador e intervencionista provocou.

Está na hora de agir e com consciência.

Por Jackson Vasconcelos

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