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Somos todos pessoas com deficiências

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BRAILLE

A acessibilidade é algo que os administradores públicos não compreendem. Fazem dela palavra de ordem de uso retórico no mandato e publicitário nas campanhas. Está aí a causa das cidades brasileiras, principalmente, as metrópoles, serem quase inteiramente inacessíveis para as pessoas de vida comum e bem pior para aquelas que têm qualquer tipo de deficiência.

Para resolver a má qualidade da educação pública, o Senador Cristóvam Buarque (PDT DF) tem sugerido que os políticos coloquem os seus filhos nas escolas do governo. Quem sabe não seria boa providência para melhorar a qualidade da vida nas cidades, obrigar que os prefeitos caminhem pelas ruas, usem o transporte público, os hospitais, postos de saúde e os serviços administrados pelas pessoas que eles nomeiam?

No Rio de Janeiro, por exemplo, há pouco, o prefeito autorizou a construção de prédios com seis andares sem elevadores. Ao ler a notícia, imaginei como seria a vida dele se residisse num prédio assim. Se, com dificuldade pequena ou completa para andar com as próprias pernas, ele sentiria conforto carregado por alguém escadas acima? Alguém o carregaria? E, sem dúvida, há no Brasil outros exemplos de decisões igualmente absurdas em quantidade difícil de contar.

Diante do quadro, o que se poderá fazer para levar aos políticos que administram as cidades brasileiras o conceito correto de acessibilidade, com expansão justa para o de pessoas com deficiência? Leis duras não têm adiantado muito e campanhas que mexam com a consciência, menos ainda. Elas ficam no papel, nas telas da TV e nos capítulos de ontem das novelas.

Quem sabe não funcionaria bem levar para o conceito de acessibilidade a definição de limitação? Desse modo, incluiríamos todas as pessoas no universo de dificuldades. Todos somos pessoas com deficiências, porque limitados, uns mais ou outros menos, sejamos ricos, pobres, negros, brancos, pardos, prefeitos, presidentes, vereadores, deputados, senadores, cidadãos honestos ou não.

A idade limita as capacidades, mas a juventude não dura para sempre e ninguém deseja interrompê-la a não ser substituindo-a pela velhice, tempo em que a vista escurece um pouco e os ouvidos ouvem bem menos.

As boias nos braços dos filhos e netos de prefeitos ou dos cidadãos de vida comum são a adaptação necessária e segura para os seres que não sabem nadar e, por natureza, não respiram na água.

Para resolver as limitações, todos, indistintamente, precisamos de equipamentos. A vista curta pede óculos. A vista completamente apagada, a leitura adaptada. Uns com mais outros com menos. Uns num campo da vida, outros em diferentes campos. Temos necessidade de sair pelo mundo adaptando-o às nossas incapacidades. Não é diferente com os prefeitos. Com dificuldade para enxergar, eles usam óculos e aumentam as fontes de escrita. Do mesmo modo, as pessoas cegas precisam do braile nas escolas, nas calçadas e de som nos sinais de trânsito.

Os prefeitos gordos preferem as cadeiras largas e todos eles, gordos, magros, atletas ou sedentários, usam os elevadores e vencem, com helicópteros, o trânsito caótico e a limitação de voar sobre os automóveis. Eles não deveriam ter dificuldade para entender que os cadeirantes, os cegos, os surdos e outras pessoas com limitações mais graves, precisam de equipamentos adaptados que lhes facilite o ir e vir com absoluta dignidade.

Seres limitados, deficientes como somos todos, exigimos cidades adaptadas e, podemos exigir, porque pagamos por elas.

Por Jackson Vasconcelos

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