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QUANDO O POVO VAI ÀS RUAS. 

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“Isso é definitivamente um golpe. Israel está no caminho de se tornar uma ditadura” (Yuval Harari). Já ouvimos isso, com referência ao Brasil, tantas vezes que, se não tomarmos cuidado, seremos levados a acreditar que o risco, de fato, existe. 

Em Israel, a frase do autor do best seller Sapiens, está motivada pelo desejo do Primeiro-Ministro – um quase eterno primeiro-ministro – Benjamin Netanyahu de ter mais poder em Israel, sufocando a Suprema Corte. Netanyahu ocupa a função pela sexta vez, o que mostra que tanto lá como cá o papo de renovação política é um engodo. Para quem nasceu em Israel em 1996 e completará este ano, 27 anos de idade, não há política por lá sem Netanyahu. 

O povo de Israel rejeita a proposta de Netanyahu de transferir os poderes da Suprema Corte para o Parlamento e foi para as ruas. O Primeiro-Ministro recuou. Então, por lá o povo ainda manda e diz a doutrina que quando o povo manda no pedaço se tem uma democracia e é-se levado a acreditar que um dos fundamentos da democracia em Israel é o equilíbrio entre os poderes. 

Bem, eu desconfio que por lá o povo acredita que Netanyahu queira livrar a própria pele, por estar sendo acusado de corrupção e outras coisas mais. Sendo isso, o povo confia que a Suprema Corte, quando chegar o momento, tendo os poderes que a lei lhe confere, julgará os atos de Netanyahu e fará isso com Justiça, para evitar o sentimento de impunidade. Sendo isso – eu estando certo – posso, sem precisar esticar mais, deixar com os meus leitores o exercício de fazer um paralelo com a política no Brasil, onde, também, o povo andou a perambular pelas ruas durante um bom tempo, indignado com a candidatura autorizada do Lula. 

Deixando isso com vocês, compartilho um impulso que tive ao olhar os movimentos políticos em Israel. Fui direto para as minhas estantes e recuperei um livro que li em 2019, que deixo aqui como sugestão: Golda, de Elinor Burkett. A autora, em 2010, levou o Oscar de Melhor Documentário com a história de outra mulher, tão fantástica quanto Golda Meir, a cantora zimbabuense Prudence Mabhena, um exemplo de superação. 

Por vezes torno-me um chato ao insistir que sou apaixonado pela política. Sou sim, pois vejo nela as mãos de Deus, com uma capacidade intensa de construir uma boa estrada por onde a humanidade pode caminhar, às vezes contornando os obstáculos, às vezes passando por cima deles com menor velocidade. Em Golda encontrei uma atuação política intensa e uma lição: sem a política Golda Meir não teria instalado os judeus na Palestina. 

O livro contém, no meio da história de vida da “arrojada vovó com dedos manchados de nicotina, roupas largas e sapatos ortopédicos, que liderava um dos menores países do mundo…”, uma seleção dos discursos com que Golda moveu Israel e empurrou o mundo na direção dos interesses do seu povo. Separei um deles, que cabe bem para o momento em que muita gente vê a democracia em risco: 

“Muitas vezes me perguntei como é que passamos todos aqueles anos sem esmorecer. Talvez a resistência física e emocional seja mais uma questão de hábito e, apesar de tudo o que nos faltava, não perdíamos nenhuma oportunidade para testar-nos em tempos de crise. Sempre podíamos ir um pouquinho além de onde tínhamos ido ontem, daquilo que nos parecia ser o limite absoluto da nossa resistência. Não me lembro de ter-me sentido cansada, então acho que me acostumei à fadiga. Como todos os demais, eu era impelida pela ansiedade a angústia de saber que nenhum dia (ou noite, no caso) era suficientemente longo para tudo o que tinha de ser feito”. 

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