Em 1964, o povo pediu que o Exército Brasileiro assumisse as rédeas do governo, para substituir um presidente eleito. Os generais atenderam e, por óbvio, compreenderam que foram chamados porque o povo não soube escolher. Eles tiraram do povo, então, a prerrogativa da escolha. Primeiro, dos presidentes, depois dos governadores e em seguida dos prefeitos das capitais e de outras cidades escolhidas a dedo. Algo assim: “vocês escolheram Jânio e Jango. Eles não deram certo, vocês pediram que a gente assumisse, nós assumimos e a partir de agora, nós escolhemos.” O povo se aborreceu e quis de volta a prerrogativa para escolher.
Depois, tivemos oito eleições para a Presidência da República. Lula venceu três, mas quem não gostou do resultado foi bater de volta na porta dos generais. Mas, “um bom general”, dizia, Polybius, o grego, “não enxerga apenas o caminho para a vitória; ele também sabe quando a vitória é impossível”. Ainda bem. Caso não soubessem já teriam entrado numa nova aventura, para curar a dor de cotovelo de metade do povo brasileiro. Quem não queria o resultado, que ajudasse a evitá-lo. Agora, já era.