O eleitor brasileiro não é soberano. Nunca é. Para exercer alguma soberania, sobra ao eleitor a decisão de contrariar a lei que torna obrigatório o voto. Ele pode não comparecer às zonas eleitorais, mas será multado pela atitude rebelde. Decidir sobre o destino dos impostos que paga, é uma atitude impossível.
Poder-se-ia dizer que há soberania na escolha do voto. Não há, porque aos partidos e exclusivamente a ele cabe o prerrogativa de apresentar candidatos ao voto. Fica com o eleitor o direito de votar nulo ou branco, mas esses votos não contam na contabilidade do resultado. Só são válidos os votos que nomeiam candidatos.
Chamar um sistema assim de democracia é forçar a barra no conceito.
Por que não dar ao eleitor, pelo menos, o direito de não comparecer à zona eleitoral, sem multa, para que ele dê ao tempo próprio o uso que julgue ser melhor? Por que não acabar com a obrigação do voto?
Os que são eleitos já fazem do dinheiro que sou obrigado a entregar ao Estado o que bem entendem. Fazem as leis que lhes interessam. Decidem o destino da vida do povo do modo como querem, então, que dêem ao eleitor pelo menos o prazer de não participar desse jogo, o prazer de não serem os escravos que abençoam a escravidão.
Por Jackson Vasconcelos