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Vidente Allan Richard Way

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O vidente Allan Richard Way. 

Você já ouviu alguma coisa sobre um vidente famoso chamado Allan Richard Way? O jornalista Carlos Heitor Cony, um profissional que, enquanto viveu, fez um trabalho muito bom na imprensa brasileira, entrevistou o vidente, num subúrbio de Londres, onde ele residia. 

Segundo Carlos Heitor Cony, a casa do vidente foi construída no estilo Tudor, o mesmo adotado pelas universidades de Oxford e Cambridge. Allan era indiano e estava radicado na Inglaterra há muitos anos. Cony fez várias matérias com as previsões do vidente, no tempo em que estava na revista Manchete, que existiu até o ano 2000, se não me engano. 

Outros jornalistas tentaram entrevistar o vidente, sem sucesso. A TV Globo, por exemplo, pediu à sua diretora da sucursal em Londres para localizar Allan Richard Way e ela só tinha, como indicações, o bairro, a rua e o estilo da residência. Ele nada conseguiu e não convenceu seu chefe da impossibilidade absoluta. Por isso, ela perdeu o emprego e houve quem falasse à boca pequena na imprensa brasileira, que Allan Richard Way já sabia disso antes do fato acontecer. 

Allan Richard Way se tornava famoso a cada nova matéria assinada pelo Carlos Heitor Cony, mais pelo mistério e do que pelas adivinhações, já que acertava pouco ou quase nada. 

Uma vez, Allan Richard Way previu o desmoronamento de uma das pilastras da Ponte Rio-Niterói. Eu me lembro bem desse momento. O governo federal interditou a ponte por quase uma semana, para fazer as revisões nos pilotis. Mesmo depois da verificação técnica exaustiva, as autoridades liberaram o tráfego com muito receio ainda. 

Até que um dia, Carlos Heitor Cony abriu o jogo para dizer que Allan Richard Way era uma grande mentira, uma gozação, assunto que facilitava a vida dele como jornalista obrigado a criar, diariamente, colunas de notícias, para atender o patrão, Adolpho Bloch e evitar aborrecimentos com um chefe de redação que queria tê-lo pelas costas. 

A história do vidente Allan Richard Way é boa para os tempos de agora, quando tem gente que prega com toda a convicção do mundo, que esse tal de Fake News é coisa moderna, criada pela internet. Qual o quê! 

A imprensa do mundo todo tem várias situações, por vezes trágicas, por vezes cômicas e por vezes românticas, de mentiras bem contadas, deixando com o povo o direito ou prerrogativa de descobrir a verdade. Moderno é o mau-humor latente na sociedade brasileira, que perdeu a graça e a capacidade de apreciar  o que é cômico e divertido. Tudo, rigorosamente, tudo, hoje em dia é motivo para brigas, confusões e atritos. O brasileiro perdeu o bom-humor e a paciência. Isso, nem o vidente Allan Richard Way foi capaz de prever. 

Vejam vocês. Hoje, até a Suprema Corte foi provocada para cuidar das notícias que não cheiram bem, porque, o diabo do Estado Brasileiro tem a certeza de que nós, brasileiros e brasileiras, somos impotentes, ignorantes o suficiente para não conseguir avaliar corretamente o que nos falam os políticos. Como isso tem dado certo, daqui a pouco, a Suprema Corte cuidará de dizer o que a imprensa pode ou não comunicar, porque, toda comunicação, segundo os supremos ministros,  precisa ser fidedigna e sem humor, de preferência. 

Portanto, a imprensa que aplaude a censura aos políticos, logo, logo, sentirá o peso da censura. Lula da Silva sonha com o dia em que só se poderá dizer qualquer coisa sobre ele se forem elogios. 

Hoje, Allan Richard Way seria um foragido da Justiça Brasileira residindo em Londres.

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A casa branca, Domínio público, via Wikimedia Commons
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