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Vice, serve para quê?

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E o Vice? 

“Vice, serve para quê?” Eu ouvi isso de um amigo, alguém de quem respeito muito a inteligência e a capacidade de formular boas estratégias. Ouvi a pergunta, quando comentei com ele a escolha que o governador Cláudio Castro fez para a posição de candidato a vice-governador na chapa de reeleição. 

Não achei que foi a melhor escolha, porque sou defensor de que não se deve escolher um vice só para vencer eleição, mas para dar garantia ao eleitor de que, na ausência daquele ou daquela que escolheram para governar, poderão ser governados por alguém, que atenda às mesmas expectativas. 

Na escolha do vice se sabe se o titular tem a compreensão de um estadista ou de um sujeito que vive a ocasião e ponto final. Não se importa nem com a própria e inevitável morte, porque, uma vez morto, o que virá depois nem é com ele. Só os estadistas enxergam para além do próprio tempo. 

Ora, quem vier a votar no Cláudio Castro, se ele faltar por qualquer motivo, se sentirá de igual modo representado pelo Washington Reis? Eu não me sentiria. Cláudio Castro é o caso de um vice com zero de utilidade eleitoral, mas que, ao substituir o titular, fez cumprir as expectativas dos eleitores dele. E, neste sentido, melhor do que o destrambelhado Witzel faria. 

Os vices no Brasil merecem um capítulo da história só para eles. Nos governos militares, os mineiros serviram como vices. Alckmin, de Castelo Branco, Pedro Aleixo de Costa e Silva, Aureliano Chaves, de Figueiredo. Pedro Aleixo não teve boa sorte, porque quando o titular adoeceu e morreu, os milicos não quiseram saber dele. Deram-lhe o cartão vermelho na maior cara-de-pau. Tancredo tentou vingar Aleixo, mas morreu antes. 

João Goulart, quase não foi presidente. Algum tempo conseguiu ser presidente pela metade e quando decidiu ser por inteiro, mandaram o cara embora. A morte substituiu Tancredo por Sarney, ótimo vice para vencer a eleição no modelo que existia no Brasil, mas incapaz de responder às expectativas que o povo tinha com relação ao titular. 

Collor escolheu Itamar Franco para ser seu vice, por ser um ótimo nome para vencer a eleição, mas nada confiável quando precisou dele. Michel Temer, idem na relação com Dilma. E bem que Dilma sabia e por isso, esperneou para dar a vaga de vice a ele. 

Lula não se ocupou do vice. Fernando Henrique Cardoso também não. E, nos dois casos, se o Brasil precisasse dos vices estaria melhor servido do que com os titulares. Certamente. 

No Rio de Janeiro, os vices também têm história para contar. Benedita passou o diabo nas mãos do Garotinho. César Maia precisou do PSDB para vencer a segunda eleição para a Prefeitura do Rio. Fez de tudo para não precisar, mas, como teve necessidade, aceitou Otávio Leite na Vice-Prefeitura. Como nunca confiou no Otávio, não pode deixar a prefeitura para voltar a ser candidato a governador. Paciência! Ficou soterrado no Rio. 

Eduardo Paes vive situação semelhante com o Vice-Prefeito, que escolheu. Escaldado com a derrota para o governo do estado, Eduardo Paes quis fugir dos riscos, por menores que fossem, de perder uma eleição novamente.  Então, fez um acordo com o PL, para evitar Daciolo, entregou a vice a Nilton Caldeira e agora está agarrado à cadeira até vencer uma nova eleição e ter um vice que seja integralmente, ele, no comando da Prefeitura.

Encerro com uma resposta rápida para o meu amigo: Um vice serve para substituir o titular quando ele menos espera. Por isso, todo cuidado é pouco. 

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A casa branca, Domínio público, via Wikimedia Commons
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