“Acabou a desculpa”. A frase é do líder do Partido Novo na Câmara dos Deputados, Vinicius Poit, registrada no Boletim da Liberdade, edição de terça-feira, que também tem a declaração de outro deputado federal do mesmo partido e igualmente, de São Paulo, Alexis Fonteyne.
Os dois desejam que, retirado de cena o deputado federal Rodrigo Maia, o Congresso Nacional vote as reformas e destrave as privatizações. A expectativa deles é que isso ocorra com velocidade, uma vez que o Presidente da República fez “barba, cabelo e bigode”, na eleição para as Mesas do Congresso Nacional.
Nas palavras do deputado Vinicius há um certo tom impositivo à dúvida: “Até aqui, o governo reclamou das pautas empacadas pelo Congresso. Esperamos que os presidentes eleitos pautem as matérias importantes, porque são necessárias e não por troca de cargos ou emendas”. Já Alexis dá às palavras mais certeza e apelo: “Que venham as reformas tributária, administrativa, a PEC dos Fundos, a PEC Emergencial, a autonomia do Banco Central e as privatizações”.
Será que agora vai? É mesmo possível que as expectativas se cumpram só pelo fato de o Presidente da República ter vencido a eleição para as presidências das Mesas do Congresso Nacional?
Para responder à desconfiança, na sexta-feira, o Ministro da Economia, Paulo Guedes e os novos presidentes das Mesas do Congresso Nacional convocaram a imprensa e garantiram que desta vez a pauta será vencida.
Contudo, simplesmente vencê-la, pode representar coisa alguma, porque para concretizar o que ela propõe de diferente e moderno, será necessário ter os votos favoráveis nos plenários da Câmara e do Senado, até para derrubar, se for o caso, possíveis vetos do Presidente da República. A gente sabe que ele suportaria bem uma reforma tributária, mas tem reagido com veemência à administrativa e às privatizações. Vejam os casos CEAGESP e Banco do Brasil, já comentados por mim aqui neste espaço.
Churchill disse certa vez: “desprezo regozijos prematuros e não me entrego a previsões otimistas. Não devemos, repito, relaxar nem sequer por um instante”. O alerta está no Discurso sobre a situação da guerra, proferido no dia 30 de setembro de 1941.
As palavras de Churchill se encaixam bem ao momento brasileiro, uma vez que o debate e votação da pauta será uma guerra. A esquerda não deixará isso correr sem resistência, e ela está bem representada no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal e na imprensa. O movimento pelo impeachment recebeu novo argumento. Agora, é tudo ou nada, porque a esquerda sabe que vencida a pauta, estará perdida a eleição de 2022. Sendo reeleito Jair Bolsonaro ou outro qualquer, porque a esquerda ficaria fora do jogo.
Por isso, é hora dos liberais deixarem de lado a agenda do impeachment e reforçarem as fileiras de defesa das reformas e privatizações. Querer o impeachment nesse momento é fazer o jogo da esquerda, socialistas, comunistas e outros tais. E, se o presidente Jair Bolsonaro não for mais nossa opção para 2022, busquemos uma, na ocasião acertada. É o que eu tenho defendido.
*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.
Por Jackson Vasconcelos