Se você ainda não assistiu, assista “Dr. Castor”, um documentário sobre a vida de um homem que durante todo o tempo fez do Estado “gato e sapato”, até que no caminho dele apareceu uma juíza que, chamada ao dever de julgá-lo, julgou.
Após “Dr. Castor”, que venham documentários sobre a vida de Sérgio Cabral Filho, Eduardo Cunha e outros personagens que, com desenvoltura e sem precisar de ousadia, fizeram do Estado Brasileiro material de uso próprio. Entre Castor e Cabral há mais semelhanças do que coincidências no modo como tiveram as estruturas públicas à disposição. Para evitar a repetição sem fim desse tipo de história, será preciso ter mais ou menos Estado? Será que com mais polícia, promotores e juízes a permissividade seria menor?
Do modo como funciona o Estado Brasileiro, é inevitável ter um número imenso de servidores públicos para que, na sorte, a sociedade encontre alguns que, quando chamados ao dever, sem receio ou medo, façam como fizeram Frossard, Moro e aqueles que os auxiliaram.
No Brasil, o sucesso da expectativa da população é definido por uma roleta da sorte. Uma vez ou outra, o Estado acerta e para acertar, precisa jogar várias vezes. Podem conferir o que eu digo. A história, nem recente, nem distante, apresenta um só problema colocado ao Estado Brasileiro, que tenha sido resolvido assim de primeira, numa única jogada.
Ora, só terá disposição para mudar isso quem defende um Estado menor, por óbvio! Por isso, os liberais são favoráveis à escolha de servidores por mérito, medido e premiado pelo critério único do desempenho a favor da população, cliente não preferencial, mas exclusivo, do Estado. Só consegue defender um Estado menor, quem o deseja eficaz. Também por óbvio.
Os não liberais acreditam na sorte, em duendes e fadas madrinhas. Adoram um jogo de azar e uma roleta. Perdem pouco. Se perdessem mais, talvez já tivessem largado o vício ou abandonado o jogo por falta de dinheiro para as apostas. Quem sabe? Os liberais não trabalham com essa hipótese de se ter políticas públicas por sorte ou por azar. Os liberais preferem o mérito, não do saber jogar, mas do fazer corretamente.
Na quinta-feira passada, no programa “Aqui tudo é política”, recebi Denise Frossard e Roberto Motta, ex-secretário de segurança do Estado do Rio de Janeiro, por pouquíssimo tempo. Conversamos sobre as ineficiências do Estado Brasileiro e o modo como o crime se aproveita disso. Roberto Motta falou sobre o tamanho do contingente policial do estado. Denise relembrou uma frase dita pelo Castor de Andrade quando foi preso: “Que polícia é essa que eu não conheço?”.
Junte-se as duas declarações e chegaremos onde desejo: para que a Juíza conseguisse o cumprimento do mandado de prisão de Castor de Andrade, bastaria que o estado contasse com os serviços dos policiais que ele não conhecia.
*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.
Por Jackson Vasconcelos