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Eleição para governador: Cartas na mesa ou embaralhadas?

Quem vencerá a eleição para governador do Rio de Janeiro? As cartas estão todas na mesa? Quem dará as cartas? Já é possível começar o jogo?  Cinco candidatos já estão postos para disputar o Governo do Estado do Rio de Janeiro. Cada um com credenciais próprias. 

  1. Paulo Ganime tem as credenciais do Partido Novo, um organismo que não usa Fundo Eleitoral e trabalha com gabinetes parlamentares reduzidos. Traz para a campanha a experiência do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que dizem ser exitosa. 
  2. Rodrigo Neves chega ao páreo com os resultados obtidos na administração da Prefeitura de Niterói, de onde saiu com popularidade suficiente para eleger o sucessor no primeiro turno. Está no PDT e carrega o legado do Brizola quando foi governador do estado por dois mandatos. 
  3. Marcelo Freixo livrou-se do PSOL, credencial negativa no Rio de Janeiro e traz a chance de ser palanque do Lula. Fora isso, nada mais. 
  4. Claudio Castro é o governador e a administração dele é a credencial principal. Na política, ele adota o desenho que é adotado no estado desde Sérgio Cabral, passando pelo Eduardo Paes: ter uma aliança com todos os partidos que ele alcançar com os cargos que o governo do estado possua.
  5. Santa Cruz. Eduardo Paes é a credencial dele. 

Já é possível dizer que um deles será o governador do estado? E saber qual deles?  Ainda não, porque a campanha sequer começou e nela é onde o resultado acontece. E ainda temos a indecisão ou decisão fria por enquanto, do Eduardo Paes. Ele é um player importante. Pareceu estar com Felipe Santa Cruz, mas abraçou-se com Rodrigo Neves e fez os dois repetirem o abraço, numa sinalização da possibilidade do Felipe ser candidato ao Senado. 

E Romário? Para onde irá? Quem será credenciado por ele? 

Mário Marques, homem de marketing político, jornalista e escritor, colaborador do Diário do Rio, publicou neste espaço um artigo onde traz uma novidade possível: Ronaldo Gomlevsky, que me parece ainda sem partido e sem a decisão dele próprio. Mário apresenta o Ronaldo com a credencial da ideologia. Ronaldo representa a direita e tem o perfil do presidente da república, Jair Bolsonaro. Será isso uma aventura? 

Para responder preciso voltar a 2018. Exatamente, ao dia 8 de setembro e depois ao resultado da eleição para governador. Naquele dia, logo após a publicação de uma pesquisa para governador, onde Wilson Witzel aparecia com 1% das intenções de votos, Mário me telefonou para informar ocorrências numa pesquisa qualitativa que ele acabara de realizar. Ele percebeu uma onda a favor de uma novidade e crescente rejeição ao Eduardo Paes, cabeça da pesquisa, pelas ligações dele com Cabral e Lula e Romário, logo após, por não passar a segurança de ser um bom governante. Garotinho ainda estava no jogo com 10%. Mário me diz: “Pode dar Witzel”. Inacreditável naquele momento. 

Verdade é que o dia da eleição está longe para os parâmetros de uma campanha que, oficialmente, sequer começou. E, com certeza, a campanha presidencial terá reflexos no Rio como teve na eleição do ex-governador Marcello Alencar, com Fernando Henrique na Presidência, Sérgio Cabral com Lula e Pezão com Dilma. 

*Artigo publicado no Diário do Rio.

Por Jackson Vasconcelos

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Fundo eleitoral? Pense bem

O Fundo Eleitoral está submetido a um ti-ti-ti danado. E, como sempre ocorre numa sociedade que tem tempo de sobra para reclamar e falar mal de tudo, de todos e de qualquer coisa, o assunto divide a sociedade em dois tipos de pessoas: aquelas que são a favor do fundo e as que são contra. 

Na base do tema está o modo como escolher quem administra o Estado e a favor de quem. O processo pode ser qualquer um. Pode, por exemplo, ser no “papel, pedra, tesoura”, ou no jogo de dados, de búzios ou numa visita à cartomante. Pode ser também com manhãs de rezas e orações para trazer Deus para o processo. Mas, e se Deus falar que isso é assunto já resolvido por Ele, quando concedeu ao ser humano a divina graça do livre arbítrio? 

Como fazer, então, para escolher quem administra o Estado por nós e para nós? A escolha é uma decisão e as decisões dependem de informações. Numa eleição, as informações nos chegam pelas campanhas que custam dinheiro. Quem pagará para tê-las? 

Entretanto, é possível concluir que não há necessidade de se ter alguém para administrar o Estado e até que não carece tê-lo, para conjugar o interesse de cada um de forma a não ferir o do outro. Afinal, ter Estado pra quê? Neste caso, que se compre armas e se saia na pancada, porque a política cedeu lugar à violência e, nessa hora, quem pode mais é quem é mais forte ou tem mais armas e soldados. O processo de escolha seria, então, pela força, como já se fez por aqui durante algum tempo. Alguém topa? Quem topar, prepare-se para bater ou apanhar, porque o ambiente sem política é assim. 

Está claro que não dá para viver numa sociedade assim e para evitá-la houve um povo que inventou a democracia. Então, paremos de frescura e comecemos a aceitar o fato de existirem eleições e de elas precisarem de campanhas que ofereçam ao eleitor as informações para que ele decida quem será o escolhido. E isso custa alguma grana. 

Quem pagará as despesas? Ah! Tem gente que acredita que nem todos devem pagar a não ser os que queiram arcar com as despesas na defesa dos interesses de todos. Tudo bem. Ninguém os impede. Sigam na sua luta para convencer alguém a colocar a mão no bolso a favor das suas causas. Isso é sadio, é bom. 

Ora, mas as pessoas aprendem desde o berço que para pagarem alguma coisa, precisam ter algum interesse ou desejo próprio resolvido. “Não! Isso não! Isso é roubo”. Dizem por aí. Essa gente que pensa assim diz ao outro “Dê-me cá o seu dinheiro, para que eu cuide de outros interesses que não só os seus!”. Vamos lá. Pode ser que dê certo, porque o altruísmo existe. Na história do mundo, quem paga, manda. Mas, pode ser que o Paraíso onde Eva e Adão começaram suas vidas, seja aqui. 

O ato de financiar campanhas implica o de financiar os próprios interesses. E ponto final. E existe quem não tenha tanto dinheiro para isso. Tudo bem. Há quem defenda que fique para trás ou que se deixe atropelar pelos interesses de quem paga a conta. Isso também já tivemos por aqui. 

O Fundo Eleitoral é o dinheiro de todos a bancar o interesse de quase todos por campanhas, eleições, democracia. É o dinheiro de todos a pagar para que todos tenham as informações essenciais para decidir que candidatos devem ser escolhidos. Se não gostamos da forma, que encontremos outra. Existirá? Se achamos que a administração do Fundo Eleitoral não deve caber aos partidos, mudemos isso. Mas, a quem daremos esse papel? 

Os partidos que não queiram usar o fundo, que não o usem e toquem a vida. Façam as campanhas de seus candidatos a seu modo, porque a democracia é isso. Só não nos digam que as campanhas dos seus candidatos têm mais virtude do que as dos seus adversários, porque o dinheiro aplicado nelas não é o dinheiro de todos, mas apenas de alguns, que, por qualquer motivo, entenderam que aqueles candidatos que financiam são melhores do que aqueles que eles não financiam. 

De igual modo, não me venham com a conversa fiada de dizer que o dinheiro que banca as campanhas seria melhor empregado na saúde, na educação ou seja onde for. Francamente, não seria, porque o dinheiro empregado nisso tudo, para ser bem empregado, precisa de quem o administre e fiscalize e esse “quem” é escolhido através de eleições, que precisam de campanhas esclarecedoras. Se escolhemos mal essas pessoas, que passemos a escolher melhor. E se acreditamos que não há sentido em selecioná-las, assumamos o papel de autoritários. 

No ti,ti,ti do Fundo Eleitoral acontece o que, normalmente, acontece nos debates no Brasil: busca-se a solução de um problema não pela sua causa, mas pelas consequências. O problema não está no Fundo ou no valor dele, mas na escolha que fazemos das pessoas que administram o Estado Brasileiro onde estão o Fundo, os serviços de saúde, educação e todo o resto. 

Bem. Na próxima semana, estarei aqui novamente.

*Artigo publicado no Diário do Rio.

Por Jackson Vasconcelos

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Os conselhos do Paulo Hartung

Erra quem diz que o mandato de um governador é de quatro anos, renovável por mais quatro se a população desejar. Vejam o caso do Estado do Rio. O governador de agora, com apenas dois anos de mandato, responde pelo pagamento de dívidas contraídas por seus antecessores. 

Pode-se dizer, então, que Sérgio Cabral, Pezão ou, quem sabe, Garotinho, Marcello Alencar, Benedita e Rosinha ainda andam por aí no governo, representados pelas dívidas que contraíram em nome dos contribuintes. Wilson Witzel também, pelos problemas que criou. Os argumentos de cada um deles e delas para o problema são variados, mas têm o ingrediente comum e cômodo da injustiça da União com o Estado. 

Se Cláudio Castro vencer o desafio de governar dando jeito na casa, seja só pelos dois anos e pouco, seja por mais quatro, o que ele conseguir fazer atravessará o tempo e assegurará vida melhor para quem, por escolha ou por origem, está no estado. Empresas e pessoas. Se ele, ao contrário, não encontrar as saídas, seu governo se juntará, em desgraças, aos demais. O tempo relativo, não absoluto, dos mandatos, diz da personalidade de um governante, que pode ser a de um estadista, de um simples governante de passagem pelo governo ou de um oportunista. 

Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo, dá sentido a uma conversa desse nível, pelo que fez no seu estado, com o reconhecimento da população, que três vezes lhe deu o governo do estado. Uma quarta ele não quis. Foi Senador, deputado federal, deputado estadual e prefeito de Vitória. Parte do sucesso que ele teve nasceu da capacidade de formar um bom grupo político. 

Por enquanto não sei os motivos que levaram o ex-governador Paulo Hartung a publicar no Twitter conselhos para os cariocas e fluminenses. Pelo que está dito lá seria só para fazer referência à participação dele num encontro na Casa Firjan. Mas, sabe-se lá ? As notas são de hoje, dia em que escrevo o artigo, segunda-feira, 17 de janeiro. Disse ele: “Quando o ES cansou de ver as coisas indo de morro abaixo, a sociedade se levantou e as forças políticas acompanharam, iniciando um processo de reconstrução do Estado. Enfrentamos o crime organizado, resgatamos o equilíbrio fiscal e produzimos históricos resultados na área social”. E disse mais, com uma frase que lembra Marcelo Crivella, que anda sumido: “Só cuida das pessoas quem cuida das contas…”. É verdade. 

Os conselhos do ex-governador são bons conselhos e há mais deles, bem mais, no livro que ele publicou, “Brasil, Desafios e Propósitos”. Uma coletânea de opiniões já publicadas em vários veículos da imprensa. A política é homenageada pelo Hartung, desde a introdução, quando cita a pensadora Hannah Arendt: “O sentido da política é dado pelo fato de ela ser um meio para um fim mais elevado, sendo a determinação dessa finalidade bem diferente ao longo dos séculos”. 

Paulo Hartung está sem partido. É o que se consegue saber quando se busca por ele nas redes. Eis aí uma oportunidade para os partidos que, ainda sem candidato a presidente, queiram fazer uma boa aposta. 

Bem. Até a próxima semana, gente. 

*Artigo publicado no Diário do Rio.

Por Jackson Vasconcelos