Existem semelhanças entre o Presidente Vladimir Putin e a esquerda no Brasil e os dois estão muito bem representados na mitologia grega, com a figura de Procusto, o esticador.
A primeira semelhança entre PUTIN e a esquerda no Brasil é a opção pelo capitalismo de compadrio, modelo que estimula os agentes do Estado a inchar os cofres dos capitalistas aliados, dispostos e destinar-lhes um naco grande dos resultados. Com PUTIN, os bilionários que surgiram com as privatizações foram substituídos pelos bilionários amigos do camarada Vladimir. Todos com a colaboração “fraternal” do Estado Russo. Do mesmo modo, aconteceu aqui nos períodos dos governos Fernando Henrique Cardoso, com as privatizações, a de Lula e Dilma, com os campeões nacionais.
Outra semelhança está na capacidade dos dois elementos, PUTIN e a esquerda brasileira, de venderem ilusão. Lula venceu a segunda eleição dele e empurrou a Dilma para o colo do eleitor, no embalo de um sucesso econômico sustentado por um modelo para o qual a esquerda sempre virou a cara e contou com a ajuda dos resultados da economia internacional.
O camarada Vladimir fez igual. Ele chegou ao poder na Federação Russa em 2000, quando o petróleo e o gás, suas principais pautas, iniciaram um ciclo de alta extraordinária. Em 1999, um ano antes da posse de PUTIN, o petróleo esteve na casa dos 10 dólares o barril e iniciou uma alta com velocidade até 2009, quando o preço chegou a 150 dólares.
PUTIN, então, com os cofres cheios, elevou os salários do setor público, enxugou o desemprego entregando dinheiro aos compadres capitalistas. A economia russa cresceu 7% ao ano, em média, arrastando com ela a popularidade do camarada Vladimir, que, então, perpetua-se no poder.
O modelo adotado pelo camarada, propositadamente, inchou o Estado, que passou de uma participação de 35% do PIB em 2004 ou 2005 para mais de 70% em 2015. A máquina pública desandou por ineficiência e corrupção e os russos ficaram irritados. Na Rússia estatizada de PUTIN tem obras superfaturadas, como se constatou na construção do Estádio de Volgogrado, para a Copa de 2018; empresa de petróleo à serviço dos apadrinhados do Putin e tem até uma mansão no meio de um lago, onde se via a casinha construída para o pato de estimação do camarada Dmitri Medvedev, usado por Putin, no processo de permanência dele no poder.
Com a popularidade, agora, em queda livre, o camarada Vladimir partiu para a guerra, com o propósito evidente de distanciar o seu povo e o mundo todo dos resultados do péssimo desempenho dele à frente de um governo para o qual o indivíduo só tem importância se aliado do Estado ou subserviente.
Essa história de evitar a aproximação da OTAN e criar aborrecimentos para a Europa e Estados Unidos em defesa do povo russo é conversa fiada. Tal qual é a pregação, no Brasil, a favor de um Estado capaz de dar empregos, casas, comida, educação, transportes, atendimento médico, poupança, aposentadoria e, ao mesmo tempo vender petróleo, energia elétrica, construir estradas, pontes e viadutos, e ainda acabar com a corrupção.
O Estado Brasileiro é o leito de Procusto. Quem não cabe nele terá as pernas cortadas e quem nele sobrar terá as pernas e os braços esticados até ficar do tamanho exato do dono do leito, porque o Estado que a esquerda defende é o molde que dá forma à sociedade. Igualzinho ao que faz Putin.
*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.