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Que raios de Estado!

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O isolamento é o mal menor da epidemia. O medo do futuro é pior. Que país, afinal, encontraremos nós, quando deixarmos a caverna? Será que, como os personagens de Platão, teremos medo de enfrentar a realidade por desconhecermos o quanto ela pode ser bela à luz do sol e da liberdade? Qual a melhor estratégia para após o confinamento? 

Sábado (28), o ministro Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, declarou: “O mundo sairá dessa sem vencedor, nem perdedor, mas sairá diferente. Sairá um mundo reflexivo, que terá que repensar os valores, a dinâmica social e como nós vamos nos comportar daqui pra frente”. 

Estou com dificuldade para entender a ausência de perdedores, porque quem morreu ou ainda morrerá perdeu a luta do mesmo modo como quem tem ou terá entre os mortos gente sua. 

Se há perdedores, existirão vencedores, os sobreviventes e aqueles que da epidemia conseguirem tirar alguma lição. 

As empresas privadas, aquelas que podem, estão dando uma contribuição relevante ao Brasil. Certamente, não por altruísmo, mas por compreensão da força que tem o capitalismo, quando dá à relação capital-trabalho, o sentido de um bom negócio. 

Adam Smith viu assim, na Riqueza das Nações: “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro, que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelos próprios interesses. Apelamos não à sua generosidade, mas ao seu amor próprio, pois nunca conseguiremos sensibilizá-los pelas nossas necessidades, mas pelas vantagens que eles podem obter”. 

Sobre as ajudas do Estado, das empresas e bancos às pessoas durante a epidemia, a revista Exame trata numa matéria que o editor intitulou com a pergunta:  “Quem vai salvar a economia?”. Os jornalistas Natália Flach e Rodrigo Caetano responderam. Os bancos estão lá com o papel de sempre: emprestar a juros altos e fazer isso com o semblante de caridade. 

As empresas, com os exemplos da UBER, IFood, Starbucks e Facebook e de algumas fundações. O Estado, com os governos dos EUA, da Alemanha, China, Reino Unido, Japão, França, Dinamarca, que decidiu bancar 75% dos salários dos empregados das empresas privadas para evitar demissões, e o Brasil, com a proposta menos ambiciosa de todos os países citados. Não por insensibilidade, mas por incapacidade. 

O Brasil tem dificuldades para oferecer mais, porque somos uma economia tradicionalmente travada e que tem uma estrutura de serviços públicos em colapso, mesmo nos dias normais. 

A causa disso tudo é o tipo de Estado que temos. Ele é caro. A overdose de tributos, burocracia e ineficiência tem feito de nós uma Nação com uma economia debilitada, apesar de todo o potencial de crescimento que ela tem. 

O COVID-19 terá prestado um excepcional serviço ao Brasil se convencer a Nação e, principalmente, aos seus agentes públicos, que o Estado precisa pesar menos sobre o setor privado para que ele possa produzir melhor e com mais qualidade. Desse modo, ele gerará empregos e também tributos para dar ao Estado, numa situação de emergência, a capacidade de fazer melhor do que tem feito agora. 

Vale ler a matéria da Exame, que está de cara nova.  

Tomara que o ministro Mandetta esteja certo quando diz que do tempo difícil do coronavírus, “sairá  um mundo reflexivo, que terá que repensar os valores, a dinâmica social e como nós vamos nos comportar daqui pra frente”. Se isso ajudar o Estado a rever posições, aí, sim, a dor terá gerado uma criança sadia e mais feliz.   

*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.

Por Jackson Vasconcelos

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