30 de junho de 2023.
Jackson Vasconcelos
Nasci em outubro de 1953. Em agosto de 1954, Getúlio Vargas deu um tiro no peito e ao fazer isso decidiu a eleição do ano seguinte. Se vivo, ele apoiaria Juscelino Kubitschek. Morto tornou mais fácil a vida do candidato dele. JK venceu com 33,8% dos votos e enfrentou uma barra para tomar posse, pois os adversários vencidos inventaram todo tipo de motivos para que a eleição não valesse. A Constituição sobreviveu e Juscelino assumiu, fez um bom governo, perdoou os adversários, mas não foi perdoado por eles e, por isso, amargou muito até o final da vida.
Após Juscelino, Jânio surgiu. Foi eleito. Não aguentou o tranco e renunciou. A Constituição Federal impunha a posse do Vice-Presidente. Mas, o que é a Constituição diante de adversários contrariados? Para que o Vice-Presidente fosse empossado presidente, mudou-se a Constituição para se ter um novo regime. E depois mudou-se novamente para voltar ao regime anterior e logo depois, jogaram-na para o alto para expurgar o empossado.
Surgiram os generais. Um deles adoeceu no meio do mandato. A Constituição mandava que se desse posse ao Vice-Presidente. Mas, a Constituição…sabem como é né? A Junta Militar tomou conta do governo. Seguimos assim, de general a uma junta de uma junta a outro general e a um novo general e general de novo, até que encerramos com o ciclo dos generais.
O civil Tancredo Neves foi eleito Presidente pelos representantes do povo. Morreu antes de assumir. A Constituição dizia que o Vice-Presidente só seria Vice de fato se empossado no mesmo momento que o titular. Mas, o que é a Constituição? A Constituição a gente muda ou emenda. E assim fizemos, emendamos, mudamos e continuamos a emendar. E por conta dessa mudança, o povo voltou a eleger, por ele mesmo, os presidentes do Brasil. O primeiro eleito diretamente durou pouco, mas pelo menos o Vice-Presidente não teve problemas para assumir.
Bem gente, o resto da história eu não preciso contar com detalhes, para provar que a função de Presidente da República do Brasil é insalubre. Mas, fico com comichão para dizer: O Presidente de hoje já foi presidente outras vezes e ficou preso por um tempo. O Presidente de “ontem” agora está inelegível por oito anos.
Sei não, minha gente, mas eu fico cismado com a nossa História. Não terá alguma coisa errada com esse nosso jeito de fazer presidentes?