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O discurso é de estadista

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O discurso é de estadista, mesmo que o orador não seja um. Durante 22 horas, dia e noite, madrugada adentro, os senadores, um a um, explicaram o voto deles no processo de impeachment da senhora Dilma Rousseff. Eles tiveram mais charme que os deputados, que de cima de um palanque improvisado, proferiram, com o mesmo propósito, o voto em nome dos filhos, do marido que seria preso no dia seguinte, da família, da cidadezinha de qualquer lugar. Não me lembro se alguém mandou um abraço para os cachorros, gatos ou algum hamster de estimação. É possível, porque, em algum momento sai de frente da tela.

Entre um cochilo e outro, consegui ter paciência para ouvir quase todos os senadores, mas poderia ter ido dormir de vez, depois de ouvir Fernando Collor de Mello, às 23 horas.  Uma resposta sútil, mas firme e dura, à turma do PT, que grita hoje contra um golpe imaginário, quando, em 1992, impulsionou com força, velocidade e muito ódio, o impeachment contra ele.

Disse o Senador:

“Em 1992, em processo análogo, bastaram menos de quatro meses entre a apresentação da denúncia e o último julgamento. No atual processo já se foram mais de oito meses e mais seis meses até o julgamento final. O rito é o mesmo, mas o ritmo e o rigor não!

Basta lembrar que entre a chegada ao Senado da autorização da Câmara até o meu afastamento provisório transcorreram 48 horas. Hoje, estamos há 23 dias somente na fase inicial nesta Casa. O parecer da Comissão Especial, que hoje discutimos possui 128 páginas. O mesmo parecer de 1992, elaborado a toque de caixa, continha meia página, com apenas 2 parágrafos. O tempo é outro. Em 1992, fui instado a renunciar na suposição que as acusações contra mim fossem verdadeiras. Mesmo sem a garantia de ampla defesa pelo Congresso, em todas as fases, me utilizei de advogados particulares. Dois anos depois fui absolvido de todas as acusações no STF.

Portanto, dito pela mais alta Corte do País, não houve crime. Mesmo assim, perdi o mandato, sem qualquer tipo de reparação. Pelo contrário…”.

Mais diante, Fernando Collor fala sobre o crime de responsabilidade da senhora Dilma Rousseff:

“O maior crime de responsabilidade está na irresponsabilidade pelo desleixo com a política, na irresponsabilidade pela deterioração econômica do país, na irresponsabilidade pelos sucessivos e acachapantes déficits fiscais e orçamentários, na irresponsabilidade pelo aparelhamento desenfreado do Estado, que o torna inchado, arrogante e ineficaz, na irresponsabilidade pela ação ou omissão perante obstruções da Justiça.

É crime de responsabilidade, a mera irresponsabilidade com o país, seja por incompetência, negligência ou má-fé(…). No governo Dilma Rousseff, a autossuficiência pairava sobre a razão…”.

E há muito mais. Quinze minutos inteiros de um agradável e inteligente discurso. Pra quem queira conhecer a obra toda, ela está publicada no Youtube, no endereço,  http://bit.ly/1Tb5XIT.

Sugiro a você assistir. Sei que o Michel Miguel Elias Temer Lulia não será grande coisa na Presidência, mas, seguramente, será melhor, muito melhor, do que foi o PT no comando do país.

Por Jackson Vasconcelos

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A casa branca, Domínio público, via Wikimedia Commons
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