Alguma coisa aconteceu aqui no Rio de Janeiro nas eleições deste ano, que me faz acreditar ser esse um bom momento para registrar um texto presente no livro “A Civilização do Espetáculo”, do escritor Mário Vargas Llosa, obra que faz uma radiografia perfeita da sociedade moderna. O texto está no capítulo “Pedra de Toque” com o título “O Véu Islâmico” e aborda a relação Estado e Igreja. Vamos a ele:
“O Estado laico não é inimigo da religião; é um Estado que, para resguardar a liberdade dos cidadãos, desviou a prática religiosa da esfera pública para o âmbito que lhe corresponde, que é o da vida privada. Porque, quando a religião e o Estado se confundem, desaparece irremediavelmente a liberdade; ao contrário, quando se mantêm separados, a religião tende, gradual e inevitavelmente, a democratizar-se, ou seja, cada igreja aprende a coexistir com outras igrejas e com outras maneiras de crer, bem como a tolerar agnósticos e ateus”.