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Nos rastros da Globo

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Pra que lado vai a Globo? Essa pergunta é comum a todas as campanhas eleitorais no Rio de Janeiro. Embora o sistema queira passar a imagem de imparcial, fácil, fácil, a gente descobre que não é, por causa dos rastros.

Na campanha para o governo do Rio de Janeiro, a Globo está com o candidato Eduardo Paes. Comecemos pelos rastros deixados na edição de ontem, 25 de julho: A página 3 do jornal é utilizada, normalmente, para o noticiário nacional. Mas, como a matéria trabalhada tem o desejo de prestigiar o candidato da casa, o editor escolheu colocá-la exatamente ali e com uma manchete que não deixa dúvidas:

“O Centrão de Paes: Com mais partidos, ex-prefeito deve ter metade do tempo de TV, adversários tentam alianças”. Já venceu!

Como isso pode ser sofisticado demais para leitores ruins, o jornal reafirma a notícia na ordem em que coloca as fotos. Primeiro, Eduardo Paes, depois, Romário, em seguida Garotinho e último, Indio.  Nenhuma pesquisa feita até aqui dá ao Eduardo Paes o primeiro lugar. Em algumas ele aparece depois do Romário, primeiro lugar em todas, e em outras, após o Garotinho.

Matéria do O Globo, do dia 5/7

Mas, isso pode ter sido um mero acaso, alguma falta de malícia. Será mesmo? Façamos uma viagem no tempo para visitar outra edição do jornal, agora do dia 5 do mesmo mês. Lá está o Eduardo Paes numa foto bem tirada, num gesto positivo e abaixo da seguinte manchete:

“MDB vira obstáculo para Paes ampliar coligação eleitoral – PDT e PV resistem em dividir palanque com emedebistas no Rio”.

Ora, todo mundo sabe o quanto Eduardo Paes precisa fugir da lembrança de ter sido do MDB, que abriga até hoje Sérgio Cabral e outros presos por corrupção. O Globo, então, deixa claro que MDB não é com ele.

Matéria do O Globo do dia 4/7

É implicância? Vamos à edição do dia anterior, 04 de julho. Lá está Eduardo Paes numa composição de fotos que passa a imagem de ser o primeiro na lista de candidatos ao governo do estado. É a foto em que o leitor primeiro coloca o olhar.

Matéria do O Globo do dia 3/7

Não basta? Bastaria, mas tem mais. No dia anterior está lá, novamente, ele, Eduardo Paes, o candidato do sistema Globo. Novamente, foto simpática, e, onde? Em Maricá, cidade que ele desqualificou numa conversa com Lula, sem saber que estava sendo gravado. Objetivo da matéria? Dar ao Eduardo Paes a oportunidade de dizer que lamenta o que fez, pede desculpas e foi perdoado pela população local. Em boa linguagem de campanha, O Globo tomou a dianteira para fazer de uma ameaça ao projeto de Paes, uma oportunidade de vencer a eleição.

Existe mais? Claro que sim. A edição de 29 de junho, escancarou:

“TCM conclui que Paes não deixou déficit para Crivella”.

Matéria do O Globo do dia 29/6. Clique para ampliar.

Mais direto, impossível. Neste ponto, eu entro em outro rastro, muito visível: não há uma referência negativa ao Crivella em todas as edições do jornal O Globo, que não seja usada numa comparação com o “sucesso” do governo Paes. Tem mais. Nessa matéria, um exercício jornalístico óbvio seria o questionamento: Se Paes deixou dinheiro em caixa, porque cancelou os empenhos? Eduardo Paes cancelou os empenhos porque não existia dinheiro em caixa para assumir os compromissos feitos por ele para a Olimpíada do Rio.

Se depois disso tudo, restar dúvida ainda, fique você à vontade, continue a viagem ou vá aos telejornais da Globo no Rio, você encontrará outras tantas pistas que comprovam que o sistema Globo aposta suas fichas na eleição do candidato Eduardo Paes.

Para quem traça estratégias para eleições é fundamental saber ler corretamente os passos da imprensa. Fica aqui a minha contribuição aos colegas de profissão.

Por Jackson Vasconcelos

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