Ciro Gomes foi entrevistado pelo Roberto D’Avila e Marina Silva pela CBN. Os dois comentaram o resultado da eleição presidencial e nenhum deles fez uma avaliação, qualquer que fosse, da própria campanha. Mas atribuíram as derrotas ao acaso e à decisão surpreendente dos eleitores.
Ciro e Marina foram candidatos a presidente outras vezes e também derrotados. Atribuíram as derrotas à deslealdade dos adversários na disputa. Tanto naquele tempo como hoje, há ausência de um atributo fundamental nos dois: a capacidade de reconhecer os próprios erros. A estratégia é um instrumento extraordinário e insubstituível de gestão de um projeto, seja ele no campo que for. Na política, então, nem se fala.
Um dos atributos da estratégia é a neutralização das ameaças aos projetos. Mas, para isso, elas precisam ser identificadas corretamente. Quando falta nos avaliadores a humildade, a chance de estarem a conceituar como ameaça uma oportunidade é enorme. Portanto, a possibilidade de tudo dar errado é grande.
Por si mesma, a estratégia não define resultados, mas ajuda muito a alcançá-los. Sejam eles o sucesso, sejam eles o fracasso. Um candidato pode vencer uma eleição com atitudes aleatórias, impulsionado pela pura sorte que, na leitura correta, é o aproveitamento da estratégia equivocada dos adversários. Mas, a vitória, sem estratégia, será efêmera.
Cito Marina Silva e Ciro Gomes, mas a formulação tem serventia também para Geraldo Alckmin e Haddad. Os dois são experientes em derrotas, sem avaliação cuidadosa depois delas. Geraldo já foi candidato a presidente. Haddad, sentado na cadeira de prefeito de São Paulo, com Lula solto e a tira-colo, perdeu a reeleição no primeiro turno.
Perder ou vencer uma eleição é do jogo, mas não avaliar corretamente as causas do resultado, é não ter medo do perigo. E isso serve também para os vencedores.
Por Jackson Vasconcelos